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História Entre Infinitas Linhas Lineares - Você é a escolhida


Escrita por: Loves_Her

Notas do Autor


Todo conteúdo dessa história faz parte de um projeto com outras autoras que visam utilizar as músicas do BTS em trabalhos que focados na visibilidade do afeto ou amor de mulheres para mulheres.

Esse, em particular, é inspirado no solo de Kim Namjoon (RM) no álbum Love Yourself: Answer chamado "Trivia 承: Love".

Recomendo tanto essa quanto outras músicas.

Capítulo 1 - Você é a escolhida



“O que é o amor?

Ou melhor: como defini-lo em palavras?”

Alice se questionava isso em seus pensamentos altos em frente a sala inteira de aula a observando como um bando de abutres, prestes a devorar todas as inseguranças de sua alma enquanto pavor frígido germinava de sua carne trêmula —  mas ela iria ser corajosa.

Ela tinha que ser. Chegou a hora.

Alice precisava por aqueles sentimentos para fora, uma vez que estava cada dia mais apaixonada pela musa de seus versos mais complexos e agridoces nas atividades de Literatura Básica, sua matéria favorita, e que tinha a oportunidade perfeita agora de declarar sua paixão quente como raios de verão e arrebatadora como a brisa de primavera, e que a olhava, tão linda, com aqueles imensos olhos castanhos café, curiosos.

Contar a Júlia o que sentia era o único motivo para Alice está fazendo aquela loucura, mesmo que em nenhuma das estrofes contivesse o nome da amada e nem nenhuma descrição fazua jus do quão bela era sua pele mocha por sob aquele casaco azul turquesa, ou como seus cabelos crespos ficavam adoravam com aquelas presilhas de borboletas, tão travessas e divertidas quanto as que habitavam em seu estômago. Alice escreveu sobre seu sorriso pérola pois ele era tão brilhante, vivido, como um sopro de vida direto em seus pulmões; escreveu e o descreve em detalhes pois Júlia tinha que sabe o quão bonito ele era, e o aperto que dava em seu coração, que falhava várias batidas. Alice escreveu sobre o tom cálido de sua voz, pois o timbre lhe levava a euforia e inércia em segundos esticados infinitamente, desdobrados no compasso no tempo e do espaço para jamais ser esquecido.

O som da sua risada era como harpas angélicas, um exagero, ou talvez não, para descrever o quão melódica sua gargalhada de peito cheio era.

Havia mistérios que habitavam as linhas de suas mãos de dedos finos como gavinhas. Havia fendas virginais entre as rugas de suas sobrancelhas desenhadas e modeladas como se a nanquim.

Havia ouro em seus canais lágrimas e rubis em seu fluxo sanguíneo, e Alice estava tão apaixonada pelos âmagos viscerais que compunha Júlia, que ela sabia que a garota não era nada naquilo, mesmo sendo mais bonita, tanto dentro quanto fora, que a maioria, porém Alice a via reluzir.

De acordo com Alice, Júlia reluzia brilhante para si.

Seu baú de tesouro; seu El Dorado, e que nesse instante, com o cessar de sua narrativa, a observava com olhos chocados, assim como toda a turma sem um pingo de fôlego mas transpirando tensão.

Alice indiretamente torcia para que o nome de Júlia não tivesse escapado durante seu monólogo inspirado nas poesias e romances shakespearianos, uma vez que a professora Elisabete havia dito para os alunos escolherem cada qual um renomado dos clássicos para fazerem seu trabalho da semana, que implicava com escrever cartas para amantes imaginários.

Alice escolheu Shakespeare por conta de Romeu e Julieta, e agora recitava uma outra versão dos dizeres da sacada para sua Júlia.

Ela mau conseguiu ver a reação anterior da outra garota quando a professora entrou a sua frente, o rosto de águia austero como uma carranca, e arrancou sua carta — a carta de Júlia — de suas mãos. A voz era como lixa, muito mais áspera do que o habitual quando a professora Elisabete a mandou para a detenção.

E como cereja do bolo de merda, Júlia não sustentou seu olhar quando a viu sair.




As horas ali eram um desafio do próprio tempo pois de forma nenhuma elas corriam, trazendo transtorno e agonia para uma garota presa pela sua própria ousadia em tempos de pragmática contenção.

Do cárcere escolar, Alice só podia se ver rodeada de livros e carteiras vazias, sendo observada por um relógio de ponteiros que muito provavelmente estava quebrado de alguma maneira desconhecida, girando sua seta lentamente como um dedo apontado.

Mas tirando isso, ela estava sozinha e imensuravelmente agradecida que o professor responsável era indiferente o suficiente para se importar com aquele tipo de castigo, se ausentando da sala de detenção por longos períodos de tempo do que permanecer se torturando na sala com alunos desrespeitosos o suficiente para ignorá-lo tanto quando ele o fazia; como Alice fazia, rabiscando incessantemente em mais uma folha em branco, linha por linha da frase: “ Eu não devo importunar nas aulas”.

Que frase idiota! A garota quase poderia rir se não estivesse com o maxilar apertado de frustração.

Era difícil de aceitar que amar era importunação, porém Alice concluiu que seu tipo de amor era motivo mais o suficiente para alarmar os adultos e afastar os adolescentes presos em rótulos impostos pelos pais, sendo que antes, os mesmos tiveram aqueles rótulos igualmente infiltrados intravenosamente neles, repassando aquela doença preconceituosa de geração em geração.

Todavia, ela estava vacina, graças a Deusa, e devia igual devoção a suas mães, que desde pequena, seja usando o relacionamento delas como exemplo, até agora, na adolescência, quando descobriu que gostava mais de garotas — de garotos ela só tinha repulsa mesmo —, a ensinaram que a partir do momento que ela vive, que está viva e respirando, ar entrando e saindo de seus pulmões, coração forte e pulsado, Alice amava.

Amava e amaria não importa quem seja, desde que a fizesse bem.

Um sorriso terno fez seu queixo se afrouxar um pouco de seu ar taciturno, sua mente divagando pelo sentimento de sorte e carinho que nutriu, e ainda dava frutos maduros e frescos, desde do momento que viu as mães, tão assustadas quantos ela naquele orfanato abarrotado de crianças que cresceram demais para serem levadas para casa.

Elas eram lindas, atenciosas e gentis, e Alice se viu caindo de amores, uma espécie de amor mais morno, como um suéter quente num inverno frio, nasceu na hora que elas disseram, na visita seguinte, que haviam entrado com a papelada e a dariam seu próprio quarto em breve.

Alice queria um amor assim e conseguiu.

Alice tinha um novo amor por Júlia, mas acabara de perdê-lo.

Ou era o que achava, até a porta da detenção bater e seus olhos capturarem aquelas presilhas de borboletas, e um sorriso tímido que brincava com toda a sanidade de Alice.

— O que você…

— Eu tô em detenção também. — A voz dela era um sopro, um sussurro contido que parecia conter muitas palavras, mas foi o núcleo delas que fez Alice arfar e se erguer de sua cadeira, que tremeu e quase caiu para trás.

— Você o que?!

Júlia sorriu ainda maior, finalmente se permitindo dessa vez e Alice se sentiu se esvaziar como um balão enquanto seu peito queimava, cheio de outra coisa.

A garota de pele de mocha se aproximou, a pele mocha reluzindo a luz do poente e os olhos escuros naquele brilho excitante de quem havia acabado de cometer uma travessura e não se arrepender nem um pouco, e Alice teria dificuldade de concentração se a outra não parasse a um.palmo de distância; tão perto quanto às diferenças e as igualdades a permitiam.

— Eu tô de castigo assim como você.

— M-mas, o que você fez?!

— Ah… — ela deu de ombros, como se não fosse nada, e seus olhos vagaram para a janela, o sol cor de ouro descendo por trás das árvores robustas e pintando o céu azul de toranja e rubro. Era bonito; tão bonito quanto Júlia, principalmente quando ela sorria assim, pretensiosa e me deixando a beira de um colapso nervoso.

— Eu risquei o carro da professora Elisabete com uma chave. Escrevi umas coisas…

Minha boca aperta apenas pendeu mais e para não pirar, e parecer que tô a julgando, mesmo me corroendo para saber o porquê, eu apenas disse a segunda coisa que estava na minha mente.

— E o que você escreveu…?

Seu sorriso refletia a luz do poente e eu me senti me apaixonando um pouco mais, mesmo consciente de que não podia.

Eu não deveria. Mas era bom amar assim.

— “ Vivo, logo amo.”  — Júlia se voltou para mim e agora seu rosto estava lívido mas o ônix de suas íris reluziam para mim, dizendo coisas não ditas, chegando aos confins do meu intrínseco e tomando todos os espaços destinados a si.

Principalmente quando ela recitava o última linha da minha carta, onde logo depois vinha a assinatura final.

— Com amor, para minha Júlia de sua Alice.






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