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História Entre o pecado e a inocência, Na Jaemin e Lee Jeno - Colateral


Escrita por: jaempearl

Notas do Autor


╰┈➤ SEJAM BEM VINDOS.
☄. *. ⋆ Boa Leitura.

Capítulo 8 - Colateral


Fanfic / Fanfiction Entre o pecado e a inocência, Na Jaemin e Lee Jeno - Colateral

Existe uma diferença entre ações racionais e irracionais, movidas por emoções ou não, possuíam efeitos colaterais. Para Lee Eunhye, sofrer uma ressaca tão forte a deixou um tantinho doente. Para Na Jaemin, a sensação de que um pedaço de sua mente foi repartido naquela noite pairava. Já, para o pobre Lee Jeno, esse que possuía cada pequena memória, restava fingir que nada havia ocorrido, muito menos uma depravação envolvendo os três.

O vapor pairava no ambiente, gotículas de suor impregnavam em sua pele. O cheiro de comida apetitosa despertava fome. Por vezes, o barulho da barriga do baixista roncando despertava atenção. Vislumbrava pelo reflexo no corredor, Na Jaemin encontrava-se um tanto irritadiço. Habituado a cozinhar para os amigos — sua única tarefa já que Jeno lavava a louça enquanto Eunhye realizava as compras e organizava cada pedacinho da cozinha. 

Durante aquela escaldante, quente e úmida tarde de domingo, o guitarrista não poderia estar mais irado. Queria esmurrar os ingredientes, tendo de controlar-se para não causar um acidente terrível ou colocar fogo devido sua raiva descomunal. Quem sabe, fosse a notícia de que sua mãe teria retornado para Coreia do Sul, pior ainda, acompanhada de seu padrasto e o enteado.

Jaemin estava aos nervos. Ter despertado da ressaca na turbulenta festinha — da qual devo ressaltar não recordar de nada além de sua conversinha nada amigável com Hendery — fora somente o começo das tragédias sofridas. Pelo menos, ao seu ver. 

Porra, ele não aguentaria — não se estivesse rangendo os dentes só com o pensamento de sentar-se no mesmo cômodo que sua mãe sem que sentisse minúsculo devido ao irmão mais novo, os motivos para isso eram....

O Na resmungou um xingamento, negando-se a alimentar as moléstias que devoravam sua mente, seria como torturar-se. Balançou a cabeça. Deixou o ar adentrar os pulmões, evitaria que se tornariam uma toxina se cessasse os mortíferos pensamentos que envolviam sobre a sensação abominável de inferioridade — diante o 'filho' de sua mãe. 

Risadas interromperam sua concentração na receita. Esforçava-se para ler corretamente as palavras em seu celular. Revirou as orbes, impaciente. Nunca importou-se de cozinhar para os melhores-amigos — até porque eram sua única verdadeira companhia de sua vida —, mas, desde a notícia, cada mísero estímulo causava uma inóspita combustão em seu interior.

— Poderiam diminuir a voz aí? Tem alguém fazendo comida para vocês comerem. Já que é tão difícil assim me ajudar. Pelo menos falem em uma língua que eu entenda — sua voz soou alterada. Do outro lado, na sala de estar, a bonequinha se encolheu devido ao quão autoritário e bravo soou. — Por Deus, até eu já devo saber as falas desse livro, sendo que nem francês eu falo.

Jeno franziu o cenho, percebendo o detalhe. Antes, a Lee exibia os dentes branquinhos em risinhos tão cativantes quanto os sinos de natal. Depois, abaixou sua cabeça, fingindo encarar o livro, meio sem graça. Pareceu até um pecado — ele achou que sim. Imaginou que a mocinha retrucaria, para sua surpresa, não foi o que ocorreu. 

Ponderou se ter fingido que nada ocorreu desde aquela festa causou algum efeito. Pois, Eunhye aparentava estar mais distraída que o normal. Ou, quem sabe fosse o baixista exagerando em seus pensamento. Puxando o ar, decidiu fazer uma gracinha, daquelas que mimavam os gostos de sua melhor-amiga. 

— Tu sais... Ma fleur... Je suis responsable d'elle ! Elle est si fragile ! Si naïf ! Elle a quatre épines de rien du tout pour la défendre du monde...

( Tu sabes...Minha flor... Eu sou responsável por ela! Ela é tão frágil! Tão ingênua! Tem quatro espinhos de nada para defendê-la do mundo...)

Remexeu-se na cadeira, aumentando o tom de voz, recitando o trecho de um dos livros favoritos de Lee Eunhye: O Pequeno Príncipe, sendo o primeiro livro a ler em seu idioma original, o que a alegrava. Perdia-se ao escutar Jeno lendo desde que eram crianças, apreciou quanto o moreno progrediu: de um toque engraçado para um charme sonoro incrível.

— Se continuarem falando em francês, não vou cozinhar para os dois — como se não fosse o bastante, o guitarrista se dirigiu a sala, após acionar o cronometro, aguardando sua receita aprontar-se no forno. Jogou-se no chão gelado, sentindo o alívio em suas costas. — Mas que porra, hoje está com um calor enorme.

— Olha a boca — olhou feio, repreendendo o melhor-amigo. Jaemin revirou as orbes, fatigado do jeitinho da moça em corrigir os desvios de vocábulo. — Se não quer que eu enfie esse garfo no seu olho, é melhor controlar essa língua na hora do almoço porque é...

— Uma hora sagrada — Jeno e Jaemin disseram, em couro, cansados de escutarem as palavrinhas de Eunhye. Desde a infância, deveriam adicionar. Jeno fechou as apostilas, com o objetivo de deixar mais permissível para quando o almoço estivesse preparado. Um tanto distraído, colocava-se a falar, sem ter ideia do quão sensível seria o tópico ao abordar:— Nem sei quantas quantas vezes fala isso. Imagino que só você saiba o valor disso, é a única pessoa que tem uma família estruturada o suficiente para almoçar, mesmo que não faça com muita frequência. 

O Na encarou o amigo, em silêncio. Jeno arrependeu-se no segundo que viu o quão envergonhada ficou a moça. Ser a única com uma família bem-estruturada fizera com que momentos que deveriam ser embaraçosos ou conflituosos tanto para o guitarrista ou baixista fossem calorosos. Sua família assumia um papel crucial, ora agindo como vizinhos cordiais, figuras presentes e até mesmo amigos dos mais novos, trocando conselhos sobre o futuro.

— Nós somos uma família...— a voz soara baixa, evocando peso nos garotos, entreolharam-se. Possuía verdade, era inegável. — Pelo menos, para mim, são.

Houveram breves segundos nos quais Jeno refletiu acerca das palavras mais do que deveria. Soava um tanto distorcido. Dizer que não eram uma família seria errado, compartilharam todas as fases desde crianças: choros que rasgavam a garganta, risadas que faziam a barriga doer, machucadinhos vindos de aprendizados de bicicletas, experiências de primeira paixão escolar até mesmo emprestavam familiares uns para os outros. 

Aí que estava, por mais que os melhores-amigos soubessem terem uma relação como se fossem da família, eram puxados para um cruel redemoinho do óbvio: os pais de Eunhye não eram os seus. 

Na Jaemin permanecia a ser o filho de um cantor alcoólatra com hábitos questionáveis, portador de uma conflituosa relação com sua mãe, essa que por sinal, o abandonou aos oito anos de idade — fora descoberto que ela o traiu e estava grávida. Para completar, parecia que a mulher vivia com um novo homem, um renomado médico que possuía um filho — de sua idade — o que lhe causou um revirar no estômago. Sentia-se substituído, inferior em diversos níveis devido a comparação que sofria com seu pai, o abandono de sua mãe e como o enteado de sua mãe aparentava ser o filho perfeito — o que estava distante de ser em seu caos.

Lee Jeno permanecia sendo um órfão, com pais mortos devido a violência urbana, sendo criado por sua madrinha — uma mulher com péssimo gosto para pretendentes —, ao menos, existia uma única pessoa de seu sangue. No entanto, não retirava o peso de sentir-se um estorvo, até porque a condição financeira de sua família não era tão abastarda quanto de seus amigos.

Sendo assim, família deveria ser um dos maiores desafios, uma das palavras proibidas em serem ditas em voz alta, com tamanha frieza. Entretanto, deveriam reconhecer, suas vidas seriam miseráveis se não se conhecessem, se não tivessem Lee Eunhye

— Entende o que nós queremos dizer, não é como se fosse...— começou Jeno, fazendo-a erguer a sobrancelha. Ela entendia, cada pequeno detalhe, mas, recusava-se a fazer com que eles afundassem-se nos pensamentos em relação a solidão. — Eu...não acho que seja a mesma coisa. Ou, que seja fácil para que entenda que é diferente para nós. De certo modo, parece que dá tanta importância para que nós...

O Na reparou no esforço que Eunhye fazia, assim como, as palavras do baixista pareciam mexer consigo, não gostou daquilo, debater o assunto naquele domingo — no qual já parecia terrível o suficiente para ele — deveria ser a última opção plausível para que mantivesse sua sanidade.

Decidiu terminar com o assunto ali, interferir antes que metessem-se em assuntos que não deveriam. Pelo menos, deveria ser o que achava. Existiam novas notícias que Eunhye não sabia, pelo menos, acerca da mudança de sua mãe. No entanto, Jeno sabia — o que o preocupava — e, aos poucos, temia que pudesse acabar sendo revelado, o que geraria uma pequena comoção.

— Se renascermos em outra vida, os três....torço para que não acabemos na mesma família. Seria terrível ter de lidar com o quão tonta você é, muito menos com as reclamações de Jeno logo de manhã — descontraído, Jaemin montou um cenário. Balançou a cabeça com a imagem. Pareceu um pesadelo. — Imagine, preferia me jogar da ponte. Iria cometer suicídio e dar um jeito de me afogar na placenta da minha mãe.

Jeno franziu o cenho, não deixou despercebido a interrupção. 

Eunhye revirou os olhos com a declaração.

— Por que está falando isso na hora do almoço? Eu estava com fome, não estou tanto mais — faria birra, mas, como se estivesse escutado suas palavras, o alerta de que o almoço estava preparado soou. 

A barriga roncou, Jaemin riu junto a Jeno, deveria ser visível o quanto estavam famintos. Levantou-se, encaminhando-se para a cozinha, junto a mocinha que o seguia. O Na tomou as luvas térmica, abrindo o fogão. O vapor e quentura pairaram no ar, o aroma apetitoso 'dava' água na boca. Com o devido cuidado, retirou a travessa de vidro, revelando o almoço.

—  Por sinal, isso daí é...— os olhinhos da moça brilharam. 

— Lasanha — respondeu ele, contendo um sorriso devido a animação de sua melhor-amiga. 

Ao mesmo tempo, a mocinha organizara a mesa. Uma toalha de mesa vermelha de galinhas — um presente ridículo dado pelo próprio — cobria a mesa de jantar. Os talheres estavam postos nos devidos lugares. A jarra tinha coloração amarelada devido ao suco de laranja, as taças harmonizavam com perfeição. Por fim, o refratário foi posicionado à mesa, como a cereja do bolo. 

— Hmmm. Está muito cheiroso, mon chéri é o melhor cozinhando — elogiou a bonequinha repartindo o pedaço no prato. Sem que percebesse, massageou o ego do melhor-amigo. Por vezes, cozinharia só pelos elogios. — Disso não tenho dúvida alguma. 

Convencido e descarado, não perdeu a oportunidade de alfinetar.

— Diz isso depois de ter comido o macarrão sem sal do Jeno — atingiu o orgulho do melhor-amigo que encarou com indignação. — Sinto muito parceiro, mas, sabe que existe um motivo para que eu cozinhe aqui.

— Foi a primeira vez dele cozinhando. Por sinal, nós deveríamos nos ajudar mais, partilhar as tarefas de um jeitinho diferente — defendeu Eunhye, servindo o suco para cada um deles. 

A mania arrancou um breve sorriso de Jaemin, os cuidados da mocinha o faziam sentir-se cuidado. Os gestos tão dotados de simplicidade estabeleciam um significado maior que qualquer ação materialista, preferia os atenciosos detalhes que formavam-os.

— Vocês vão vir na minha casa todo dia cozinhar, é? Seus pais podem passar o dia fora, assim como seu irmão mas não acho que eles vão deixar passar despercebido você passando o dia inteiro aqui em casa — livrando-se de companhia, Jaemin tratou de repelir. — Digo o mesmo sobre Jeno. 

Eles se entreolharam, trocando um breve sorriso.

— Por falar nisso, Hyuck me disse que estava conversando com Xiaojun. Também me disse que ele te chamou para sair — puxando assunto, Jeno comentou. Arrependeu-se amargamente em seguida, percebendo Jaemin retorquir sua face.

— Ele sabe que vocês namoram? — com a sobrancelha erguida, perguntou. Riu de escárnio com a confirmação. — É, eles são piores do que eu....

— Ele é um veterano? — Eunhye perguntou, hesitante. Com a confirmação, um sorriso sem graça foi exibido. — Eu não sabia. Na verdade, começamos a conversar sobre alguns livros. Ele só me convidou para ajudar a comprar um livro, tem um café livraria. Diria que não é muito fácil achar um fã de...

— Você caiu nessa? — Jaemin cortou-a, de uma vez.

Jeno não gostou, nem um pouco de como o melhor-amigo pareceu a cercar, quase intimidar. Poderiam não conhecer Xiao Dejun com perfeição — estavam longe — mas, o facto dele ser um veterano estava distante de o nomear como o novo bicho papão. Nunca o viu próximo de Hendery, e muito menos havia feito uma maldade com algum deles. O chinês cursava enfermagem e possuía um círculo de amigos relativamente pequeno, mas de modo extraordinário, a maioria situava-se nas artes.

Ei, Jaemin, não é como se...— com o intuito de abrandar, Jeno se pronunciaria mas o desgosto do melhor-amigo falou mais alto. 

— Me admira ter aceitado ela ter acatado esse convite duvidosos de um veterano, especialmente quando namora com você. Pode ser um namoro falso, mas, certamente, todos acham que é verdadeiro — as palavras foram duras o suficiente para que Eunhye deixasse de comer. 

A Lee escutara justamente o que temia. Pelo menos, seus argumentos para que não embarcasse na 'loucura' com Jeno. Pior, Jaemin possuía a mania terrível de crer que todos os rapazes que aproximavam-se dela tinham o mesmo intuito: querer a conquistar. 

— Creio que não exista nada de errado se ela quiser sair com um amigo, não é assunto meu — interrompeu Jeno, em defesa da melhor amiga. A cisma do guitarrista com os veteranos deveria ser como um ódio interminável, juntando com sua mania de a proteger. — Se ela estivesse interessada, seria bem direta quanto isso, pelo menos para nós.

O Na semicerrou o olhar. Seus talheres foram largados no prato, o ranger da prata chocando-se contra a porcelana fora agudo, agressivo. Posicionou-os como se estivesse satisfeito, não dera uma mordida sequer em sua refeição, os encarou por segundos. Diante a defesa de Jeno e a firmeza de Eunhye, conteve o deboche em sua língua. 

— Se der algum problema, não vou levantar um dedo para ajudar — arrastou a cadeira, tomando o prato em mãos. Fez questão de manter o contato visual com a melhor-amiga, de modo que poderia a fazer encolher-se. Colocando-o intacto, puxou a chave de sua moto e jaqueta, as pondo. No intuito de sair. — Aproveitem o almoço, vou sair com Somi.

Jeno franziu o cenho, pode ver que a mocinha não aguentaria, não por tanto tempo.

As mãos apertaram-se, por baixo da mesa, a toalha abarrotada revelava o quanto a bonequinha tentava ser compreensiva, mas, diferente de Jeno, não existiam condições de debater com Jaemin, não se quisesse terminar em uma discussão civilizada. Aguardaria nada menos que resmungos, encaradas mortais, farpas cruéis e a insatisfação. 

Eunhye abominava isso. Odiava como Jaemin a tratava com fragilidade, como uma boneca de porcelana, não do modo de gracejo, e sim, como se não pudesse se cuidar sozinha. Não era somente no carinhoso, não como Jeno. Detinha certeza de que não era subestimada pelo baixista, em diversos momentos, tornava-se explícito tamanha confiança em sua capacidade. 

O Na parecia convicto de que a mocinha era ingênua. Oh céus, como se fosse possível. Retorquiu seus lábios, o encarando com desdém.

— Aproveite seu namoro de uma figa — o resmungo fora escutado por Jaemin, esse que estava com a maçaneta na porta. Fora uma provocação tão azucrinante que seu ouvido latejou, não acostumado com o julgamento. Virou-se, incrédulo.

— O que disse?

— Eun, é melhor você...— o melhor amigo esforçou-se para impedir que a situação piorasse.

— Deixa ela repetir — não fora um pedido, pareceu autoritário. 

Houve uma tensão descomunal naquele cômodo. Se permaneciam em ordem devido a influência do Lee, poderiam perder a noção caso estivessem com seus interiores revirados. 

— Não me escutou? Estou falando para aproveitar seu encontro casual. Depois que voltar, não quero que vá na minha casa, hoje não estou com disposição para suprir sua necessidade de afeto. Que faça isso com sua namorada casual, se ela estiver disposta a oferecer — dissimulada, franziu o cenho, sua expressão séria, desmanchou-se em um sorriso dotado de ironia, fazendo com que retornasse sua atenção a lasanha.

Jaemin mordeu a própria língua, cerrando os punhos.

— Bom encontro, boneca. Dê bons chifres para Jeno — cuspiu as palavras, aproximou-se. Abaixando para ficar da altura da moça. — No final das contas, não diga que eu não avisei se acontecer alguma coisa. Juro que não irei me importar. Você continua sendo uma mal agradecida que não consegue por um segundo se colocar no nosso lugar.

Pode vê-lo bater a porta, com força. Sua fúria ressoou, impregnando-se nas paredes. Um tanto culpada, a mocinha abaixou sua cabeça. Em partes, questionou-se acerca das próprias intenções, de seus posicionamentos. Crer que Jeno também possuía os pensamentos a amedrontou. Se era o que Jaemin achava, lhe deixou frustrada.

— Você exagerou — houve uma brecha, um silêncio monstruoso. Jeno tinha a devida calma, a reprovando antes de fazer uma pausa. — Ele também. As coisas não vão funcionar desse jeito.

— Não sabia que Xiaojun era amigo daqueles outros veteranos, se soubesse, não teria falado com ele — deixando o ar esvair de seus pulmões, perdera o apetite. 

Jeno balançou a cabeça em negação. As manias do melhor-amigo não possuíam nenhuma utilidade, o quão neurótico sabia ser. Deveria ser um de seus maiores defeitos. Por sorte, o Lee estava ali para desconstruir aquela falsa verdade de que as loucuras de Jaemin estariam corretas á todo tempo.

— Jaemin não sabe de nada, nem eu de verdade. Xiaojun pode ser um veterano, mas nunca vi ele próximo de Hendery, Lucas ou Yangyang. Parece que ele fica próximo de outras pessoas do curso de artes — tranquilizou o baixista, voltando a comer, concedendo alívio ao ambiente. — De uma forma ou outra, nunca vi ele ser uma pessoa ruim. Assim como sei que as suas intenções não são negativas, só quer ajudar ele a comprar livros, não é?

Eunhye balançou a cabeça, confirmando.

— Fazia um bom tempo que eu não achava pessoas que tinham o mesmo gosto por livros, ele também gosta de romances sobrenaturais. É incomum conversar com fãs do mesmo gênero de livro sem ser na internet, eu fiquei animada. De qualquer jeito, ele não parecia ter segundas intenções — explicou, recordando-se da surpresa que foi ver o chinês debatendo quais seriam as características ideias de uma boa história do gênero. — Mas... sabe, o Nana...

— Não quero que se preocupe com isso, Jaemin está estressado por conta de uns motivos. Sabe como ele é, de cabeça quente, acaba descontando nas outras pessoas, o que é horrível mas o conhece — sem um pingo de hesitação, dissera. Sob o olhar da mocinha, captou que deveria revelar um pequeno detalhe. — Nós dois entramos em uma briga hoje de manhã, antes de você chegar aqui. É claro que eu fiquei estressado mas...é o jeito impulsivo dele, tenha certeza que depois que se acalmar, tudo ficará bem.

A declaração deixou-a em estado de alerta. Raras eram as vezes nas quais os via brigando, quase nunca ocorria. Eram o porto seguro um do outro, resolviam seus conflitos com o auxílio de uma conversa racional. Por vezes, ela intervia, adicionando juízo as cabecinhas daqueles rapazes mas, por via de regra, nada abandonava os conformes. 

O baque foi com a menção do pai do melhor-amigo. Temeu pelo que poderia ocorrer. Engoliu em seco. Ficar inconformada ou revoltada com o facto do moreno não ter-lhe contado seria idiotice, uma verdadeira tolice. Poderiam ser melhores-amigos, mas, não significava que o rapaz deveria revelar tudo que ocorria consigo de pé-a-cabeça. 

— O que aconteceu? É alguma coisa que nós podemos ajudar? 

O Na não queria que Eunhye soubesse, ficou bem explícito quando o moreno revelou o que estaria ocorrendo. Mentir para a menor era complicado, a ver unir as sobrancelhas, com o rostinho quebrado lhe quebrava o peito. Por mais vaidoso que o guitarrista fosse, ter a chamado de egoísta seria uma das maiores mentiras, pelo menos, para Jeno era bem explícito como eles eram parte de seu eixo, uma de suas maiores responsabilidades. 

Entretanto, não poderia dizer, não era seu assunto. Teria de respeitar a vontade de Jaemin.

— Ele não quis me contar — mentiu, incomodado. Não possuía o talento de Jaemin para mentiras ou a prática natural de Eunhye. Entretanto, deu seu melhor para que parecesse verídico quando terminou de beber sua taça de suco, prosseguindo: — Posso supor somente que tem algo haver com seu pai e também..com o sumiço do seu celular. Parece que durante a festa, ele sumiu. Tinham algumas coisas importantes, ele precisou comprar um novo e sabe como ele é estressado.

De tudo que escutou, parou de processar tudo com a menção do pai do mais novo. Sentiu um revirar no estômago, a queimação e acidez a corroer devido a culpa. Não sabia de nada, nem tinha noção do que deveria estar ocorrendo com Jaemin e seu pai.

— Com o pai dele, é? — balbuciou ela, forçando um sorriso. — Isso explica muito.

— Ma titi, olhe para mim, não faça essa carinha. Não dê ouvidos a ele. Faça o que nós dois fazemos desde pequenos, ignoramos esse surto repentino dele. Amanhã, creio que o orgulho dele se rasgue e nós vamos estar todos bem de novo — Jeno passou sua mão contra a da menor, brincando com suas mãos entrelaçadas. Deveria admitir que a suavidade e o modo com o qual enlaçavam-se surtia um efeito, desde novo sobre o moreno. Fitou as orbes castanhas, decidindo que a ajudaria, Xiaojun não deveria ser uma tragédia. — Fico animado por ter feito um novo amigo de livros. Mas, por precaução, me deixe te buscar, se acontecer alguma coisa.

Tateando parte da mão do maior, brincando com a diferença dos tamanhos, fingia estar concentrada. Enquanto, estava notoriamente refletindo, em busca de uma saída. Reprimindo-se devido o quão desagradável seu melhor-amigo poderia ser. Aos poucos, sua paranóia aliou-se aos comentários de Jaemin, crendo que poderia existia uma enrascada.

— Não sei não, chatón. Ele disse que...— desanimada, com sua voz amuada, fugiria da oportunidade quando Jeno a interrompeu.

Parecia o momento crucial para que conversasse com Jaemin, certos hábitos, por mais fixos que possam ser, precisavam ser livrados, precisavam ser deixados de lado. O apego exagerado, sentimentalismo e mania de exaltar-se, descontando suas emoções em outros, especialmente naqueles que amava — devido a sensação de controle — deveria ser uma delas.

— Eu sei o que ele disse, mas que tal me escutar também? Seu préféré — forçou um sotaque arrastado, arrancando um sorriso pequeno, o que o fez arquear a sobrancelha. — Isso foi um sorriso, senhorita Lee? Se sim, parece que temos um progresso.

Eunhye balançou a cabeça em negação, continuando a comer. Doeu ver que Jaemin não comera um único pedaço e — pior — provavelmente comeria lámen em uma loja de conveniência antes que pudesse ir  com o rabo entre as pernas para a residência dos Jeon. 

— Se quiser, nós dois podemos ir dar uma volta depois. Sabe que preciso ir na loja de música comprar umas cordas novas. Enquanto você vai na livraria, eu compro. Sabe que eu demoro bastante com essas coisas — sugeriu, conquistando totalmente a atenção de Eunhye. Poderia ser um tanto delicado quando queria. Inclinou-se na mesa, inflando suas bochechas, nem parecia o rapaz mal encarado que vestia uma jaqueta de couro preta, amedrontando seus rivais. Pareceu como um doce menino reproduzindo uma cara fofa. — Combinado?

Se a mocinha não sorrisse, não teria um coração. Derreteu-se, superando a turbulência decorrida. Encarou-o por segundos, o baixista retomou os talheres, não desperdiçaria a comida. Esperava que se tomasse a iniciativa, a melhor-amiga faria o mesmo.

— Vai me proteger, chatón? — houve a risadinha que soava agradável ao rapaz.

— Com a minha vida, titi. Embora saiba que você não precisa de proteção, dependendo o ataque, você é o verdadeiro perigo — brincou ele, a fazendo revirar as orbes. Aliviou-se ao ver que a Lee voltou a comer. — Então....o livro que você tava' falando era crepúsculo?

Eunhye encarou com indignação. Pareceu que Jeno tivesse cometido um genocídio, feito uma atrocidade, a colocado a par da mais terrível cena de tragédia da história. Nos minutos seguintes, recebeu uma introdução acerca de suas obras de horror, ficção sobrenatural e góticas favoritas. Poderia achar entediante — devido a falta de interesse no assunto — e fazer perguntas idiotas por vezes, mas pareceu o suficiente para distrair a bonequinha. 

Com uma pulguinha atrás da orelha, decidiram seguir em frente naquele dia. Embora, as palavras de Na Jaemin estivessem impregnadas em suas consciências, decidiram o ignorar. De facto, um ziguezague infinito estaria prestes a iniciar, um joguinho peculiar com a confiança daquele trio em meio aos desafios da maturidade. 

⋆·˚ ༘ *

— Podemos marcar depois, sem problemas.

O bip do celular encerrando a chamada, a fez bufar, em insatisfação. Em cima da hora, o moreno cancelou, não o julgaria — bem distante disso. Pelo que fora informada, o pai do chinês tivera uma grave queda de pressão e como Dejun era filho único, teve de ir emergencialmente. De imediato, pensou em ir até a loja de música, acharia Jeno e passaria o dia com o rapaz.

Preferiu aproveitar sozinha. Fazia um longo tempo desde que não o fazia. Enquanto estudava em sua escola anterior, gastava seu tempo visitando suas únicas amigas: Yeeun e Sohyun. Os trabalhos escolares exigiam o máximo de dedicação. Ou, acabava por ir em parques de diversão com Sungchan. Nos tempos livres, permanecia junto aos seus melhores-amigos.

Praticava francês com Jeno. Escutava as reclamações de Jaemin, implicava e se divertia. A memória do guitarrista entristeceu-a, remoendo em culpa e dúvida. O Na estaria passando por um momento difícil, somente.

Balançou as pernas na cadeira em que estava. Os raios solares beijavam suas costas, aproveitava de uma limonada no charmoso e amigável barzinho da praça do bairro em que marcaram o encontro. O frescor da bebida gélida junto aos cubinhos de gelo que emergiam a superfície a distraíram. 

— Parece que teremos que ir em outro lugar, está cheio — reconheceu a voz distante, forçou o olhar, deparando-se com ninguém menos que um peculiar grupo.

Zhong Chenle, Park Jisung, Giselle e...bom, pareceu um tanto extraordinário ninguém menos que Lee Sohyun em meio á eles. Quando seus olhares cruzaram, a moça tratou de os convidar para a própria mesa. Uma coincidência incrível deveria adicionar, mesmo confusa, achou um tanto engraçado. Entretanto, um detalhe não passou despercebido, Jisung encontrava-se desconfortável ao meio daquele lugar. Por vezes, encarava os arredores, como se estivesse em um eminente perigo. 

— Quer dizer que Giselle e Sohyun treinam juntas? — chocada, Eunhye questionou. Com o assentir das duas mocinhas, ambas trajadas com as roupas de balé pós treino, transpareceu a surpresa. — Nem mesmo sabia que Ellie também fazia balé.

— Foi uma surpresa para todos nós — Chenle comentou dando de ombros despreocupado. — Um tanto engraçado não ter reparado antes.

— Eu sempre comentei sobre a Soso. Ela é a melhor bailarina — do seu jeitinho, Giselle começou a elogiar. — Diria que mega hiper incrível, bom de goiaba.

Jisung forçou suas orbes, as espremendo. As expressões idiomáticas das suas uma hora iria acabar fritando sua cabeça por completo. Perguntava-se como Chenle não reclamava ou zombava daquilo. Restava a saída óbvia: ele realmente era apaixonado pela loirinha.

— Carambolas, bom de goiaba? Você que é sensashow, para com isso — pareceu uma língua exclusiva quando Sohyun retrucou.

— E sim, eu descobri que ela é infectada com o vírus da Ellie de falar essas gírias — revelou Chenle, ao receber o arquear de sobrancelha da namorada, como se estivesse questionando o que significava aquilo. O Zhong riu sem graça, corrigindo-se. — São gírias únicas, pelo menos você tem alguém para repetir elas com você. Nem me atreveria a embarcar nesse dicionário.

— Mas e você? O que está fazendo aqui sozinha? — Jisung perguntou. As mãozinhas batucaram, em meio a uma impaciência na mesa. Pela segunda vez, testemunhou o desconforto do mais novo, como se estivesse em uma zona de guerra. — Especialmente nesse lugar.

— Qual é o problema com o lugar? — desconfiada, não perdeu a oportunidade de questionar.

— Quem veio te atender? — Chenle arqueou a sobrancelha. 

— Isso importa?

— Esse bar restaurante é dos pais do Lucas. Eles tem franquias espalhadas pela cidade. Para piorar, escutei dizer que ele de vez em quando vem trabalhar por aqui. Justamente no ponto de encontro que costumávamos vir — explicou Jisung, levemente amedrontado. A pena sucumbiu Eunhye. O afogamento deveria ter sido terrível. — Sinto saudades de vir aqui.

Sohyun encarou com tristeza, escutou comentários sobre o incidente. Giselle cutuco o namorado, como se o incentivasse a remediar aquela atmosfera e o humor do Park.

— Já disse que não é pra' deixar de ir em lugar nenhum. Nós somos clientes aqui. Se depender de mim, fecho esse lugar só de birra. Não vai deixar de vir em um lugar que você gosta por conta daquele imbecil — recordou o chinês, sem nem mesmo hesitar. Dava-lhe nos nervos o escarcéu.

Jisung desviou o olhar, sentindo-se ridículo.

Sohyun sentiu uma pequena peninha, uma parte de seu peito afundou-se ali.

— Então Eun, o que estava fazendo aqui sozinha? É domingo, dia de andar de bicicleta, aproveitar o sol e se divertir — Sohyun quis levantar o ambiente, sorrindo como uma personagem secundária bobinha. Eunhye franziu o cenho ao perceber Jisung arquear a sobrancelha, fitando a bailarina. — Que foi? Falei alguma coisa errada?

— Não, é só que parece uma criança — zombou.

— Ora bolas! Vê se eu to' na esquina — cruzando os braços, mocinha retrucou.

Chenle os encarou, com estranheza. Como se suplicasse para que Eunhye os fizesse calar a boca e continuassem a ter uma conversa decente. 

— Ia sair com Dejun. Nós íamos naquela livraria café mas, ele cancelou. Parece que o pai dele passou mal — revelou Eunhye.

— Como um...encontro? — tentando entender, Sohyun questionou. Jisung e Chenle (ambos que sabiam da armação) arregalaram levemente os olhos enquanto Giselle franziu o cenho confusa. Com a negação, a moça arregalou as orbes.  — Ah, desculpe! Como sou boba, eu acabei esquecendo, você está namorando meu primo. Mas quem é Dejun?

— É um veterano da Instituição. Por sinal, ele é muito inteligente. É considerado veterano mas temos que concordar que ele é um calouro na universidade mas isso não tira o crédito, falam que ele é um excelente acadêmico de enfermagem — Giselle pôs-se a comentar. Enciumado Chenle franziu o cenho para a namorada que pouco ligou, continuando: —, escutei dizer que quando estava no nosso ano, ele participava do conselho estudantil devido ao seu empenho exemplar junto com outros três amigos dele. 

Eunhye surpreendeu-se. 

— Conhece ele? — indagou a mocinha, o assentir de Ellie causou um alívio. — Jaemin disse que Dejun não parecia ser boa pessoa.

Chenle revirou os olhos, como se Jaemin fosse um paspalho, roubou um tanto da limonada da Lee, antes que pronunciar-se, com certo descaso e presunção. 

— Nana diz que qualquer pessoa não é boa de acordo com as vozes da cabeça dele. Espero que o pai de Dejun fique bem, ele é maneiro. É bom que esteja se enturmando. Acho que Jaemin só deve estar preocupado — reverberou o chinês, puxando o cardápio para suas mãos. — Não dê ouvidos a certas coisas, sabe como ele é.

— Não tiraria a razão dele, eles são assustadores — resmungou Jisung. 

Giselle semicerrou o olhar. 

— Nós viemos aqui para bater papo sobre um grupo de bobinhos ou para aproveitar nosso domingo com limonadas rosas, lelê? — inflou as bochechas, na intenção de derreter o coração do namorado que franziu o cenho. — Desse jeito, Soso vai se sentir de fora. 

— Por isso que eu trouxe o Jisung — revelou o loiro, arrancando indignação de Jisung.

— Vocês voltaram a se falar? — Eunhye deixou escapulir, percebendo uma reação cômica de ambos.

Jisung e Sohyun entreolharam-se, como se comunicassem á maneira deles. 

— Sim

— Não

Eunhye não conteve sua risada com a dupla que exclamou ao mesmo tempo. A negação da mocinha arrancou a indignação de Jisung. Tanto Chenle quanto Giselle divertiam-se com os ex melhores amigos de infância que, de um modo bem peculiar reuniram-se. Sua confraternização não durou muito, recebera uma mensagem prudente de Jeno, questionando o que aconteceu. 

Rendeu-se explicando em detalhes. Recebeu um convite em seguida do próprio para que comprassem guloseimas e fizessem uma sessão de suas animações de contos de fadas prediletas em francês. O Lee rendeu-se aos caprichos da mocinha: assistir Bela e a Fera, Bela Adormecida e Cinderela em uma sequência do áudio original deveria os distrair. 

De quebra, encenariam ridiculamente para desperdiçarem seu tempo. Deveria ser o segredinho de Jeno, gostava de fingir ser um príncipe ao praticar o idioma francês. Despediu-se de seus amigos. Decidindo levar duas bebidas para a viagem, inclinou-se no balcão, segurando o celular com a direita, equilibrando-se enquanto buscava por sua carteira. 

— Duas limonadas para viagem — pediu a mocinha, focada em retirar seu cartão de crédito, passando desapercebido que o atendente possuía  a visão fixa em si.

— Escutaram? Duas limonadas — a voz masculina soou familiar, mas focou em responder Jeno, anunciando o ponto de encontro como o pequeno parque. Imaginou que o moreno estivesse de bicicleta ou a buscaria a pé, poderiam aproveitar as bebidas no caminho.

 — Tem certeza que não quer provar elas agora, Eunhye — chamarem-na por seu nome, assustou-a. Ergueu a cabeça de imediato, deparando-se com ninguém menos que Huang Yukhei, em palavras mais diretas: Lucas Wong. 

Esperava do fundo de seu coração que o rapaz não fosse incomodar seus amigos. Eles nem repararam, encontravam-se na área externa, essa que era recepcionada e atendida por diversos outros. Yukhei aparentava concentrar-se no interior. Não colocaria a mão no fogo por Xiaojun, mas, poderia afirmar que confiava bem mais no estudante de música do que em Lucas.

— Não nos conhecemos, Wong. Não chame-me pelo primeiro nome — cortou ela.

— Bem...você sabe meu nome e eu sei o seu. Vai deixar seus amigos tão cedo? — enxerido, observou-os. — Pensei em ir os recepcionar mas parece que por algum motivo, Jisung não parece se sentir muito confortável comigo.

A Lee teve de reprimir sua indignação com tamanha afronta. 

— Isso não é da sua conta — sua língua ardeu para que continuasse. 

— Pensei que fosse mais simpática. Pelo menos, parecia estar sendo com Hendery...boneca — o exímio deboche que o apelido foi dito a despertou mais uma vez confusão. 

Não havia sido somente Hendery a chama-la de tal forma. De algum modo, era como se eles estivessem brincando com alguma coisa que ela não sabia, como se estivessem zombando de sua inocência.

— Pedi para viagem, Wong — pode ver os copos para consumo rápido. A obedecer, preparando com tranquilidade. A incredulidade da moça cresceu, o que a fez colocar o dinheiro sobre o balcão, tomando as bebidas. — Aqui está, sem gorjeta. 

Yukhei fingiu não ter escutado o final, concedendo-a um sorriso dotado de malícia.

— Aproveite sua limonada. Nos vemos amanhã, Eun. Mande abraços para seu irmão — desejou, podendo-a ver na saída, não tardou, adicionando: — Volte sempre, sabe como é...adoramos uma clientela nova por aqui. 

Com a intenção de esperar Jeno — que estava a caminho — sua garganta coçou, com sede. Bisbilhotou os dois copos, geladinhos. Acreditou que o Lee não ligasse se começasse a beber. Assim, abriu-a, tomando certos goles. Não demorou muito para que as notificações de Jeno ressoassem em seu celular, trocando as mensagens, deixou um risinho escapar. 

De repente, sua cabeça pareceu tonta. Pisou uma vez, no intuito de que passasse, mas não ocorreu. Levantou-se, cambaleando. Aos poucos, pontinhos pretos apareciam em sua visão, como se estivesse prestes a perder o equilíbrio. Segurou em uma árvore do parque. Puxando o ar, fraco em sua pulsação frágil para que pudesse respirar propriamente, uma sonolência absurda acometeu-a. Olhou para trás, com uma esquisita sensação de estar sendo seguida.

As mãos tremularam, no automático, discou par ao melhor-amigo, em desespero. Ao ser atendida, seus sentidos pioraram.

— Neno, onde você está? — esforçando-se para manter-se em pé, questionou.

— Já cheguei, acho que estou te vendo e...que voz é essa? — estranhando, Jeno perguntou. De longe, poderia ver a melhor-amiga, parada em uma posição (no mínimo) incomum. Arregalou as orbes percebendo que as bebidas estavam caídas ao chão, derrubadas e as suas pernas tremulavam.

' muito tonta, chatón — ela passava mal. Acelerando seu passo, Jeno a acabou por a tomar nos braços antes que caísse no chão, desorientada. Segurou nos braços do melhor-amigo, com a guarda baixa, um tanto aliviada. 

— Não fecha os olhos não, vou te levar para um hospital, suba nas minhas costas — em certo desespero, Jeno colocou-a em suas costas, mesmo com os protestos da mais nova. Eunhye subiu, parecia estremecer, balbuciando. O Lee estava perdido, sem noção do que poderia ter ocorrido e, com o estado da morena, questionar parecia em vão. 

— Nada de hospital. Vamos para casa. Por favor, acho que deve ser o calor, pode ser só o calor. Ou, uma queda de pressão — suplicou, em uma vozinha quase chorosa. — Nada de ligar para os meus pais, mamãe está em uma consulta importante hoje. Nem para o meu irmão, se não ele...

Jeno respirou fundo, poderia arrepender-se amargamente pelo que faria. Decidiu a levar para a própria casa. Aos poucos, poderia ver que Eunhye retomava os eixos mas notoriamente tonta e sem autonomia alguma. Com cuidado, o maior colocou-a em sua cama, a cobrindo com extremo cuidado, tratando de ligar para Jaemin. Praguejou com as chamadas não atendidas, estava em um encontro e deixara o celular desligado. 

Uma ideia passou-lhe pela mente.

— Para quem está mandando mensagem? — desnorteada, a mocinha balbuciou.

— Se não quer ir ao médico, ele vai até você. No mínimo, precisa de um atendimento. Tenho um amigo que é estudante de enfermagem — explicou Jeno, conversando com o dito cujo. Ao alternar o olhar para Eunhye, percebendo que a mocinha parecia quase dormir, aproximou-se, ajoelhando-se do lado da cama. — Preciso que se esforce o máximo para ficar acordada.

Um sorriso doce escapou de seus lábios.

— É difícil — comentou, forçando-se a manter os olhos abertos. Falar com Jeno seria um jeitinho de tentar ficar em alerta. — Esse seu amigo, por acaso...

— Se for algo grave, vou te levar para um hospital, é sua saúde, me ouviu? — o assentir, mesmo a contragosto foi o suficiente. Travou o maxilar, com uma vaga ideia do que poderia ter ocorrido. — Preciso que me diga o que aconteceu. Por acaso tomou alguma coisa diferente?

Eunhye negou de imediato. 

— Só tomei a limonada, um pouco daquela limonada naquele restaurantezinho...— a menção do lugar fez com que Jeno franzisse o cenho, pareceu paralisar, pensativo. — Acho que pode estar estragada, sabe como meu estômago é sensível para esse tipo de coisa.

— Não, não é isso — sério, levantou-se. Zonza, pode o ver andar de um lado para o outro, uma fúria pareceu apossar-se do maior. Seus músculos contraíram-se, em desgosto. Como se fosse a resposta que resolvesse suas dúvidas. Eunhye pouco entendia enquanto tudo ao redor parecia mais fraco, os sentidos mais suaves. — Puta que pariu, eu vou matar esse...

Assim, a voz de Jeno tornava-se como um eco soando. A língua dormente, fez com que ela tomasse a mão do amigo quando ele se aproximou. Dessa vez, teve que desistir de manter-se acordado por não aguentar mais.

— Chatón, me deixe dormir um pouquinho. Enquanto você espera — balbuciou, para o desespero do baixista, fechando os olhinhos para adentrar um sono profundo.

Lee Jeno poderia ter somente uma ideia do que teria ocorrido, mas, possuía absoluta certeza de que não era Xiaojun. Dessa vez, soube que pelos sinais e efeito colaterais, Eunhye deveria ter sido drogada, por alguém de intenções maliciosas. Preocupou-o quando Moon Taeil — o estudante de enfermagem — que era seu amigo o informou que tratava-se de flunitrazepam, medicamento conhecido popularmente como "Boa Noite Cinderela".

Seja quem fosse o responsável por aquilo, não demoraria muito para que fosse revelado. Entretanto, mal tinham ideia de que no dia seguinte, uma enorme confusão seria capaz de atribular todos tão violentamente que nem mesmo o mais calmo de seus amigos seria capaz de conter os nervos diante a indignação. 

Certamente, seguir o conselho de Na Jaemin nada funcionaria. Até porque, esse incidente, querido leitor, era só um efeito colateral do que viria a ocorrer, digamos que um prelúdio. Pelo menos, agora está avisado pelo que temos a enfrentar na nossa série de pecados inóspitos. 

 

 


Notas Finais


彡 Espero que tenham gostado. Peço que seja gentil e deixe suas opiniões, para mim é muito interessante ler a opinião de vocês.


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