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História Entre Medos e Temperos - Capítulo 9 - Far away


Escrita por: SonhosOcultos

Notas do Autor


Olá amores,

A imagem abaixo foi um print que tirei na quarta-feira. Nossa Paola não estava bem, e o que mais dói é saber que para ela falar isso numa rede social é porque não tava bem mesmo. Não estou assistindo essa 7ª temporada por enquanto, mas depois desse comentário fui ver apenas alguns relances, realmente ela não estava bem. E o danado é que eu já tinha o planejamento desse capítulo, desse mesmo jeitinho, acho que por isso me impactou tanto.
Enfim...
Boa leitura!

Capítulo 9 - Capítulo 9 - Far away


Fanfic / Fanfiction Entre Medos e Temperos - Capítulo 9 - Far away

Capítulo IX – Far away

 

- E aí, vamo?

- Tchau, meninas – Clara se levantou prontamente – A gente se vê na segunda.

Ao dar beijos nas suas amigas de despedida, Raíssa sussurrou “Sua safada, aproveita” e Manuela completou “Vai jantar bem, hein?” o que fez a garota corar e correr para o lado de Fogaça.

Em sua moto, Clara aproveitou para apertá-lo pela cintura até um Food Park que ficava a menos de 20min.

- Comida ogra de rua – disse ele – Tá afim?

- Já é.

Enquanto pediam sanduíches artesanais do lado de fora de um food truck, Clara se perguntava se ele havia ouvido parte daquela conversa. Seria extremamente constrangedor. Observando-o com o canto do olho, Henrique parecia tranquilo. Mas sua calma não durou muito.

- Que que cês tavam comentando da Paola? – disse ele dando uma mordida.

Clara sentiu seu coração parar.

- Ah... da prova de hoje. Que foi difícil.

- É. A comida da Paola só parece simples. Delicadinha demais. Eu bruto desse jeito gosto disso aqui.

- Hum. Eu... posso fazer uma pergunta?

Quando as pessoas começavam a falar assim, Henrique já sentia os pelos dos braços arrepiarem. Imediatamente seu desejo de comer aquele sanduíche caiu pela metade. Olhou-a com um pequeno traço de irritação.

- Faz. Mas eu já sei o que é.

- Sabe?

- A resposta é ‘não’. Tá satisfeita?

- Só tem eu e você aqui, não precisa ficar na defensiva. Pode me falar, sem grilo. Já rolou algo entre vocês? Não agora, eu sei, mas, sei lá, antes.

Henrique jogou o resto do sanduíche no prato, claramente irritado e bufando.

- Por que caralho vocês colocam na cabeça que eu e a Paola tivemos um caso? Porra! Cês viajam.

- Calma, tá? Perguntar não ofende.

- Você tem noção de quantas vezes eu respondi isso? Eu já perdi as contas!

- Tá bom, tá bom. Não tá mais aqui quem falou. Mas que é estranho você ficar todo bravo assim é.

- Por que eu não ficaria, caralho? Eu tô aqui com você, não tô? Pronto, fim de papo.

Clara não se sentiu muito satisfeita. Com seu instinto feminino extremamente aguçado, queria só testar uma teoria.

- Eu menti.

- Tá falando do que?

- A gente não tava falando da prova. A gente tava falando da Paola porque ela ouviu a gente no vestiário, falando de você.

Fogaça a olhou sem entender.

- Hã? Que porra é essa?

- Meninas conversam, tá? Sobre os caras. É normal. Igual aos homens. E eu tava conversando com as meninas sobre... a gente – disse já se preparando para a reação dele – E eu não sabia que ela estava lá, numa das cabines. Ela escutou tudo. E foi super constrangedor. Só isso.

- Ela escutou o que...?

“Ele parece interessado” pensou Clara.

- Hã... – ela corou - ...o que eu falei.

- E o que você falou?

- Ah, Fogaça! O que poderia ser? Coisas íntimas, ué. Ai, vamo parar essa conversa. Já tá trash demais.

Ela esperava uma reação irritada, fechada. Mas estranhou ao ver Henrique ficar vermelho, desde a base do pescoço até a metade das bochechas. Calado, ele fechou os olhos e passou a mão no rosto, como se tentasse lavar a vergonha que sentia.

“É por isso que ela tava puta comigo” pensou.

“Ah merda, essas coisas só pioram”

- Mas se você diz que não tem nada entre vocês, é porque não tem, certo? Então, vamos curtir o resto da noite.

- Clara, eu vou te deixar em casa.

- O que?! Como...

- Não vai rolar – ele disse se levantando – Vem, eu vou te deixar em casa.

Clara o olhou incrédula.

 

No sábado pela manhã, Paola deu um beijo de despedida em Fran, que ficaria com os avós pelo final de semana. Sozinha com Jason em casa, aproveitaram para gravar um episódio especial do Nossa Cozinha, pois se sentia inspirada pelos temperos da Amazônia.

Enquanto Jason organizava a parte tecnológica, montando o tripé da câmera e posicionando os refletores atrás dele, observou sua esposa.

Concentrada.

Extremamente concentrada.

- Love? – Paola saiu do seu devaneio – Já está tudo pronto.

- Só estou terminando o mise en place. Já, já começamos.

Ele sempre gostou dessa cena. De Paola focada na cozinha, seus dedos deslizando pelos alimentos como se fossem um baú de ouro. Adorava sua postura relaxada do sábado de manhã, a forma como se vestia com folga, o avental batido, os cabelos presos. A leveza e precisão dos seus movimentos, o sorriso que formava as barroquinhas das bochechas, a forma como ela o olhava por cima dos temperos e ele a capturava pela câmera.

Mas não era assim que ele a via naquele sábado.

Paola parecia desconectada.

Dispersa e pensativa. Observou-a, em silêncio, encarar as cebolas por alguns segundos. Amava-a. Muito. Um amor maduro e paciente. Esperou-a despertar, até que sorrisse para ele e desse okay para a gravação.

Quando terminaram e uma bela e saborosa refeição estava pronta para os dois, aproximou-se dela para abraça-la por trás, depositando um beijo no seu pescoço.

Para sua surpresa, ela se virou, buscando sua boca na sua. Enquanto Paola segurava seu rosto com carinho, intensificou o beijo, demonstrando uma urgência. Ao sentir as mãos dela descerem para os botões da sua camisa, descolou sua boca da dela, sentindo-a ofegante.

- A comida, love, vai esfriar.

- Não tem problema...

Paola investiu, agoniada, querendo tirar-lhe aquela camisa logo. Voltou a beijá-lo, busca-lo, descendo suas mãos e o imprensando contra a bancada.

- Querida, aqui? Vamos... – ela confirmou com a cabeça, voltando a investir, mas ver aquele nível de desespero nela, ao invés de excitá-lo, só o deixou preocupado - ...Paola, vamos almoçar, ok?

Frustrada, ela não demonstrou como aquilo a deixou triste. Afastou-se dele, fugindo seu olhar, mexendo a comida na panela e, discretamente, passando o polegar nos lábios.

De uma forma grotesca, ela se sentiu suja. Ainda que em nenhum momento ele tivesse dito nada, sentiu vergonha de si mesma.

- O que está acontecendo, Paola?

- Como así? No pasa nada. Vamos comer.

Ele interrompeu o movimento da sua mão na panela.

- Por favor, me conta.

- Ya disse que no hay nada. A comida vai esfriar, você mesmo disse. Então vamos.

Ao vê-la dar as costas, escolhendo a louça, Jason respirou fundo. Podia senti-la diferente, podia sentir a ponto de tocar no ar.

- É o Henrique?

Paola imediatamente sentiu-se congelar, tremendo. Virou-se para ele com a maior de todas as indignações, sentindo sua face corar até o último centímetro de pele. Sua garganta secou, seu coração deu um pulo e tudo o que ela podia pensar era como essas palavras saíram da boca dele.

- Henrique?!

- Sim – disse ele com calma – É uma pergunta honesta. Eu tenho te notado diferente, Darling.

- Eu não sou esse tipo de mulher, Jason! – rugiu exasperada – O que acha que eu sou?!

- Tá bom. Não vou entrar nessa discussão.

Ao vê-lo se afastar para guardar os equipamentos, não imaginava que uma Paola furiosa o seguisse.

- No. Não vai fugir de novo. Mirame – ele o fez – No creo que vamos voltar a essa discussão. No creo!

- Eu acredito em você, querida.

- O que...?

- Eu acredito que não me traiu. Eu sei que não.

Paola sentiu sua raiva ceder imediatamente, sendo substituído por uma confusão de sensações conflitantes.

- Entonces...?

- Honestly, talvez a traição não doeria tanto.

- No haces sentido algum, Jason – sentia-se tremer – Eu te amo. Você. Eu já não aguento mais isso.

Ele apenas acariciou seu rosto e beijou seus lábios.

- Vamos almoçar, ok?

 

Durante as gravações da segunda-feira, Henrique notou com o canto do olho o quanto Paola parecia triste. Ali, os três em pé na frente, ela parecia aérea, fitando o chão com o olhar perdido. Nem mesmo as estabanadas de Igor a fizeram rir, como se estivesse em outra sintonia, que não aquela.

- Ô Pôla – cutucou-a Jacquin, enquanto as câmeras focavam os participantes durante a prova – Cê tá bem, amigue?

- Si. No pasa nada.

Ana, um pouco mais distante, mirou-a com dó. Era nítido, claro como água, que Paola não estava bem naquele dia.

Enquanto faziam a prova, Clara, Raíssa e Manuela se entreolhavam ao tempo inteiro. O pensamento era único, ainda que não verbalizassem. Quando foi a vez de Paola filmar entre as bancadas, até mesmo alguns participantes mais distantes de todo o drama percebiam as olheiras e a voz mais fraca.

Mas foi quando ela parou diante da banca de Clara que até mesmo o último participante da última bancada passou a fazer mais silêncio.

- Oi. Qué que cê vai fazer?

- Oi, Chef. Hã... eu vou selar a carne, deixar descansar no forno. Então vou preparar uma farofa de pão amanhecido com castanhas, tomates confit e uma salada fresca, que eu acho que fica bem para acompanhar.

- Ótimo. Qual o ponto da carne que cê vai servir?

- Ao ponto, Chef.

- Hum.

Paola apenas afirmou, como se estivesse pensando em outra coisa. Nada, nenhuma provocação, nenhum comentário, passando diretamente para o próximo.

“Ela tá parecendo um robô” pensou. Então seu olhar foi para Henrique, lá na frente, mas ele apenas olhava pela tela lateral como andavam as preparações.

Quando a prova terminou, subiram ao mezanino as três meninas, Igor e Caroline. Enquanto os outros participavam da prova de eliminação – preparar carne de avestruz – observavam o quarteto lá na frente.

- Ai gente, a Paola tá emitindo uma energia... – comentou Caroline - ...parece que ela nem tá aqui.

- O Henrique também – disse Raíssa, virando-se para Clara – Tá sabendo de alguma coisa, Clara?

- Não.

- Vixe. Que resposta é essa? Até sexta-feira você tava suspirando...

- Não quero falar disso, Manu. Além do mais, cês tão lembrado que tudo aqui é gravado, né? Então calem a porra da boca.

Impressionados com o mau-humor da menina, todo o mezanino se calou. Aquela foi uma das provas mais silenciosas de toda a temporada.

 

Henrique interpretava o silêncio e a frieza de Paola naquele dia como um sinal de que estava o evitando. E também, pudera. Havia razões para isso. Razões bem constrangedoras. Estava decidido a respeitar seu espaço e seu distanciamento, ainda que fosse muito doloroso para ele, de certa forma.

Não foi uma boa ideia se relacionar com uma das participantes, ainda que fosse somente para curtir. Entendia como isso a afetava diretamente, por causa de todas as fofocas e cochichos envolvidos.

Então, era isso. Ela estava incomodada com a situação.

Ele respeitava isso.

Na sociedade machista em que vivemos, todas as culpas, todas as perguntas, todos os dramas recaem sobre as mulheres. Por que Henrique e Jacquin não são tão analisados assim? Com a lupa tão perto?

Ainda que fosse a vida dele, respingava nela. Sabia que isso era injusto. E de todas as pessoas no mundo – com exceção dos seus filhos – Paola era uma das que tinha maior respeito e consideração.

Mesmo que tivesse ficado duro.

Só de lembrar morria de vergonha.

Fechou seu camarim, colocou sua jaqueta e estava a caminho da sua moto quando passou por sua porta. Tinha tanta coisa que queria falar, tanta. Parou ali, indeciso se valia a pena bater e dizer que estava tudo acabado com Clara. Mas para quê diria?

Então, para sua surpresa, ela abriu.

E seu coração se contorceu.

- Henrique, que susto.

Ele não disse nada, porque vê-la chorando não era algo que estava preparado naquele momento. Paola limpou suas lágrimas, mas seu nariz vermelho, seus olhos encharcados, tiraram-no do eixo.

- Tá tudo bem?

- Si – disse engasgada.

Entretanto, o “sim” saiu engasgado, estrangulado, quase em dor. Henrique poderia ser um bad boy hardcore, mas era uma manteiga derretida. Para Paola, vê-lo ali, de surpresa, desencadeou uma reação que não esperava.

A surpresa, seguida da percepção de que era Henrique ali, seguido de culpa – profunda culpa – vergonha, cansaço, memórias, dores, toda aquela panela de pressão que ela sabia guardar tão bem. Ver seu olhar carinhoso, atencioso, só a fez liberar mais lágrimas e seu choro se transformou um soluço que ela tentou engolir.

Mal se cabendo de angústia, ele a trouxe para um abraço. Sentiu sua face molhada se esconder contra seu pescoço e o soluço contido invadiu seu ouvido. Ele se sentiu partir, como se a dor dela fosse também a sua. Apertou-a, enquanto ela escondia o rosto nas próprias mãos, tentando conter a avalanche que havia estancado por semanas.

Ali, nos braços dele, quentes e apertados, sentiu-se protegida e querida. Como podia perder o controle de si mesma daquela forma?

- Ei, argentina, shhh. Calma, calma – ele buscou sua face, segurando-a entre suas mãos tatuadas – O que foi? Hum? Me diz.

Mesmo que ela tentasse, não saia. Sentir os polegares dele limpando suas lágrimas, tentando confortá-la, enquanto ela só conseguia colocar para fora, não a permitia falar.

Ela podia senti-lo tão perto, ali, diante da sua face. Seu corpo não respondia, não destravava. Estava tão saturada de tudo!

Percebendo que Paola não lhe diria, nem conseguiria dizer, puxou-a para um abraço forte, um que ela não conseguiria sair, porque parecia que precisava disso. Por ele, entraria naquele camarim e fecharia aquela maldita porta.

- Mamá!

Eles desfizeram o abraço como um choque de mil volts. Sem acreditar, Paola olhou para baixo, vendo Fran abraçando-a pela cintura. E aquilo só podia significar uma coisa.

Henrique sentia-se mortificado, principalmente pela expressão de absoluto pânico que enxergou nela. Sua face virou para o lado, engolindo seco.

- Viemos te buscar para jantar, querida.


Notas Finais


Eu sei que dói esses capítulos e a nossa ânsia é vê-los juntos logo, mas como minha proposta tem sido desde o começo tentar algo mais real, mais verossímil, não posso pular etapas. Eu acho que assim as coisas aconteceriam na vida real, e é como eu acho que eles enfrentariam o problema. Estou tentando ser mais fiel à personalidade deles e ao que eles já passaram/passam.
Tenha calma, tudo na vida é uma questão de saber dar permissão a si mesmo. Nossas maiores batalhas acontecem nas nossas mentes.
Prometo que próximo capítulo vai aquecer nossos coraçõezinhos! Será que alguém advinha o que vai acontecer?


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