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História Entre Medos e Temperos - Capítulo 31 - Reflexo


Escrita por: SonhosOcultos

Notas do Autor


Oie gente!

Cês viram a live hoje? Minha gente, meu crush na Paola tá violentoooooooo, vai ser perfeita assim NA PUTA QUE PARIUUUU. Aff, linda maravilhosa, tomando vinho branco e conversando sobre política... armaria, eu morro. Me chama para um vinho com conversa política pra ver se a gente não termina na... =D

Música de hoje: Tourner Dans le Vide, de Indila [ https://www.youtube.com/watch?v=vtNJMAyeP0s ]

Pessoal, estou com suspeita de Covid-19... tô isoladíssima em casa, não tiro nem o lixo de casa. Vou continuar postando os capítulos, mas se por acaso eu não aparecer, é porque não deu mesmo.

Capítulo 31 - Capítulo 31 - Reflexo


Fanfic / Fanfiction Entre Medos e Temperos - Capítulo 31 - Reflexo

Capítulo XXXI - Reflexo

 

Paola sentia suas pernas bambas, trêmulas. Estava dolorida, pulsante entre elas. Seus braços estavam pesados, o seu couro cabeludo ardendo. Olhou-se pelo reflexo do espalho e notou, surpresa, que o canto esquerdo do seu lábio inferior estava levemente marcado com um traço ferido. Do lado direito do seu pescoço havia...

...Deus do Céu...

Um chupão.

É isso, Brasil. Voltou a ser adolescente, só pode. Com a idade que tem, ela tinha que usar maquiagem para esconder um maldito chupão!

Surpresa com o impacto daquela imagem, retirou sua blusa, notando que havia outros no vale dos seus seios e até marcas de dentes no seu mamilo esquerdo. “Que hora ele me mordeu ali?! E como eu não senti isso????”. Virou parcialmente para o lado, notando suas costas arranhadas pela barba dele e só não enlouqueceu de vez quando retirou a calcinha para tomar banho, vendo sêmen entre as suas coxas, porque ela sabia que estava protegida.

“Dios mio, tá tudo doendo...”. Mordeu o lábio, impactada com a violência de quatro... quatro!... vezes.

Lembrar disso a fez corar debaixo do chuveiro, tremendo-se.

Tomou um longo banho quente, tentando fazer uma massagem no próprio corpo, mantendo-o sob a água.

Por mais absurdamente louco que tenha sido, não se arrependia. Ela sabe que faria outra vez se voltasse no tempo. Sabia o quanto desejava aquilo, de uma forma intensa.

Uma parte de si, um fundo de sua consciência, sentia-se culpada por ter se entregue tão sem freios para Fogaça, à custa da felicidade de outro homem.

Uma parte de si pensou em Jason, deixado para trás, para que pudesse viver toda essa animalidade. Era loucura, pensou: trocar um casamento maravilhoso, doce e completo... por isso.

Enxugando-se, olhou seu corpo inteiro, marcado, arranhado, mordido, dolorido.

“Você trocou nosso casamento por uma bela trepada”

Sim.

Ela se lembraria dessa frase eternamente.

Não era fácil lidar com a sensação de que, no fundo, no seu íntimo mais subterrâneo, esse descontrole, essa falta de julgamento, essa entrega completa ao seu eu mais insano...

...era isso que queria.

Brutalmente cru, sim.

E, olhando-se no espelho, vendo o quanto seu eu mais profundo se revelou, ela sabia que não ia mais... nunca mais... ser a mesma Paola. Não que não fosse autêntica antes, não que não fosse verdadeira antes. Mas a sua contenção, suas amarras, escondidas em várias camadas de câmeras de TV, redes sociais, fama, casamento, filha, passado, restaurantes, etc., etc...

Quantas vezes na vida, quantas, trabalhou como uma condenada, 14, 16 horas em um dia? Quantas vezes trabalhou de domingo a domingo, sem parar? Quantas vezes teve que lidar com chefs escrotos, que a diminuíam, que a exploravam, que a assediavam, precisando se revestir de uma carapaça mais dura, mais intensa, para se impor e se defender? Quantas vezes teve tempo, dinheiro, uma companhia, a confluência de tudo isso, num esconderijo seguro, sem julgamentos?

Ela sabia, mesmo diante da brutalidade do reflexo do espelho, que mesmo que por fora continuasse a mesma Paola Carosella das câmeras...

...não aceitaria menos.

Nunca mais.

 

Com um banho quente, roupas leves e, finalmente, o descanso, ela se sentiu um pouco melhor do turbilhão de sentimentos que havia sentido. Seu celular vibrou.

 

H: Ei... cê tá bem?  

 

Paola respirou fundo. Sorria, mas também sentia seu coração apertadinho.

 

P: Cê me quebrou, meo.

H: Arrependida...?

P: Deus me livre, não.

 

Henrique, que estava com o coração apertado até agora, relaxou um pouco. Ainda que continuasse a sensação de que havia algo estranho nela.

“Eu quero perguntar porque ela não dormiu aqui. Mas eu me sinto patético perguntando isso. Deixa de ser carente, Fogaça!”

 

H: Eu te machuquei muito? Por que, olha, a senhorita deixou um rastro...

 

Então mandou uma sequencia de fotos. Fotos das suas costas arranhadas – que mesmo sob as tatuagens dava para perceber – do seu pescoço marcado pelas mãos dela, de chupões. Céus... Paola virou um camarão, completamente afundada de vergonha.

 

P: Desculpa [Emoji envergonhado]

H: Desculpas???? Pode me arranhar, me morder e me chupar todo se quiser, argentina.

 

Paola sorriu como uma boba.

“Droga, como eu quero perguntar porque ela não dormiu aqui!!!”

Seja estratégico, Henrique. Jogue um verde.

 

H: Então... a gente vai se ver hoje?

 

Henrique encarou a tela do celular. O sol estava nascendo, e parecia que só conseguiria dormir propriamente se tirasse do seu peito essa sensação terrível que estava sentindo. Não havia nenhum motivo EXATAMENTE para se sentir assim, mas tinha sexto sentido aguçado demais.

 

P: Eu tenho que ver como as coisas estão no Arturito e ficar com Francesca. São vários dias fora.

H: Sim, claro... esqueci.

 

“Deus, é claro que ela tá certa”. Mas tinha algo errado. Ele podia sentir isso. Como se ela o estivesse evitando! Mas isso é ridículo! Ela está respondendo suas mensagens, deixe de ser doido.

 

P: Preciso dormir um pouco, tá? Vou pegar a Fran logo cedo.

H: Claro, boa noite. Beijo

P: [Emoji com beijo]

 

- Mamá!

Francesca abraçou Paola imediatamente, assim que a mãe passou pela porta. Abraçaram-se com força, enquanto a menina era rodopiada no ar.

- Te extrañé muchissimo.

- Yo también, mi amor.

Ana Paula tinha preparado um almoço para recebe-la e notou, antes mesmo que sua amiga abrisse a boca, que ela estava diferente.

Enquanto Fran correu para abrir seus presentes de viagem, as duas se juntaram na cozinha. O cheiro era bom, o que fez Paola sorrir e abrir as panelas.

- Eu vou começar perguntando por esse chupão aí, amada.

- Nossa, cê já viu isso?! Mas eu cobri tão direitinho...

Ana Paula riu.

- Fogaça, né? Pelo amor de Deus, diz que foi o Fogaça!

Paola corou, mastigou um pedaço de cenoura e a olhou com o tipo de malícia que apenas mulheres têm entre si. Ana cobriu a boca, chocada.

- AI MEU DEUS ME CONTA PAOLA, AGORA!

Arrastada para se sentar na mesa circular da cozinha, Ana rapidamente serviu uma caneca cheia de café para a amiga, sabendo que Paola não resistiria a uma conversa longa se estivesse devidamente abastecida de cafeína.

- Estou toda ouvidos. Quero saber tudo, absolutamente tudo.

- Meu Deus, Ana! – Paola gargalhou – Cê tá parecendo uma fã!

- De vocês? EU SOU FÃZONA NUMERO UM, amada! Eu tô de camarote nessa história!!!!

Paola riu, sentindo seu rosto corar completamente, escondendo-se por trás de um gole de café. Trocaram um olhar intenso e as duas começaram a gargalhar.

- Menina, eu tô sentindo a vibe. Foi bom né? Eu consigo ver nos seus olhos que foi bom.

- Cê não imagina... foi... incrível.

Ana parecia uma criança que acabou de abrir uma surpresa e era seu presente de natal mais aguardado. Vibrava na cadeira, sorrindo e dando palmas.

- AI MEU DEUS, EU TÔ EM ÊXTASE. E aí??????

Paola lhe contou algumas coisas. Ela não gostava muito de comentar detalhes específicos, mas quanto mais ia lembrando, mais ia se envergonhando e tossindo. Ana não era menos enfática, o que tornava cada frase um motivo para gargalhadas.

Gustavo, que estava trabalhando na varanda, até desistiu de ir cumprimenta-la, deixando as duas à sós.

- NÃO ACREDITO. Você fugiu?!

E então Paola ficou séria, constrangida, olhando para o café fixamente.

- Não entendi, Paola. Você não disse que foi perfeito, maravilhoso...?

- Foi. Muito. Absurdamente bom.

- Então...?

Paola se levantou, massageando a testa.

- Eu acabei de deixar um homem destruído para trás – o sorriso de Ana foi morrendo – E me doeu muito, Ana. Não tô preparada para um relacionamento, entende? Eu não tô. Não quero começar algo sério com Henrique... eu tô maluca? Eu literalmente acabei um casamento, um casamento incrível, com uma pessoa incrível... por sexo. E ainda me parece muito esquisito deixar um homem que amei para trás, e cair de cabeça numa coisa incerta assim.

- Ah, vai, Fogaça não é só sexo, querida, me desculpe...

- No momento? Sim, é. Um sexo maravilhoso, incrível, viciante... mas, sexo. Sim. É nisso que estamos. Diz para mim que eu não tô maluca.

- Hã...

- Eu estou livre. Eu quero poder curtir isso. Eu quero viver intensamente esse desejo insano que eu tenho por ele, mas eu não tô pronta para um relacionamento. Principalmente um com Fogaça!

Ana soltou um muxoxo.

- Mas meu sonho farosella estava tão perto... tão... tão...

- Sonho o que?

- Nada esquece – Ana respirou fundo – Imagino que esteja pensando na Fran, e também no programa...

- Exatamente! AH, OBRIGADA, EU NO ESTOU LOUCA! Amiga, Fran tem um pai que... cê sabe. E ela tinha uma boa relação com Jason. Ela já está criando expectativas com Fogaça! E se der errado de novo?! Eu no posso fazer o mesmo erro de novo. E tem o programa... olha como estamos, num hiato, por que? Por nossa causa. Todo mundo parou por nossa causa. E se der errado entre nós, como a gente vai continuar no programa? E se...

- Paola, respira.

Ela estava tremendo.

- Vai devagar, então.

- Aí é que está o problema: no consigo ir devagar com Fogaça! Se tem uma coisa que eu sou incapaz de ser é devagar com ele.

Ana escondeu um sorriso.

- Cê tá rindo do que, meo? O papo é sério!!!

- Eu tô rindo porque é engraçado você falar essas coisas com um chupão enorme no pescoço, sua safada – Ana gargalhou.

Sem conseguir se controlar de vergonha, Paola gargalhou também, misturado com o nervoso daquela conversa.

- Fora que... – Paola tentou completar seu raciocínio com a barriga doendo de tanto rir - ...eu me senti muito envergonhada, Ana. Por Deus, eu no conseguia olhar para ele sem querer enfiar minha cabeça no travesseiro.

- SAFADAAAAAAAAAAAAAAA.

Paola cobriu o rosto, rindo completamente vermelha. Ana deu vários golpes com o pano de prato no braço da amiga, sentindo-se verdadeiramente feliz em vê-la assim.

- Ficou com vergonha porque você foi uma devassa sem freio com ele, e gostou. E não consegue dizer para ele que quer usá-lo como seu brinquedinho particular e secreto.

- Jesus, Ana, no é asi...

As duas se olharam, caindo em mais uma crise de gargalhada. Depois que Paola quase morre sem ar de tanto rir, seu telefone toca e fica surpresa ao ver o nome de Fernanda.

- Fê?

- Ei, Paola... por acaso do imbecil do Henrique te avisou que ele tá no hospital?

- O que...? NO. Qué pasó?

Ana parou de rir imediatamente ao ver a expressão da amiga ficar branca como papel. Imediatamente se sentiu tensa, observando-a terminar a ligação.

- Meu Deus, Ana, eu acho que matei o Fogaça.

 

Henrique sentiu até o topo da sua careca avermelhar quando o médico responsável pela sua cirurgia lhe mostrou o Raio-X com um rompimento interno dos pontos.

- Teremos que abrir, novamente, e fechar isso aqui – então o doutor o olhou intensamente – Por acaso fez algum esforço?

“Caralho, alguém me tira daqui, eu vou morrer de vergonha”

O doutor, ao perceber o enorme constrangimento do seu paciente, olhou-o com um misto de: eu quero rir desse idiota que quase morre para ter sexo.

Se bem que fazer sexo com aquela chef deve vale a pena...

- Eu... hã...

- Não precisa falar. Imagino – então suspirou fundo – Criatura, você só tem 12 dias de operação. Quer morrer?!

Henrique afundou.

- Para sua sorte, não é nenhuma coisa grave. Dá para fechar por videolaparoscopia, você fica aqui hoje e sai amanhã. Mas, pelo amor de Deus, não faça nada que sobrecarregue seu abdômen!

- Sim, senhor...

O médico, então, deu uma risada.

- Valeu a pena, pelo menos?

- Honestamente, doutor, nem que rompesse tudo...

- Okay, okay... – continuou rindo ao assinar o despacho para a reserva da sala de cirurgia.

- As gravações do programa voltam daqui a três dias. Tem algum problema?

- Não. Desde que fique sentado, não faça muito esforço, tudo vai correr bem – então o olhou fuzilando – SEM SEXO, HENRIQUE FOGAÇA. Ou eu vou interna-lo obrigatoriamente aqui até que se passem os 15 dias de recuperação que você AINDA tem. Está entendido?

Fogaça engoliu seco, confirmando.

 

A enfermeira Maria, que repassava junto ao doutor o pós-operatório do paciente na enfermaria, foi a primeira a notar a chef famosa sair do elevador. Obviamente, todo mundo era profissional suficiente para não fazer comentários, mas o olhar que a enfermeira trocou com o médico foi tão cúmplice que os dois desviaram na mesma hora.

- Hola – Paola chegou constrangida, usando uma camisa de gola alta preta – Boa noite, doutor. Boa noite, Maria.

- Boa noite, senhora.

- Qué pasó? Como ele está, doutor?

- Descansando.

Nem o médico conseguiu evitar ficar um pouco vermelho ao pensar “eu entendo o homem, que mulher linda...”.

- Ele está bem?

- Sim, está. Foi um procedimento simples, não durou nem 20 minutos. Mas precisa ficar em observação, é padrão.

Paola suspirou visivelmente.

- Posso vê-lo?

- Pode. Mas ele precisa ficar sozinho essa noite, tudo bem? Só irei permitir alguns minutos.

Enfermeira Maria precisou fingir que estava preparando uma injeção, porque a expressão de vergonha que viu em Paola deu vontade de rir.

- Claro, senhor.

- Pode ir, quarto 403.

Sentindo-se imediatamente vermelha, Paola pediu licença, indo ao quarto, mas completamente envergonhada porque ela sabia que eles...

“Dios, que vergonha...”

 

- Ei...

Fogaça largou o celular, surpreso de vê-la abrir a porta. Foi invadido imediatamente pelo seu cheiro, como sempre. Mas, dessa vez, era uma expressão corada e levemente constrangida que acompanhava o cacau com hortelã.

“Como que aquele furacão ontem conseguia se tornar uma mulher tão tímida assim?”

Quem vê, pensa... cogitou Henrique. Havia uma certa satisfação em ter uma Paola diferente na intimidade, como se fosse um segredo seu.

Buscou em seus olhos qualquer tipo de impressão que pudesse acabar com a agonia que sentia rememorando o tempo inteiro que ela preferiu não dormir com ele.

- Desculpa, Henrique...

Paola se aproximou da cama, segurando sua mão com carinho.

- Cê também levou um esporro do médico?

- No – riu – Mas ele me proibiu de dormir aqui.

“Será possível que ela só quer dormir do meu lado se for na porra de um hospital?”

- Ele quer evitar que o paciente morra por estupidez – disse Fogaça, tirando onda da própria desgraça.

Paola gargalhou, e ele também, mas acabou sentindo dor. Quando se olharam, percebendo toda a faísca que sentiam, o ar de Paola desapareceu. Só de olhar para ele, só isso, já lhe dava um calor...

- A gente deveria ter esperado mais – comentou ela.

- Esperar mais? Cê é loko... – Paola sorriu, mas ele percebeu uma leve esquiva quando tentou tocar seu rosto.

“É muito estranho” Henrique se perguntou “O quanto ela consegue ser provocativa por um celular, mas extremamente tímida na minha frente. Que porra...”

- Paola.

- Hum?

- Foi bom, não foi? – perguntou com toda sua insegurança gritando – Eu não estou ficando louco, né? Foi bom pra caralho.

A expectativa... MEU DEUS.

O que ela ia dizer?

“Por favor, diga que foi bom pra caralho, diga que foi bom pra caralho...”

- Si. Muito bom... – ah..................... ele se derreteu. O jeitinho com que seu olhar amoleceu, caindo sobre ele, sua boca sorriu com leveza.

Sentiu seu coração se aquecer de leve.

Segurou sua mão mais intensamente.

- Cê acredita que eu estou proibido de repetir a dose por 15 dias?

- QUINCE?!

- Sim – ele foi enfático – Quinze.

Ver a expressão dela de sofrimento foi uma mistura de várias sensações, quase todas boas:

Primeiro, de saber que ele não era o único tarado pervertido ali.

Segundo, a confirmação de que SIM FOI BOM PRA PORRA.

Terceiro, que ela queria mais, assim como ele.

Quarto, que seria sofrido para os dois.

E sexto... a sua Paola, a que ele conheceu ontem, transparecia naquele olhar sofrido.

- Hum... pelo menos... a gente pode assistir todas as temporadas de Outlander juntos, que nem naquele dia.

É isso.

Mesmo que ela lhe desse a confirmação de que queria tanto quanto ele, mesmo tudo se encaixando perfeitamente, ele só queria jogar para ver se ela confirmaria.

Uma pergunta simples, mas cheia de segunda intenção.

E seu coração afundou quando ela soltou sua mão, nervosa.

- Eu no sé, Henrique.

Pronto.

Puxou ar, completamente, sabendo que seu instinto, que estava gritando por dentro, não era loucura da sua cabeça.

- O que é que tá acontecendo? – porra, ele odiava se sentir tão inseguro assim – Eu tô interpretando tudo errado?

Paola mordeu o lábio, e só então ele percebeu um leve corte na lateral e sentiu vergonha de si mesmo.

- Foi ruim? Cê não gostou? Não quer repetir? Não quer...

- Pelo amor de Deos, Fogaça! É claro que foi ótimo e eu quero fazer muitas otras veces!!! – disse enfaticamente – Eu só... ai no sé como decir eso...

Henrique parecia ter travado.

O que porra ia sair da boca dela?!

Ele já foi rejeitado tantas vezes por essa mulher que virou trauma. “Por Deus, que ela não diga que quer acabar. Que não diga que se arrependeu. Que não diga que vai voltar para Jason... pelo amor de Deus, não, não, não, não, não...”

Mesmo que já tenham transado mais de uma vez.

Mesmo que já tenham dormido nesse hospital colados.

Mesmo que já tenham passado madrugadas em conversas beeeeeemmmm sensuais...

Parecia que Paola tinha estado mais conectada com ele com um oceano de distância do que agora, ali, na sua frente.

- Paola? Fala logo. Eu já tô ficando nervoso...

- Eu no quero ter um relacionamento – disse, de uma vez.

Henrique ficou, por alguns segundos, paralisado. Só depois raciocinou aquela frase, mastigando-a palavra por palavra.

- Eu... quero continuar transando... – e a face de Paola foi ficando cada vez mais vermelha só em falar essa palavra - ...com você, mas...

- Mas não quer nada sério.

Paola ficou parada, sentindo seu coração dar galopadas. A frase saiu da boca de Henrique com um leve tom indignado.

- Eu quero que a gente vá se curtindo, quero...

- Resumindo: você quer um Tinder fixo.

- Tinder...?

Ele revirou os olhos.

- Você quer uma trepada fixa, Paola. Quer me ligar e a gente transa. É isso.

- Pero que...

- Eu sou ótimo para te comer, mas nada além disso?!

- Eu NO falei nada disso! No coloca palabras na mia boca!

- Pois é o que parece!

- Por que cê tá falando asi...?

- POR QUE... – Henrique sentiu uma vibração de raiva lhe percorrer o corpo de uma maneira tão rápida que se assustou, assustando a ela também, que se retesou - ...Cê tá falando sério, porra?! Sério, Paola?!

- Eu no entendo porque cê tá reagindo asi! Somos dos adultos, que se desejam y querem ter más!

MUITO MAIS. MUITO, pensou ele.

- Porra, eu sou muito idiota mesmo...

- Juro que no estou entendendo sua reação, Henrique!

- Não?! Por que eu...

“O que caralho você ia dizer agora, Henrique Fogaça?”

Assustado com o que ele próprio quase disse, calou-se. Nem com a porra isso ia sair da sua boca, não. Tenha um pouco de amor próprio, homem.

- Cê acha mesmo que o problema é quantas vezes eu e você vamos transar ou como vamos transar, ou como você quer que eu te coma?! Meu Deus, Paola. Mas eu achei que a gente tinha mais que só sexo.

- É claro que temos mais que sexo. Mas no é o momento para um relacionamento!

- O que dormir do meu lado tem de tão absurdo assim? Já dormimos juntos numa cama como essa, e não foi um problema.

Paola cobriu o rosto, respirando fundo.

- Henrique, eu acabé de abandonar Jason. Eu o destrocei por dentro. Eu acabé um casamento e corri para você! Acha que isso é poco?

Fogaça cruzou os braços, indignado, PUTO, fechando a cara. Mas ouvir aquelas palavras o arrepiaram inteiro. Como ia contestar isso?

- Eu NO to pronta para um relacionamento, CARAMBA! E no sé quando, no sé si estarei. Eu te desejo, muito. Muito mesmo, más quero poder deixar as cosas casuais! Tenho que ter um mínimo de respeito por Jason, tenho que pensar na mia filha, temos que pensar no MasterChef, caso no se lembre!

“Porra, eu sabia. Eu sabia que essa sensação gritante no meu peito não era em vão”

Henrique se sentia usado.

Usado como um objeto.

Não que ela o tratasse assim, mas... Porra.

- Henrique... – quando Paola tentou segurar sua mão de volta, foi ele quem a puxou - ...meu Deos, eu no estou te rejeitando, homem!

- Fala, então. Fala com todas as palavras o que cê quer mesmo, argentina. Sem frescura, sem filtro. O que você quer de mim?

Paola se arrepiou, engoliu seco, mas o encarou com toda a segurança que ela achava que tinha. Tremia-se.

- Eu quero transar com você, Henrique. Muitas vezes. Todas as vezes que a gente quiser. Mas, por enquanto, és eso. Por favor, me entende... por favor. Por favor.

Henrique trincou o maxilar, chateado. Ao menos ela foi brutalmente sincera, já era um começo. Paola o olhava com expectativa, com medo.

- É só sexo? Você só quer sexo, Paola?

- No fala asi...

- Se é só sexo, não devemos satisfações, não temos amarras, não temos nada além disso, correto?

Paola sentiu sua espinha gelar, sentindo um profundo arrependimento começar a se formar. Fogaça estava nitidamente magoado.

- Henrique.

- Ótimo – ele inspirou fundo, irritado – Mais uma coisa: nem que você implore, nem que a gente esteja maluco um pelo outro, eu juro, Paola, a gente só vai transar de novo quando você admitir.

- Admitir o que?

Ele apenas a encarou, desafiando-a. Paola estremeceu, completamente. Mas antes que ele lhe desse qualquer resposta, a enfermeira Maria os interrompeu.

- Sinto muito, Dona Paola... mas a senhora tem que ir.


Notas Finais


Minha gente, eu imaginando a cara do Fogaça todo xoxo na frente do médico me fazia rir, e isso só fazia minha cabeça querer estourar de dor, mas valeu a pena kkkkkkkkkkkkkkkk


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