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História Entre a Razão e o Coração - O Segundo Encontro Acidental


Escrita por: klgodevi

Capítulo 5 - O Segundo Encontro Acidental


Fanfic / Fanfiction Entre a Razão e o Coração - O Segundo Encontro Acidental

"Se você não se casar com ele, Lizzie, sua mãe nunca mais falará com você. E eu nunca mais falarei, se você se casar.”

Elizabeth, com um suspiro de alívio, pulou no abraço de seu pai. Como sua mãe desejava tal destino para ela? Se casar com um homem ridículo como seu primo? Que terrível seria!

A Sra. Bennet, não se dando por vencida, foi atrás de sua filha fazendo todo o tipo de ameaça. “Você será a única responsável pela ruína desta família Elizabeth, e eu vou fazer questão de lembra-la no dia que isso acontecer. Se uma de suas irmãs tiverem a sorte de se casar, vou exigir que não acolham você. Menina selvagem, cruel, olha o que você faz com meus pobres nervos. Óh céus, o que eu fiz para merecer uma filha ingrata como essa? Você será minha morte Elizabeth, escute o que eu estou lhe dizendo. Um dia, você vai se arrepender.”

A Sra. Bennet estava gritando a plenos pulmões. Elizabeth, embora aliviada pelo apoio de seu pai, não conseguia deixar de chorar e correu em direção a sua clareira desesperadamente. Tudo o que ela precisava era de um pouco de solidão. Por mais que ela não queria, as palavras de sua mãe a fizeram se sentir culpada. Se algo acontecesse com seu pai, sua família inteira estaria na rua. Isso não é pouco peso para se ter nos ombros.

Darcy estava cavalgando há horas. Estava cansado, mas não queria voltar para Netherfield. Lembrou-se da clareira onde Carlile tinha apontado como o local que tinha visto Elizabeth e fez seu caminho até lá, mas ao contrário de Carlile, a visão que o recepcionou foi de partir o coração. Elizabeth estava sentada na rocha, abraçada aos joelhos e chorando. Seus ombros balançavam e seus soluços enchiam o ar. Darcy ficou indeciso entre sair sem ser percebido ou consolá-la, mas descobriu-se incapaz de abandoná-la daquela forma.

“Srta. Elizabeth, por favor, diga-me o que aconteceu. Eu farei qualquer coisa para aliviar sua tristeza.” Em pé, ao lado de onde ela estava sentada, ele torcia as abas de seu chapéu, ansioso para tirá-la daquele desespero.

Elizabeth, embora tenha se assustado, não conseguiu esboçar nenhuma reação. Ela só continuou chorando. Darcy encarava Elizabeth, sem saber o que fazer. “Por favor, Srta. Elizabeth, eu não posso ver seu sofrimento e não fazer nada. Converse comigo pelo menos.”

Elizabeth desceu da rocha e pegou o lenço que Darcy estendeu para ela. Ela fitou o chão tentando se acalmar antes de falar.

Tudo o que Darcy queria naquele momento era segurá-la em seus braços e dizer que tudo ficaria bem, que ele cuidaria dela e que ela nunca mais sentiria tristeza. Ao invés disso, ele esperou até que ela se acalmasse um pouco.

Assim que ela parou de chorar, ele pegou em suas mãos. “Você vai me contar o que aconteceu?”

Elizabeth sabia que não era uma história que ela deveria divulgar, mas ele estava com um semblante tão preocupado, e ela precisava tanto de conforto... “O Sr. Collins me propôs casamento esta manhã.”

Darcy engasgou com a informação. Ele nunca imaginou que aquele homem pediria a mão de Elizabeth. “A senhorita certamente não pode se casar com ele.” Sua reação foi exagerada, mas Elizabeth apreciou que outra pessoa entendesse sua decisão.

“O senhor tem razão, eu nunca poderia me casar com ele.” Lágrimas escorreram de seus olhos enquanto ela continuou. “Eu não o amo, e eu e Jane fizemos uma promessa de nos casarmos apenas por amor. Mas recusando, eu posso ter selado um triste destino para minha família.”

Darcy olhava para o rosto de Elizabeth molhado com as lágrimas e ainda assim achava a mulher mais atraente que ele conhecia. Ele queria beijar seu rosto até que ele estivesse seco. “O que você quer dizer com um triste destino?” Ele estava seriamente preocupado.

Elizabeth não teve forças para se calar. “Longbourn está vinculada ao Sr. Collins após a morte do meu pai. Agora que eu o recusei, ele não terá nenhum motivo para acolher a todas nós assim que meu pai se for.”

Darcy entendia o peso da decisão de Elizabeth. Se ela aceitasse a proposta, estaria resguardando a segurança de sua família, mas ao mesmo tempo, sacrificando sua felicidade. Era uma triste decisão para alguém tão jovem. Especialmente alguém cheia de vida, como ela. Ele prometeu a si mesmo que se algum dia isso viesse a acontecer, ele estaria pronto para ajudá-la independente do destino de ambos. “Não se preocupe com isso, Srta. Elizabeth. Tenho certeza que quando esse triste fato ocorrer, sua família estará bem acolhida. Não pense no que não aconteceu. Não sofra por antecipação.”

Elizabeth se sentiu bem melhor com aquelas poucas palavras. Ela levantou seus olhos e sorriu para ele com carinho pela primeira vez. Darcy perdeu seu fôlego. Ele poderia ficar para sempre olhando em seu rosto exatamente daquela forma.  Ele levou as mãos ao rosto dela e limpou suas lágrimas com seu lenço, depois o colocou de volta no bolso. “Sem mais lágrimas, Srta. Elizabeth. Pense em um futuro feliz.” Ele estendeu seu braço para ela e sem hesitar, ela colocou sua mão na dobra de seu cotovelo. Caminharam em silêncio até Longbourn aparecer na vista.

“Creio que temos que nos separar aqui, Sr. Darcy. Muito obrigada por ser um ouvinte tão atento e compreensivo e me desculpe por arruinar seu passeio da manhã.” Ela olhava para o chão, alheia ao olhar de adoração no rosto de Darcy.

“Você não arruinou meu passeio, Srta. Elizabeth. Saber que eu pude de alguma forma acalmá-la alegrou meu dia.” Elizabeth olhou para o rosto de Darcy sorrindo novamente. Neste momento, um raio de sol a iluminou, mostrando os reflexos avermelhados e dourados nos cabelos dela que tanto o encantavam. Ele sentiu seu peito aquecer e não resistindo, pegou novamente as mãos dela e deu um leve beijo em cada uma.

Elizabeth sentiu seu corpo todo reagir àquele pequeno contato. Ela olhava para ele com os olhos arregalados. Darcy, antes de fazer algo mais inconsequente, se inclinou para ela, montou em seu cavalo e fez o caminho para Netherfield. Perto dela, seu autocontrole valia nada. E estava cada vez pior. Ele chegou a Netherfield e pegou a tinta que precisava na biblioteca. Ele subiu os degraus de dois em dois, pois precisava escrever para Georgiana.

Infelizmente, ambos não estavam completamente sozinhos. Os olhares, os toques nas mãos, a intimidade que surgiu entre eles foi testemunhada pelo Sr. Collins. Imediatamente ele imaginou que Elizabeth só poderia ter recusado sua oferta por estar interessada em um homem com mais posses, como o Sr. Darcy. Sabendo que Lady Catherine nunca aprovaria tal enlace, resolveu prestar atenção nos dois. Se ele desconfiasse de algo, escreveria para sua padroeira.

No dia seguinte ocorreu o jantar em Lucas Lodge. Todos os Bennet estariam presentes, assim como todo o grupo de Netherfield. Elizabeth ainda estava sofrendo as acusações de sua mãe. Quando chegaram, os convidados de Netherfield já estavam lá. Seguiram os cumprimentos habituais.

Darcy, assim que percebeu que não estavam prestando atenção, foi até Elizabeth para cumprimenta-la. “Srta. Elizabeth, espero que esteja se sentindo melhor.” Ele fez a pergunta em voz baixa, para que apenas ela escutasse.

“Sim, Sr. Darcy, muito graças ao senhor.” Elizabeth corou ao dizer essas palavras e Darcy sentiu seu coração acelerar.

Carlile não estava alheio a esta troca. Assim que tinha cumprimentado a família dela, se dirigiu para onde Elizabeth ainda conversava com Darcy. “Srta. Elizabeth, permita-me dizer como você está adorável esta noite.”

Elizabeth olhou para Carlile sorrindo e agradeceu o elogio. Darcy, no entanto, sentia raiva pela interrupção. Desde que a encontrara na clareira não pensava em outra coisa. Ele ainda carregava o lenço com as lágrimas de Elizabeth em seu bolso. Ele sabia que seria sempre assim.

 “Obrigada, Sr. Carlile. O senhor é muito gentil.” Carlile ofereceu o braço para Elizabeth. Ele não entendia o porquê, mas queria tirá-la de perto de Darcy. Elizabeth deu à Darcy um olhar estranho, e colocou a mão no braço de Carlile, o deixando guiá-la até o sofá onde Jane e Bingley conversavam animados. Darcy sentia o coração apertar ao ver Elizabeth se afastar escoltada por Carlile.

O Sr. Collins também não deixou de notar. Ele percebeu que Darcy se incomodou ao ser privado da companhia de Elizabeth. Se Elizabeth fosse convidada continuamente para Netherfield, assim como Jane era, ele definitivamente escreveria para Lady Catherine.

Darcy passou a noite conversando com o Sr. Lucas, o Sr. Bennet e infelizmente com Caroline, que não perdia a oportunidade de criticar tudo ao seu redor. Os olhos de Darcy voltavam para Elizabeth constantemente. Tudo o que ele queria era um momento para conversar com ela novamente, mas este momento não surgiu.

Elizabeth se sentia dividida. Ela queria odiar Darcy, mas sempre que ela estava disposta a pensar o pior dele, ele agia da forma mais doce. Ela estava frustrada. Pela primeira vez não conseguia decifrar facilmente uma pessoa. Ela sabia que de alguma forma, ele mexia com ela. Foi assim desde a primeira vez que ela colocou os olhos nele. Mas em seguida as atitudes dele a convenceram de que ele era o tipo de pessoa que ela não gostava. De uma forma ou de outra, ela não conseguia se sentir indiferente a ele. Elizabeth sempre tinha fortes sentimentos pelo cavalheiro, seja de atração ou de repulsa. Isso a irritava.

Ao lado de Elizabeth, Carlile tentava de todas as formas chamar sua atenção. Ele conversava alegremente e Elizabeth estava gostando de sua companhia. Ela o achava um homem bonito e educado, contudo faltava algo nele. Ela gostaria de ter o espírito de Jane, tão calmo, tão sensível. Ela não era assim. Elizabeth tinha um espírito raro. Ela enxergava muito mais do que o mundo que a cercava. Ela ansiava por mais do que uma vida pacata. Ela queria uma vida apaixonada. Seu companheiro tinha que ser um homem que a desafiasse. Um homem que tinha coragem de contrariá-la. E até aquele momento, somente um homem se encaixava nesse perfil. E assim, ela percebeu com temor o que estava acontecendo em seu coração, mas simplesmente decidiu ignorar.

Voltando seus olhos novamente para Carlile, ela riu da história que ele contava sobre suas aventuras juvenis com um pato, seu animal de estimação. Ela conseguia se ver no futuro escutando mais dessas histórias e rindo em diversão. Ela se lembrou das palavras de Jane algumas semanas antes descrevendo Bingley como tudo o que um rapaz deveria ser e se viu tendo o mesmo pensamento em relação a Carlile. Ele era tudo o que um homem deveria ser e sorriu para ele de uma forma até então reservada apenas para aqueles que ela mais estimava. Ela decidiu que não mandava no próprio coração, mas poderia escutar mais sua razão, e sua razão dizia para prestar atenção no cavalheiro mais fácil e gentil ao seu lado.

Do outro lado da sala, infelizmente ao lado de Caroline, Darcy testemunhou aquele sorriso. Ele a observou incansavelmente nas últimas semanas para saber o que aquele sorriso significava e seu coração chorava de dor. A companhia reclamando ao seu lado não ajudava em nada e mais uma vez ele se perguntava se o futuro dele estava destinado a ser daquela forma: suportando a companhia de alguém e ansiando por outra. A voz da Srta. Bingley desapareceu sob o som de seu próprio coração ecoando em seus ouvidos. Naquele momento, ele estava realmente desesperado e sem saber o que fazer.



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