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História Entre crimes e desilusões - Parceria


Escrita por: JullyanoAckerman

Notas do Autor


Olá denovo pessoas, tudo bem com vocês? Desculpem-me se eu demorei, porém quem é vivo sempre aparece e cá estou eu com mais um capítulo para vocês, esse que eu adorei muito fazer, espero que gostem e que continuem a me apoiar a fazer mais capítulos. Boa leitura S2! :3

Capítulo 2 - Parceria


(Piltover, Casa da Vi, 09:45. Sexta-feira, 24/01/2020).

(Um dia depois).

Aquela era uma bela manhã ensolarada, típica do clima de verão que assolava Piltover naquela época de começo do ano. Vi, pela primeira vez em muito tempo acorda sorridente. Ela estava realmente feliz por finalmente poder deixar para trás toda aquela vida desonesta. Dali para frente, a rosada tentaria mudar, ser uma nova pessoa, e com isso, deixar o passado para trás. Pelo menos por agora.

 Ainda sonolenta, senta-se em sua cama e olha todo o seu ao redor. Seus orbes azulados deslizam por cada canto do quarto detalhadamente. Apesar de estar muito rica agora, ainda morava naquele barraco. Ela nunca havia sonhado em ter algo melhor, mas agora que tinha condições, não sabia ao certo o que fazer. Foi uma longa década dedicada ao crime após toda a dor e o sofrimento de perder a única pessoa que para ela era uma mãe.

Depois de pensar muito no assunto, resolve finalmente se levantar de sua cama e tomar seu café juntamente ao seu filhotinho. Já em sua sala, liga a televisão, porém não presta tanta atenção a ela, pois acaba por ficar pensando um pouco sobre sua vida. Por aquele momento, apenas por poder estar ali com seu gatinho, e não ter mais que se preocupar em estar andando na rua e ser baleada por uma gangue rival, ou ser presa por ser uma zaunita bagunceira. Aquela era a sua maior felicidade no momento. Ela finalmente se via livre. Mas ela ainda tinha alguns assuntos inacabados. Fora que também precisava esconder aquele dinheiro todo em algum lugar.

- Vamos agora para as últimas notícias de Piltover: A criminosa zaunita altamente perigosa, conhecida como Vi, se encontra foragida. Vi é acusada por ser uma das participantes no roubo as minas de cristais Hextec de Piltover, e assassinato culposo do grande dono de fábrica e ex-Barão químico de Zaun, Alexander Silver. Estamos aqui com uma das subordinadas da Xerife, ela nos dará mais detalhes. – A jornalista anuncia a próxima notícia, que acaba por chamar a atenção de Vi.

- Então...eles sabem que eu sou? – Se surpreende um pouco. – Mostrar meu rosto enquanto tentava fugir ontem foi uma péssima ideia! – Vocifera quando vê uma antiga foto sua em meio a um roubo surge no noticiário.

- Segundo o depoimento de todos os funcionários, ela era sim uma das assaltantes! Mas que não foi ela quem matou o Alexander, e sim um dos comparsas que a traiu! Inclusive, eles alegaram também que foi ela quem os tirou de lá de dentro, dos escombros. Graças às manoplas pulverizadoras, movidas a gases químicos, que estavam sendo desenvolvidas por Alexander, em segredo, provavelmente para Noxus. Não temos total certeza ainda, mas é uma das nossas hipóteses. Qualquer contato com a foragida deve ser noticiado a polícia imediatamente, ela é realmente muito perigosa, tomem cuidado. – A anunciada antes subordinada da Xerife de Piltover diz em alerta para todos de Piltover.

- Hum...”foragida e altamente perigosa”, é!? Nada mal... – Vi, mantendo um sorriso malicioso no rosto, morde com força um pedaço de seu pão.

Ao terminar seu café, a rosada vai com calma até o banheiro, lava seu rosto e escova seus dentes. Em seguida, ela segue para o seu quarto e se veste com uma calça jeans, uma camisa regata branca, uma jaqueta de couro preta e suas tradicionais botas de couro. Em seguida, finalizando seu kit para sair, coloca suas manoplas pulverizadoras. Aquele par de manoplas eram muito chamativas, principalmente para se andar de moto por aí.

- Miau!

- Não se preocupe Larinha! Eu volto rápido para podermos brincar! Quem sabe eu não te traga um presente por ser tão quietinha e educada, hein!? – Ela se despede fazendo um cafuné no gato.

Sem perder mais tempo, após sua breve conversa com seu animalzinho, um semblante totalmente sério toma totalmente a face de Vi. A passos pesados e com uma feição totalmente intimidadora, ela caminha lentamente até a porta da frente. Saindo de casada, em seguida trancando a porta. Ao passar pelo portão, e trancá-lo logo em seguida, todos os seus vizinhos, que estavam na rua no momento, a olharam. Apenas pelo caminhar e pelo olhar de raiva que a rosada demonstrava, todos ali sabiam que aquele, seria um dia daqueles.

Vi rapidamente sobe em sua moto. Se surpreende com a facilidade que era para pilotá-la, mesmo usando aquelas duas coisas de ferro imensas em suas mãos. A de olhos azuis claros realmente pensou que seria bem mais difícil pilotar graças as manoplas. Às pressas, a rosada da partida em sua moto, saindo disparada em direção ao seu rumo: Visitar alguma velhos amigos.

(Zaun, sede dos Desordeiros da Selva Fabril, 11:09).

Depois de muito pilotar sua moto por entre as estradas piltovenses, ela chega ao seu destino. Vi vai novamente até Zaun. Sem perder muito tempo por ali, segue direto para a sede dos Selva Fabril. Afinal, ela não queria mais problemas para si, mesmo que o que estivera prestes a fazer era algo bem problemático. O sangue em seus olhos era visível a quilômetros de distância, nem o diabo a pararia no meio de sua vingança agora.

Ao finalmente chegar na sede, ela não é muito bem recebida. Os Selva Fabril estavam assustados, pois para eles, Vi estava com uma etiqueta no pé. Confiantes de que seu plano de traição à mulher tinha funcionado, eles sequer haviam visto o noticiário que citou o caso dos funcionários presos em uma mina de extração Hextec, que foram salvos por uma perigosa criminosa.

Investindo contra os criminosos que habitavam a casa, Vi é recebida a tiros, desferidos pelos mesmos. Porém, de forma efetiva, a rosada consegue defender a todas as balas que os bandidos disparavam enquanto corria, graças as grandes manoplas que utilizava. Quando ela finalmente conseguiu chegar perto de seus inimigos, apensas um poderoso soco daquele monstro de ferro foi suficiente para deixá-los caídos no chão, um por um, feridos o suficiente para não quererem lutar contra Vi novamente tão cedo.

- A-ALGUÉM DA SEGURANÇA!? ME RESPONDE CARALHO! – De dentro de uma sala do segundo andar da casa, podia ser ouvida a voz de Tom, gritando em seu rádio patrulha, na tentativa falha de se comunicar com alguém de fora do local.

De repente e de forma totalmente Inesperada, o bandido começa a ouvir passos lentos, vindos do corredor. Passos esses que vão aos poucos aumentando. Até cessarem em frente à porta da sala em que estava. Já com sua arma na mão, ele aponta para a porta. Entretanto, antes que ele pudesse tentar fazer algo, a mesma voa para cima dele com destreza. Revelando então o monstro de cabelo rosa, com um par de manoplas gigantes nas mãos, pronta para desconfigurar sua cara.

- E aí, Tom! – Ela diz de forma a debochar de seu nome. – Você se lembra daquele dia em que o senhor e o seu bando de retardados me traíram e resolveram me deixar presa na porra de uma mina? VOCÊ SE LEMBRA SEU MERDA!? – A mulher grita, em seguida, pegando tom pela garganta, erguendo-o do chão em seguida. Esse que somente agoniza de dor, sem falar nada. No fim, ele sabia exatamente quem era ela e o porquê de ela estar ali. – Qual foi porra!? O gato comeu sua língua!? – Ela o joga para o outro lado da sala.

Tom bate com tudo na parede, sentindo seu corpo inteiro doer insanamente. O impacto que seu corpo sentiu pelo lançamento feito por Vi foi tão grande, que ao cair no chão, o homem cospe sangue. Além de escorrer intensamente por sua boca, a sua cabeça estava encoberta por seu próprio sangue. Aos poucos, uma imensa tontura começa a dominar todo o seu corpo. Sem mais sentir quase nada em seu corpo, ele começa a desesperadamente tentar respirar.

- Pare sua maluca! Por favor eu só peço para que você pare com isso! Eu não quero morrer. – Ele clama por redenção.

- Olha...pensasse nisso antes de ter me largado naquela merda de lugar fodido, não? – Sem nenhum remorso, pisa na cabeça de Tom. – Agora, eu vou fazer algumas perguntas, e você VAI me responder. Caso eu ache que está mentindo, você apanha. Caso não, meu caro amigo, eu vou te liberar sem te espancar tanto. Eu prometo! – Sorri orgulhosa. – Agora, aqui vai a primeira pergunta...

Após alguns minutos e muitos gritos agoniados pela dor, Vi se encontra novamente em sua moto. Ela estava estacionada em frente ao mesmo beco onde encontrou aquela criança a alguns dias atrás. Pensou um pouco sobre recente ocorrido e principalmente, pensou no quanto sua vingança foi gratificante.

- Até que foi divertido o meu jogo de polícia e ladrão com esses bostas. – Comenta para si mesma, convencendo-se de sua afirmação. – Bater nesses bandidos meia tigela que fazem mal a toda a nossa sociedade, que já é uma merda, foi melhor que qualquer roubo que eu já tenha feito antes. – Continua reflexiva. – Já estive pensando nisso por um tempo, mas depois de acabar com uma gangue inteira, sinto que o que está faltando em Piltover é uma anti-heroína gostosa como eu! E eu estou decidida a isso! Agora é começar a por em prática meu novo trabalho. – Vi diz colocando seu capacete, em seguida, subindo com calma em sua moto.

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(Piltover, Delegacia de Polícia de Piltover, 12:30)

Caitlyn estava em sua sala, sentada em sua cadeira enquanto mexia em seu notebook pessoal. Ela estava tentando a todo custo conseguir achar alguma pista dentre os depoimentos dos funcionários daquela mina, que talvez a fizessem descobrir algo mais sobre quem assaltou e matou Alexander. Ou talvez, de quem ele tinha recebido aquele dinheiro e o porquê Noxus estava pagando Alexander. Será que eles queriam ter mais armas? Se sim, seria para mais uma guerra? Tantas perguntas, mas até aquele momento, o único potencial suspeito era Vi.

- Merda, se pelo menos pudéssemos interrogar essa mulher! – Indaga totalmente frustrada. – Minha cabeça está borbulhando pensamentos sobre os envolvidos nesse assalto. O pior é que enquanto ela não se movimentar, eu não posso fazer nada. – Pressiona seus olhos com a ponta de seus dedos. Estava fadigada de pensar sobre.

- CHEFE, NOVIDADES SOBRE O CASO VI! PRECISAMOS SAIR RÁPIDO! A SENHORITA RITA JÁ A AGUARDA NO LUGAR. – Um policial diz entrando apressado na sala, avisando para Caitlyn o que ela mais gostaria de ouvir.

- Me leve até lá! – O responde, em seguida pegando sua pistola e abrindo um sorriso de orelha a orelha.

Demora pouco mais de quarenta minutos desde sua entrega na viatura policial que o homem conduzia, até ela finalmente chegar ao local do crime. Ao descer do carro, já em Zaun, a xerife se depara com um beco estreito. Ao redor dele, várias viaturas se encontravam estacionadas, porém, estranhamente, não haviam policiais em volta do local.

Logo ela pensa que algo realmente sério havia ocorrido ali. Pois, além das viaturas, várias ambulâncias se encontravam lá também.

O policial pede, com certa pressa, para que Caitlyn a seguisse beco adentro. Às pressas, a de cabelo azul-escuro prontamente atendeu ao pedido de seu subordinado. Afinal, a curiosidade que tinha era imensa. Após algum tempo andando, eles chegam a uma casa pacata de dois andares. A mulher se vê meio desnorteada. Afinal, o que raios Vi teria haver com aquela casa no meio do nada? Enquanto em devaneios, ela acaba por encontrar no meio da multidão sua assistente, e sem perder tempo vai ao seu encontro.

- Me dê os detalhes Rita! – Caitlyn diz seriamente.

- Sim senhora! – Rita a responde com nervosismo. – Nós fizemos algumas perguntas para aqueles que estão menos feridos e, todos eles disseram o mesmo nome: Vi. – A ruiva olha com preocupação para sua chefe.

- Tenho uma ideia do porquê de ela ter vindo até aqui e...ter feito tudo isso. – Indaga enquanto olha para o corpo de um jovem sendo carregado para fora da casa por um socorrista. – Mas pode continuar com os relatos, por favor!

- No fim, eles disseram que uma Vi furiosa entrou aqui com um par de manoplas pulverizadoras em mãos, buscando vingança contra os membros da gangue. Bom o resto você pode ver né? – Finaliza, enquanto olha para um dos homens de Tom que estava com o rosto inteiramente coberto de sangue e todos os dentes quebrados.

- Vingança? Pelo quê exatamente? – A xerife pergunta lendo o bloco de notas que Rita havia entregado para ela.

- Nenhum deles nos disse. Ou eles inventaram uma mentira, ou só falaram que não queriam dizer. – A responde seriamente.

- Estranho...- Leva sua mão até seu queixo pensativa. - Todos já foram levados para o hospital? – Continua em dúvida.

- Sim! Se os socorristas não agissem com pressa, a maioria deles morreria. – Se mantém calma.

- Entendo. Eu vou até lá sozinha! Preciso de um tempo para pensar. Rita, isole melhor o local e não deixe ninguém entrar enquanto eu estiver lá! Conto com você! – Caitlyn diz de forma autoritária, em seguida, indo em direção a entrada da casa.

Já dentro do local, ela olha meticulosamente todo e cada canto daquela casa, principalmente a sala de Tom. Toda aquela destruição causada nas paredes. Aquelas marcas de soco, aquele sangue. Ela não sabia o que tinha causado aquilo, mas tinha certeza de que foi necessário muita força. Seus olhos azuis transitam por toda a sala procurando por pistas, como um falcão tentando encontrar uma presa.

- Por quê você veio até aqui Vi? Comece A fazer sentido...- Pensa alto. – Ela queria vingança, mas...do que exatamente? – Se questiona. – Pensa Caitlyn...- Fala para si mesma.

“Espera! No depoimento dos funcionários, eles disseram que Vi ficou para trás, porque o restante de sua equipe fez algo que não estava nos planos, a traindo depois. Algo fora dos planos...a morte de Alexander? Só ele morreu nesse roubo. Seria essa a causa de tudo isso?” – Em meio a pensamentos começa a refazer o que ela imaginava ter acontecido naquela mina.

“Como os funcionários disseram que não houveram tiros...uma faca talvez? – Falando consigo mesma sozinha naquela sala, tenta ligar os pontos daquela história. – Não, no corpo de Alexander só haviam marcas de espancamentos...marcas essas idênticas às encontradas nos corpos dos bandidos espancados por Vi!” – A mulher estava animada.

- Ou seja, alguém pode ter usado a manopla pulverizadora para espancar Alexander até a morte. Vi foi contra e por isso eles a amarraram e prenderam junto dos funcionários. – Finaliza. – Uma boa teoria, mas se eu estiver certa, como Vi se soltou? Ainda tenho algumas perguntas, mas vou ter que considerar isso até agora. – A xerife diz para si mesma.

Apesar de ainda incompleto, ela estava orgulhosa de si mesma por ter finalmente conseguido desfazer alguns nós nesse caso.

Com um leve sorriso no rosto Caitlyn sai da casa. Apesar das dúvidas em sua cabeça, agora tudo estava mais claro. Tanto em seu coração, quanto em sua mente ela sentia que estava mais próxima de seu encontro com aquela que por hora era sua maior presa.

- E então Xerife? Encontrou algo, ou conseguiu clarear suas ideias sobre esse caso? – Rita a pergunta curiosa com a talvez descoberta de sua chefe.

- Sim, várias coisas de quebrar a cabeça de qualquer um! Mas são só especulações. Por enquanto! – Sorridente, responde às perguntas de sua assistente. – Pode liberar a entrada dos jornalistas. Eu irei explicar para todos minhas novas descobertas sobre o caso Vi. – Começa a caminhar em direção à saída do beco. – Porém não se engane! Essa será uma versão falsa. A minha verdadeira especulação eu irei contar a você dentro do carro. Não gosto de dar chutes sem ter certeza.

- Entendido xerife! Pode deixar, providenciarei tudo! – Pega seu telefone.

Após a breve entrevista com todos os jornalistas, Caitlyn se encontra no carro de Rita. Ela conta a sua subordinada toda a sua história de como o roubo ocorreu e o porque ela acha que aquele é o verdadeiro motivo pela vingança de Vi.

- Faz total sentido. Quer dizer...todas as ligações que você fez batem. Mas eu ainda não entendi como ela conseguiu se soltar. Isso se ela precisou. – A ruiva se mantinha em dúvida enquanto dirigia o carro.

- Ela precisou. Abrir caminho socando por entre aquelas pedras necessitou de muito movimento. Ela não conseguiria se estivesse algemada ou amarrada. Esse é o ponto ao qual minha teoria se torna falha. Entretanto se eu conseguir explicar esse mero detalhe, tudo se encaixa perfeitamente. – Caitlyn diz coçando um pouco seu olhos e bocejando, demonstrando estar com sono.

- Mudando um pouco de assunto, a senhorita dormiu? – Rita pergunta preocupada.

- Não. Passei a noite pensando nisso. Estou muito feliz no momento por ter conseguido ligar todos esses pontos da história, mas ainda temos muito a fazer! Provavelmente não vou conseguir dormir essa noite novamente. – A mais alta olha sério para a outra.

- Olha Cait...- Caitlyn encara Rita. – Xerife! Eu entendo sua preocupação com o caso, mas sua saúde tem que ser sua primeira preocupação. – Estava um pouco preocupada com sua chefe.

- Relaxa, eu estou bem! Passe no mercado, preciso comprar alguns energéticos. Hoje eu é quem faço patrulha. Vai que eu dou a sorte de trombar com uma mulher de cabelo rosa por aí? – Caitlyn sorri.

- Isso já está indo além do profissional! Porque quer tanto prender ela? – Se assusta.

- Por dois motivos: O primeiro é para que ela enfim pague por todas as passagens que teve quando era menor de idade. O segunde é que ela pode saber o porquê de Noxus ter mandado dinheiro para Alexander. Isso também não sai da minha cabeça. – Cansada ela coça sua cabeça confusa.

- Só tome cuidado! Você anda muito focada nisso! – A mais baixa finaliza o diálogo nervosa.

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(Piltover, Restaurante Dona Bela, 13:00).

O alto ronco do motor logo é silenciado, enquanto Vi estaciona sua moto em frente ao restaurante Dona Bela. Local onde anteriormente passara a maior parte de seu tempo juntamente aos antigos membros de sua recém desfeita gangue. Após tirar com cuidado as manoplas de suas mãos e de sua cabeça o capacete, com paciência adentra o local, desfilando, como se estivesse em uma passarela.

- Olá dona Vi! Tudo indo bem com a sua tarde? O senhor Jones e o restante ainda não chegaram. Tem algo que a senhorita gostaria que eu fizesse? – Uma das empregadas do restaurante diz preparando de imediato uma mesa para que Vi se sentasse.

- Eles não vão mais voltar Rosa...nunca mais! Por enquanto, será que você poderia me acompanhar em um almoço? Eu gostaria de conversar com você. – A rosada se senta à mesa.

- Claro que sim, mas o que seria para você estar tão séria assim? – Rosa a pergunta com certo medo.

- Espere só mais um pouco, eu ainda não pedi algo para comer. – Pega o cardápio.

Vi não era e nem nunca foi muito criteriosa quanto a comida. Também, para quem já passou pela fome, se dar o luxo de escolher algum tipo de comida era uma falta de respeito para consigo mesma. Depois de pensar muito e de muito olhar o cardápio, ela acaba por escolher macarrão a bolonhesa. Enquanto ainda sentadas, a mais nova puxa novamente aquele assunto com sua empregada.

- Então, vou ser bem direta quanto a esse assunto. Tudo bem para você? – Pergunta sem muitos rodeios.

- Por favor! Estou até assustada já. – A responde.

- O Dona Bela vai fechar as portas. Não tenho mais um porque de ter esse decadente restaurante. – Essa fala de Vi faz Rosa perder por um tempo o seu ar.

Ela encara Vi com desespero nos olhos. Perder seu único emprego podia arruinar sua vida.

- Você não pode senhorita...

- E é por isso que eu gostaria de saber se você não gostaria de recebê-lo como presente de...sei lá, Natal? – Diz pensativa.

- Como assim dona Vi? – Rosa estava boquiaberta.

- Bom, eu não quero mais o restaurante, mas tem pessoas aqui que, assim como você, têm um carinho especial pelo lugar e que se perdessem esse emprego estariam pior que a bosta. – Vi completa sorridente.

- Você só pode estar brincando comigo...Eu não consigo acreditar! – Ainda estava totalmente perdida quanto a tudo.

- Pois acredite! Afinal, a partir de amanhã tudo isso será seu! Inclusive os lucros! – A rosada se empolga ao ver a reação da outra.

Eu...muito obrigada Vi! Eu estou sem palavras! Não consigo sequer agradecer de forma coesa! – Rosa, com os olhos marejados, abraça forte Vi. As lágrimas escorriam por seu rosto e caiam sobre os ombros da mais nova.

- Ok, ok! Agora pode parar de me abraçar! Vai lá contar a novidade ao restante, inclusive à sua família! E não chore por nada! Você administra esse império agora! Seja forte! – Se desvencilha do abraço entre ambas, voltando a se alimentar em seguida.

- Mas e quanto aos processos legais? E se a polícia bater aqui? O que eu faço? – Rosa diz enquanto seca suas lágrimas.

- Ah, sobre isso, pode relaxar. Farei com que eles fiquem bem longe daqui. – Mordisca mais um pouco de seu macarrão.

- É sério!? – Se espanta novamente. – Eu tenho que lhe retribuir de alguma forma senhorita!

- Você já fez isso enquanto trabalhou para mim e me acobertou aqui durante quatro anos! Não preciso de mais nada, pode ficar tranquila. – Vi sorri para a moça.

- Muito obrigada! Muito obrigada! – Eram as únicas palavras que saiam de sua boca.

- Bom, eu já terminei por aqui. Estou indo. Passar bem Rosa! – Vi se despede de Rosa e do restante do pessoal.

Foi uma boa época quando comprou e abriu aquele lugar, guardaria boas lembranças dali, dos momentos que viveu ali e das pessoas que ali estiveram, mas feliz ou infelizmente, agora tudo aquilo era passado.

Era difícil para ela se desfazer de todas essas lembranças, mas ela tinha que se manter neutra a tudo isso, afinal essa havia sido sua escolha.

“Sem arrependimentos!” – Pensa consigo mesma enquanto deixava o local.

Vi sai rapidamente do restaurante e segue em direção à sua moto. E, quando estava prestes a montá-la, uma figura deveras estranha acaba por chamar sua atenção.

Caminhando do outro lado da rua, se encontrava uma garota. Seu cabelo era trançado em duas mexas longas, chegando até seus pés, e eles eram de um nítido azul-claro. Ela saltitava por entre as pessoas e as coisas, como se estivesse muito feliz. Ao longo do lado direito superior de seu corpo, várias tatuagens de nuvens azuis e balas vermelhas podiam ser vistas. Ela usava um top rosa e preto pequeno, uma bermuda legging rosa, e um par gasto de botas de couro pretas que iam até suas canelas. Além de é claro, estar usando também vários cintos em partes distintas de seu corpo, como por exemplo: Nos braços e nas pernas.

- Nossa, mas como tem gente estranha nesse mundo hein? – Diz estranhando um pouco a mulher. – Bom, eu não posso falar nada, sou bem estranha também. – Dá com os braços e em seguida, sobe rapidamente em sua moto, dando partida pilotando de volta para sua casa.

Não demora para que finalmente chegue. Ela estaciona sua moto, e ao passar pela porta, é recebida por sua pequena gata. Elas brincam por um curto período de tempo. Entretanto ao se cansar, Vi acende um cigarro, pega da geladeira uma lata de cerveja e começa a assistir ao noticiário local. A rosada estava em busca de algum bandido que a polícia ainda não havia pego, para que pudesse socá-lo e colocá-lo em seu devido lugar.

 Foi então que, perto das 17:30 da tarde enquanto tapeava por entre os canais, ela acaba por encontrar um jornal que noticiava um atentado ao museu de Piltover que ocorrera a poucos minutos. Algum terrorista tinha explodido o prédio com várias vítimas dentro. Dentre elas, um grupo escolar de crianças que faziam uma excursão por lá.

- Que tipo de demônio faz isso com pobres crianças!? – Arregala seus olhos espantada com a notícia. – MERDA!

- As autoridades locais ainda não chegaram ao local. Porém a polícia e os bombeiros já foram acionados e algumas viaturas já estão se deslocando até o local! – A mulher do noticiário diz seriamente.

- E a polícia ainda vem atrás de mim! Que nem nessa vida estou mais! Eu preciso fazer algo! Talvez se eu correr...

“LARA! LARA! SAI DAÍ POR FAVOR!” – Alguns flashbacks daquela trágica noite pairam por entre seus pensamentos. Aquelas eram as memórias do fatídico dia em que ela perdeu tudo o que ainda lhe restava.

– Talvez se eu correr ainda possa salvar alguém...- Tenta a todo custo ignorar seus pensamentos. – Merda! Se eu for até lá a polícia me prende com certeza. Que bosta! No fim eu vou ter que deixar isso nas mãos desses idiotas. – Vi começa a perambular de um lado para o outro inconformada.

Nervosa, ela joga a latinha de cerveja que segurava com toda a sua força na parede, a esmagando completamente. Aquele sentimento de incompetência retornava mais e mais forte dado ao momento de desespero.

– Foda-se! Eu vou dar uma volta! – Ainda estava muito nervosa.

Sem perder mais tempo, ela se despede de Lara, saindo de casa em seguida. Já montada em sua moto, ela segue em alta velocidade rumo aos locais mais perigosos de Piltover.

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(Piltover, Praça do Passado, 19:32).

Mais tardar, já ao anoitecer, uma jovem mulher se encontrava embaixo de uma ponte isolada do centro da cidade de Piltover. Essa que ligava os subúrbios da cidade com a Praça do Passado. A mulher corria o mais rápido que podia. Ela estava totalmente desesperada, enquanto atrás dela, dois homens adultos a perseguiam também em alta velocidade. Após muita resistência e um período logo de tempo nesse jogo sádico de pega-pega, os homens conseguem finalmente agarrar a garota por trás, que ainda gritava sem parar por ajuda.

- Cala a boca dela! Essa vaca ainda vai nos foder se continuar a gritar assim! – Um deles pede, se mostrando extremamente preocupado.

 O outro então quase que instantaneamente cobre a boca da garota com a sua mão. Porém seu plano não foi muito bem sucedido, pois assim que ele baixa sua guarda, a garota morde sua mão, o fazendo gemer de dor.

- SOCORRO! POR FAVOR, ALGUÉM! POR FAVOR, POLÍCIA! – Ela grita chorando desesperada. Sabia o que iria acontecer com ela se ninguém chegasse.

- Porra, sua cadela imunda do caralho, mordeu minha mão! Você tem que aprender a ser uma boa garota, porra! – Com sua mão boa, o homem que havia sido mordido soca a cara da garota, que grita cada vez mais alto. – CALA A BOCA, MEU DEUS!

- Então vocês acham legal bater e abusar de uma mulher indefesa não é? Por que não tentam com alguém que consegue se defender? Seus otários. – Uma voz feminina se faz presente e, pelo seu tom, ela estava totalmente nervosa.

Os dois quando olham para os lados confuso. E é então que eles podem ver a sombra de uma pessoa bem próxima a eles. Ela se escondia nas sombras, e suas mãos era imensas.

- Quem está aí!? Quem é você!? – O homem que não segurava a mulher pergunta assustado.

Porém eles não obtém uma resposta da mulher sombreada. Em um piscar de olhos, a única coisa que o homem quem fez a pergunta pôde ver era um imenso punho metálico, que soca com força seu rosto, o fazendo voar e bater na parede do outro lado do viaduto abaixo da ponte. Em seguida, ele cai no chão já desacordado.

– Que pena vocês terem me pego em um péssimo dia. – Vi caminha em direção ao outro.

Quando ela finalmente chega perto dele, apenas dois socos foi o suficiente para desacordá-lo. Entretanto, para ela, só aquilo não era o suficiente. O carregando nos ombros, ela caminha lentamente em direção ao outro homem e, ao chegar joga um em cima do outro, formando assim uma pequena pilha com os dois corpos desacordados.

Em seguida, tudo o que podia se ouvir naquele viaduto era o barulho do metal batendo na carne dos dois abusadores. Além é claro, dos gemidos de dor que ambos faziam e qua ecoavam por todo o local. Vi desferia ferozmente inúmeros socos por todo o corpo dos dois homens enquanto os xingava com todas as palavras que vinham a sua mente.

- Eles...eles já estão mortos! Você já pode parar. – Cambaleando, a garota horrorizada com toda aquela cena chorava um pouco, enquanto tentava em desespero chegar até a mulher de cabelo rosa à sua frente.

- Não se preocupe, eles ainda não estão mortos. –Indaga séria enquanto se levantava.

- Obrigada...- Em baixo tom, a jovem de cabelo loiro agradece.

- Bom, vejo que está bem. Eu estou indo. Se quiser, ligue para a ambulância. Se eles forem rápidos os estupradores aí não morrem...E quanto a você, apenas tome cuidado. – Vi sai sem falar mais nada, indo em direção às escadas que levavam novamente a rua.

Sem perder muito tempo, afinal não sabia quanto tempo demoraria até alguém aparecer por ali e ver toda aquela cena, ela liga sua moto e dispara em alta velocidade até o centro da cidade.

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(Piltover, Museu de Piltover, 19:56)

- Não bastando apenas o caso Vi, agora temos esse terrorista para cuidarmos. Quem diria que após eu aceitar o posto de xerife toda essa merda aconteceria. Quando eu era apenas uma policial era tudo tão mais pacífico. – Caitlyn pensa alto consigo mesma. Ela estava com um semblante cansado. Estava exausta. Sem mais tempo a perder, ela desce de seu carro. – Por favor, reporte a situação. – Ela pede a um policial que para em sua frente.

- Sim senhora! Não houveram mortes, mas quase todas as pessoas que estavam lá saíram machucadas. Felizmente nada ocorreu às crianças. – O homem reporta os ocorridos enquanto entregava algumas anotações para a Xerife.

- Graças aos Deuses, pelo menos isso...- Se acalma e se anima um pouco. – Algo que me leve a algum suspeito? – Pergunta enquanto lia com rapidez as anotações.

- Não, infelizmente não. – Ele a responde.

- Obrigada. Por agora, isso é tudo. Pode voltar a seu posto. – Manda e assim o policial logo faz. Foi nesse momento que seu celular começa a tocar. Rita estava lhe telefonando. – Alô, Rita, pode falar.

- Xerife! Atualizações do caso Vi. Dois homens acabaram de ser internados em estado grave no hospital. Ao que tudo indica, Vi os encontrou tentando abusar de uma garota na ponte da Praça do Passado e os surrou. – Rita informa. Pela sua voz, ela demonstrava estar confiante por detrás do telefone.

- Como tem tanta certeza que foi ela? – Caitlyn pergunta.

- A mulher que estava sendo vítima dos homens fez uma ligação para a emergência. Nela, ela relatou que uma mulher de cabelo rosa, e que continha como arma um tipo de luva gigante de metal fez aquilo com eles. O que nos leva a conclusão de que: Ou foi a Vi, ou uma fã dela. – Rita zomba de sua chefe.

- Toda engraçadinha né? – Se irrita um pouco. – Eu estou indo até o hospital! Preciso que venha até o museu e recolha o máximo de informações possíveis. Sua equipe não conseguiu nada ainda. Talvez com a sua ajuda eles consigam. – A xerife diz seriamente.

- Tudo bem, eu estou a caminho. Até logo xerife. – Acata suas ordens sem mais gracinhas.

 - Até. – Finalmente desliga a ligação, em seguida entrando em seu carro e partindo rapidamente rumo ao grande hospital de Piltover.

Ao chegar lá, ela é informada de que os rapazes ao qual ela gostaria de falar estavam em péssimo estado. A atendente lhe fala que eles precisavam de um longo descanso, e que pelo menos até a manhã do dia seguinte, eles não estariam em estado conversar com ela. Sem muitas opções, a xerife liga para Rita, avisando-a que resolveu passar a noite no hospital, pois gostaria de ver se algum corpo quebrado por manoplas metálicas chegaria por ali. Pensava que essa era a forma mais rápida para ela estar a par do caso.

Rita é claro não recebe bem essa notícia por se preocupar demais com a saúde de sua chefe, mas é obrigada a aceitar dadas as circunstâncias. A de cabelo azul-escuro também pede atualizações sobre a explosão no museu, mas o único avanço desse, foi a descoberta de que ele foi explodido de fora, com um lança-mísseis. Não eram grandes descobertas, porém, para quem não tem nada, aquilo com certeza ajudava muito.

Após ficar sentada por algumas horas em uns bancos próximos a entrada do hospital, de repente, um homem senta-se em um banco lado de Caitlyn. Ele era alto e tinha um curto cabelo preto. Moreno, de olhos azuis-claros, quase beirando a cor branca. Vestia um traje vermelho e branco com o logo da cidade do progresso em seu peito.

- Olha! – Exclama uma falsa surpresa. – O que a Xerife de Piltover faz nesse hospital? Sua subordinada está bem? Ela levou um tiro? – Pergunta colocando seu braço envolto ao pescoço de Caitlyn.

- Ela está bem. – Ela responde séria. – Eu estou aqui por causa de um novo caso. – Caitlyn sem paciência alguma retira o braço do homem de si. Ela estava com um semblante sério. – Por favor, se puder não me tocar sem a minha permissão, eu serei muito grata.

- Desculpa, te deixei nervosinha é? Tá irritadinha? – Ele zomba dela.

- Idiota! – Ela vocifera.

- Afinal, que novo caso é esse? Precisa de ajuda gatinha? Sem querer me gabar, mas não sei se lembra, eu sou Jayce, “ O defensor do amanhã”. – Ele aponta para si mesmo com um sorriso confiante no rosto. - Aquele que agiu mais rápido do que a polícia e do que o antigo xerife, impedindo o maníaco Viktor de transformar todos os humanos em máquinas. Além de é claro, ser o mais inteligente de toda Piltover. – Jayce se gaba de seus feitos, se mantendo confiante.

Ao finalmente finalizar seu show de apresentação, ele olha para Caitlyn, porém logo se arrepender de o fazer. A mulher agora continha um semblante assustador. Sua raiva era muito bem percebida por Jayce, que não sabia ao certo o porquê ela estava daquele jeito.

- Você falou merda do xerife espetacular que meu tio foi. – Ela vira seu rosto para ele. Sua ira era transmitida através de seus olhos.

- Desculpa linda, eu...

- Eu não preciso de ajuda Jayce! Eu não quero ela! Eu quero que você e toda essa sua genialidade se fodam! – Totalmente irritada ela o corta. – Quem é que precisa de um homem arrogante ao lado? Quantas vezes nessa vida eu te disse não? Mil? Vou precisar dizer um milhão de vezes que não quero nada de você? Saia do meu lado antes que eu fique nervosa de verdade. – Ela termina sua frase enquanto encarava Jayce de cima.

Ao ouvir todas aquelas palavras e ofensas da xerife contra si, Jayce sai furioso do hospital, dizendo que Caitlyn ainda seria dele.

- Moça, a senhorita está bem? Aquele homem estava abusando de você? – Uma senhora se aproxima, preocupada com Caitlyn.

- Não, tá tudo bem. Não precisa se preocupar. Se ele tentasse algo, mesmo sendo o herói do amanhã, iria preso por agredir a Xerife de Piltover. – Sorri para a mulher à sua frente.

- Essa juventude...na minha época, se um homem quisesse mesmo o amor de uma mulher, ele seria um cavalheiro, traria flores e tudo mais, agora forçar? Meu pai daria um tiro nesse palhaço assim que soubesse. – A mulher se irrita um pouco.

- Nem me fale. Meu tio iria surtar e iria até o inferno para prender ele...Uma coisa que eu admiro é amor a moda antiga! Ser tratada e cortejada como uma verdadeira dama. – Imaginava algumas coisas enquanto conversava com a senhora.

Caitlyn fica um bom tempo conversando com a senhora. Ela chega até a esquecer um pouco dos problemas e sorri, algo que a muito não fazia. Mas depois de alguns minutos a senhora acabou por ser chamada para ir ver o médico que a muito aguardava. Assim que ela sai, Caitlyn resolve telefonar para Rita.

- Alô, Xerife? – A voz atrás do telefone diz com muito sono.

- Sim, sou eu. Alguma novidade? – Caitlyn pergunta esperançosa.

- Nada de muito novo. Só suspeitamos que o terrorista atirou aquele míssil da torre de relógio. Mas você é melhor do que eu em criar uma especulação de como tudo ocorreu na cena de crime, então esperarei você para tentar resolver esse caso. – Rita concluí calmamente.

- Não, esse você cuidará sozinha. Estou muito ocupada cuidando do caso Vi. – Fala de forma ríspida. Fora que ambas sabemos que você é capaz de resolver esse caso. – Suspira fundo ao telefone demostrando cansaço.

- Ok, mas eu irei disponibilizar alguns policias para te acompanhar e para procurarem pistas para você. Se fizer tudo sozinha, só irá piorar. Pela manhã eles estarão aí no hospital. – Boceja.

- Tudo bem. Obrigado Rita. Acho que já está na hora de eu ter minha parceira. – A xerife diz se mantendo pensativa. – Quase todo o trabalho fica para você, que mesmo não precisando aceitou ser minha subordinada. – Dá uma risada envergonhada.

- Tá tudo bem. você sabe que é um prazer para mim. – Ri um pouco. – Será que eu posso voltar a dormir?

- Espere, tenho mais uma pergunta. – Indaga.

- Sou toda ouvidos. – A ruiva se mantém apreensiva.

- Jayce esteve aqui a algumas horas atrás. Foi você quem pediu para ele vir até aqui não é mesmo? – Volta a seriedade.

- Sim, fui eu, me desculpe. Eu só estava preocupada com o caso de você passar mal, sair do controle. Mas prometo que não ocorrerá novamente. – Rita responde arrependida.

- Rita, eu tô em um hospital. Literalmente não tem lugar melhor para eu passar mal! – Sua voz estava carregada de ironia. – Está tudo bem por agora, mas na próxima teremos uma conversa, entendido!? – Caitlyn parecia estar levemente alterada pela sua voz.

- Entendido! Agora pelo amor de Deus, VAI DORMIR! São uma e meia da manhã e você está acordada. Boa noite chefe! – Se irrita.

- Boa noite oficial. – Ri nervosamente.

Após receber o sermão de Rita, Caitlyn resolve dormir sentada naquela cadeira de hospital. Toda desajeitada e sem sequer se preocupar com quem estivesse a vendo. Todos no hospital estranharam que a xerife estava ali, dormindo, mas também não arriscaram acordá-la. Nenhum deles era louco o suficiente.

Caitlyn estava tendo um excitante sonho em que ela finalmente prendia Vi. Mas ao chegar no ponto crítico do sonho, onde ela finalmente conseguiria descobrir os segredos da negociação entre Zaun e Noxus, Inesperadamente ela sente um leve toque em seu braço, em seguida, sente seu corpo sendo chacoalhado. Isso a força a abrir lentamente e nervosamente seus olhos para poder ver quem era o desalmado que a acordara.

- Bom dia Xerife! Oficial Mohan se apresentando! A oficial Rita me enviou para te auxiliar no caso Vi. A partir de hoje estarei ao seu dispor. – Mohan, um homem alto, de curto cabelo loiro e olhos verdes diz, sorrindo para a xerife. Essa que por sua vez o encarava querendo matá-lo. – Ah, tem uma babinha em sua bochecha direita, é melhor...limpá-la.

- Olha Mohan. – Ela indaga enquanto limpava a babá em seu rosto. - Se quer mesmo trabalhar comigo, primeira coisa: Respeite meu espaço! Eu estava descansando e estou a dias focada nisso, quando tive um tempo para descansar, fui atrapalhada.

- Eu sei, me desculpe. Mas é que eu esperei por duas horas e você não acordava, aí pensei que você estava mal e resolvi te acordar. Realmente, me desculpe. – Mohan estava um pouco assustado.

- Tá tudo bem Mohan, erros acontecem. Não se preocupe. – Sorri da forma mais carismática que conseguia. - Esses oficiais, vou te falar viu? Todos preocupados de eu passar mal dentro de um hospital! Puta que me pariu. – Estava transtornada. – A que horas você chegou aqui? – Caitlyn pergunta enquanto se levantava e arrumava o cabelo.

- Não sei ao certo, mas a Rita me disse para vir para cá enquanto estávamos na delegacia lá pelas oito e meia da manhã. – A responde enquanto se mantinha pensativo. Estava se concentrando para lembrar a resposta.

- Que ótimo, dez e meia da manhã. Bom, veja com o médico se podemos fazer algumas perguntas às nossas vítimas. – Diz pegando da bolsa seu celular.

- Sim senhora. – Mohan caminha em direção a recepção. Por um breve instante, conversa com a enfermeira que ali estava e volta pouco tempo depois. – Eles já estão conscientes, então podemos entrar para uma pequena interrogação.

- Ótimo! Vamos não podemos perder mais tempo. – Toma a frente em direção a quarto das vítimas, sendo seguida por Mohan.

Ao entrarem no quarto, os dois são recebidos por uma enfermeira que lhes alerta sobre o quadro de ambas as testemunhas ainda ser grave. Ela explica que, quando alguns de seus ossos quebraram, perfuraram alguns órgãos, mas que eles já estavam fora de perigo.

- Com licença, será que podemos fazer algumas perguntas? – Mohan começa o interrogatório.

- Se for sobre aquela maluca das mão grandes, pode sim. – Um deles diz gemendo de dor.

- Ela era uma “punk” um pouco mais alta que eu, com cabelo curto, meio longo, raspado em uma das laterais e totalmente rosado. – Caitlyn pergunta e ambos os homens respondem positivamente. – Seus olhos eram azuis? – Ela pergunta e novamente a resposta é positiva pela parte de ambos. – Essa mulher tinha uma tatuagem escrita “VI” em seu rosto? – Essa era sua última pergunta.

- Sim, era ela, com certeza! – Um dos homens exclama.

- Olha xerife, do nada ela chegou e começou a nos socar feito louca. – O outro completa o apelo.

- Do nada não né? Afinal vocês estavam prestes a estuprar uma jovem inocente. – Indaga, deixando ambos em extremo silêncio.

- Ela pegou vocês. – Mohan os provoca.

Garotos...se tem uma coisa que eu não sou é burra. De qualquer forma, terminamos aqui! Mohan, avise os enfermeiros que após esses dois melhorarem eles irão direto para a prisão de Piltover. – Ela dá as costas para todos ali, indo reto em direção à porta.

- Tudo bem xerife! Tentarei ser o mais rápido possível. – Seu parceiro a acompanha.

E assim ambos saem do quarto, ouvindo os lamentos e xingamentos dos pacientes por detrás de si. Após terminarem seu afazeres por ali, sem mais nada a fazer, a Xerife e o oficial se deslocam com pressa até o carro. Caitlyn apenas conseguia pensar que, ao chegar na delegacia ela iria direto para sua casa para descansar. Além de tomar um banho e trocar de roupa, pois se sentia imunda.

- Ei, Mohan, o que você acha de minha forma de trabalhar? – Caitlyn pergunta séria para Mohan.

- Totalmente errônea, você precisa descansar mais. – Ele responde sorridente enquanto dirigia o carro da xerife, visto que havia ido até o hospital de táxi.

- Não, você também não serve para ser meu parceiro. – Ela suspira fundo com uma cara engraçada de decepção.

- E você, por que está querendo tanto prender Vi? – Pergunta a encarando de forma curiosa.

- Pois talvez ela saiba algo sobre o porquê de Noxus ter mandado aquele tanto de dinheiro para Alexande, e porque...porra como eu digo isso sem parecer muito estranho. – Coloca uma de suas mãos em seu rosto, tentando esconder a vergonha que sentia. – Eu achei ela uma boa caça. 

- Realmente, muito estranho. – Mohan começa a gargalhar.

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(Uma semana depois).

(Piltover, Centro de Piltover, 21:17. Sexta-feira, 29/01/2020).

Com certa calma, Vi pilotava sua moto por Piltover. Aquela era uma apática noite chuvosa e ela resolveu sair para dar uma volta. Até seria uma se ela não estivesse com aquelas gigantescas manoplas em suas mãos. Se mantinha bastante impressionada, pois naquela noite não havia visto ninguém pedindo por ajuda.

Sem muito o que fazer, e já entediada de ficar zanzando por aí. Resolve se sentar em um banco na grande praça que fica no centro de Piltover. Ali ela acende um cigarro e o traga suavemente. Mesmo com a chuva que caia sobre sua cabeça, fica ali, sentada no banco, pensativa enquanto se molhava cada vez mais. A cada tragada, pensava e relembrava o dia em que aquele museu explodiu com todas aquelas crianças inocentes. O maldito que fez isso...ela estava decidida em fazer esse maldito pagar.

- SOCORRO!!! – Vi é rapidamente retirada de seus pensamentos.

Ela volta a realidade ao ouvir os gritos desesperados de uma mulher com um longo cabelo vermelho que passou correndo rapidamente por ela, desesperada suplicando por ajuda.

A rosada institivamente olha para a direção contrária à mulher, onde um homem loiro e com aparência também jovial corria, nervoso gritando para que a garota parasse. Sem nem pensar um segundo, Vi coloca seu pé no caminho do homem, o fazendo tropeçar e voar por alguns metros, pois estava muito rápido. Ela caminha a passos lerdos em direção à ele, que se encontrava ainda deitado no chão gemendo de dor.

- É, você até que era bonitinho. Loiro, olhos verdes...uma pena que seja escória. – Vi levanta sua mão pronta para dar o golpe de misericórdia.

- Parada em nome da Lei! Senhorita Vi, você está sendo presa pelo roubo da mina de cristais Hextec de Piltover! Você tem o direito de ficar calada! – A garota ruiva diz, agora apontando sua pistola para si com a mão direita, enquanto que na esquerda, segurava seu distintivo.

Vi para por um segundo e analisa a situação. Ela observa bem a mulher baixa à sua frente e o homem abaixo de seu pé. Não precisou pensar muito para que enfim a ficha caísse para si.

- Belo plano! – Indaga sorrindo. – Mas vocês realmente me subestimaram. Apenas dois de vocês não serão o suficiente para tentar me prender. – Soca a cabeça do homem, fazendo-o desacordar.

Com um sorriso confiante no rosto começa a caminhar lentamente na direção da mulher.

- Agora! – A ruiva grita Inesperadamente.

Vi não se importa com o grito da outra, afinal, seu único apoio estava no chão desmaiado. Doce engano. Ela até avança um pouco mais em direção a mulher, porém para quando uma bala passa e pega de raspão em sua bochecha esquerda.

 – Que porra foi essa? – Ela se assusta, levando sua mão até seu rosto para se proteger.

- Belo tiro xerife! – Agradece ao seu apoio.

- Obrigada Rita! – Caitlyn a responde de imediato.

 Ela se encontrava em um alto prédio do outro lado da rua da praça. Prédio esse que dava uma visão perfeita de toda a praça onde a operação para prender Vi ocorria.

- Estou pronta quando você tiver xerife! – Rita a avisa pelo rádio.

- Ótimo! Os reforços já estão chegando! Qualquer coisa eu estou dando apoio daqui. Prendam-na! E me avisem quando conseguirem! – Ordena, preparando-se para dar o próximo disparo.

Caitlyn estava feliz consigo mesma. Seu plano havia dado certo. Demorou uma semana para que eles localizassem Vi e agissem com destreza.

Em uma reunião durante a semana, a xerife havia dado a ideia de eles colocarem um oficial perseguindo uma oficial na rua, ou de um oficial roubar outro. Visto que a “justiceira” aparentemente estava atrás desse tipo de pessoas. Às que de alguma forma faziam mal às outras.

Todos elogiaram sua ideia, porém a questionaram, sobre a dificuldade de localizar Vi por entre a cidade, afinal a mesma era muito grande. Foi então que Caitlyn escolheu um ponto específico, a praça. Onde pequenos delitos sempre ocorriam. E por três dias, todas as noites eles vigiaram a praça, na espera de que Vi aparecesse. Até que o peixe enfim mordeu a isca. Depois, tudo foi mais fácil, Mohan e Rita só precisavam ser rápidos em sua encenação e teriam que chamar a atenção da justiceira foragida.

- Bom, como pode ver, nosso franco-atirador é muito bom e os nossos reforços estão chegando. Apenas renda-se antes que algo pior aconteça com você. – Rita continuava a apontar sua arma para Vi.

- Nunca! – Responde correndo em sua direção. Estava furiosa, porém é novamente parada por mais um tiro desferido por Caitlyn, dessa vez raspando sua bochecha direita. – Caralho, que chata você é, hein xerife? Mas graças a esse tiro sei exatamente onde você está. – Sorri sadicamente e dispara em direção ao prédio onde se localizava a xerife.

Essa que por sua vez, acompanha detalhadamente os acontecimentos através da lente de seu rifle.

- Xerife, cuidado! Ela está correndo até a sua direção. – A ruiva a alerta com certo receio na voz.

- Eu tentarei pará-la! Siga-a e tente neutralizá-la. – Ordena enquanto mantinha o alvo em sua mira.

- Ok! – Rita começa a correr atrás de Vi.

Caitlyn começa a atirar contra Vi, porém a rosada desviava e defendia seus projéteis com maestria. Ao tentar dar mais um tiro, algo que nunca havia ocorrido antes consigo vem à tona: Suas balas haviam acabado.

- Atenção todas as unidades, as minhas balas acabaram e o nosso alvo está vindo em nossa direção! Repito, o alvo está correndo na porra da nossa direção! Está na hora do plano B! Repito o plano A falhou e o alvo está vindo direto para nós. – A xerife avisa todas as equipes presentes na operação através do seu rádio.

Rapidamente ela se retira da sala para poder se reposicionar. Além de ela, um franco-atirador ser descoberto, o plano B estava entrando em vigor.

A rosada ainda corria ferozmente em direção ao prédio que ficava consideravelmente longe da praça. Tinha certeza que aquele era o prédio certo, pois ele era o único grande o suficiente para que um franco-atirador possa ter sucesso em seus tiros sem que as árvores da praça o atrapalhassem.

- Parou de atirar. Deve estar sem balas. Isso vai ser mais fácil ainda! – Vi diz para si mesma confiante.

Porém toda essa sua confiança se vai quando ao chegar na rua do prédio em questão, ela se depara com uma fileira de viaturas que a aguardavam na frente do mesmo. Todos os esquadrões de policiais que estavam ali para prender Vi se mantinham dentro do prédio, em forma de defesa.

- Parada, você está presa! Nem pense em lutar, me ouviu! – Um dos policiais grita para ela apontando-a um rifle.

Mas tem como uma resposta imediata um carro que, anteriormente estava do lado de Vi, sendo lançado para cima de si.

- Nem quando a porra de uma galinha voar, seu bosta! – O responde ainda mais nervosa. – Me tragam a xerife, AGORA! Olha o que essa vaca fez ao meu rosto! – Aponta para suas duas bochechas com as grandes manoplas que tinha em mãos.

- Eu estou aqui. – Caitlyn diz saindo do prédio, assim também da proteção de seu esquadrão, para se comunicar melhor com Vi.

Ela mantinha seu rifle, quase de sua altura, em suas mãos. O segurava firme, pois estava a espera do momento certo para poder usar um de seus truques.

Porém, ao ver a xerife saindo de dentro do prédio, Vi fica paralisada e boquiaberta. A admira por um tempo e toda aquela raiva que sentia pelas balas que acertaram suas bochechas anteriormente, passou. Ela não conseguia parar de olhar principalmente para os olhos de Caitlyn. Aqueles olhos azuis dela eram hipnotizantes e seu cabelo voando em meio aos ventos. Sua boca, seu rosto, seu corpo, tudo naquela mulher era perfeito. Não conseguia sequer pensar direito no que faria a seguir. Aquela que estava em sua frente era uma Deusa targoniana viva, bela, formosa e muito gostosa. A rosada estava total e perdidamente encantada com sua visão, com o que e principalmente, com quem via.

- Caralho Vi! O que que você tá pensando!? Sai dessa, porra! – Ela leva suas duas mãos, ainda com as manoplas, até a sua cabeça, esfregando-as nela, como se estivesse tentando esquecer algo.

- Algum problema Vi? Está tudo bem? – Caitlyn pergunta confusa.

- Não, nada não. Eu estou bem sim. – A responde sem graça, saindo do transe em que estava, voltando a seriedade de antes.

- Bom, nos acompanhe, por favor! Além do seu crime, você ainda tem informações necessárias para a polícia! Então venha conosco! – A intima.

- Eu não posso princesa. Eu até queria, mas tenho umas coisas a defender aqui e...Eu não preciso ficar me explicando para você! – Se dá conta de seus atos.

Sem perder muito tempo, parte em alta velocidade em direção a de cabelo azul-escuro.

- Xerife, cuidado! Nós iremos abrir fogo! – Um dos policiais grita para que Caitlyn recuasse.

- Não façam nada até eu mandar. – Ela responde confiante.

Vi continuava a correr em direção aquela barricada de carros, parecendo um trator rosa furioso. Ao conseguir chegar na barricada, ela salta por cima de um dos carros que se mantinha em sua frente como obstáculo. Mas ao cair no chão, sente uma imensa dor em sua perna direita, a primeira a tocar no chão.

Aquela era uma dor estranha, uma dor peculiar. Parecia que vários espinhos haviam a perfurado. Ao olhar para baixo confusa, pôde ver que o que a perfurava, nada mais era que uma das armadilhas para urso que xerife colocara no chão em forma de pará-la caso isso ocorresse. Afinal, a xerife havia pensado nessa possibilidade.

- Doendo? – Caitlyn sorri vitoriosamente enquanto preparava sua arma para um último disparo.

Seu rifle vinha equipado com uma rede para disparar e rapidamente prender um bandido que estivesse em fuga, e era exatamente essa rede que ela usaria em Vi.

- Eu ainda não acabei! – Vi diz começando a andar lentamente, mesmo com aquela armadilha presa a si e com todo aquele sangue escorrendo em sua perna. Mesmo aquela dor insuportável, não eram o suficiente para fazê-la para de avançar contra seu inimigo.

Se tinham três coisas que ninguém jamais vencia de Vi, eram: No mano a mano, em persistência e em nunca desistir não importasse em qual circunstância estivesse.

- Admiro sua Coragem. – Caitlyn dispara a armadilha de rede, que realmente acaba por prender a mulher das manoplas.

Mas apenas isso não era necessário para pará-la. A rosada se debatia e tentava usar toda a sua força para conseguir arrebentar as cordas da rede. Ao poucos Vi estava conseguindo quase arrebentar as cordas à força. Provavelmente ela conseguiria se soltar, se não fosse por um disparo de teaser que a fez tremer no chão por causa da alta corrente elétrica que corria por seu corpo agora.

- Boa Mohan! Bela ideia usar a arma de choque. Muito obrigada. – Sorri calorosamente. – Levem-na para a viatura rápido, antes que ela acorde! Deem sedativo também. Depois que chegarmos a delegacia ela vai direto para a sala de interrogatórios. – Ela ordena e seus homens logo fazem. – As manoplas, podem levar como prova e recolham sua moto! Estamos de saída, sejam rápidos!

- Obrigado xerife...aí minha cabeça, aquelas manoplas doem demais, meu Deus! – Mohan estava andando meio torto para a direção de um dos carros da polícia, onde se senta e espera a tontura passar.

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(Piltover, Sala de interrogatório da Delegacia de Piltover. Hora e data desconhecidas).

Recobrando sua parcialmente sua consciência, Vi aos poucos acordando. Conforme sua visão vai ficando menos turva, ela pôde ver e perceber após pensar um pouco, que estava em uma sala de interrogatórios. Sentada à sua frente estavam a Xerife e a ruiva que conseguiram prendê-la anteriormente. Tenta mover suas mãos, porém as mesmas estavam algemadas a mesa ao qual todas estava sentadas. Fugir dali não seria nem um pouco fácil.

- Porra, mas que dor de cabeça...onde estou? Quem são vocês? – Vi pergunta totalmente perdida, finalmente quebrando o silêncio instaurado no local.

- Boa tarde, eu sou a Xerife de Piltover e essa é minha subordinada Rita. Você está em uma sala de interrogatório e gora são 17:48 da tarde. – Responde calmamente. – Aproveitando que está acordada, será que poderíamos fazer um interrogatório com a senhorita? – Caitlyn liga o gravador de voz e o coloca em cima da mesa.

- Bom, acredito eu que nem seu não quisesse, eu teria que aceitar, então podem perguntar logo. – A rosada a olha seriamente, em seguida para sua parceira. Ela tenta a todo momento se manter neutra para não se esquentar com aquela situação.

- Bom, nós gostaríamos que explicasse como vocês assaltaram a mina de cristais Hextec, o que aconteceu com os cristais que vocês roubaram, porquê você resolveu se vingar dos Selvas Fabril, que lance é esse de justiceira e principalmente, se você sabe o porquê de Noxus ter enviado aquele dinheiro para Alexander. – Rita pede para Vi enquanto anotava cada palavra dita naquela sala em seu notebook. Afinal em alguns momentos, o gravador poderia vir a “parar” de gravar.

- São muitas perguntas, será que poderia repetir baixinha? – A criminosa abre um sorriso.

- Você entendeu muito bem a todas elas senhorita. Apenas responda. – A responde rispidamente. – Humpf, baixinha.

- Tá bom baixinha, não precisa se estressar! Eu vou cooperar. – Aproveita para rir um pouco.

- Por favor! – A xerife logo pede.

- Bom, nós tínhamos um plano simples, mas bom o suficiente para não falhar. Renderíamos os guardas, entraríamos e roubaríamos, sem matar ninguém. – Começa a explicação calmamente. – Mas aí, o Tom, o chefe dos Selva Fabril, matou o Alexander. Eu fui contra, começamos a discutir e eu tirei minha máscara. No fim, meus próprios homens se viraram contra mim. – Olha com ironia para a ruiva.

- Que belos companheiros não? – A provoca de volta.

- É o que eu diria se isso não fosse um plano de contra medida, caso aqueles filhos da puta nos traíssem, ou alguém inocente se machucasse gravemente. – Continua a explicar.

- Como assim? – Caitlyn se vê perplexa.

- Eles iriam e eu ficaria, para ser presa, ou para tentar salvá-los. – Explica. – Como as duas situações vieram a ocorrer, tive que ficar. Não tinha certeza se funcionária, mas funcionou bem até demais. – Respira aliviada.

- Entendi...mas, e como você se soltou? Até porque, você salvou os mineradores daquela mina e pelo que está me dizendo, você foi presa junto à eles. – A xerife estava curiosamente animada, afinal, até ali todas as pontas de sua teoria estavam corretas.

- Isso era parte do plano também. Antes de ir, um de meus subordinados deixou o nó na amarra mais frouxo para que eu pudesse me soltar. Enquanto Tom retirava aquelas manoplas que eu uso para surrar as pessoas de má índole na rua. – Vi abre um leve sorriso de canto. – Após eles saírem e explodirem a entrada, me soltei e não pensei duas vezes antes de colocar aquelas coisas e socar desesperadamente as pedras em meu caminho para criar uma saída. É isso.

- Tá, mas e os cristais? Onde eles estão? – Rita pergunta calmamente.

- Olha, depois de sair de lá, eu só voltei para a sede da minha antiga gangue. Lá meus capangas me disseram que nossos inimigos tinham pego todos os cristais Hextec roubados. Pensei que eles podiam estar mentindo para mim e que eles tinham pegos alguns, mas na revista que fiz neles, não achei nada. – A rosada finaliza com serenidade no olhar.

Ela até dava uma pausa ou outra por entre as entre as suas falas, porém isso se dava ao fato de estar tentando se lembrar bem dos detalhes.

- Bom, no fim, minha teoria estava realmente certa. – Caitlyn desvia um pouco seu olhar enquanto um sorriso vitorioso transparecia em seu rosto. – Então foi mesmo com a manopla que Alexander morreu. – Ela continuava a pensar. – Pode continuar. – Torna sua atenção à Vi.

- Bom, sobre os cristais, eu realmente não sei de nada. Provavelmente foram vendidos para o mercado negro de Zaun, ou sei lá, para um barão químico louco. – Retoma o assunto.

- Eu já imaginava isso pelo que você me disse antes...- A xerife complementa.

- A vingança, acho que nem preciso dizer o porquê dela ter acontecido depois de contar essa história toda do roubo. – Comenta com calma. – Minhas mãos ainda estão fodidas por causa daqueles idiotas. Socar com força aquelas rochas acabou comigo.

- De fato, suas mãos ainda nem completaram direito o ciclo de cicatrização. E olha que isso faz mais de uma semana. – A assistente se vê um pouco surpresa.

- Para você ver. – Concorda com a outra. – E esse lance de justiceira, porque eu vi que era um lance muito melhor do que ficar assaltando e roubando coisas, ou até mesmo traficando. Salvar vidas e socar a cara das pessoas que fazem o mal, tem como não gostar? – Sorri com sinceridade enquanto olha para a mulher autoritária em sua frente.

Essa que, quando ouvir tais palavras não pode se conter ao deixar um leve sorriso lhe escapar a boca. Demonstrando ter gostado da fala de Vi.

- E sobre Noxus? – Rita foi direta quanto as informações, sem sequer perceber a “tensão” existente entre as outras duas mulheres.

 - Tá aí uma coisa que eu realmente não faço ideia. Não sei o porquê de Noxus ter enviado aquela ‘bufunfa' para Alexander. – Vi se via perplexa ao pensar sobre. Seu olhar vago para a mesa demonstrava a tentativa que fazia de encontrar em seus pensamentos um porque de tal questionamento. – O que eu achei interessante é que, mesmo chegando muito cedo lá e de ter pego um Alexander ainda contando o dinheiro, não vimos nenhum entregador com vestes noxianas, ou com o sotaque de um noxiano. Não havia ninguém suspeito, e isso até hoje me deixa intrigada. - Se arruma na cadeira em que estava sentada, tornando a olhar para ambas à sua frente.

- Bom...- A ruiva se pronuncia, chamando a atenção das duas para si. – Pode ser que ele só tenha entregue rapidamente o dinheiro e saído. Tudo muito rápido, pois sabia que ali era perigoso...não. – Ela pensa melhor. – Ele provavelmente ainda estava lá, escondido, ou talvez...

- Vestido como um dos funcionários!? – Vi e Caitlyn dizem simultaneamente.

A rápida troca de olhares das mulheres demonstrava o quanto ambas estavam surpresas com a sintonia na fala delas. Ou mesmo na forma de ambas pensarem rapidamente em dada situação.

- Isso mesmo! Essa é a única opção! – A assistente indaga com certa espontaneidade.

Rita sempre se via alegre ao conseguir ajudar a Xerife em algum caso de extrema dificuldade. Era como se fosse uma conquista pessoal para ela.

- Eu não diria a única opção. A melhor, talvez, a menos arriscada, com toda a certeza. – Vi desvia seus olhos dos de Caitlyn, voltando-os para Rita. – Agora, já que eu já ajudei vocês, podem me responder uma coisa?

- Sim, pois não? – Caitlyn pergunta ansiando pela resposta.

Estava curiosa, gostaria muito de saber o que Vi tinha para falar. Para ela, tudo o que a rosada havia dito e feito naquele interrogatório só demonstrava o quão inteligente ela era. Saber pensar rápido em soluções para crimes, para criar planos ou para escapar de algum lugar como sempre pensou, era para poucos.

- Por que ao invés de ficarem brincando de me procurar pela cidade, vocês não foram atrás do terrorista no museu? – Indaga com certo nervosismo na voz. – Aquele filho de uma puta antiético quase matou dezenas de crianças! quem é louco ao ponto de fazer isso!? – Se levanta, mesmo ainda estando com suas mãos presas a mesa. – Ele age como um completo idiota. Suas ações vão fazer com que logo, logo Piltover pare de ser chamada de “A cidade do Progresso” e mude para “A cidade do Crime”, por causa do caos nas ruas que ele virá a causar em toda Piltover! – Olha para a xerife com um olhar furioso.

Fúria essa que Caitlyn pôde perceber muito bem que só servia para ocultar algo, só não sabia ao certo o que era. Provavelmente o que estava sentindo de verdade.

- Olha aqui sua desgra...

- Rita! – A corta rapidamente. – Olha os modos com a nossa convidada!

- É Rita, olha os modos. – A mulher algemada provoca.

- Eu gostei de você, é interessante...- Fita com calma a outra. – Rita, poderia nos dar licença por favor? – Caitlyn pede e Rita o faz sem questionar. Após sua assistente sair, a xerife rapidamente desliga o gravador antes de falar algo.

- Parece que o gravador deu pau não? – A rosada brinca com a situação.

Ela não estava nervosa, apenas queria saber aonde aquilo iria dar.

- Olha Vi, eu tenho uma proposta para lhe fazer, e gostaria que ouvisse. – Ri um pouco da piada da outra.

- Sou toda ouvidos. – A responde. – Mas isso não necessariamente quer dizer que eu vá aceitar! – Indaga.

- De acordo! Desde que você ouça, já me é suficiente. – Caitlyn diz tornando a seriedade, dada a situação. – Olha, no interrogatório eu pude ver o quanto você pode ser uma boa policial. O quanto você é inteligente, o quanto você é especial. Além da sinceridade e confiança que você passa. – Ela suavemente toca nas mãos de Vi e a olha fundo nos olhos.

- Eu!? Um policial!? Chapou!? – Começa a rir da proposta da outra.

- Vi, por favor entre para a polícia. Seja minha parceira, meu braço direito. Me ajude a resolver os casos mais difíceis, me ajude a prender o terrorista. Se aceitar eu apago todos os seus crimes do registro. Uma nova vida do lado certo da lei, que tal? – A xerife a encara com um olhar esperançoso, enquanto ainda segurava delicadamente sua mão.

Vi fica estática por um momento. O tempo parecia passar mais devagar para ela. Adorava a sensação de ter sua mão segurada pelas mãos da xerife. De poder vê-la tão de perto ao ponto de sentir sua respiração. Pensar estava difícil, ainda mais nessa escolha que mudaria total e completamente para sempre sua vida. Por mais difícil e cansativo que pensar na proposta naquele momento foi, Vi o fez.

- Tá eu aceito. – Após muita conversa e persuasão por parte de Caitlyn, ela finalmente cede. – Qualquer burro sabe que essa escolha só soma na minha vida. E também, não vou perder nada com isso. Mas não faça eu me arrepender dessa minha escolha! – A responde revirando os olhos emburrada.

- Eu te prometo que irei lutar para que isso não aconteça. – Animada, a chefe de polícia responde apertando sua mão.

Seu rosto e suas ações demonstravam que ela estava feliz em um misto estranho de empolgação.

- ‘Maaas’ como a senhorita deve saber, tudo tem um preço. Eu tenho quatro condições para que isso dê certo! – A rosada se pronuncia seriamente.

- Pode dizer. – Caitlyn deixa de sorrir, soltando suas mãos das de Vi ao mesmo tempo.

- Um, nunca iremos atrás de nenhum dos capangas da minha antiga gangue. Não quero ter que prender minha família. Dois, nunca iremos investigar o restaurante Dona Bela. Não me pergunte o porquê, a resposta te assustaria. Três, se for para trabalhar contra o crime, quero total liberdade para poder usar minha moto e minhas manoplas. Quatro, na rua Oliver, número 591, tem um presente que eu deixei especialmente para você. Se você puder pegá-lo sozinha, melhor. A chave fica embaixo do tapete. Essas são as exigências – Sorri ao finalizar.

- Apesar de eu suspeitar de mais da metade delas, eu aceito sua exigências. Agora você será levada para a cela que temos aqui na delegacia. Como não conversei com os superiores sobre essa minha decisão, não sei se eles deixarão você ficar andando pela cidade livre, nem se você vai poder sair da cela quando eu não precisar de sua ajuda. Na verdade, não sei nem se eles liberaram você para ser minha parceira. Por enquanto você ainda é uma criminosa que roubou uma mina e bateu em civis. – A xerife diz também ficando um pouco séria, pois não sabia qual seria a reação daquela que estava sentada na sua frente.

- Ok, tem cinco condições agora. Nem fodendo que eu fico em uma cela! Para que a nossa relação de parceiras dê certo, eu tenho que ser livre! – Vi dá risada. Ela estava levando a última fala da xerife na brincadeira.

- Vou ver o que eu posso fazer por você. – Se levanta da mesa. – Mas por enquanto, você fica na cela. Se me der licença, preciso sair agora. Rita, pode entrar e levá-la para a cela! – Caminha em direção à saída da sala.

Ao passar por Rita, essa a encarava ferozmente, pois havia escutado todo o diálogo entre sua chefe e a criminosa. Não aceitava que Caitlyn tivesse como parceira aquela punk desrespeitosa, desobediente, louca, insana e mal treinada. Mas não havia nada que pudesse dizer ou fazer para mudar o pensamento de sua chefe. Ela era cabeça dura e naquele momento acreditava que Vi seria uma ótima parceira.



Notas Finais


Salve, salve. Então, que bom que vocês estão lendo e curtindo minha fic. Mas eae, que tal ouvir a playlist dela para acompanhar sua leitura? Disponível tanto no Spotify, quanto no YouTube essa é a Playlist oficial de "Entre crimes e desilusões" e de seus personagens, se divirtam!

YouTube:

Playlist oficial e atualizada:
https://youtube.com/playlist?list=PLVsrZuHIgohqSkUliYLYzAqSalU-Qhbzu

Playlist com as músicas temas dos personagens:
https://youtube.com/playlist?list=PLVsrZuHIgohowwrZhLiWGLJzX8WGnd67Y

Spotify:

Playlist oficial e atualizada:
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Playlist com as músicas temas dos personagens:
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