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História Entre crimes e desilusões - Ponte


Escrita por: JullyanoAckerman

Notas do Autor


Olá pessoas e nossa, dessa vez eu demorei mesmo, desculpem de coração por essa demora, mas cá estou eu novamente para trazer mais um capítulo para vocês, comemorando 1.000 visualizações, muito obrigado de coração, vocês são fodas.
Não sei nem se vocês lembram de mim, ou da história, mas voltei com tudo e esse capítulo está muito bom. Demorei, pois tirei um tempo para descansar, estava meio mal, mas agora estou melhor e pronto para dar meu melhor a história, prometo.
Sem mais enrolação, boa leitura a todos S2.

Capítulo 9 - Ponte


Fanfic / Fanfiction Entre crimes e desilusões - Ponte

(Piltover, Casa da Caitlyn, 07:00. Terça-feira, 04/01/2020).

Era deveras cedo, pelo menos para Vi naquela casa, que mal abrira os olhos e já estava totalmente nervosa com o irritante barulho do despertador do celular de Caitlyn que lhe invadia os ouvidos. Começou aos poucos, como um leve chiado e enquanto lentamente Vi ia ganhando consciência só que acontecia ao redor, vai acordando, o barulho aumenta, aquele toque era o nêmesis da rosada em todas as suas manhãs a partir do momento em que pisou naquela casa.

- Vamos Vi, levanta, temos muito trabalho hoje! – Caitlyn já vestida com seu famigerado vestido tomara que caia azul-escuro, suas botas marrons e sua maquiagem básica, porém chamativa diz, invadindo o quarto da mais nova, abrindo as cortinas e janelas do ambiente.

Caitlyn tinha seu sono muito bem regulado, geralmente acordava entre às cinco e meia e às seis e meia da manhã, para tomar um banho e se arrumar para ir ao trabalho, além de ter mais tempo para apreciar o café da manhã e também para ir com mais calma, diferente de Vi que pegava a primeira roupa em sua frente e ia comendo para o trabalho, mesmo indo pilotando uma moto. Porém naquela manhã, Caitlyn resolveu que ambas sairiam no mesmo horário, Vi não pode fazer nada além de aceitar, sem antes reclamar.

- Qualquer dia desses eu juro que esse seu celular voa pela janela do seu quarto, puta toque chato. – Vi diz pestanejando e se sentando na cama. Quando finalmente para de piscar rápido os olhos para acordar, ela encara Caitlyn, que cobre sua boca enquanto dava gostosas risadas. – O quê foi?! – Vi pergunta assustada.

- Seu cabelo...ele está tão bagunçado e em pé...você está parecendo um pica-pau. – Caitlyn diz ainda rindo um pouco enquanto via Vi arrumar desesperadamente seus curtos e rosados cabelos.

- A pessoa me acorda às sete horas da manhã e ainda quer encontrar um príncipe encantado na cama. Vê se me erra. – Vi diz virando o rosto, um pouco irritada e envergonhada.

- Tá bom senhorita estressada, se arrume o mais rápido que puder e desça, estou terminando de passar o café, temos que sair daqui até às oito, entendido? – Caitlyn diz em um tom autoritário.

- Sim senhora xerife. – Vi pula da cama e reverência Caitlyn levando sua mão até sua testa, como os outros oficiais fazem ao receber uma ordem da mesma.

Caitlyn até cogita em dizer meias palavras para o sarro que a mais nova estava tirando com a sua cara, porém prefere só a encarar séria e deixar o quarto. Vi por sua vez, após a saída da parceira, pega algumas peças de roupa que estavam em seu guarda-roupas e corre para o banheiro, faz suas necessidades, veste-se rapidamente, ajeita um pouco melhor seu cabelo e desce calmamente as escadas, seguindo o delicioso e tentador cheiro de café fresco. Esse que a levou até a cozinha, onde Caitlyn se encontrava em pé, encostada na bancada de mármore da cozinha, com uma xícara na mão, acompanhando atentamente as notícias que passavam já cedo na televisão da cozinha.

- Olha, veio rápido mesmo hein? – Caitlyn diz surpresa, sem tirar os olhos da televisão.

- E eu tinha alguma outra escolha por acaso? – Vi pergunta indignada enquanto calçava seu par de botas de couro pretas.

- Não me faça perguntas difíceis a essas horas da manhã Vi. – Caitlyn diz com um sorriso ladino no rosto, enquanto vira seu rosto em direção a Vi, agora prestando atenção em sua parceira.

- Palhaça. Mudando de assunto, algo de novo? – Vi diz olhando para a TV, demonstrando interesse nas notícias também, enquanto se sentava em uma cadeira, em frente a bancada e de Caitlyn também, puxando uma xícara para si.

- Por enquanto só um roubo à uma panificadora no centro da cidade, no distrito 25, ontem por volta de umas uma e cinquenta da tarde, nada de tão grande. – Caitlyn diz olhando novamente para a TV e tomando um pouco de seu, ainda bem quente, café.

- Mas o que roubaram exatamente? – Vi pergunta sem grandes interesses nesse assalto, enquanto colocava em sua xícara bastante café e um pouco de leite.

- Comida, em grandes quantidades e todo o dinheiro do caixa. – Caitlyn diz voltando sua atenção para Vi, que a fita pensativa.

- Hum... você acha que pode ter sido foi um morador de rua quem assaltou a panificadora? – Vi agora finalmente toma um gole de seu café. – Gostoso demais, parabéns. – Ela elogia a mais velha.

- Obrigada e não, não é um morador de rua, a não ser que ele seja uma jovem de cabelos azuis-claros trançados. Bem, pelo menos é essa a descrição dada pelas testemunhas, segundo o que Rita já me adiantou por mensagem. – Caitlyn diz virando seu corpo de frente para Vi, colocando sua xícara na bancada, em seguida apoiando suas mãos na mesma.

- Nenhuma imagem de câmera? – Vi pergunta ainda confiante em sua idéia.

- Não, não tinha nenhuma câmera no estabelecimento. – Caitlyn diz séria.

- Pode de ser que seja um morador de rua estiloso! – Vi diz provocando Caitlyn.

Essa que até fica irritada com a provocação da mais nova, porém antes que pudesse falar qualquer coisa, é interrompida pelo barulho do micro-ondas, indicando que os pães com manteiga e queijo que havia colocado no objeto antes estavam prontos. Ela encara furiosamente Vi, vira seu rosto e caminha até o micro-ondas, o abre e pega o prato que estava lá dentro, com dois pães recheados e cortados na diagonal, volta à bancada e cuidadosamente coloca o prato nela.

- Enfim palhaça, provavelmente você e Rita irão ver o local em que o roubo aconteceu, então, vai poder saber mais sobre ele em tempo real. – Caitlyn diz mais amena, enquanto mordia um pedaço de seu pão.

- Tem razão cupcake – Vi ainda tô um pouco. – Mas... mudando um pouco o assunto...gostou mesmo das rosas que lhe dei ontem? – Vi diz um pouco envergonhada, fazendo o mesmo que sua parceira.

- Eu as amei muito Vi. – Caitlyn sorri gentilmente. – A última vez que recebi algo assim, foi de meu ex-namorado. Amei tanto que até já as coloquei em um dos vasos favoritos que minha mãe me deu. Elas estavam na mesinha de centro da sala, não viu quando passou por ela? – Caitlyn pergunta com um gentil e dócil sorriso no rosto.

- Sério? Nem me liguei. Que bom que gostou delas, não tinha muita certa se gostava de rosas. – Vi sorri boba.

- É uma das minhas cores favoritas e eu estou começando a amar cada vez mais essa cor...– Caitlyn diz com um sorriso gentil no rosto.

Vi fica sem palavras com o sentido ambíguo contido na frase de Caitlyn, foi repentino demais para a punk, ela cora um pouco, apesar de não saber se foi uma indireta para ela, sem muitas opções, ela somente sorri de volta para Cait, essa que agora estava morrendo de rir com a cara totalmente vermelha de sua amiga.

Entre risadas, conversas sobre trabalho e troca de sorrisos, elas continuam a tomar calmamente seu café da manhã.

Após o saboroso café e momento juntas, elas completam mais alguns de seus afazeres na casa, enchem o pote de Lara com comida e trocam sua água, fazem mais algumas de suas higienes pessoais, terminam de se arrumar e finalmente partem rumo à delegacia, Caitlyn em seu carro casual e Vi em sua moto.

_______________________________________________

(Piltover, distrito 25, 10:33).

Após uma longa reunião e receber ordens, junto à instruções mais detalhadas de Caitlyn sobre a forma como os policiais iriam ser separados, organizados e distribuídos em diferentes equipes para patrulhar todos os distritos de Piltover e, assim manter a paz e a segurança na cidade em um dos mais aguardados dias de festividade, Vi se encontrava segurando em suas mãos, um copo de café com leite adocicado e já trajada com sua armadura, incluindo seus óculos de lentes azuis-claros, sentada no banco do carona, dentro de uma viatura da polícia dirigido por aquela que seria sua companheira de trabalho por aquele dia, Rita.

Enquanto a motorista ouvia e cantava alegremente a música que tocava na rádio naquele momento, a rosada lamentava internamente a escolha de ter ido dormir muito tarde naquela madrugada, sentia seu corpo pesado e indisposto, além de estar um pouco irritada com o canto estridente de Rita, pois achava no fundo de seu ser que cantar realmente não era o forte da ruiva.

- Poderia abaixar um pouco, mas só um pouco o volume da sua voz ruivinha? – Vi pergunta com toda a calma que conseguia ter naquela situação.

- Ah, desculpa, é que às vezes eu me empolgo um pouco. – Rita a responde, um pouco triste, deixando de lado a cantoria. – Mas então, sobre você, tudo bem? Está meio quieta pra quem estava feliz com a aquisição da armadura e das manoplas.

- Sim, estou bem sim, quer dizer, na medida do possível, porém, dá pra aguentar. – Vi responde desinteressada, mantendo sua atenção no que estava além da janela do carro, na rua.

- Algo aconteceu? Você parece meio pra baixo. – Rita insiste.

- Sim, mas não é algo que eu queira me lembrar agora, pode ficar calma, estou bem. – Vi responde sem nem olhar para a mulher ao seu lado, tomando um gole de seu café.

- Ah, me desculpe...- Rita diz com arrependimento.

- E você? Como vai...parceira? – Vi pergunta, agora virando seu rosto para Rita e a olhando nos olhos, demonstrando que se interessava no que Rita tinha a falar sobre sua vida.

- Eu estou bem, pelo menos eu não vou ter que acompanhar a xerife no evento principal do dia. – Rita diz com um sorriso amarelado no semblante.

- E isso não é bom? Sabe, pelo que eu sei o sonho das pessoas é participar ativamente do evento e você fazia isso de certa forma. – Vi estava totalmente inerte ao assunto agora.

- É Vi, você não sabe nem a metade, infelizmente. Enfim, Chegamos. – Rita diz parando o carro em frente à uma panificadora deverás grande, enquanto olhava para Vi, que terminava de tomar seu copo de café.

A panificadora se localizava em um local um pouco afastado do centro da cidade, porém mesmo assim, em um lugar que sempre mantinha um bom fluxo de pessoas, ótimo para vendas. Era, a primeira vista, um lugar bastante espaçoso e grande, sua faixada era pintada com uma cor vermelha vibrante, para que se destacasse dos demais estabelecimentos, e lá dentro, ela mudava para um vermelho mais ameno, para contrastar com a faixada. No topo do estabelecimento tinha uma placa deveras grande, com os dizeres: “Pãogresso".

- “Pãogresso"? Sério? – Vi pergunta desacreditada.

- Bom...algumas pessoas são realmente muito criativas. – Rita responde sem graça, enquanto ouvia Vi bufar fortemente.

- Vai na frente, vou pegar meus brinquedos. – Vi diz após terminar o café em um gole só.

Ambas então descem do carro simultaneamente, porém enquanto Vi tranquilamente caminhava em direção ao porta-malas da viatura para pegar suas grandes e novas manoplas, Rita ia calmamente em direção à panificadora, passando pelas fitas de isolação do perímetro colocadas por outros policiais ali e adentrando-a calmamente. Ao entrar, estranha o fato de que o local se encontrava completamente vazio, apesar de aberto e, conforme vai andando pelo local, Rita passa minuciosamente seus orbes castanhos por todo o local, a procura de algo que pode ter passado despercebido antes por todos os outros que estiveram ali, porém não encontra nada que lhe chame atenção, olhando por cima, estava tudo normal.

O cheiro de pão fresco, feito a pouco tempo lhe invadia o olfato, dando a ela a certeza de que haviam pessoas ali dentro e fazendo-a sentir um certo prazer, esse que é logo deixado de lado, pois entre seus devaneios sobre aquele belo cheiro, ela avista, saindo de onde ficavam os fornos daquele lugar, um homem careca de meia idade, com olhos pretos e trajando vestimentas padrões de um padeiro, que caminhava rapidamente até sua direção, não muito longe do balcão onde ficava a caixa.

- Bom dia, em que posso lhe ajudar? – O homem pergunta um pouco curioso e demonstrando estar nervoso.

- Olá, me chamo Rita e sou uma oficial da polícia de Piltover. – Rita diz retirando do bolso de sua calça o distintivo da polícia e mostrando-o para o homem, que olha para ele e se acalma um pouco. – Eu e minha parceira estamos aqui para investigar o assalto a mão armada que ocorreu aqui ontem de tarde. – Ela guarda o distintivo novamente em seu bolso.

- Ah, sim claro, o roubo. Ontem alguns policiais já estiveram por aqui colhendo informações, elas não foram suficientes? – O homem pergunta olhando seriamente para Rita.

-Infelizmente não, sentimos que ainda nos faltam dados. – Rita o responde com um sorriso amarelo no rosto.

- Entendo...Desculpe a pergunta, mas onde está sua parceira? – O homem pergunta.

Antes que Rita pudesse responder algo, passos pesados puderam ser ouvidos, vindos da direção da entrada da panificadora. Ao virar-se, nada surpresa, Rita se depara com a figura de Vi, já equipada com suas manoplas nada chamativas, de cor cromada, caminhando em passos calmos, porém pesados, em direção à ambos.

- Acabou de chegar. – Rita responde com um leve sorriso.

O homem olha impressionado para aquela grande mulher com gigantescas manoplas metálicas em suas mãos. Fita rapidamente seu olhar passando por seu rosto, reparando principalmente em seus olhos azuis-claros e sua tatuagem no rosto, que era o que mais chamava atenção depois da manopla é claro. Desce um pouco mais seu olhar, até seu distintivo, que estava muito bem acoplado em sua armadura, um pouco acima de seu seio esquerdo e, só após ter certeza de que aquele “monstro" parada em sua frente era uma oficial da polícia de Piltover, ele resolve falar algo.

- Ok, vocês estão aqui para investigar certo? – Ele reafirma a pergunta.

- Sim, estamos, gostaríamos de fazer algumas perguntas. Começando pela, quem é você? – Vi pergunta o olhando seriamente.

- Meu nome é Manson, Manson Hught e eu sou o dono do estabelecimento. – O homem diz calmamente, enquanto olhava atentamente Rita, que anotava todas as palavras do homem em uma caderneta pequena.

- Ok senhor Manson, poderia nos dizer novamente o que exatamente aconteceu ontem? – Rita pergunta ainda com sua caneta sobre o caderno, porém agora ela o encarava com seriedade em sua feição.

- Bom, como vocês mesmas disseram, o horário que ocorreu tudo foi entre às uma, ou duas da tarde. Me lembro muito bem do rosto daquela mulher, ela era jovem, bem jovem, não sei dizer ao certo qual era a sua idade, mas algo entorno de dezesseis a vinte anos. – Manson diz se mantendo pensativo, tentava ao máximo se lembrar da aparência daquela que o assaltou.

- Uma jovem, entendi, algo de estranho em sua aparência, ou em seu comportamento? – Rita pergunta, tomando notas de tudo o que Hught dizia.

- Bom, ela entrou no estabelecimento como uma cliente qualquer. Estava vestida com um casaco preto, muito grande para seu tamanho, uma bermuda curta de cor rosada, usava também em sua perna direita, uma meia arrastão rosa, que ia até um pouco acima de suas coxas e calçava duas botas de couro. Também estava com algo pendurado em suas costas, era um daqueles sacos onde se guarda violões e, pelo que eu percebi na hora, ela estava carregando algo nele. A mulher fez uma pequena ronda pelo local, como se estivesse observando, avaliando, quando terminou, voltou até a mesa de buffet e pegou vários alimentos que ficam ali, colocou em uma sacola e se dirigiu até o caixa, onde eu estava cuidando e lá, eu pude ver melhor sua aparência. – Ele continua, enquanto tinha cada uma de suas palavras prontamente anotadas por Rita. – Sua pele era branca, como os flocos de neve que caem sobre as gélidas terras de Freljord. Me lembro bem de seus cabelos, azuis, de um claro muito reluzente, separados em duas tranças, tão grandes que chegavam a tocar suas panturrilhas. Ela era magra, muito magra, parecia estar desnutrida e se combinar isso com sua cor, poderia dizer até anêmica e também era baixa, mais baixa que vocês duas. – Ele entreolha Vi e Rita, deixando claro que sua última fala se direcionava para ambas. – E seus olhos...eles eram rosas e durante toda a ação não paravam de encarar os meus. – O homem completa a descrição um pouco assustado.

- Olhos? Ela tinha olhos rosados e assustadores pelo jeito...- Vi leva sua mão até seu queixo, pensativa.

- Bom, continuando, ela caminhou sorridente até o caixa de pagamento, colocou a comida que havia pego antes em cima do balcão, puxou de sua cintura, que ainda se mantinha coberta pelo casaco preto, uma pistola, apontou-a para mim e anunciou o assalto. Pediu para que eu lhe entregasse todo o dinheiro do caixa e que se eu não o fizesse, atiraria para matar. Sem hesitar eu entreguei o dinheiro e após pegá-lo, ela deu uma estridente e muito perturbadora risada, enquanto saltitava feliz para a saída do local. Isso é tudo! – Manson finaliza um pouco assustado, aparentemente, ao lembrar do ocorrido, algo o apavorava.

- Pronto, tudo anotado! – Rita diz parando finalmente de escrever, levando seus olhos na direção de Manson. – Algo mais que você possa acrescentar sobre essa jovem mulher? Cicatrizes, tatuagens?

- Não, se ela tinha alguma cicatriz ou tatuagem, poderia estar debaixo daquele casaco preto dela, pois ela não tinha tatuagens nem em suas pernas e nem em seu rosto. – Manson a responde pensativo. Se mantém assim por um tempo, até mudar sua feição, se mantendo sério. – Ah, tem uma característica que eu me esqueci de mencionar, ela usava um cinto em cada uma de suas pernas, na altura de suas coxas, se bem me lembro. – Ele complementa.

- Cinto? – Vi pergunta franzindo o cenho, tendo uma confirmação rápida do dono do local.

- Sim, um cinto de couro. – Ele a responde, fazendo tanto Vi, quanto Rita ficarem perplexas com aquela informação.

“Por quê caralhos alguém usaria cinto na perna?” – Vi pergunta pensativa para si mesma.

Após um longo tempo fazendo mais e mais perguntas para o dono daquela panificadora, as duas resolvem que já tem informações o suficiente, para pelo menos tentar identificar um ou alguns suspeitos. Elas se encaminham com certa pressa para a viatura com a qual tinham chego ali anteriormente, Rita entra diretamente no carro e através de seu rádio comunicador, entra em contato com alguns oficiais da delegacia, para repassar todas as informações que haviam coletado. Já Vi, pega seu capacete que estava em um dos bancos traseiros da viatura, fecha a porta a qual tinha aberto, coloca o capacete e fica encostada na lateral do carro, Rita estranha um pouco as ações da parceira, mas não tinha tempo para questioná-la, visto que estava em comunicação com outros oficiais naquele momento.

- Olá senhorita Vi! – Rose diz alegre, ao ser iniciada.

- Olá Rose, por favor, ligue para a Caitlyn! – Vi diz encostada na lateral da viatura.

- Chamando “Cupcake❤”. – O capacete a responde, deixando assim, que Vi ouvisse o chamar da ligação. Essa que não demora muito para ser atendida por Caitlyn.

- Alô!? Vi!? Está indo tudo bem por aí? Ou, sei lá, conseguiram algo de interessante? – Caitlyn atende a ligação, sua voz tinha um misto de alegria e preocupação, como estava falando com Vi, a enche de perguntas sobre o caso do roubo.

- Olá docinho, estamos bem sim, nada fora do normal. Conseguimos algumas novas informações que podem nos beneficiar muito, mas isso vai ser passado para você depois pela equipe da central. – Vi a responde preguiçosamente, enquanto cruzava seus braços, mesmo usando aquelas gigantescas manoplas.

- Oh, que maravilha, pelo menos temos informações que nos indique algum suspeito? – Caitlyn continua, com a mesma alegria na voz, porém agora com menos preocupação.

- Um possível suspeito não, mas pelas informações que recebemos sobre este roubo, eu especulo que estamos lidando com alguém que não bata muito bem da cabeça. – Vi diz mais séria agora, encostando a parte traseira de sua cabeça na parte de cima do carro, olhando para cima enquanto mantinha seus olhos fechados. Estava pensando.

- Como assim? Lidando com alguém...louco? – Caitlyn pergunta um pouco desentendida e surpresa.

- Exato, mas não me leve a mal, é tudo especulação minha, pela forma como ela agiu, suas falas, suas vestes, mas infelizmente, não sei se isso pode ser verdade ou não, pelo menos ainda. – A rosada abre os olhos. – Enfim, hoje à noite, lá em casa, depois de você já ter visto todos os dados que coletamos agora e ter terminado tudo por aí, nós tentamos chegar à algo, juntas. – Vi diz se desencostando do carro e se espreguiçando.

- Tudo bem, veremos sim. – Caitlyn diz séria.

- Bom, mas e você? Como estão as coisas por aí? – Vi apoia seu braço direito no carro enquanto pergunta animada sobre Caitlyn.

- Eu só estou sentada aqui, esperando os eventos começarem, estou junto à todos os professores da Universidade aqui, além de alguns nobres cientistas que estão em busca de novos talentos. Nada de espetacular, todo o ano é a mesma coisa, particularmente eu não queria estar aqui, nunca quero. – Caitlyn diz após um longo suspiro de insatisfação, esse que é bem ouvido por Vi.

- Deve ser um local muito monótono, ainda mais para você. – Vi diz com certeza.

- Exatamente, quer dizer, eu gosto de ficar parada na minha, ou com quem eu gosto, porém, ficar sentada aqui, protegendo esses caras, eu podia fazer tantas outras coisas...E o maior problema nem é esse, é ter que aguentar esses nobres de merda e suas cantadas baratas. – Caitlyn diz um pouco nervosa, odiava estar naquela situação. Mas se tinha uma pessoa que parecia estar muito irritada após seus dizeres, era Vi, que bufou fortemente, demonstrando estar nervosa. – Tudo bem com você Vi? Ouvi uma bufada, aconteceu algo? – Caitlyn pergunta preocupada.

Vi sentiu seu peito arder após ouvir aquilo de Caitlyn, sentia raiva, nojo, desgosto, seu coração estava acelerado, sentia suas mãos tremerem, um misto de ansiedade e raiva invadiram seu corpo, estava a ponto de perder a cabeça e ir até onde Caitlyn se encontrava e quebrar a cara de qualquer um que a enchesse dessa forma.

- Estou bem sim, só não tinha uma certa noção de que a maioria dos nobres são nojentos tão abertamente assim. – Vi responde séria. Estava sentindo raiva daquilo ao que Caitlyn era submetida, mas não podia descontar sua raiva justamente nela e com certeza não poderia trazer problemas a ela. A rosada por fim somente resolve deixar essa raiva de lado, para não trazer problemas depois. – Enfim, não tem como você sair daí? Eu estou com saudades desse seu corpo maravilhoso. – Vi diz com malícia na voz.

- Você e suas cantadas baratas. – Caitlyn diz em meio à gostosas risadas, que soavam como músicas para os ouvidos de Vi.

- Baratas, mas você gosta. – Vi diz, mantendo o mesmo tom de voz.

- As suas são as únicas que eu já consegui gostar! Não sinto repulsa quando vem de você, nem sei o porquê. – Caitlyn, ainda rindo afirma, com felicidade e sinceridade na voz. Sorte de Vi que a xerife não estava presente para ver o quão vermelha ela havia ficado naquele momento. Caitlyn a deixou sem jeito não propositalmente e, ela havia gostado daquilo. – Bom, respondendo a sua pergunta, não, não posso sair daqui ainda, só quando acabar, fora que quando sair, ainda tenho que prender Devaki, então...só nos veremos de noite. – Caitlyn tinha apreensão em sua voz, passou o tempo, mas a preocupação e ansiedade por resolver esse caso não. Ela sabia que qualquer erro que ela e Mohan cometessem e seria o fim, para todos.

- Ah, tudo bem Cup...- Antes que Vi pudesse terminar o que tinha a dizer, ouve batidas vindas de dentro da viatura e ao olhar para ela, vê que era Rita batendo no vidro, para chamar sua atenção. Vi entende rapidamente o que aquilo queria dizer. – Desculpa Cupcake, mas eu tenho que desligar agora, Rita está me chamando. – Vi diz um pouco triste.

- Tudo bem docinho, façam um bom trabalho vocês duas! Até mais tarde meu bem e, não se preocupe, se me cantarem, me encherem demais, se tentarem me tocar sem permissão, eu prendo todos esses vermes. – Caitlyn diz se despedindo da mais nova carinhosamente.

- Entendi, tudo em dobro para você Cupcake, se cuide tá bom? Até. – Vi se despede carinhosamente e com um largo sorriso no rosto desliga a ligação, estava feliz, estava apaixonada.

Como não tinha tempo a perder pensando naquilo, ela coloca o capacete no lugar onde tinha pego anteriormente, no banco de trás da viatura e se senta ao lado de Rita no banco de carona, sem nem tirar suas manoplas.

- Não vai tirar isso não? – Rita pergunta assustada.

- Nheee, não, tô com preguiça, fora que eu amo elas, combina mais comigo sabe? – Vi diz sorrindo sarcasticamente, enquanto encarava Rita.

- Está bom né, quem vai ter os movimentos limitados será você e não eu. – Rita diz debochadamente. – Mas enfim, por quê você estava com o capacete?

- Eu estava fazendo uma ligação. – Vi responde rapidamente.

- E o seu capacete faz ligação? – A ruiva pergunta assustada.

- Sim, ele faz, meu capacete faz tudo o que um telefone faz e muito mais, eu te falei ontem, não prestou atenção não? – Vi pergunta.

- Desculpa, eu não prestei atenção. – Rita responde, ouvindo e vendo Vi bufar raivosa. – Enfim, ligando para quem?

- Caitlyn. – Vi responde olhando seriamente para Rita.

- Ela lhe passou alguma ordem? – Rita pergunta ansiosa.

- Não, só liguei para ela para ver se estava tudo bem e bom, fora os acéfalos ricos dando em cima dela, de resto, ela está bem. – Vi responde um pouco nervosa.

- Ah, isso...é por esse motivo que eu não a acompanho mais nesse tipo de evento, cansei de ser cantada por aqueles seres e não conseguir fazer nada contra eles...- Rita diz com pesar na voz, uma notória tristeza invadiu seu semblante, pensamentos e lembranças tomaram sua cabeça.

- Atenção todas as unidades próximas ao distrito 28, uma mulher acabou de ser assaltada, repito, um mulher acabou de ser assaltada, no distrito 28, quem estiver livre, por favor, se movimente para lá. – Um oficial da central comunica os crime através do rádio da polícia.

- Ei, ruiva, não deixe isso te abalar beleza? Eles são uns porcos, não se deixe ficar triste por conta deles, você é melhor que isso. – Vi diz colocando sua mão direita, com a manopla, nas costas de Rita, tentando lhe dar apoio, podia ver que sua parceira estava mal com aqueles pensamentos ruins que começaram a pairar sobre sua cabeça.

- Tudo bem, é só...bom você sabe...- Rita diz com um sorriso amarelo.

- Sei sim, mas não adianta pensar nisso, ok? Na hora certa tudo será resolvido. Agora vamos? Temos um assaltante para prender! – Vi diz sorrindo gentilmente e como resposta, Rita balança positivamente sua cabeça para ela.

A confiança que Vi passava para aqueles a sua volta era muito grande, mesmo quem não gostava dela sentia que podia deixar tudo nas mãos dela, sua esperança e persistência pareciam inabaláveis. Rita sentia que ao lado de Vi, ela poderia vencer qualquer coisa e quanto mais se aproximava da rosada, mais esse sentimento crescia. Parecia que Vi era uma irmã mais velha que ela nunca teve, divertida, engraçada, protetora e preocupada, tudo ao seu modo. Quando olhava para aquele sorriso que a oficial adorava esboçar, mesmo nas piores situações, sentia vontade de seguir, de não desistir, algo parecido com o que sente por Caitlyn.

Rita então gira a chave, ligando a viatura, liga também as sirenes de aviso, olha mais uma vez para Vi, que se mantinha ao seu lado sorridente e animada, sorri também e parte a toda velocidade para o distrito o qual aquele assalto ocorreu, pronta para ter um ótimo dia de trabalho ao lado de Vi e prender um assaltante.

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(Piltover, Ponte do Progresso, 14:54).

Aquela tarde estava bem ensolarada, como uma bela tarde de verão, as passarelas daquela ponte estavam lotadas com pessoas indo e voltando do centro da cidade. O dia do Progresso era um grande evento científico, que movia todos os piltovenses amantes de ciência, nenhum deles queria ficar para trás quanto as novidades que poderiam ser implementadas na cidade. Jovens e velhos prodígios, geração após geração, todos reunidos, trabalhando, se esforçando para conseguir as migalhas que os nobres da Cidade do Progresso ofereciam a eles. Mas ninguém se importava, era tudo pelo progresso afinal.

No topo de um dos arcos de ferro daquela ponte, que ligava o subúrbio com o centro da cidade, sentada, se encontrava sozinha uma figura feminina, jovem e de belos, agora também bastantes conhecidos, cabelos azuis-claros bem trançados e grandes. Estava em um ponto onde não podia ser vista pelos cidadãos que passavam a toda velocidade em seus carros, bem abaixo de seus pés, enquanto mexia calmamente em saco preto de pano grande, separando tudo o que precisaria para orquestrar seu grande show. Pente de munição por pente de munição, arma por arma, tudo muito bem separado e selecionado, para que imprevistos causados por ela mesmo, não à atrapalhem.

- Muito bem! Tudo muito bem separado e organizado, como eu odeio! Agora, só faltam as latinhas de tinta! – A jovem diz sentada, enquanto colocava mais uma vez suas mãos dentro daquele imenso saco. Porém o que encontrou lá dentro a fez ficar irritada. Arregalou os olhos incrédula e olhou desacreditada para dentro do saco, o fechando furiosamente logo em seguida. – AAAAAAAAAAH! – Gritou ainda muito nervosa se levantando. – Porra, eu esqueci as merdas das latas de tinta! – Diz para si mesmo, bufando logo em seguida.

- Burra! – Uma voz masculina foi ouvida em meio a todas aquelas várias risadas, caçoando da mulher.

- Ei! Não me julga beleza? Eu tinha muita coisa para organizar, fora que eu fiz o plano e arrumei essas armas todas sozinhas! – A mulher resmunga para as vozes, enquanto se sentava e escondia seu rosto no meio de suas pernas.

- Bom, nós podemos voltar para casa e parar com esse plano doido. Afinal, você só iria fazer isso para propagar seu nome, enquanto se divertia destruindo a cidade e matando pessoas. – A mulher força sua voz, tentando fazer parecer com uma voz masculina, enquanto mexia a boca de seu lança-mísseis.

- Isso nunca Fishbones! – Ela diz ainda cabisbaixa. Após algum tempo sentada ainda pensando, ela se levanta rápida e alegremente. – Aliás, quem é que se importa com um monte de latas imbecis, não preciso delas para explodir legal. – Pega o lança-mísseis, o colocando em seus ombros. – Fishbones, se prepare para fazer “kabom”. – Completa com um insano sorriso no rosto, indo de orelha a orelha, seus olhos de um rosa claro, passam para um vermelho carmesim, que combinado ao seu sorriso, faziam sua feição transmitir um tom psicodélico, de arrepiar até os mais corajosos.

(Momentos antes, entrada da ponte).

Não muito longe de onde a jovem mulher de cabelos azuis-claros se encontrava, dentro de uma viatura, um pouco depois da entrada daquela enorme ponte, se encontravam Rita e Vi, se deslocando do centro da cidade para um dos subúrbios de Piltover. Vi ainda estava utilizando suas manoplas, mesmo dentro da viatura, não as tirava por nada, depois de uma vez colocadas, odiava se separar das mesmas, enquanto Rita ouvia calmamente suas músicas.

- Mas que saco, estamos atendendo um chamado de emergência e mesmo assim, levou meia hora só pra chegar nessa ponte. – Vi diz totalmente irritada, odiava ter que ficar muito tempo parada, ainda mais sabendo que alguém estava precisando de ajuda urgente. – Onde é que o grupo de policiais que cuidam daquele distrito estão? – Pergunta olhando irritada para Rita.

- Atendendo outro chamado urgente, infelizmente. Somos a equipe mais próxima e livre no momento e cá entre nós, nem é tão ruim assim. Vamos! Relaxa e curte a música Vi! – Rita diz começando a cantar a música que tocava no rádio do carro.

- Vai demorar demais, não sei se aguento essa sua voz e músicas ruins, é um combo completo contra mim. – Vi diz ainda muito irritada.

- Obrigada pelos belos elogios, fico feliz! – Rita diz sarcástica. – Fora que, o que você pensou? Piltover é uma cidade-estado, ou seja, uma cidade com o tamanho de um estado inteiro, dividida entre quase trezentos distritos, além de ter Zaun e o Sumidouro como propriedades não legais. Era óbvio que seria demorado pra transitar entre todos esse distritos. Além de que essa é a menor ponte de Piltover, tem mais três de maior distância. – Rita completa seriamente.

- Você é chata igualzinho a Caitlyn nesses momento sabia? – Vi diz olhando debochadamente para Rita, com um sorriso malicioso no rosto, estava querendo brincar com a ruiva.

- Escuta aqui...

Rita até tenta falar algo para responder a provocação de Vi, porém sua fala é cortado por um alto e, aparentemente muito próximo, barulho de explosão. Rita consegue em um rápido movimento tapas seus ouvidos, assim cobrindo parcialmente o dano causado a sua audição, porém Vi não teve a mesma sorte, pois ainda estava portando suas imensas manoplas. Ao ouvir o alto barulho, sentiu sua audição tardar, dor não define o que sentiu no momento, gritava desesperada nesse momento.

Pouco tempo depois, com parte da audição recuperada por ambas e com Vi já não sentindo mais tanta dor em seus ouvidos, elas finalmente olham ao seu redor, grandes nuvens de fumaça preta podiam ser vistas ao longe, além da paisagem que agora tinha um laranja fogo. O cheiro de borracha queimada lhes invadiu o nariz, com certeza alguns carros haviam pegado fogo. Aos montes, pessoas passavam por entre os carros desesperadas e gritando, fugindo do que quer que tenha causado a explosão.

Rita e Vi ainda um pouco ensurdecidas e com suas mãos em seus ouvidos, para a abafarem o imenso barulho dos vários gritos de todas aquelas pessoas assustadas, saem do carro, para ter uma melhor visão ampla dos acontecimentos à sua frente. A visão que elas tiveram, foi de pânico geral das pessoas que estavam mais avançadas que elas, correndo desesperadamente para o lado contrário de onde anteriormente estavam indo. Conforme as pessoas passavam pela viatura onde as duas se encontravam paradas, sua audição voltava e cada vez mais o barulho dos berros desesperados de homens, mulheres, crianças e recém nascidos se tornava pior.

- Rita?! Consegue me ouvir?! – Vi pergunta gritando enquanto balançava o corpo de Rita, afim de chamar sua atenção, que estava focada no terror das pessoas a sua volta.

- Consigo sim! – Rita finalmente responde após algum tempo sendo balançada por Vi. Estava imersa e desacreditada com tudo aquilo.

- Ótimo, sei que está muito assustada com isso, mas se acalme! Precisamos fazer algo! Imediatamente! Estamos sendo atacados! – A rosada diz olhando para frente, visualizando mais uma vez aquela cena caótica. Por mais que fosse um caos completo, não era a primeira vez que Vi via uma explosão ou...tentava salvar alguém de uma.

- Sim, eu estou calma, não se preocupe, eu vou tentar contatar a central para enviarem mais oficiais para cá! Você tenta ajudar e encaminhar as pessoas para locais seguros! – Rita diz enquanto tinha sua atenção tomada pelo rádio patrulha, que chamava de dentro da viatura. Depois de ter a confirmação da rosada, ela entra no carro e responde o chamado da central, enquanto Vi calma, na medida do possível, encaminhava os civis até um local seguro.

Elas ficam algum tempo apaziguando a situação e tentando não só acalmar e direcionar as pessoas de uma forma segura para fora da ponte, mas também salvar algumas que precisavam, pois estavam presas de alguma forma em seus carros. Ambas estavam conseguindo ajudar a todos de forma eficiente, na medida que a situação requeria, mas tudo mudou e a preocupação só aumentou para ambas quando, ao longe, barulhos de tiros puderam ser ouvidos, algum terrorista tinha planejado aquele ataque. Vi se desespera, Rita pôde ver isso em seu olhar, quantos mais ainda não estavam no local mais perigoso da situação, com seja lá quem os assassinando a sangue frio?

- Rita! Fique aqui, tente comunicação com a central novamente e ajude quem necessita, vou averiguar a situação! – Vi diz irritada enquanto se preparava para disparar em direção aqueles frequentes e constantes barulhos de tiro.

- ESPERE, VI! – Rita grita, fazendo Vi parar sua corrida. – É muito perigoso ir sozinha lá, vai saber quantos deles são. Só colocará sua vida em risco em vão! Sei que está desesperada com a situação, posso ver isso em seu rosto, mas tenta pensar em uma solução melhor! Essa não é a nossa única opção. – Rita diz esperançosa e com clara preocupação em seu semblante.

- Rita, obrigada pela preocupação, mas até onde eu me lembre, é meu dever salvar todas essas vidas nesse momento, mesmo que minha vida dependa disso. – Vi diz séria, estava séria, como nunca esteve antes, não podia falhar como falhou com Lara a dez anos atrás. – Pode haver pessoas lá na frente, que precisam de ajuda contra um, ou milhares de terroristas malucos e eu vou ajudar eles! – Ela sem rodeios após terminar seus dizeres, dispara a toda velocidade, sem se importar com os berros de Rita.

- Merda! – Rita reclama para si mesma. – SÓ NÃO MORRA...senão ela me mata...- Resmunga para si mesma, mas volta a realidade rapidamente, pois ouve seu celular, que tocava alto. Aquele número a fez tremer. – Falando no diabo...alô, xerife? – Diz atendendo o celular.

- RITA! ESTÁ TUDO BEM AÍ?! DIGA-ME QUAL A SITUAÇÃO! – Caitlyn aos berros diz do outro lado da linha.

- Um caos completo xerife, segundo testemunhas, vários carros foram explodidos, infelizmente algumas pessoas não sobreviveram, como pode ouvir, há pânico geral por aqui, além de, aparentemente haver um tiroteio no local onde o caos é mais intenso. – Rita a responde seriamente, tentando se concentrar. – Precisamos urgentemente de reforços Cait!

- Droga! Essa foi realmente uma surpresa. Já disponibilizei várias viaturas que estão se deslocando para a ponte! Mas quanto a você e Vi, vocês estão bem? – Caitlyn pergunta com total preocupação na voz. – Tentei ligar para Vi, mas ela não atendeu seu celular, nem o seu capacete, apesar de ambos terem o mesmo número.

- Estamos bem sim, mas os autores das explosões ainda não foram identificados. Entretanto já demos um jeito de tentar identifica-los. – Rita diz com um tom de voz muito estranho para Caitlyn. Era como se essa forma de identificar os autores daquele caos, fosse de uma forma arriscada. A xerife sentia que Rita estava escondendo algo.

- Como exatamente? – Caitlyn pergunta desconfiada.

- Vi foi até o local em busca de enfrentar os inimigos, além de encontrar e salvar sobreviventes. – Rita diz cochichando, em uma tentativa de impedir que Caitlyn ouvisse na enrascada em que Vi se meteu

- A VI O QUÊ? – Caitlyn berra irritada e desacreditada no telefone, deixando Rita surda de um ouvido.

(Um pouco mais à frente na ponte).

- Uhul, Isso que é vida Fishbones! Ouça esses gritos, sinta esse intenso cheiro de fogo, de sangue, de morte. Não tem nada melhor que isso, estou errada? – A jovem de cabelos azuis-claros trançados diz enquanto descarregava o pente de sua submetralhadora em um corpo do que já foi uma mulher, sem vida estirado no chão. Um sorriso de orelha a orelha se mantinha em seu semblante deveras assustador para toda a composição do momento.

“Caótico” não definia o estado em que a ponte, agora partida em duas graças aquela grande explosão estava e por onde a jovem passava piorava, pois ela atirava em tudo o que se mexia no alcance de sua visão. A destruição, perdas e imensidão do prejuízo causados pela mulher que caminhava calmamente por entre os corpos já sem vida estirados pelo asfalto quente, era incalculável. Ela continuava a avançar pela ponte, mas agora saltitando feliz, seu largo sorriso continuava em seu rosto, estampando toda a sua felicidade, enquanto atirava para todos os lados sem se preocupar com o que estava atingindo, seja uma criança ou um adulto, somente seus cadáveres sobrariam abaixo os pés dela.

“Cabelos azuis-claros? Não, não pode ser...espera! Os cintos em suas pernas e...no restante do corpo todo....bom, só pode ser ela, como o dono daquela panificadora nos disse.” – Vi, que estava pegando cobertura atrás de um dos poucos carros que ainda não haviam explodido com o ataque da terrorista maníaca, essa que não tinha nenhuma visão dela e se encontrava parada bem na frente do carro em que a dos estava, pensa, tentando entender melhor a situação em que estava presa. Via tudo de uma forma privilegiada, através dos espelhos dos carros. “Não posso ficar aqui parada pensando, por agora, sei que ela é o único inimigo deste lado da ponte ainda restante. Preciso detê-la agora! Ou mais mortes ocorrerão. Bater primeiro, perguntar depois!” – Finaliza, enquanto ainda agachada e com fúria, cerra suas mãos com toda a força que tinha, fazendo o vapor de suas manoplas aumentarem descontroladamente, as carregando para potenciar seu ataque.

- Eu fiz um show de reapresentação muito belo, explosões, mortes...do jeitinho que eu queria para ter atenção de todos aqui de cima, uma pena que a maioria das pessoas conseguiram fugir, tive poucos porcos piltovenses para furar. Enfim, já que os policiais estão se encaminhando para cá, hora de meter o pé! – A jovem diz para si mesma, guardando sua submetralhadora que empunhava, ouvindo ao longe o barulho de várias sirenes tocando em uníssono.

- Cadarço louca retardada. – Uma voz masculina diz no pé do ouvido da jovem, alertando-a que o cadarço de sua bota estava solto, dificultando assim sua fuga. Quase que ao mesmo tempo do aviso que a voz lhe deu, ao fundo, ela pode ouvir, de uma distância muito próxima, o alto e claro grito enfurecido de uma mulher, mas ela o ignora totalmente.

- Ah, obrigada velhote! – A garota diz, se agachando para amarrar seu cadarço e como bônus escapa quase que milagrosamente do soco que iria receber das imensas manoplas metálicas que passaram um pouco acima de sua cabeça. – Sorte que você me avisou, ia ser uma droga tropeçar nessa merda de cadarço enquanto corro e...- A única coisa que ela sentiu foi o vento do poderoso golpe que foi direcionado a ela, cortando assim sua fala.

Ainda agachada e amarrando seu cadarço, ela olha enraivecida em direção para aquela que tentou golpeá-la pelas costas em um momento de vulnerabilidade. Aquela pessoa parada bem na sua frente, tomando conta de grande parte de sua visão era uma mulher, alta, muito mais alta que ela, de curtos cabelos rosas, com uma armadura maneira, na visão da jovem e grandes manoplas, amedrontadoras e ameaçadoras a primeira vista. Assim que a mulher mais alta se vira para si, pôde perceber melhor os detalhes de seu rosto, tinha belos olhos azuis-claros, como seus cabelos e uma tatuagem bem chamativa em sua bochecha esquerda, “VI”, era o que estava tatuado. Sua feição demonstrava que ela estava impressionada.

Vi olhava surpresa e um pouco assustada para aquela mulher de cabelos azuis-claros, não era qualquer um que desviava de seus socos, ainda mais quando parecia estar distraída conversando com o ar, já que somente haviam elas ali. Ela era jovem, tinha várias tatuagens de balas e nuvens azuis espalhadas pelo lado direito superior de seu corpo inteiro, além de estranhamente ter vários cintos colocados em locais aleatórios de seu corpo.

Seu semblante estava sério, irritado, a fitava insanamente, como se estivesse analisando Vi, esperando o próximo movimento talvez? Mas o que realmente chamava atenção naquela garota eram seus olhos, eles continham uma cor vermelha carmesim intensa, chegava a assustar, transmitiam uma sensação de medo, insanidade, desconforto, sensação essa que só aumentou quando seus olhares se cruzaram, porém Vi não se deixou abalar pelo mal-estar e continuou a encará-la furiosamente. Aquela garota não era a única que sabia amedrontar alguém ali.

Elas ficaram ali, por algum tempo se encarando, Vi em pé e a jovem agachada. Tempo esse que na cabeça de ambas foram horas, milhares de perguntas rondaram suas cabeças, dúvidas, lembranças, essas somente por parte da jovem garota aparentemente louca com várias armas. A jovem foi quem fez o primeiro movimento, se levantando lentamente, sem tirar os olhos dos de Vi, que acompanhava cada movimento da outra com total atenção. Já em pé, Vi percebeu quase que instantaneamente que a cor dos olhos da mulher à sua frente haviam mudado, daquele vermelho insano, passaram para um rosa doce, calmo, o que foi muito estranho para a rosada, nunca havia visto algo igual na vida.

- Jasmine? É você mesmo? Estou tão feliz de ter te reencontrado! – A jovem que continha mortais armas guardadas em coldres especiais por várias partes de seu corpo diz, agora sorrindo meigamente, se dirigindo docilmente e feliz para Vi, quebrando o silêncio entre elas.

- Jasmine? Eu? – Vi pergunta, caindo a cabeça para o lado, encarando confusa a mulher parada na sua frente.

- Sim, você é a Jasmine não é? – A mais baixa reafirma sua pergunta, porém agora desfazendo seu meigo sorriso de antes, tornando-o em um semblante esperançoso, apesar de triste. – Não se lembra se mim?

- Ãn, não, acho que me confundiu com alguém. Eu...me chamo Vi e sou uma oficial da polícia de Piltover. – A rosada a responde ainda mais confusa. – Não conheço nenhuma Jasmine.

- Vi? Não, você só pode ser ela...- Confusa a jovem diz com algumas lágrimas escorrendo por todo seu rosto. – Entendo...- Diz após pensar um pouco. – Então você realmente não se lembra Jasmine...quer dizer “Vi". – A jovem diz fazendo aspas com suas mãos, como se estivesse satirizando o nome de Vi, apesar de estar com uma total tristeza em seu semblante.

- Você está bem? – Vi pergunta um pouco preocupada com a mulher.

Porém não obteve nenhuma resposta da mesma, essa que seca suas lágrimas e abaixa um pouco sua cabeça, desviando seu olhar, tirando sua atenção de Vi, que percebe muito bem não só essa movimentação que deixou a jovem vulnerável, mas também seus olhos, que voltaram ao assustador vermelho de antes. Sem perder nenhum tempo, após perceber a brecha que tinha com a guarda baixa da inimiga, Vi avança em direção à indefesa garota com toda a fúria e força que tinha naquele momento. Quando chegou um pouco mais perto da jovem, caiu a ficha de que ela já tinha previsto seu movimento rápido em sua direção e agora sua submetralhadora estava com sua mira presa nela, obrigando-a a parar de correr na direção da maníaca e a usar suas mãos para defender-se da rajada de tiros que se sucederam.

Após defender com sucesso todas as balas disparadas pela maníaca a queima roupa, Vi se joga atrás de um dos carros que estavam à sua volta, na tentativa de pegar alguma cobertura para se defender e pensar melhor em uma estratégia para derrubar aquela mulher, que surpreendentemente era rápida e tinha uma reação surreal para alguém que não aparentava praticar nenhum tipo luta corpo-a-corpo. Fora que para carregar tantas armas e um lança-misseis como ela carregava, a jovem deveria ser deveras forte.

- Caralho, que sorte que essas manoplas são resistentes. – Vi diz para si mesma impressionada enquanto olhava para suas mãos e acopladas nelas, as manoplas de ferro.

- Dá pra não se esconder? Me enfrenta de frente. Você quem é a mãozuda aqui! – A mulher grita enquanto efetuava vários disparos para cima.

- Ah, meio impossível fazer isso quando seu inimigo está com o kit de demolição inteiro com ela! – Vi grita irritada ainda se mantendo escondida.

- Isso me soa com um problema que não é meu Jasm...Vi! A ‘tira aqui é você, dá seus pulos! – A mais nova responde com uma voz carregada de sarcasmo e ironia, satirizando a posição de Vi.

- Desgraçada. – Vi bufando diz para si mesma, enquanto pensava em outra forma, mais segura, de abordar a maluca que enfrentava.

- Opa, parece que seus amigos chegaram, já deve ser difícil lutar contra você sozinha, contra essa frota de ‘tiras mais você vai ser chato demais. – A mulher diz indignada, enquanto via uma equipe gigante de policiais se deslocando por entre a ponte, de ambos os lados, em direção onde ela e a oficial rosada estavam tendo seu confronto. – Foi uma merda completa, mas também foi legal te reencontrar, no entanto agora, fui! – Ela se despede e inicia uma corrida em direção a borda, que delimitação os limites da ponte.

- Espera, você não vai a lugar...- Vi nem teve tempo de terminar sua fala, pois, ao gritar meias palavras, saindo do lugar que usava como cobertura, viu a cena daquela mulher magra e baixa, pulando do parapeito da ponte, de costas para a paisagem além da ponte, lhe mostrando o dedo do meio enquanto sorria e olhava fixamente em seus olhos. Parecia que ela estava desafiando Vi. Essa que por sua vez, corre em direção ao local onde a jovem havia se jogado, porém, chegando lá, não vê nada. O corpo daquela terrorista maluca já havia sumido em meio ao rio que ficava em baixo da ponte. – Merda! – Diz para si mesma frustrada, dando um forte soco no parapeito da ponte, que racha um pouco com a força de Vi.

- Vi! Que bom que está bem! Aconteceu algo?! Está machucada? – Rita pergunta atropelando suas palavras com tamanha preocupação com a rosada. Ela havia chego com toda a equipe de resgata e ajuda dirigida para o local.

- Eu estou bem, porém nada feliz. E você? Que sangue todo é esse na sua roupa? – Vi pergunta com frustração, tanto no rosto, quanto na voz.

- O sangue não é meu, é dos sobreviventes que resgatamos a caminho daqui, mas no fim...chegamos tarde demais. – Rita diz com um semblante triste, sua voz trêmula demonstrava o que estava sentindo ao ver todos aqueles corpos sem vida estirados pelo chão. O cheiro de sangue e queimado era insuportável no local. – Pobres almas, lutaram contra seu destino e foram abocanhadas belo lobo.

- Pelo menos conseguiu salvar a maioria, é uma pena, mas falhamos com algumas pessoas que estavam na ponte hoje. – Vi diz com raiva na voz, sem tirar os olhos do rio, parecia procurar algo, mas ainda muito frustrada por não ver nada, aperta forte seu punho.

- Oficial Vi, se me permite perguntar, onde estão os corpos dos terroristas que causaram tudo isso? – Um oficial de menor escala pergunta para Vi, fazendo continência para a mesma.

- Era um terrorista só e ela conseguiu fugir. – Vi diz apertando mais fortemente seu punho.

- Como a...

- Ei, ruivinha, achamos a ladra de pães, parece que ela também trabalha para um grupo de demolição, foi ela que causou tudo isso, sozinha. – Vi corta a fala do oficial, olhando furiosamente para Rita.

- O QUÊ?! COMO ASSIM?! Não pode ser verdade Vi, você está falando sério?! – Rita pergunta, porém antes que pudesse responder, seu celular toca, Caitlyn estava a telefonando. – Alô, xerife? – Atende.

- Rita, como estão as coisas por aí? – Caitlyn pergunta preocupada. – E a Vi?

- Ela está parada na minha frente, sem nenhum dano, ela lutou com nossa aparente inimiga, porém...sem sucesso. – Rita desanimada noticia a xerife.

- Poderia passar para ela? Gostaria de conversar com a única que viu o rosto do genocida. – Caitlyn seriamente pede.

- Vi, é a xerife...ela quer falar com você. – Rita diz entregando seu celular para Vi, que o pega com sua manopla e o coloca na orelha, sem muitas dificuldades.

- Obrigada. – Diz agradecendo sua amiga. – Alô? Cupcake? Precisamos conversar, urgentemente.

_______________________________________________  

(Piltover, Delegacia de Piltover, 20:58)

O dia havia sido deverás longo para Vi, não imaginava que ao ser levantada forçadamente por Caitlyn pela manhã iria passar por tantas coisas. Seu corpo estava podre, suas manoplas, mesmo sendo consideravelmente leves comparadas as outras, estavam pesadas demais para sequer conseguir erguer suas mãos, devido ao cansaço. Ainda as usando, assim como sua armadura, estava deitada no sofá da sala de Caitlyn, descansando, a espera da mais velha, para poderem ir para casa o mais rápido possível, pois já não se aguentava em pé mais.

No pouco tempo em que chegou, pode perceber que a Delegacia estava movimentada e era o de se esperar, com o tanto de coisas para resolver e com tão poucos policiais de qualidade, qualquer um se desesperaria, mas Vi os ignorou e seguiu direto para a sala de sua parceira. Quando estava conseguindo fechar os olhos com a intenção de dormir um pouco, seu descanso é interrompido por pesadas e rápidas batidas na porta.

- Está aberta, entre. – Vi diz sem sequer abrir os olhos para ver quem era.

- Oficial Vi?! – O homem se espanta ao vê-la deitada, mas resolve ignorar. – Acabou de chegar na delegacia uma cápsula pneumática, vinda direta do alto escalão! É uma ordem direta da xerife Caitlyn para você. – O homem diz esticando seus braços para que Vi pegasse a tal cápsula.

- Deixa em cima da mesa, depois eu leio. – Vi responde seca e rispidamente.

- Mas parecia ser urgente. – O homem a rebate.

- Urgente ou não, deixe na mesa e saia, por favor. – Vi diz ainda rispidamente.

- Tudo bem, desculpe o incomodo. – O homem deixa a cápsula sobre a mesa e se retira rapidamente da sala.

Vi descansa mais um pouco, tempo o suficiente para restaurar um pouco suas energias, para que pelo menos conseguisse andar. Resolve se levantar e ler a cápsula pneumática que Caitlyn havia mandado diretamente para ela. Consegue com facilidade abrir o objeto de cor azulada e tampa dourada, relevando seu interior, ela percebe que se tratava de um tipo de carta, um bilhete e nele dizia:

“Docinho, me desculpe, mas imprevistos repentinos apareceram por aqui, por conta deles chegarei mais tarde que o esperado na delegacia, portanto se não quiser me esperar, está livre, mas antes, tenho uma surpresa para você em uma das celas onde prendemos os meliantes de primeira instância, vá até lá e fale com Harknor, beijos, Caitlyn.”

- É, cada vez mais a merda escorre para o nosso lado, mas já que é uma ordem dela, só me resta acatar. – Vi diz colocando novamente a carta dentro do recipiente, fechando-o novamente, o colocando em cima da mesa, saindo em seguida da sala.

Ela anda calma e despreocupadamente por entre os corredores da delegacia, todos a olhavam, pois chamava muita atenção com seu par de belas manoplas e também, para um grande maioria preconceituosa, por ser uma zaunita. Ao perceber que era o centro das atenções para todos naquele lugar naquele lugar, Vi muda um pouco seu andar, ela agora começa a andar rebolando e esbanjando seu jeito mais largada de ser. Após um tempo desfilando, entre claros cansados bocejos, ela finalmente chega ao local onde ficavam os prisioneiros.

- Boa noite Harknor, meu policial preferido, grande guardador dos portões do inferno. – Vi diz sorridente, avisando ao homem que estava ali.

- Olá senhorita Vi, boa noite, a que devo a visita? – Harknor diz não tão contente quanto a rosada.

- Só estou curiosa para saber por qual razão a Caitlyn me tirou dos meus sonhos eróticos com...

- Não precisa continuar. – O homem interrompe Vi, que gargalha com a feição em seu rosto. – Eu definitivamente não quero ouvir sobre seus sonhos eróticos. – Volta a seriedade.

- Tem certeza? Dessa vez teve até uma história, ela era uma policial e eu uma ladra. – Vi diz em uma tentativa de tentar convencer Harknor a ouvir sobre seu sonho.

- Tenho, com total certeza. – Ele a responde, virando seu rosto para a direção contrária e lhe entregando a ficha criminal de quem Vi teria que interrogar. – Pelo que me foi passado, você já o conhece, Caitlyn e Mohan conseguiram fazer sua apreensão.

- Oh, então eles conseguiram...- Se surpreende. - É Devaki, você mexeu com uma mulher barra-pesada dessa vez. – Vi diz lendo a ficha atentamente.

- Ninguém conseguiu o fazer abrir a boca, então Caitlyn me pediu para que você o faça. – O senhor diz calmamente.

- E quanto a Caitlyn? Não vem nem me dar um “Oi”? – Vi diz fazendo cara de cachorro pidão.

- A xerife está nas docas onde o prendeu, aparentemente lá haviam produtos ilegais que ela decidiu investigar a fundo. Ela também disse que você daria cabo da missão. Será que se enganou? – Harknor de forma desafiante pergunta para Vi.

- Não. – A rosada responde seriamente, se virando e caminhando junto aos seus rebolados exagerados em direção onde ficavam as celas. – Qual o número da cela dele?

- É a cela de número seis, mas Vi, faça-me um favor, não quero ter que chamar uma ambulância aqui novamente, o deixe em um estado que ainda consiga falar. – O homem súplica a ela.

- Não prometo nada além de tentar. – Vi diz com o polegar erguido, mostrando a Harknor que havia entendido, enquanto caminhava sendo vaiada pelos cárceres em direção a cela onde se encontrava Devaki, o alvo de sua interrogação.

Ao chegar lá, vê o homem sem um de seus braços, estranha e se surpreende um pouco, pois parecia que ele havia sido decepado recentemente, tinha certeza disso pelo sangue que estava pela região, ainda fresco. Ele estava deitado olhando para o teto, parecia estar pensando em algo, Vi até se questionou sobre o que poderia ser, mas ela só resolveu esquecer isso, quanto mais cedo terminasse, mais cedo poderia sair. Ela então abre a cela e a adentra, chamando a atenção do cárcere, que ao se levantar para ver de quem se tratava, vê a rosada com suas manoplas em mãos e se surpreende.

- Vi? O quê você está fazendo aqui? Foi pega também? – Devaki diz andando calmamente em direção a Vi, com um sorriso no rosto.

- É...pode-se dizer que foi por aí, mas deixando a Vi aqui um pouco de lado, como anda a vida? Faz um bom tempo. – Vi diz também caminhando em direção a Devaki, com os braços abertos, para lhe dar um abraço.

- Eu estava bem, até a vadiazinha da xerife me por aqui dentro e...

Antes que Devaki terminasse se falar, ele é golpeado por Vi com força o suficiente para fazê-lo voar e bater com força na parede, o interrogatório já havia começado.

- Nunca mais fale assim de Caitlyn, seu verme. – Vi diz enquanto encarava de cima Devaki lutando para levantar.

- Traidora de merda, por quê se aliou aos insetos de Piltover? – Devaki pergunta após cuspir um pouco de sangue, mesmo tendo recebido só um golpe de Vi e suas manoplas, foi o suficiente para lhe causar danos sérios.

- Ei, velho imundo, sou eu quem faço as perguntas aqui, cale a boca e só me responda quando eu lhe perguntar algo. – Vi diz pisando com força na cabeça de Devaki, que estava ajoelhado no chão, o fazendo encostar a testa no chão. – E então, para quem era o Arcabuz de Hexileno de Vishalaa que você estava montando? Quem o encomendou Devaki? – Pergunta calmamente.

- Me mate puta, pois não irei abrir a boca, nunca. – Ele responde cuspindo em sua face um misto de sangue e saliva.

- Você quem pediu...que tal um pouquinho de agarra e esmaga! – Vi diz chutando a cabeça de Devaki, com tamanha força que fez seu corpo recuar.

Após limpar calmamente seu rosto e encarar uma última vez Devaki, os sons que tomaram conta de toda a extensão daqueles vastos corredores foram os de metal se chocando com algo sólido e, em meio a estes, os gritos, os desesperados gritos e berros de Devaki, esses que ecoavam corredores a fora. Os mesmos homens que antes vaiavam a gloriosa caminhada de Vi por entre eles, agora temiam serem os próximos daquele horripilante tratamento e, sentado na entrada, o carcereiro do lugar, Harknor, ouvia despreocupado, porém com clareza os aterrorizantes sons de súplica e golpes que chegavam aos seus ouvidos, enquanto lia seu livro.

- E então, vai abrir a boca? – Vi diz agora pisando no braço decepado do homem, que urrava de tamanha dor que sentia.

- Nunca! – A responde, após ela retirar seu pé de cima de seu braço, o deixando respirar um pouco.

- Tudo bem. – Ela diz se afastando. – Não tenho mais a pretensão de te surrar, nem te matar, você não vai abrir a boca mesmo. Não são todos que aturam meus golpes até o fim, ainda mais sendo um velho capenga...eu estou impressionada Devaki, de coração. – Vi com uma cara e um olhar sério diz, sem sequer demonstrar frustração pela resistência do homem.

- É sério? Vai me deixar aqui preso em paz? Sem mais perguntas? – Devaki se assusta com as falas da mulher sentada na cama em sua frente de braços cruzados.

- Vou fazer melhor que isso, vou lhe soltar. – Ela responde calma, com um genuíno sorriso meigo no rosto.

- Olha, olha, Vi, sua safada, sabia que não tinha se aliado aos vermes, essa é a Vi que eu conheço, vamos fugir daqui juntos. – Devaki estende sua mão, para que Vi, com suas manoplas a apertem, em um sinal de união.

- Eu não estaria tão feliz se fosse você...dar informações relevantes a polícia, os lá de baixo não iriam ficar nada felizes com as coisas que você me revelou nessa sala, com certeza você iria morrer da pior forma possível, inclusive a sua filhinha, não é mesmo? – O sorriso meigo estampado na face de Vi se transforma em um maléfico, assim como sua afeição inteira, sua voz se mantinha calma, tinha um objetivo ali e usaria tudo ao alcance para completá-lo.

- Como assim? Eu não lhe passei informações nenhuma! Do que está falando megera! – Diz irritado e ainda mais assustado que antes.

- Qual é Devaki, nenhum de nós dois somos burros, você sabe muito bem que tem duas escolhas aqui: A primeira, me conta para quem era o Arcabuz de Hexileno de Vishalaa e eu não irei contar a ninguém sobre sua traição de merda e como bônus, você ganha uma estadia vitalícia na prisão. E segundo, meu querido velhinho, você não me conta nada, eu te jogo no sumidouro e conto para os barões sobre a sua “traição”, aí você e todos a sua volta ficam por sua conta e risco. Você só pode escolher uma, escolha com sabedoria e não se arrependa, não terei piedade de você. – Vi diz se levantando da cama, ainda com seu maléfico sorriso no rosto e dá coisa tapinhas amigáveis no rosto de Devaki, que tinha o corpo tomado pelo medo, tremia e chorava inconscientemente. – Eu volto daqui cinco minutos seu puto, é bom que você já tenha se...

- Eu me decidi!...Eu irei lhe contar tudo...Vi. – Devaki lhe dá sua resposta, sua escolha. Sua voz estava trêmula, tanto quanto seu corpo, tinha seu coração na boca. – Eu irei te dizer, o que você quer saber.

- Excelente. – Vi sorri triunfante.


Notas Finais


Salve, salve. Então, que bom que vocês estão lendo e curtindo minha fic. Mas eae, que tal ouvir a playlist dela para acompanhar sua leitura? Disponível tanto no Spotify, quanto no YouTube essa é a Playlist oficial de "Entre crimes e desilusões" e de seus personagens, se divirtam!

YouTube:

Playlist oficial e atualizada:
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Playlist com as músicas temas dos personagens:
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Spotify:

Playlist oficial e atualizada:
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Playlist com as músicas temas dos personagens:
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