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História Entre Medos e Temperos - Capítulo 11 - Fogazza


Escrita por: SonhosOcultos

Notas do Autor


Oi gente!

Eu sonhei com eles.
É sério.
E olha que eu tenho insônia, ansiedade e stress clínico!

Boa leitura ^^

Capítulo 11 - Capítulo 11 - Fogazza


Fanfic / Fanfiction Entre Medos e Temperos - Capítulo 11 - Fogazza

Capítulo XI – Fogazza

 

Quando as pessoas observaram o mar recuar e uma enorme Tsunami varrer a Tailândia em 2004, ninguém esperava. Quando a bomba caiu em Nagasaki em 1945, ninguém esperava. Para as pessoas que viram acontecer, nem se deram conta da forma abrupta como sua existência desapareceu. Foi-se, sem nem se dar conta.

Ainda que Paola não estivesse sofrendo qualquer tipo de tragédia daquele porte, a sensação inicial que lhe acometeu foi de absoluta surpresa, como se fosse acometida de algo que jamais esperou, de uma avalanche, um tsunami, uma bomba que lhe varreu em questão de milésimos de segundos, em que nada havia lhe dado condições de evitar.

Foi assim, abruptamente.

Todo seu corpo tremia, sua garganta estava travada, seu estômago contorcido e seu corpo inteiro em voltagem elétrica. Nunca, em toda sua vida, imaginaria que aquilo fosse acontecer.

- ...de você.

E foi o último pensamento que seus neurônios conseguiram formar antes que Fogaça roubasse sua boca. No imediato segundo que seus lábios se encontraram, Paola não teve reação, não conseguia comandar seu corpo porque, honestamente, seu próprio ser ainda não havia codificado a informação. A questão é que ela não estava acreditando nisso.

Uma das suas últimas sinapses neurais ainda tentou lhe dar o comando de empurrá-lo, de evitar aquilo como se evita um erro gravíssimo, como o motorista aciona o pedal do freio até o final, fazendo os pneus queimarem.

Mas como uma inocente presa que cai na teia de uma história cheia de grossos fios, a única reação dela foi deixar aquela caneca de chocolate quente cair.

Naqueles milésimos de segundo em que sua parte racional buscou evitar, a mão direita de Fogaça buscou-a pela nuca, entrelaçando seus dedos nos seus cachos e segurando tão firme que parecia desespero. Pelo braço esquerdo, puxou sua cintura, fazendo com que a teia fosse forte, firme e, definitivamente, impossível de escapar.

Henrique ainda teve um pequeno lapso de culpa. O que diabos estava fazendo? Beijando Paola?! Ela vai te odiar! Te odiar! Pare, pare imediatamente. Largue-a!

Só que Henrique não sabia que aquela teia também lhe era uma captura. Não sabia que ela iria gemer, de prazer, não sabia que as mãos que tentavam expulsá-lo passaram a agarrar o tecido da sua camisa. Não sabia que ela permitiria abrir sua boca, nem muito menos deixaria que introduzisse sua língua tão profundamente que parecia sexo pela boca.

Sentir aquela Paola rígida, contraída e contida relaxar em suas mãos. Sentir que ela se inclinou para frente, mesmo que inconscientemente, apertando o corpo dela contra o seu. Tremeu-se inteiro, porque não conseguia evitar que queria bem mais que aquilo. Bem mais.

Foi apenas quando sentiu o efeito daquela bomba pressionar seu ventre que Paola largou-o em choque completo, completamente ofegante e trêmula.

- No! Cê tá loco?!

Cobriu seu rosto de absoluta vergonha.

- No, Henrique, no. Por Dios, no.

- Me desculpa, eu... – o que porra deu nele?! A expressão de Paola era uma mistura de raiva e choque - ...calma.

- CALMA?! Eso no pode acontecer. No pode!

Só então ela percebeu que o chão estava sujo, que um dos cacos havia atingido seu tornozelo levemente e havia chocolate por todo chão. Sentiu-se mal. Muito mal.

- Eu amo Jason – disse com firmeza – Entendeu? Eu amo Jason.

- Eu sei disso, Paola.

- Y yo no voy acabar meu casamento, o casamento com um homem que eu amo, por causa de una aventura sin importância.

Henrique entristeceu visivelmente. “Uma aventura sem importância”. Okay... era isso que ela pensava dele, uma aventura? Paola pode não ter percebido, mas de tudo que disse, até mesmo do seu amor pelo marido, aquilo foi o que mais doeu.

Percebeu-a tremendo como uma vara verde, em completo desespero.

- Foi só um beijo, Paola. E o que depender de mim, está esquecido. Fim. Pode voltar tranquila para seu marido, não é uma traição tão grave assim.

Paola sentiu sua garganta travar.

- Por favor, desiste dessa ideia de deixar o programa. Por favor. Se quiser, eu nunca mais chego perto de você. Ok? Eu faço o que for, o que quiser. Mas não deixa o programa. O MasterChef sem você não tem nem importância. Entre um bruto e um francês metido, você é o equilíbrio, tá?

- Henrique...

- Vai. Volta para o quarto, antes que alguma camareira apareça para limpar isso aqui. Deixa que eu cuido.

Ela hesitou, olhando-o com uma mistura de sensações que não conseguia por nome. Queria odiá-lo por tê-la beijado. Queria ter desferido um tapa e gritado com ele. Mas não seria justo.

Com a cabeça baixa, aceitou, voltando para o quarto.

 

Quando Paola entrou no quarto, seu coração parecia estar numa prova de 100m livre. Batia tão rápido que sua respiração estava ofegante. Temia até que Ana Paula pudesse escutar o turbilhão que estava em si mesma, mas assim que fechou a porta, caiu em choro sem parar.

- Paola? – Ana ligou o abajur – O que que foi?

Prontamente se levantou, indo até ela e, sem acreditar, recebendo o peso em seus braços, enquanto a argentina liberava toda a tensão e o desespero que lhe varreu.

- Meu Deus do céu, o que foi? Por que você tá assim?!

- Ai, Ana... me parece que voy explodir...

- Calma, calma. Vem, senta, se acalma.

Vendo Paola se tremendo, tentando limpar as lágrimas sem, entretanto, dar conta das que se seguiam, mal conseguia ter controle de si mesma.

- Eu vou pedir uma água com açúcar para você.

- No – segurou-a pelo pulso – No precisa. Eu só... eu preciso respirar.

- Você tá sangrando.

Paola olhou na direção que Ana via, percebendo um pequeno corte no tornozelo direito.

- No é nada demais. Coisa pequena.

- O que aconteceu?

A chef a olhou com medo.

- Algo que não deveria ter acontecido – Ana Paula arregalou os olhos – Foi só um beso. Mas...

- Ow, amiga...

Ana se sentou calmamente ao seu lado, oferecendo-lhe todo o carinho e conforto que podia dar.

- O que tá acontecendo comigo? Eu no soy assim! Henrique... ni es mi tipo! Somos completamente diferentes!

- Mas que passaram por muita coisa juntos. Ás vezes, isso é mais importante que tudo. É na adversidade que os sentimentos se fortalecem.

- Sentimentos?! No. No tengo sentimentos por Henrique. É uma atração, algo físico. Solo. Y vai passar. Yo sé.

Ana não acreditava muito naquelas palavras, mas não era o momento de contradizê-la. Ofereceu seu colo, onde Paola depositou sua cabeça e pode chorar o quanto precisou.

 

Henrique deveria estar se sentindo feliz, porque ao menos aquela loucura que estava se passando pela sua cabeça não era viagem na maionese. Mas ele não estava.

Na verdade, o beijo foi a pior coisa que poderia ter acontecido.

Primeiro, ele finalmente sabia como era. Lábios macios, quentes, molhados. Um corpo que se moldava ao dele. Aos seus braços. E ter essa informação não era algo que ajudava com seu sistema de autocontrole.

Segundo, se antes Paola já o estava evitando, agora... agora teria sorte se ela sequer o olhasse. Conhecia-a bem demais para saber que não havia muita chance.

Terceiro, ela era sua amiga. Antes de tudo, uma amiga. E tinha quase certeza de que agora nem isso seria mais. Irritava-o profundamente que as conversas tão naturais, a convivência tão calorosa e tranquila, não iriam mais existir.

Quarto e, principalmente, saber que ela o via como uma “aventura sem importância”. Céus, isso lhe estrangulava o peito, como se tivesse uma asma pesada.

- FOGAÇA, PORRA – ele saiu dos seus pensamentos quando Pato gritou com ele durante a gravação – TÁ VIAJANDO, VELHO? SEU TAKE!!

- Tá. Desculpa.

Como foi difícil estar naquela prova. Como foi difícil fingir que não havia acontecido nada. Com foi difícil estar do lado dela, sem conseguir respirar.

Ele era um bruto sim. Mas os brutos também sentem. E, naquele retorno para São Paulo, lutou com todas as suas forças para não chorar.

 

A melhor forma de expulsar aqueles demônios de si foi se encher de atividades. Intensificou seus treinamentos de muay thai, ampliou os dias de skate e, principalmente, dedicou-se aos seus restaurantes. Fogaça havia encontrado, há anos, um refúgio na gastronomia. Enquanto que o programa e a administração dos restaurantes tenham lhe afastado muito da cozinha, sempre buscava retornar quando seus pensamentos andavam cheios.

Diferente de Paola, gostava de comida pesada e apimentada. Cortes de carne volumosos, fogo e sal. Ali, concentrado em cortar as peças de javali, até mesmo seus cozinheiros notaram como estava calado e circunspecto.

- Gente, ele tá assassinando o javali de novo – comentou sua souschef Roberta – O jeito que ele tá usando o cutelo me deixa nervosa.

- Ele ficou assim depois da separação dele, logo antes do acidente, lembram? – disse o chef da praça das entradas – Meu medo é acontecer de novo.

- Cruz credo, bate na madeira.

- O que cês acham que aconteceu, hein? – perguntou uma das ajudantes – Pelo que eu sei a Olívia tá bem...

Todos deram de ombro, ficando em silêncio quando Fogaça deu um corte tão rente ao seu dedo que retirou gritos de susto.

 

- Se machucou de novo? – perguntou Jason ao observar o tornozelo de Paola.

Haviam feito amor na primeira noite em que estavam no hotel fazenda. Ali, entre os lençóis, ela puxou a perna, sentindo sua face corar.

- Um descuido.

- Anda tendo descuidos com frequência – disse com carinho, beijando sua panturrilha – Cuidado, te quero inteira.

Ela sorriu, recebendo seu beijo.

- Vou tomar um banho – disse ela – E depois vamos naquela horta, si?

- Já vou separar minha câmera.

Vendo-a sorrir e suas barroquinhas marcarem o rosto, Jason podia sentir que ela estava mais leve, pelo menos naquele momento. Recostou-se contra a cabeceira, ele próprio imerso em suas próprias dúvidas, mas maduro o suficiente para saber que amor não se mendiga.

Quando estava preparando sua câmera, o celular de Paola vibrou sobre a escrivaninha. Ele não era o tipo de homem que bisbilhota, nem muito menos era o tipo ciumento e controlador. Sempre respeitou o espaço dela, assim como ela o dele. E era assim que tinha que ser, sempre.

Mas nem toda maturidade do mundo seria capaz de fazê-lo ignorar, mesmo que tenha sido por acidente, quando seus olhos captaram o nome “Fogaça” na tela de aviso.

Olhou-a no banho e, odiando-se por aquele lapso de fragilidade, inclinou-se para ver uma curta mensagem.

 

Ei, argentina. Não me odeie quando ficar sabendo, ok? Mas foi melhor assim. Te desejo o melhor, sempre. 


Notas Finais


Minha gente eu as vezes queria tanto que essa fic acontecesse de verdade. Cês acreditam que eu sonhei que entrava no MasterChef (eu amo cozinhar e já considerei me candidatar, mas a vergonha de câmera é maior kkkkkkkkk), daí no MEIO DA AVALIAÇÃO, com a Paola me encarando diante do prato, ela falava assim
"Muito bom. Muito, muito bom. Difícil, sabe?"
Dai eu olhava para ela sem entender. E ela respondia
"E eu não tô falando da comida, SonhosOcultos"
Daí lógico que a minha cara virava um camarão, eu tinha uma pequena síncope e desfalecimento, e a Paola apenas piscava para mim dizendo.
"Muito. Muito bom mesmo"

É, minha gente, tá foda. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


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