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História Entre Medos e Temperos - Capítulo 17 - Brasa


Escrita por: SonhosOcultos

Notas do Autor


Hello girls!

Vô dizer nada, rs.

Capítulo 17 - Capítulo 17 - Brasa


Fanfic / Fanfiction Entre Medos e Temperos - Capítulo 17 - Brasa

Capítulo XVII – Brasa

 

No primeiro momento que ouviu, ela achou que tinha sido sua própria consciência, martelando aquela dúvida secreta que ninguém saberia. As mãos que entrelaçavam os fios dos seus cabelos pararam, seu rosto embranqueceu e seus olhos encaravam vidrados a tela do celular.

- Qué?

- Você ouviu muito bem, querida.

E ainda que soubesse que sua esposa negaria imediatamente, não era bem o que saísse da sua boca que o importava. Era sua expressão de surpresa, de pânico, como se não estivesse acreditando que aquela pergunta foi feita.

- No sé do que está falando, Jason.

- Paola.

- No acredito que está me perguntando una cosa dessas! No acredito!

Ele respirou fundo, triste e sem confiança. Uma das sensações mais horríveis do mundo é assistir a pessoa que você ama aos poucos deixar de te amar.

É como uma tortura em que você não tem o que fazer.

Como um carro em alta velocidade que perde os freios.

Jason Lowe é apaixonadíssimo por ela. Foi desde o primeiro momento em que fotografou sua comida, mas também a cozinheira. A forma elegante com que ela trabalhava, como ela agia, a sutileza e precisão. Ele nunca achou que tinha chance, ela parecia areia demais para seu caminhãozinho. Sorte a dele que Paola Carosella nunca se importou com aparências, mas com personalidades.

Conquistou-a com seu carisma, com suas brincadeiras, com paciência e respeito. Foi tão intenso, deixar tudo para trás, sua terra, para viver ali com ela. Acompanhá-la.

E parecia que ela lhe escapava pelos dedos, como água. Isso doía como um ataque cardíaco. O que tinha feito de errado? Em que momento errou? O que poderia ter feito para evitar que a mulher que ama profundamente lhe escape tão facilmente?

- Jason, olha para mi. I love you. Você sabe disso.

- I know. Mas a gente precisa conversar no domingo.

Paola sentiu todo seu corpo estremecer e gelar. Começou a sentir uma vibração de pânico lhe varrer todo o corpo, mas principalmente de vergonha extremamente profunda.

Jason sabia que não é possível “segurar” ninguém. Isso é para jovens que confundem amor com posse, mas não para um homem experiente. Segurar alguém é como ter em mãos carvão em brasa. Te queima, te machuca, e ainda vai te obrigar a soltar.

- Jason... – Paola engasgou, segurando o choro - ...você não tem com o que se preocupar. Pelo amor de Deus!

- Isso não é uma conversa para o telefone, princesa. Fica bem, ok? Domingo a gente se fala direito.

Antes que ela respondesse, ele finalizou a ligação.

 

Ana Paula notou sua amiga argentina parecendo um zumbi no dia seguinte. Entretanto, em razão dos preparativos para a prova que seria gravada, não podia abordá-la como queria.

- A noche foi boa, hein? – comentou Jacquin para ela e Henrique – Eu non sei vocês, mas eu ainda tô meio tonto.

- É a pinga, Jacquin. Pitú. Aquilo né água não.

Riram.

- É bom, eh? É bom mêmo.

- Cês acham que a prova de hoje é muito difícil? – perguntou Ana, vendo as equipes completamente em pânico – Olha, vou dizer, em todas as edições do MasterChef eu nunca tinha visto eles tão desesperados.

- Fazer um bolo de rolo em 1h30min é apavorante – disse Henrique – É pior que aquele Ópera que já teve.

- Jesus...

Henrique espiou com o cantinho do olho Paola pedir à produção uma pausa. Quando a chef deu as costas, colocando a mão na boca e parecendo tonta, preocupou-se. Discretamente se aproximou de Ana enquanto Jacquin ia conversar com as equipes.

- Ei, Ana.

- Ei, tatuado...

- Vem cá... cê notou a Paola diferente hoje?

- Notou também, né? Eu não sei o que aconteceu, mas ela já acordou assim. Tentei conversar com ela no café da manhã, mas não tive muito sucesso.

Ele colocou as mãos na cintura, mordendo o lábio interno como sempre faz quando está pensando, e permaneceu olhando na direção que ela tinha ido.

- Vai.

- Hum?

- Cê tá doido para ir atrás dela. Vai. Eu e o Jacquin seguramos por aqui. Não demora.

Mas quando Henrique pareceu indeciso e coçou a careca, ela percebeu sua dúvida cruel.

- Não sei se ela tá muito afim da minha presença, Ana.

- Só vai saber se ela disser – vendo-o ainda angustiado, bateu seu ombro no dele – Que que foi?

- Eu tô com medo.

Ouvir daquele bruto tatuado que está com medo era algo que amoleceu o coração da jornalista. Olhou-o rapidamente, notando sua expressão agoniada e amedrontada. Segurou seu braço com carinho.

- Tá com medo do que?

- De só piorar – Ana o olhou com pena – De ouvir de novo dela o que eu não quero ouvir.

- É algo que vai ter que superar se quiser seguir em frente com isso.

A frase de Ana não ajudou em nada, porque ele começou a sentir seu rosto avermelhar.

- Seguir em frente?  Só se for em frente do precipício. Eu não quero passar por isso, Ana. Eu não quero... – sentiu sua garganta travar - ...eu não quero gostar dela assim. É uma roubada. Vou me foder, muito. Eu sei que eu vou me foder.

O que Ana falaria? É a pura verdade. Ele ia sim se foder. É melhor ficar calada, pelo menos.

- Ela tá demorando – disse ele inquieto – Não tá? Tá demorando.

- Vai logo, criatura. Até eu tô ficando nervosa aqui.

- Vai você. Por favor.

Ela o fitou com muita pena.

- Tá. Mas, em algum momento vocês vão ter que resolver isso, tá doloroso de ver vocês assim...

 

- Amiga...? – Ana Paula perguntou aos funcionários do hotel se haviam-na visto passar e uma das camareiras informou que estava no banheiro social daquele corredor – Paola?

- Aqui...

Ana Paula jamais imaginava vê-la se curvando contra uma bacia e vomitando. Correu para segurar seus cabelos e massagear suas costas, enquanto a argentina se tremia inteira sem ar.

- Calma, calma, respira. Calma.

Paola já estava lutando contra a sequência de vômitos há, pelo menos, 10 minutos. Sua cabeça rodava, sua garganta estava em brasa, e sua respiração estava seriamente comprometida. Mas, com as massagens de Ana nas suas costas e o cabelo preso, parece que o oxigênio finalmente entrou em seus pulmões e lhe deu uma trégua, dando descarga.

- Paola, cê não tá...?

- No. Claro que no.

Ana Paula suspirou de alívio.

- O que é isso? Um ataque de pânico?

- Creo que si.

Esperou-a que lavasse a boca, se recompusesse, para só então tentar ouvi-la. Paola contou sobre a ligação com Jason, sobre a conversa com Henrique na praia, sobre tudo que estava sentindo. Saber que no dia seguinte aquela conversa com seu marido estava para acontecer havia desenvolvido nela um pânico antecipado. Paola, sempre muito boa em guardar seus sentimentos, era somática: traduzia as emoções guardadas em sintomas no corpo.

- Caramba, amiga...

- Eu no sé o que fazer, no sé!

- Vem, cá, você precisa de um abraço.

Tudo que Ana podia lhe oferecer era isso, ainda que parecesse pouco. Mas para Paola, foi a melhor coisa que poderia ter naquele momento.

 

Depois de escovar os dentes, tomar um remédio para enjoo e trocar a roupa, Paola retornou com um imenso atraso para a gravação. Pato não estava feliz, mas não falou nada sobre isso. Henrique, que se antes já estava preocupado, agora só conseguia pensar obsessivamente no porque ela atrasou.

Ana parecia um túmulo e não soltava nada.

Os três jurados estavam preparados para receberem os menus das três equipes, juntos com mais 10 chef locais convidados para avaliarem a gastronomia. Em uma mesa preparada apenas para os três, receberam as primeiras entradas: caldinho de sururu acompanhado de ovos de codorna marinados na cachaça com coentro.

- Falta sal – comentou Henrique imediatamente – Porra, como eles erram nisso.

- Verdade, falta sal – comentou Jacquin.

Obviamente os dois esperavam a resposta dela, mas Paola parecia sem paladar e lutava contra o enjoo. Ela apenas concordou com a cabeça. Entre o tempo para a segunda entrada, Henrique não se aguentou mais.

- Cê tá bem? – perguntou com carinho e preocupação.

- Si.

Quando chegou a segunda entrada – ensopado de aratu com crocante de caju – Henrique notou seu desconforto e viu quando ela parecia lutar para colocar a colher na boca.

“Ela não tá bem”

- Tá bom esse – disse Jacquin – Bem equilibrado.

- Concordo.

- Si, também.

Quando chegou a terceira entrada – tartare de maxixe com crudo de peixe cavala – Paola não conseguiu evitar cobrir a boca e respirar fundo.

- Pôla?

- Ay Diós... Eu no vou conseguir.

Foi uma surpresa para todo mundo, tanto para a equipe de produção como para os participantes, quando ela se levantou e saiu correndo. Henrique ficou chocado, porque nunca a viu fazer isso e seu olhar cruzou com o de Ana, que parecia tão preocupado quanto ele.

- Corta! – gritou Pato – Alguém vai atrás da Paola, por favor. Vê o que tá acontecendo e se a gente tem que parar tudo.

- Eu vou – disse Henrique, sem pensar duas vezes.

Do lado, enquanto as equipes estavam correndo para servir o prato principal, e mesmo com a adrenalina de terem 15 minutos apenas para servir, não impediu que todo mundo se olhasse espantado.

- Tava tão ruim assim? – se perguntou Heleno – Que ela nem conseguiu engolir?

- Deixa eu experimentar isso – disse Manoela – Não, tá bom, tem nada de errado aqui não.

Os quatro membros da equipe provaram, todos concordando imediatamente. Não havia nada de errado com o prato, o que fez Manoela e Raíssa se entreolharem.

- Bicha, e se for...?

- Sério? – Raíssa arregalou os olhos – Tu acha?

- Uma mulher enjoando e sem tomar bebida alcoólica? Meu Deus, o que será, hein?

Enquanto continuavam a mexer o pirão, as duas apenas se olharam, sentindo que haviam descoberto a mais incrível de todas as descobertas.

 

Ataques de pânico vêm sem explicação. E não adianta apenas dizer “fica calma” que a pessoa vai conseguir ficar calma. Paola queria comandar seu corpo, queria fazer cessar, mas não é tão simples assim.

- Paola – só de ouvir a voz dele parecia lhe trazer tremores – Paola, o que tá acontecendo?

Ela não ia vomitar outra vez, o remédio lhe garantia isso, mas sua respiração estava mais forte, suas mãos tremiam e estavam geladas. Precisava de alguns minutos para se recompor e, vendo Henrique ali, preocupado, não conseguiu evitar que ele a abraçasse com força.

Entrar nos braços dele, sentir-se envolvida, segura, teve um efeito calmante. Ele percebeu que estavam num dos corredores do hotel, visíveis para qualquer um que passasse, então a puxou para um dos cantos, escondendo-a.

- Shhh. Cê tá tremendo demais.

- No consigo parar – disse, enquanto ele esfregava as mãos nos seus braços, aquecendo-a – É como se tivessem agulhas me perfurando, eu...

- Eu tô aqui, calma. Cê não tá sozinha. Toma o tempo que precisar.

Aquelas palavras tiveram um efeito relaxante. Henrique tinha um cheiro adocicado, amadeirado, bom. Seus braços são envolventes, quentes e grandes. Suas mãos sabiam fazer cafuné, lento e carinhoso, enquanto penteava seus fios.

Aos poucos, ela foi parando de tremer.

- Tá melhor? – ela confirmou contra seu tórax – Eu tive isso depois do acidente. Acordava suando na cama do hospital, como se tivesse caindo da moto de novo. Eu não podia ouvir o barulho de um motor.

- Cê já teve isso? - perguntou num som abafado contra sua camisa. Ela não queria se afastar, era como se estivesse envolvida num edredom fofinho – E passou?

- Sim, passou. Com o tempo.

- No vai me perguntar porque eu...

- Não – ela finalmente o olhou dentro dos olhos – Vem, a gente tem que voltar antes que Pato tenha uma sincope.

Quando Paola o viu ir na frente – afinal, não seria bom aparecerem juntos – ela se deu conta do quanto estava fodida.

Como você tá fodida, Carosella.

 

Com o final das gravações já entrando na noite do sábado, toda a equipe foi liberada para irem visitar a parte turística da vila, já que o voo de retorno seria bem cedo pela manhã. Apesar de quererem muito ir, os jurados preferiram permanecer no resort, onde não haveria uma multidão de curiosos para os abordar a cada segundo.

- A equipe de cozinha do hotel montou um jantar para a gente – disse Pato – Mais reservado, se quiserem. Vamo?

- Comer. Eu gosta – animou-se Jacquin – Vai ter forró de novo?

- Gostou em francês?!

- Ah, ele adora essas coisas Ana – comentou Rô – Meu marido gosta de festa.

- Eu gosto mêmo. Vamo.

Henrique arriscou a olhar para Paola, que apesar de estar melhor, ainda parecia muito triste. Mesmo que quisesse se isolar no seu quarto, Ana Paula não permitiu, arrastando-a pelo pulso para o restaurante do hotel.

Havia um enorme banquete montado e o cheiro era tão bom que arrancou sorrisos da equipe inteira, algo em torno de 35 pessoas. Jacquin foi o primeiro a abrir o buffet, seguido de Ana. Paola, como é bem seu estilo, primeiro passou para apreciar tudo que havia.

- Ei, experimenta isso aqui.

Henrique estava com uma colher na sua frente e pensava “vai, finge comigo que tá tudo bem. Por favor”. Parecendo entender, ela aceitou enquanto ele esperava sua reação.

- Oh meo Deos, que delícia! Que és eso?!

- Hã... Bolo Souza Leão.

- Que maravilha! – ela se inclinou para falar com a atendente por trás do balcão – Amor, que é esse bolo? Se faz como?

- É um bolo feito com 10 gemas, dona Paola.

- E leva farinha?

- Não leva.

Henrique a observou, vendo-a ficar um pouco mais animadinha enquanto provava de tudo um pouco. Ao seu lado, os dois pareciam crianças numa loja de guloseimas. Ela provava algo e, se achasse interessante, dava a ele. Fogaça, também fazendo o mesmo, indicava para ela, cortando pedaços em sua mão e entregando a ela.

Parecia tão natural. Uma dança sincronizada de sabores, enquanto provavam felizes. Por alguns breves segundos parecia que o mundo não existia e até mesmo a moça atendente ficou sem graça.

- ...mas esse tá bom, tá muito bom. Prova.

- Delícia. Deve levar mel isso aqui. Olha esse, tem alguma coisa azeda no final, não sei o que é...

- Deixa eu ver – ela se concentrou – Nossa, no sé.

- Olha essa calda. Sente o cheiro – disse levando a colher até o rosto dela, vendo-a fechar os olhos – Que que achou?

- Melaço de cana, talvez?

- É, acho que sim.

- Olha, dá para fazer uma receita disso com carne e...

- Pensei a mesma coisa.

Enquanto os dois passaram quase uma hora provando, comparando, experimentando de novo, parecia que finalmente Paola conseguia expressar alguma alegria naquele dia. “É tão bom ver ela assim” pensou Fogaça.

Ok...

...vê-la lambendo uma calda do canto da boca não era bem o estímulo visual que ele precisava no momento. Sentiu seu rosto corar e tossir.

- Gente, que maravilhossso. Incrível.

- É.

Pronto, agora que a hipnose gastronômica parecia ter passado, os dois se olharam sem graça.

- CÊS DOS NON VEM FICAR COM NÓS NON?

- Deixa de ser chato, francês!

- Vamo brindar, que non é todo dia que a gente tem um trabaio ton bom assim.

Aproveitando o restante da noite, sentaram-se em torno de uma grande mesa circular, enquanto bebiam e riam.

Mesmo que por baixo da mesa a sensação fosse outra para aqueles dois.

 

Fogaça não tinha orgulho de si mesmo por isso, mas havia ficado toda aquela noite do lado dela, e... Meu Deus, ele se controlou o tempo inteiro. Começou como um incomodo nas calças, precisando se ajeitar na cadeira. Mas não era fácil estar sentado do lado dela, sentindo sua coxa bater na dele, as mãos dela tão ridiculamente próximas dali. Não era fácil ouvir sua voz cadenciada e carregada de sotaque bem no pé do seu ouvido. Não era fácil, principalmente depois de beberem, conversarem e ter um mar de fundo.

Ele não é um monge, caralho.

E quando Paola começou a ficar sonolenta, misturado com o álcool, o jeitinho que ela se fechava em torno do xale e sorria com os olhos fechados, só piorou quando sua cabeça encostou no seu ombro.

- Ê, a Pôla arriou.

- Tadinha – disse Ana – Ela me disse que passou a noite em claro.

- Talvez seja melhor ela ir dormir – comentou Rô – Acorda ela.

- Ai, chega dá pena.

Fogaça queria dizer que a deixassem ali, recostada contra ele, dormindo contra seu ombro. Se precisasse, ficaria imóvel até o amanhecer, apenas para não perder o prazer que era sentir seu cheiro e seu corpo contra o dele. Queria passar seu braço por ela, puxá-la e niná-la enquanto ronronasse de sono contra ele.

Infelizmente, fazer isso com uma plateia era impossível.

- Paola? – acordou-a devagar, vendo-a piscar e se inclinar – Vai para o quarto. Cê tá bebinha de sono.

- Hum.

Ela concordou, se levantando, mas ela não estava só bêbada de sono, estava alta e tonta. Henrique percebeu sua falta de equilíbrio, segurando-a pelo braço.

- Acompanha ela até lá, Fogaça – disse Rô.

- Boa noite, gente – disse Paola tonta – Até amanhã.

Paola não estava tão tonta a ponto de não conseguir andar, mas havia escadas, rampas, então Henrique a acompanhou, ajudando-a a se equilibrar nesses momentos. Diante da porta do quarto dela, queria dizer o quanto ela estava linda naquela noite, o quanto tinha gostado de estar do lado dela, mas não era o momento. E talvez nunca seria.

Quando ela abriu a porta com o cartão magnético, ele sentia que talvez fosse a última vez que fosse ter um momento assim, e isso o entristeceu.

- Gracias – disse ela com sono – Eu gosté. Foi bom, não foi?

- É. Foi.

Ela se inclinou para ele, beijando-o na maçã do rosto, o que o fez engolir seco. Paola lembrou-se do que fez no camarim, ficando sem graça.

- Dorme bem.

- Cê também – disse ele.

Fogaça quase explode, soltando o ar.

“Puta que pariu, mano” pensou ele “Nossa, caralho, como eu queria entrar com ela.” E ficou ali, durante alguns segundos, realmente lutando contra aquela vontade.

E, novamente, ele não sentia orgulho do que estava lhe acontecendo. Ele só sabia que não tinha nem mais vontade de voltar para lá, para o grupo, fingindo sorrir e tentando seguir conversas que não prestaria a atenção.

Decidiu se recolher também, porque qual era a graça?

No seu quarto, sozinho e livre dos olhares de todos, sentiu vergonha até mesmo do pensamento que lhe ocorreu. Jogou-se na cama de peito para cima, tentando respirar fundo e controlar-se. Cobriu o rosto com as mãos, envergonhado.

- Porra, cara, que merda é essa?

Fechar os olhos era pior. Muito pior. A imagem automática que se criava na sua memória começava ao lembra-la de biquini, ainda que coberta por uma camisa florida, mas definitivamente colada quando a derrubou no mar. Depois ia para aquele conjunto vermelho, com todo seu colo exposto. E chegou a rir de si mesmo “Que isso? Pornografia do século XIX?”. O pensamento ia para o momento que a apertou contra si, sentindo seu cheio, sentindo o quanto era bom tê-la nos seus braços. Lembrá-la provando as comidas, compartilhando com ele aquele momento. Lembrar de 3h malditas horas seguidas em que a coxa dela batia na sua.

PORRA.

É sério isso, Henrique Fogaça? Você está duro como uma pedra por causa de uma coxa? Um colo exposto? Uma lambida de calda? Um abraço?

Puta que pariu, hein? Se pelo menos a visse nua, faria algum sentido. Se houvesse alguma coisa nitidamente sexual. Mas nãaaaaaaaooooo você está duro, completamente duro, com NADA.

Tudo bem, você está sozinho. Não tem ninguém aqui. Ninguém sabe o que tá acontecendo na sua cabeça, então, vai, relaxa. Você tem que pôr para fora isso.

Abriu seu cinto, retirando o botão da calça e baixando o zíper. Sua mão deslizou por dentro da box que usava, ficando impressionado consigo mesmo por estar tão duro assim. Segurou seu pau, usando o polegar para acariciar a ponta. Gostava sempre de começar assim, lentamente, então fechou os olhos, permitindo-se.

Quando se entregou à escuridão e deixou que sua imaginação corresse solta, visualizou Paola, olhando-o como finalmente queria que o olhasse: com desejo, sem freios, sem vergonha. Sua mão começou a deslizar com mais rapidez, principalmente quando a via passar a língua, lentamente, pela extremidade, tão devagar quanto lambia aquele maldito melaço de cana. Isso o fez estremecer, com um arrepio na espinha que o fez soltar um gemido rouco. Seus pensamentos não seguiam seu controle, de maneira que a Paola da sua imaginação descia a boca por seu pau, indo até onde sua garganta permitia. Aumentou a velocidade da sua mão direita, usando a palma da esquerda para descer até seus testículos e apertá-los levemente, assim como imaginava ser a mão dela ali. Era tão erótico que seu pau pulsava, desesperado pela liberação.

- Ah, Paola...! – disse, disse seu nome em voz alta, porque era o que os seus gemidos permitiam que saísse.

Sentindo-se se aproximar do prazer final, apertou a base da cabeça, aumentando a pressão entre o polegar e o indicador. Na sua imaginação, ela se sentava sobre ele, deslizando-o para dentro e, o que finalmente o liberou de vez em um orgasmo de revirar seus olhos, foi que podia senti-la encharcada e aquele gemido que já tinha ouvido quando a beijou no camarim, repetiu-se tão nitidamente em seus ouvidos que podia ouvir...

- Fogaça...!

Então liberou-se, em espasmos tão intensos que duraram segundos, em pulsações e tremores que por algum tempo, esqueceu-se de quem era, de onde estava e da vergonha que deveria sentir.

- Caralho...

Ele estava verdadeiramente surpreso. Nunca havia se permitido fazer isso pensando nela. Sua vergonha e respeito era tão grande que só de imaginar entrava em parafuso.

“Merda, sujou a porra do lençol e a calça... eu tenho o que, 13 anos?”.

Levou um susto quando ouviu uma batida na porta.

- Henrique? Sou eu, Paola.


Notas Finais


NÃO ME MATEM SOCORRO

Minha gente, olha, eu sou a única que não vai com a cara da Carine? Aff, ando fazendo a pesquisa para a fic, para tentar me aproximar do personagem, mas tudo que eu pego dela é ranço. misericordia. Sabe quando o santo não cruza? Sei lá. O Fogaça fica muito estranho perto dela. Eu sou a única?


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