1. Spirit Fanfics >
  2. Então é amor. >
  3. Capítulo 7: A perder

História Então é amor. - Capítulo 7: A perder


Escrita por: usoppsan

Notas do Autor


COF COF COF

DESCULPA DE NOVO POR SUMIR AAA
Fiquei mó enrolada com ideias+bloqueio+enredo aí ferrou de vez
Mas aqui está! Ficou meio grandinho hmm
Boa leitura, minaa
Me digam algo que gostariam de ver aqui!

Capítulo 7 - Capítulo 7: A perder


Capítulo 7:  A perder

P.O.V Sanji

Não, mas será impossível eu ser tão azarento?!

Logo no nosso jantar! Finalmente estávamos mais tranquilos e descontraídos e BUM! a porra de uma bomba simplesmente explode na frente da vila, estremece o chão, acorda todo mundo e estraga meu jantar com minha linda paixão.

Sinceramente, se existe um ser divino aí em cima, eu acho bom que esteja preparando algo espetacular para mim.

Nos encontramos rápido com o bando e o pessoal da linha de frente que saíam assustados das casas, eles eram bem grandalhões também, a bravura não faltava em seus olhos, entre eles estava o cara fortão da cozinha de ontem, -ou hoje? Acho que se passa da meia noite agora e pela meia claridade do céu o sol nascerá em pouco tempo- e era impressão minha ou ele estava de gracinha com Usopp? Por que ele está tão perto-

- Sanji! Ficou surdo? – Me gritaram - Vamos, cara! Não podem descobrir que os moradores estão aqui!

E antes que eu raciocinasse ou protestasse fui arrastado por um Luffy já puto. Suspirei, Usopp me olhou rápido antes de seguir os caras da vila.

- Tome cuidado! – Ele me gritou. Sorri.

- O mesmo, Uso!

De relance, antes que o capitão me virasse completamente, eu vi seu rosto corado com os olhos surpresos, o início de um sorriso bobo brotando nos lábios. De costas, o escutei gritar seguido de urros motivados.

- VAMOS MOSTRAR PRA ESSE BARBA NÃO SEI O QUÊ QUEM MANDA AQUI!

Minhas bochechas doíam do sorriso largo que eu sustentava, puxei o ar profundamente. Pensei no moreno medroso que ficou para trás. Coragem, Usopp! Tenha coragem!

No meio do caminho puxei Luffy pela manga da camisa, este que puxou o Marimo, já pensando em uma estratégia mas primeiro não podemos sair pela porta da frente como entramos.

Pulamos os tetos de algumas casa e subimos numa árvore enorme de tronco bem grosso para observarmos o campo barulhento. Eles apareceram aos montes mesmo, ainda um pouco longe da frente exata da vila real, claramente divididos em questão de força e provavelmente habilidades. Eles tinham muitas armas também, algumas peculiares até demais.

- Caramba, eles são um bocado até! - Assobiei.

Luffy sorriu, agitado do meu lado.

- Beleza! Eu fico com metade e vocês dois com o resto!

Como esperado dele.

- Que divisão é essa? – Balancei a cabeça, apontei o dedo num cara enorme no fim da multidão, ele segurava um machado enorme. – Esquece, olhem o grandão barbudo ali, ele que é o capitão?

Zoro se pronunciou primeiro.

- Parece ser, tem alguns homens que parecem fortes perto, eu abro caminho pro Luffy.

- Você quis dizer nós abrimos. - Corrigi, apertando os olhos em sua direção.

- Não, não quis.

Bufei, já sentindo uma veia saltar na minha testa.

- OLHA AQUI-

De repente a árvore tremeu e mais gritos e fumaça subindo, quando a massa cinzenta baixou, lá estava o nosso ciborgue em sua pose junto com Robin e Brook, que já estavam nocauteando o bando inimigo.

- Droga, estamos atrás!

- Espera, Marimo, eu tenho um plano! – Não sei nem como fico surpreso por aquele cabeça de mato não me ouvir, ele pulou do tronco e em um instante já estava lá embaixo, praguejei. E só então me dei falta da peça central do meu plano e nem sequer precisei me perguntar onde diabos ele estava, o mesmo denunciou sua localização quando cresceu o punho revestido de haki e derrubou grande parte.

- Cacete.

Com minha estratégia arruinada o que me restou foi descer e ir distribuindo chutes. Esses caras tinham umas armas bem esquisitas e algumas até de ponta, inclusive aquilo era um fuzil?! No mesmo instante que percebi o cara armado e já ia atrás, o mesmo explodiu. Que diabos-?

Vários caras começaram a serem derrubados sem nem perceber o que os atingira. Uma planta carnívora apareceu no meio de nós do nada e engoliu um cara que gritou fino de susto.

Sorri, sabendo bem quem atirou aquilo. Acendi um cigarro num intervalo curto, começando a sentir o sangue nas minhas veias esquentarem.

Ok. Agora começou pra valer.

[...]

Virou uma bagunça total. Chopper deixou a linha ofensiva para liderar os que cuidavam dos feridos e ele mesmo fazer isso. Nami-san literalmente eletrificou boa parte e Robin-chan habilmente sentou a mãozada em muitos. É incrível e inegável o crescimento de todos, como parceiro deles eu fico extremamente orgulhoso, ainda não vi nosso atirador mas já o percebi no campo de batalha, ele atua no suporte e sua precisão no tiro me assusta. Perdi a conta de quantas vezes minha pele foi salva por ele.

Balancei a cabeça. Não é hora de divagar, ainda tem muita gente inimiga em pé. Um homem, alto e musculoso veio para cima de mim com um taco de ferro com arame farpado enrolado, me esquivei do seu ataque e chutei sua perna direita, chutando sua barriga quando ele caiu.

- Desgraçado. Arruinou meu encontro, sabia?! – Chutei o taco longe para desarmá-lo e o chutei outra vez. Me esquivei de um ataque por trás. – Vocês não tem o mínimo de sutileza na hora do ataque.

Chutei o queixo do outro cara, me abaixando para desviar de outro e depois os chutando sem parar. Os golpes eram hostis, pareciam apenas baderneiros com uma arma, preciso ir até os fortes mas eles estão vindo aos montes. Traguei o cigarro analisando o cerco que se formou ao meu redor. Soprei a fumaça.

Minha perna esquentou e em alguns giros estava pegando fogo; Diable Jambe. Ataques normais seriam o bastante mas me ocuparia demais e não quero perder tempo aqui.

- Bem, hora de fazê-los pagar, então.

E tão rápido quanto eles tinham se juntado, foram jogados longes por cada investida minha. Tudo era tão barulhento no campo de batalha, a fumaça aparecia constantemente por bombas e ataques de Franky e dificultava meu campo de visão que já não era muito bom pelo fato do sol ainda estar para nascer, mas nada que eu não possa dar conta.

Bufei com ódio. Mas que droga, estávamos indo tão bem! Depois de jantar, nos sentamos na grama apreciando o espetáculo que os vagalumes faziam e estava tudo tão tranquilo!

[...]

A luta estava acirrada, consegui ver Luffy de longe derrubando alguns, tudo acontecia rápido demais, Chopper sumiu de minhas vistas, assim como Franky, apesar disso a fumaça aumentava ao meu redor, então ele deve estar perto.

Os raios de sol já apareciam, aqueles que vinham para cima de mim caiam rapidamente, estava começando a ser cansativo.

- AAAAAAAH! - Essa voz! Me virei rapidamente na direção do grito, não conseguia ver onde estava Usopp, que droga! O que será que aconteceu?? Mais inimigos vinham pra cima de mim, devolvi com alguns ataques leves, não pareciam ter experiência, abaixei e dei uma rasteira em alguns, já correndo pro lugar de onde escutei o grito do moreno. Não conseguia distinguir a direção, virei meu rosto para o lado e em um instante senti um forte impacto contra meu corpo, tento bloquear o ataque repentino e acabo sobressaindo sobre o adversário grande e com uma cor de cabelos estranha, com um forte ferro em suas mãos me impulsionando pra trás. Merda! Não tenho tempo a perder, Usopp pode estar realmente em perigo. Me sentia já um pouco sem forças, tentei contra atacá-lo com um chute alto sobre o rosto, pra minha surpresa o ferro havia uma parte maior em seu fundo que acabou fincando em minha perna. Meu sangue gotejou, mordi meus lábios com a dor, apliquei mais força e consegui derrubar o adversário mesmo em contato com o ferro. Me abaixei e chutei sua barriga, mandando-o para alguns metros de distância onde bateu em uma árvore.

Sentia minha perna latejar, mas não podia deixar isso me incomodar, não agora, com pouco esforço corri mais e mais, já não lembrava de onde tinha escutado o grito.

- AAAAAAH! SAI DE CIMA SEU DESGRAÇADO, VOCÊ VAI VER... - Consegui escutar novamente, virei meu rosto e lá estava, em uma árvore a metros de distância, Usopp estava sendo atacado por um bárbaro que havia prendido os braços dele com alguns tipo de corda grossa, a outra mão estava com uma faca sobre seu pescoço enquanto ele estava sobre o mesmo. Usopp se debatia tentando atacar, mas o homem acima dele era bem grande, levantou sua faca no alto, os olhos de Usopp se arregalaram. Senti meu coração disparar e meu sangue inundar de raiva, queimando fortemente. Quando dei por mim já corria em sua direção em disparado e me preparei pra atacá-lo com tudo.

- Bien Cuit: Grill Shot! - Gritei quando pulei e ativei minha técnica, sobressaltando a árvore e atingindo o adversário com um golpe incrível no rosto, que fez com que as árvores atrás desta caíssem com o impacto e o mesmo voar pra longe. Infelizmente, Usopp também acabou voando, me assustei e corri para pegá-lo. Minha perna doía como o inferno, mas não o deixaria cair! Usando o Sky Walk o peguei a tempo, agarrei sua cintura porém com minha perna machucada não consegui nos manter no ar. Grunhi, girando nossos corpos na queda, o segurei mais alto grudado em mim para que não sofresse com a queda brusca. Aterrissei escorregando por metros pela terra, se meus sapatos não fossem de qualidade meus pés também estariam em risco.

Respirei ofegante quando paramos, evitei de me apoiar na perna machucada, soltando o corpo forte. Usopp se virou assustado pra mim, ele estava energético e se mexia demais, ficava um tanto engraçado por seus braços estarem amarrados atrás de si.

- Sanji! Você tá bem?!

- Você que parece um caco. – Me refiro ao cabelo desgrenhado dele, é tão volumoso, quero me esconder ali. – Me deixe desamarrá-lo.

Ele se virou para mim, quando o soltei das cordas pude ver os traços dela em sua pele por ter sido amarrada fortemente, meu sangue esquentou novamente mas antes que eu pensasse em sequer procurar o cara de novo Usopp virou de volta, seus olhos se arregalaram quando viu o sangue escorrendo na minha perna.

- Sua perna está sangrando, Sanji! Cadê o Chopper? – Ele procurou exasperadamente a rena com os olhos, se abaixando a minha frente pra dar uma boa olhada no ferimento. - Meu Deus, precisamos do Chopper! Puta merda, o que foi isso?

Enfiei minhas mãos nos bolsos da calça, preocupado olhando ao redor. Estranho que ninguém nos atacou ainda, paramos tão longe?

- Não foi nada, está tranquilo. Precisamos voltar para o centro e..

- Nada disso! – O moreno brigou, ainda agachado me olhou irritado. - Tem um buraco na sua perna, Sanji! Precisa tratar disso agora mesmo, que objeto perfurou?

Desviei o olhar, não quero me afastar quando ainda precisam de mim. Ele se levantou, cruzando os braços, as mangas curtas se esticaram ao máximo e ele parecia verdadeiramente emburrado.

- Que o objeto, Sanji?

-....Ferro. – Resmunguei.

- Cacete! Tava enferrujado?

- Não vi muito bem, foi rápido demais. De qualquer modo-

Fui interrompido pela aproximação repentina de Usopp, passando os braços nas minhas costas e atrás dos meus joelhos, tomando um cuidado absurdo ao me erguer no colo. Senti meu rosto pegar fogo e meu coração acelerar.

- Usopp, não é preciso tanto..

- Não vou correr o risco de piorar isso, apenas espere chegarmos no Chopper, ok? E você não vai lutar mais.

- QUE? Ainda deve ter inimigos por aí! Eu preciso lutar!

- Suas pernas são sua principal defesa e ofensiva e boa parte do bando do barbudo já sucumbiram, eu estava lá em cima, lembra? O que vai fazer se agravar esse ferimento? – Me deu uma olhada rápida, mas dura. – Além disso, não estamos sozinhos, Sanji.

Fiz um bico, embora ele esteja certo. Havia um vinco entre suas sobrancelhas enquanto falava, imagino que tenha sido duro para ele aprender isso também, talvez ainda em Water Seven, como ele cresceu. Não falo mais nada, só permito que ele me leve até nosso médico, pude perceber que ele tentava não balançar demais enquanto corria, provavelmente com medo das minhas pernas se chocarem. Tão cuidadoso.

Meu coração apertou, meu estômago gelando. Percebi que adoro a cara concentrada que ele faz e o modo como seu cabelo balança. Suspirei e fechei os olhos, adoro ser carregado por ele também, incluindo na lista.

- Ei, onde está seu estilingue? – Questionei, após perceber que não havia mais nada com ele além de mim.

- Ah, o Great Kabuto? Aquele cara quebrou, meu trabalho de tempos. – Choramingou antes de sorrir fácil. – Mas eu faço outro. Só vou precisar de uma arma nova por enquanto.

Ele virou mais algumas vezes em puro instinto na fumaça que abaixava lentamente. Só ouvi mais alguns encontrar de espadas e barulhos ocasionais de luta, estava terminando. Quando encontramos Chopper, que tratava de alguém numa maca no chão e usava seu estetoscópio enrolado no pescoço, a pequena rena veio correndo até nós, preocupada e questionando o ocorrido.

- Ferro?! Em que estado, enferrujado?! – Se exasperou depois que contei do grandão com a barra que me atacou.

Usopp me sentou em uma maca livre, se agachando ao meu lado com um joelho na terra, observando ansioso o julgamento do médico. Não que eu estivesse muito diferente, sou limitado a minhas pernas se eu não puder lutar com elas...

- Eu não vi no momento. – Soltei em um suspiro, tentando ser o calmo do trio.

Chopper franziu o cenho, analisando minha perna com cuidado.

- Certo, se deite. Isso pode ser grave, enferrujado ou não, Sanji, vou dar uma olhada em você e tratar disso, vou pegar mais medicamentos, ok? Não se mexa!

E com isso, ele se foi, correndo até uma tenda improvisada, parecia que tinha mais gente lá dentro. Não havia só Chopper de médico, várias mulheres e homens estavam de prontidão cuidando dos feridos e dando assistência. Usopp se ergueu ao meu lado, batendo no joelho para tirar a poeira da calça.

- Bem, vou indo nessa, não vi ninguém naquela fumaça, está esquisito. – Não tinha parado pra lembrar que ele voltaria depois de me deixar, só eu saindo de cena. – Você fique quietinho, beleza? Nada de dar a doida e ir lutar.

- Não sou tão imprudente como Luffy. – Retruquei e ele riu, se abaixando e ficando a minha frente. Escorregou uma mecha bagunçada para trás da minha orelha e beijou minha testa demoradamente, então se afastou centímetros e sussurrou:

- Obrigado.

Seu rosto estava tão vermelho quanto o meu e exibia um sorriso contido, lhe sorri de volta, com meu coração derretendo por aqueles olhos e os cabelos desarrumados. Pensei no quanto ele estava grande quando o mesmo se despediu e deu as costas para mim, pegando uma arma com alguns caras e já correndo para a neblina cinza com eles.

Deitei minha cabeça naquela maca nada confortável, escondendo meus olhos fechados com um braço, me pergunto onde está Luffy e se já derrotou o cara, se o idiota do Marimo se perdeu. A Nami-san está bem? A Robin-chan? Elas são fortes, eu sei, mas do mesmo jeito estou preocupado, eu devia estar protegendo elas. Estou irritado comigo mesmo por não ter sido mais forte, por não ter.... sei lá, eu poderia ter dado um jeito de desviar, né? Já havia observado as armas bárbaras que eles usavam, eu deveria ter previsto aquilo. Mas agora estou fora. Como serei capaz de protegê-los desse modo?

Senti mexerem na minha perna, me trazendo dos meus pensamentos. Chopper cortou minha calça dando início ao tratamento. Escuto sua voz baixa e calma.

- Não faça essa cara, Sanji. Você fez bastante, não se cobre dessa maneira. Eles dão conta, você sabe.

Ele está certo, sei que está e por isso movo minha cabeça em concordância, apesar de ainda restar uma camada de agonia e impotência sobre meu peito. Decido que não pensarei mais nisso ou vou acabar paranoico. Está tudo bem. Vamos dormir um pouco apenas.

[...]

Minha cabeça lateja quando acordo com barulhos altos de conversa e música, risadas ao fundo. Abro os olhos devagar para me acostumar á luz forte do sol de meio dia.

Espere.

Meio dia?!

Ergui meu torso imediatamente, com todas essas pessoas para alimentar como eu pude dormir? Preciso começar a cozinhar agora-

- Pronto, pronto! Almoço na mesa, galera! Podem se servir! – Usopp, com um avental qualquer e um rabo de cavalo baixo, deixou escorregar das suas mãos dois pratos enormes com seja lá o que for, não consigo ver direito, mas o cheiro está ótimo. Olho mais ao redor, as pessoas espalhadas já começando a se amontoar para pegar comida, Usopp deu tapas nas mãos deles, pondo as suas duas no quadril. – Vão lavar essas mãos podres primeiro, acham que não vi vocês mexendo em pólvora? Vão logo e sem bico!

Parecia uma velha reclamona.

Sorri com a cena.

Observei Nami sair de uma das casas tirando uma touca do cabelo, ela que cozinhou? O Marimo já sentado á mesa, comia e como sempre Luffy antes de todos, pegando de pratos que não eram seus. Tudo parecia em ordem. Comida mais que o suficiente e todos são e salvos, não pude impedir a onda de alívio tomar conta do meu corpo, relaxando os músculos que nem percebi que havia tensionado. Respirei fundo e tentei me levantar mas uma dor aguda me fez quase morder a língua.

- Epa, epa! Onde o bonito acha que vai?

Ergui meus olhos, observando minha paixão sem o avental, ele havia trocado de roupa, agora vestia calças um tanto folgada dobrada na barra e uma camisa maior que o usual. Cerrei meus olhos, aquilo não parecia dele.

- Roupa nova? – Me ajeitei na maca, notei que não estava no mesmo lugar em que adormeci. Usopp sorriu largo enquanto explicava, parecia bem animado.

- Virtez me emprestou, fiquei muito ocupado ajudando nos reparos aqui na vila pra ir no Sunny buscar roupas. Ele é um cara maneiro, você viu ele lutando? O cara é muito bom! E ele entende muito de armas, a gente conversou bastante.

O sorriso permaneceu intacto. Meu peito coçou em uma agonia familiar, encarei o cacheado, seus olhos brilhavam como sempre, ele tinha uma interrogação no rosto provavelmente pela carranca que se formou na minha cara.

- Hm. Legal. – Falei após um tempo, vasculhei o ambiente com os olhos em busca do tal Virtez, o encontrei comendo em uma extremidade da mesa, acho que ele sentiu meu olhar pois me encarou de volta e me deu um sorriso estranho. Não gostei desse cara. Ele é alto pra caramba e tem uma pele mais escura que a do Usopp e eu detestei o jeito que ela pareceu resplandecer quando o brilho do sol o atingiu, cabelos lisos na altura dos ombros e dentes caninos afiados. Ele é bonito, e isso de algum modo me fez ficar mais irritado.

- Que bico é esse? Mal acordou e já está emburrado? Qual foi?

Não quero descontar nada no Usopp até porque ele não fez nada de errado, muito menos quero proibi-lo de se aproximar de alguém; nem sequer tenho esse direito. Porém é inevitável sentir essa coisa no meu peito. Fechei os olhos com calma, tenho que me conter. Nem me declarei para ele ainda.

- Nada, vou voltar a dormir. – Voltei a me deitar e antes que eu impedisse, prossegui: - Vai falar com Virtez.

Houve um segundo de silêncio durante o qual me martirizei por ter dito aquilo, para logo após Usopp entender o que acontecia, ele soltou uma risada escandalosa, o que me fez ficar mais vermelho ainda.

- Eeeh? Não me diga que está com ciúmes, Sanji! Do Virtez?! Eu o conheci há pouco! – E já estava íntimo do sujeito! Me empertiguei quando escutei sua voz mais próxima do meu corpo. – Oe, não tem porquê ficar enciumado, hm? Se te consola, te acho mil vezes mais bonito que ele.

Me virei no mesmo instante, o encarando desconfiado.

- Acha, é?

Ele balançou a cabeça num sim, de bochechas vermelhas e sorriso divertido no rosto, amando a situação.

- Na verdade, você é mais lindo que qualquer outra pessoa, Sanji.

Meu rosto esquentou o dobro, encostei ele em seu joelho apoiado na maca na tentativa de me esconder. Escutei sua risada gostosa de novo e senti um carinho no meu cabelo. Estava nervoso por ter sido ciumento assim, ainda bem que não recebi uma reação negativa. Vou dar meu melhor para controlar isso.

- Vou pegar seu almoço, ok? Não faça esforços, Chopper disse que você não vai lutar por um tempo.

Concordei com a cabeça, o vendo me deixar. Eu já sabia que ficaria afastado no momento que senti o ferro frio me perfurar, mas não tinha lembrado disso ainda. Ficar sem lutar não é um problemão para mim, o caso é cozinhar, preciso me movimentar constantemente, andar pela cozinha, como farei isso com a perna machucada? Cozinhar é paz para mim, é o que faço de melhor, como ficarei sem isso? Impossível.

Claro, o bando não morreria apenas porque fiquei sem cozinhar, Nami-san sabe mexer na cozinha mas isso a sobrecarregaria, cuidando da comida e de olho no tempo. Me remexi em desconforto, tudo isso porque não prestei atenção o suficiente.

- Aqui, Sanji-kun, seu namoradinho me pediu para entregar.

Abaixei a mão dos olhos, observando corado a figura esguia da arqueóloga que sorria calma como sempre e tinha em mãos uma bandeja com um prato de comida acompanhado de um copo grande de suco. Pra onde foi o Usopp?

- Sunny. Foi ver o Franky, Zoro-kun foi junto.

Ela adivinhou, me entregando a bandeja após eu me sentar. A comida estava bem equilibrada, Chopper provavelmente ajudou Nami-san no que cozinhar para mim. Comi um pouco e sorri fraco ao saborear o peixe. Estava bom.

- Como foi o encontro, cozinheiro-kun?

- F-Foi bem.. os vagalumes fizeram festa como você disse... Ele adorou – Eu disse com um sorriso – Sinto que... – Interrompi a fala ao ver Nami-san vir até nós com uma expressão preocupada. Ela se sentou no chão, com os olhos atentos.

- Chopper me disse que você se feriu. Como você está?!

Penso em como meu coração ficaria louco apenas em ver Nami-san preocupada comigo e em como eu faria cantadas bobas apenas por isso mas estou normal, na medida do possível sem poder mexer uma perna. Fico feliz de vê-la se importando comigo, afinal, sou seu companheiro, mas aquilo.... aquilo é só com ele.

Comi mais um pouco antes de respondê-la e então apareceu o Chopper para dar uma olhada em mim, alguns nativos da ilha me rodearam também e logo havia um monte de pessoas ao meu redor, em especial os responsáveis pela cozinha que não tiveram tempo de falar comigo ontem elogiando minha comida, trocando receitas comigo. Algumas crianças se enfiaram no meio das pessoas, com cabelos desgrenhados e sorrisos de janela, elas estavam eufóricas. Uma delas, de cabelo lisos e castanhos presos em rabo de cavalo, encarou-me com os olhos grandes brilhando.

- Eu ouvi que você derrotou um cara enoooorme com apenas um golpe! Você é tão forte, tio!

Tio?

A outra, de óculos finos e curtíssimos cabelos avoados juntou as mãos, entusiasmada.

- E que sua perna pega fogo! Que poder é esse?

O amigo empurrou seu ombro pra ganhar espaço.

- Que irado! Dá pra ensinar pra gente? – Ele tinha a pele escura e cabelos tão lisos quanto o corte de uma espada que acabou de ser polida, olhos estreitos cor de mel brilhantes e um sorriso largo.

Sorri ameno em resposta às falas, escutando algumas pessoas ao meu redor os repreender mas abanei a mão em descaso. Estava curioso para descobrir como aquelas crianças sabiam disso.

- Quem falou sobre mim?

Em disparada, as três responderam:

- O Capitão Usopp!

Ri alto. Tão esperado dele, apenas precisava confirmar. Acenei para as crianças sentarem, e sussurrei como quem conta um segredo.

- Sabiam que o Capitão Usopp sempre acerta seu alvo, não importa a situação ou distâncias?

Elas abriram a boca em um perfeito “O”, me olharam atentas esperando por mais e sinceramente? Não sou muito chegado a crianças porém, acho que me faltava a irresponsabilidade que elas transpassam, me despus a contar as preciosas aventuras do meu companheiro, enrolando pela tarde que se passava.

- Ele é tão legal, tio.. – O garoto de rabo de cavalo murmurou ao fim de mais uma história, desenhando na terra fofa. Soprou as palavras em um tom desanimado que compreendi no mesmo instante. – Nunca venci ninguém, e não sou forte como o Heinz..

O que imagino ser Heinz, revirou os olhos. Ele tinha bracinhos fortes e parecia mais durão, me lembrava alguém mas antes que ele falasse algo, eu comecei.

- Ele também não era. – Falei, me referindo a meu atirador, as crianças me encararam em surpresa e eu mantive meu sorriso. – Ninguém nasce forte, as pessoas se tornam fortes. Nosso capitão é porque ele tem algo a proteger. Assim como eu e os caras musculosos daqui. – Passei a mão em seus cabelos. – Não se apresse, você encontrará algo que irá querer proteger.

Nesse momento ele olhou de relance para a garota no meio, que ainda me dava atenção. Então ele já tem esse algo, uh? Espera.. foi impressão minha ou o Heinz também olhou? Meu Deus, eles olharam para a mesma garota e coraram! Que confusão é essa? E ela nem faz ideia! Ah, eu quero muito ver no que isso vai dar, cara.

Perdi a fala depois disso, deixando um silêncio esquisito no ar que segundos foi destruído por um grito histérico.

- NÃO EXISTE OURO?!

Uma Nami embasbacada se encontrava alguns metros distante de nós, em volta da fogueira apagada. Nem percebi quando ela nos deixou. Junto a ela estava o ancião -este mais calmo que a ruiva- Luffy e Zoro. Vi Virtez no círculo, rabiscando o chão com um graveto fino.

Pisquei os olhos. Olhei de novo para Heinz. E olhei para Virtez.

Porra, sabia que ele me lembrava alguém! Virtez parece ter boa idade para ter um filho, entretanto, não consigo imaginar isso.

- Pssiu. Ei, Heinz, você é parente do Virtez?

O menino acenou com a cabeça, o cabelo liso balançando com o ato.

- É meu tio.

Está explicado. Acho que vi uma mulher com os mesmos traços ao meu redor antes, porém não foquei muito.

- Não. – O velho disse simplista. – A maior parte foi perdida na tempestade e acabamos com o restante nos armando. Não há mais nada. – Terminou, falando como quem fala do tempo.

Nami se sentou, desanimada.

- Quem se importa com ouro. Temos carne. – Nami revirou os olhos com a fala de Luffy que arrancou risadas do povo ao redor. As crianças saíram correndo, algo sobre uma competição de escalada.

- Pra você tudo é assim.

Por acaso, já está anoitecendo e nada do Usopp. Ele vai ficar pelo Sunny? Será que eu consigo ir também?

Endireitei meu tronco. Ok, não sinto dor alguma agora, acho que posso..

- Argh!

Um fio agudo irrompeu do machucado por todo meu corpo quando forcei para me erguer, me cansando em um segundo e me obrigando a voltar a sentar. Escutei a voz de Zoro ao longe, ele havia chegado antes de Franky e Usopp.

- Desiste!

Respirando ofegante ergui meu dedo do meio para ele, que riu despreocupado.

Idiota.

- Cara, como você é teimoso. Vai precisar de quantas até entender que está machucado e não pode se mover?

Olhei para trás, vendo quem eu menos esperava.

- Que porra você quer?

Virtez fez bico, que desmanchou para revirar os olhos. Ele era musculoso como Zoro mas ainda esguio, parecia mais alto, prendendo o cabelo em meio rabo de cavalo e deixando alguns fios pelo rosto. Super irritante só de olhar.

- Que grosso. – E sentou ao meu lado, encarei com desconfiança.

- Não respondeu à minha pergunta.

- Você claramente me vê como uma ameaça. Nem tenta esconder.

- E você não é? – Carreguei em tom descrente. Esse idiota sentado tão perto só me dá uma melhor visão do que eu já sei que é bonito. Sim, a porra da pele dele não tem uma imperfeição e isso pega nos meus nervos.

- Aí vai depender dele. – Moveu o queixo para cima, sinalizando para Usopp que havia acabado de chegar com Franky. – Não seja tão idiota, o olhar dele já diz muita coisa, mas você vai pôr isso a perder.

Uma veia saltou na minha testa. Que merda??

- ‘Tá me jogando praga? Veio aqui só para isso?

- Eu sei só de olhar. Já vi acontecer antes. Não preciso te jogar praga. – Sorriu - Teu ciúmes é a praga.

- Vaza, cacete.

Que coisa! Vem interromper meu descanso só para me jogar uma dessas. Mereço.

Observei a figura se encaminhar em direção a Usopp. Porra, como eu queria poder correr. Surpreso, vi o cacheado se afastar notavelmente do contato físico, parecia nervoso, me olhava nervoso.

Virtez me encarou.

- Idiota. – Sibilou, sem som. – Vai pôr a perder.

Bufei. Não vou, porque não vou mais deixar isso me abater, Usopp está comigo, não preciso me preocupar. Não sou possessivo. Está tudo bem.

Usopp correu em minha direção.

Mesmo que eu diga tudo isso, meu peito coça. No final, esse sorriso, esse olhar; Quero apenas para mim..

Eu sou a pessoa mais egoísta do mundo.

- Ei! Virtez me disse que você já estava tentando levantar. Não entendeu ainda que está machucado?!

As mãos pousadas no quadril e a cara falsamente brava.

- Você fica fofo assim.

Ele corou, resmungando ao se agachar e esconder o rosto nas mãos.

Estiquei minha mão para alcançar a sua, os dedos magros e calejados apertaram os meus.

Estou com medo de Virtez estar certo.

Mas ele nem vai estar.

Porque não vou perder o cacheado que me olha com brilho nos olhos e me sorri envergonhado. Que me traz paz e borboletas no estômago com apenas a voz.

Não vou. De jeito nenhum.

[...]

Depois de um banquete de festa preparado por Nami e os cozinheiros da Vila, todos caíram cansados porém tranquilos sem a ameaça do inimigo. Durante o jantar alguns bichos curiosos apareceram e os nativos disseram algo sobre os animais só atacarem estranhos e uma regra implícita sobre nenhum interferir no caminho do outro – regra a qual foi esquecida para eles comerem conosco. Bichos bem evoluídos estes. Fiquei na maca o tempo todo, Usopp me trouxe comida de novo e me arrastou para a roda na fogueira.

Ele é habilmente sociável e tão amigável que vê-lo tendo tanto contato físico com outrem me irrita. Mas aquele é o jeito despreocupado pelo qual me apaixonei, não é? Não vou dar uma de ciumento com isso. A sociabilidade é apenas um de seus charmes, afinal.

Zoro sentou ao meu lado, carregando duas garrafas de cerveja e não me ofereceu nenhuma, maldito.

- ‘Tá com bastante tempo livre para pensar, né, sobrancelhas?

- Notavelmente. Já cansou de se embebedar?

- Ainda não. – Ficou em silêncio durante um tempo. Observamos o fogo crepitar, as pessoas rirem e cantarem. Zoro balbuciou quando peguei um cigarro novo. – Qual será que mata você mais rápido: O cigarro ou o ciúmes?

Cacete.

- Cala a boca. – O olhei puto. Qual a deles hoje, hein? Eu tento não pensar e eles não me ajudam, que saco. Traguei com força, sentindo a calma vir bem devagar. Devagar demais até, nem parece que sequer está vindo, ou sou eu que estou muito irritado.

Em algum momento durante os goles de álcool Zoro surpreendentemente virou gente e tivemos uma conversa que não tinha nada a ver com quem arranja mais xingamentos para o outro. Vi o cacheado rodar com Nami e Chopper em uma dança esquisita, o vi beber e comer, virar amigo de todos em trinta segundos e o escutei contar mais uma de suas crônicas. Não percebi quando tinha deixado de lado o cigarro ou quando a calmaria finalmente veio e parei de bater o pé ansioso. Mas eu sabia que tinha sido ele.

- Eca. Como você está apaixonado.

O espadachim fingiu desgosto ao meu lado. Sorri ameno.

- Você não parece muito diferente com o Luffy.

Gargalhei ao ver o rubor subir mais forte em seu rosto, ele é tão fácil de ler! Ele bebeu mais um tanto, limpou a boca com as costas da mão e depois apontou um dedo para mim.

- Eu não estou apaixonado.

- Aham. E eu sou um peixe falante.

- Você precisa de uma terapia, cara. Mas é o seguinte – Se levantou, me olhando com os olhos cerrados – Eu posso não ser o melhor amigo do Usopp ou qualquer merda dessa, mas eu te parto ao meio se você machucar ele.

Ergui a sobrancelha a mostra.

Hoje é meu dia mesmo, hein.

- E você vai virar ensopado se fizer com algo com Luffy. – Tentei reacender o cigarro esquecido.

Zoro riu, desleixado.

- Como se eu fosse capaz disso.

Revirei os olhos. Que conversa é essa?

- Também não sou capaz de machucar Uso-

- Não conscientemente. – Me interrompeu. Encarou-me com olhos cheios de significados que eu não entendi. O que há com o pessoal de hoje?

[...]

Quando, na manhã seguinte bem cedo, fomos nos despedir, eu usava muletas e abri mão de uma delas para agarrar a cintura de Usopp enquanto encarava Virtez a minha frente. Não consegui evitar o sorriso gigante quando lembrei de ontem após a luta. Virtez estreitou o olhar.

Te acho mil vezes mais bonito que ele.

Segurei mais forte, recebendo de volta a força na minha cintura do cacheado que me apoiava.

Você é mais lindo que qualquer outra pessoa, Sanji.

- Não vou perdê-lo. – Sibilei, mudo. O de cabelos lisos deu de ombros com descaso e nos viramos, prontos para entrar no navio.


Notas Finais


HIIIII

E AÍ?
Eu, particularmente, adorei o Virtez, cof cof
Se puderem, me digam o que acharam deste de hoje, ok? Ok.
Vejo vocês em breve, beijinho, minaaa


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...