(S/N)
- Sua casa fica nessa rua?
- Isso.
Passamos pela mesma rapidamente. Eu estava tão desesperada!
- É essa a casa! Me espere aqui.
- Certo.
Abri a porta de nossa casa de maneira desesparada e encontrei minha irmã tentando reanimar minha mãe.
- (S/N)! - ela me olhou com uma expressão chorosa.
- Calma, ela está viva! - senti seu pulso - Precisamos levá-la ao hospital.
- Mas como? Afinal, como você veio?
Respirei fundo e a olhei.
- O Yoongi...
- O que tem? - arregalou os olhos.
- Prometa não surtar, por favor.
- Ele está aqui? - sorriu largo.
- A mamãe... - apontei a mesma.
- É mesmo.
- Não surte. Finja que não é ele.
- E eu vou fingir que é quem?
- Um cover.
- Um cover... Está bem.
Pegamos a mamãe e a levamos para dentro do carro. Os vidros do carro eram escuros e ninguém veria o Min, a menos que este saísse.
Minha irmã foi atrás com minha mãe e eu voltei para frente. Eu percebi lágrimas nos olhos de Misa e esta ficou boquiaberta.
- Podemos ir? - ele perguntou.
- Sim.
Seguimos até o hospital rapidamente. Vez por outra Yoongi olhava para Misa pelo retrovisor. Talvez estivesse preocupado com o fato dela estar tão quieta e chorando. Mal sabia ele o porquê...
Chegamos no hospital e um enfermeiro nos ajudou a levá-la para uma sala onde eles ver ficariam os sinais vitais.
- É melhor que a senhorita espere aqui fora. - ele disse.
- Certo.
Eu e minha irmã sentamos em um dos bancos do hospital. Estávamos em um corredor totalmente vazio, por isso, ela voltou a ser quem era.
- Não brinca! Eu não acredito! - ela dizia enquanto não conseguia conter as lágrimas - Como você consegue trabalhar todos os dias para ele e não ficar cega com todo o brilho desse homem?
- Não seja exagerada. - ri.
- Preciso vê-lo, por favor, (S/N). Eu quero demonstrar meu amor de fã!
- Talvez ele não queira que você toque nesse assunto.
- Fale com ele por mim, por favor!
- Tudo bem, vamos lá.
Ela ficou me esperando um pouco distante do carro e eu me aproximei do veículo. Entrei e fechei a porta, para evitar qualquer contato dele com o meio.
- E então?
- Eles estão verificando sinais e tentando reacordá-la.
- Você não pôde ficar na sala?
- Infelizmente, não.
- Aquela não é a sua irmã? - apontou pelo vidro escuro.
- Sim, ela mesma.
- E por que ela está ali?
Respirei fundo antes de continuar. Caso ele ficasse bravo, a culpada seria eu.
- O nome dela é Misa. Ela é sua fã desde quando criança e, acredite, as lágrimas dela não eram por conta de mamãe, mas sim de emoção em te ver.
Ele riu fracamente e balançou a cabeça negativamente.
- Não tenho mais fãs.
- A Misa é sua fã! Eu te garanto!
- O que ela quer? Uma foto?
- Acho que não. Acho que ela gostaria de uma confirmação sua de que está bem e que ainda ama seu público.
- Eu preciso mesmo falar isso?
- Não estou pedindo para falar, apenas dizendo que ela ficaria muito feliz em ouvir. Contudo, você não precisa fazer isso se não quiser.
Ele assentiu levemente.
- Eu direi isso quando voltarmos, está bem?
- Obrigada.
- Por nada. Eu vou voltar e ver os resultados.
- Certo.
Voltei até onde Misa estava e esta me olhou esperançosa.
- E então?
- Ele vai falar com você quando estivermos em casa.
- Mesmo? - sorriu largo - Ah, estou tão feliz! Obrigada mesmo!
- Por nada. Vamos voltar e ver o que os médicos tem a dizer.
Ela assentiu e me acompanhou.
Ao chegarmos no corredor bati na porta e ficamos esperando uma resposta.
- Entre. - disse o médico.
Encontramos nossa mãe acordada e sentada na cama, embora parecesse fraca.
- Mamãe! - Misa correu até a mesma e a abraçou fortemente.
- E então, doutor? - perguntei.
Dej um abraço rápido em minha mãe também e, em seguida, virei-me para o médico outra vez.
- Pressão baixa demais. Ela acabou ficando tonta e, logo depois, desmaiou. Aparentemente, não é nada demais. Mas se juntarmos um problema desse com os problemas cardíacos e respiratórios que ela tem as coisas ficam complicadas.
- Eu entendo. - suspirei - O que podemos fazer?
- Uma alimentação saudável, exercícios físicos e noites regulares de sono irão ajudar bastante.
- Ouviu, mamãe? - a olhei com repreensão.
- Eu faço tudo isso, filha.
Balancei a cabeça negativamente.
- Eu vou me assegurar que ela vai se cuidar mais, doutor.
- Eu espero que sim. Se possível, tenham um acompanhamento também. Isso vai ajudar bastante.
- Tudo bem. Obrigada.
- Por nada. A senhora já pode ir. - encarou minha mãe.
- Eu ajudo, mamãe. - Misa lhe estendeu a mão e ela desceu da cama.
O médico terminou a nota com o preço da consulta e me entregou. Tinha custado um pouco caro para algo tão simples.
- Obrigada.
- Não foi nada.
Misa e minha mãe saíram da sala lado a lado. Eu estava atrás ainda observando aquela nota e pensando em como pagaria por tudo aquilo.
Tinham umas economias em minha conta e as usei totalmente para pagar a consulta. Pelo menos, o dinheiro havia sido suficiente.
Deixamos o hospital e seguimos em direção ao estacionamento.
- Então ele está mesmo aqui? - mamãe perguntou. Ela ainda estava um pouco pálida e abatida, mas sabia que logo ficaria bem.
- Sim, mãe! Você precisa ver! Eu estou quase enlouquecendo.
Misa dava mil e um elogios para Yoongi. Não sei se ele gostaria ou não de ouvir isso, mas logo descobriria sobre isso.
- Yoongi... Essa é a minha mãe. O nome dela é Aera.
- É um prazer conhecê-la. - a encarou pelo retrovisor.
- Eu que o diga.
- A senhora está bem mesmo?
- Estou melhorando.
- Fico feliz.
Misa parecia se segurar para ficar quieta e essa situação estava um tanto cômica.
O pálido trocou um olhar comigo e riu.
- Então... Misa, não é?
Ela soltou um grito agudo, mas logo colocou as mãos sobre a boca.
- Desculpe.
- Tudo bem. - ele riu.
- Eu não sabia que você sabia do meu nome.
- A sua irmã me disse.
- E ela fala de mim?
- Às vezes.
As lágrimas começaram a rolar pelo rosto dela novamente, mas eu tinha certeza que eram de felicidade.
- Eu nem consigo acreditar! Você é tão incrível e eu te amo tanto! Eu realmente acho que é um sonho.
- Não é um sonho. - riu - Eu estou aqui.
Ela quase teve outro surto, mas conseguiu segurar-se.
Basicamente, a conversa girou-se em torno dos dois. Eles falaram sobre todas as músicas dele, participações especiais, documentários e tudo que tinham direito.
Diferente do que pensei, ele pareceu feliz em ouvi-la tão contente e falando sobre o trabalho dele. No fim, acredito que o mesmo estava um pouco desanimado para a música, mas não deixou de amar o público e sua carreira.
Chegamos em nossa casa pouco depois. Ele não pôde descer - por conta dos vizinhos - mas fez questão de se despedir da minha família.
- Você não vem? - Misa perguntou.
- Preciso fazer o jantar dele, mas voltarei logo. Se precisar, me ligue.
- Está bem. Até mais tarde.
- Até.
Seguimos caminho para sua casa. Não conversamos nada durante aquele momento e isso me deixou um pouco desconfortável.
Ao chegamos fui direto para a cozinha preparar o cardápio da noite. Não vi Yoongi por um bom tempo, pois o mesmo se reapareceu quando tudo já estava pronto.
- Vai jantar comigo, não é?
Mesmo sem vê-lo, pois estava de costas, sabia que era difícil recusar aquela proposta.
- Eu posso?
- Você deve.
Rimos juntos. Ao me virar pude ver um pequeno sorriso em sua face e isso me fez ganhar a noite, afinal, seus sorrisos eram raros.
Sentei-me a mesa e me servi com o jantar. Ele fez o mesmo e logo começou a comer.
- Sabia que você cozinha muito bem?
- Não é pra tanto.
- Claro que é! Eu adoro sua comida.
Sorri com o elogio.
- Obrigada.
- Não precisa agradecer. - fez uma pequena pausa - Você não me disse o que houve com sua mãe.
- Ela estava com pressão baixa e acabou desmaiando. O problema é que já tem outras doenças e, formando junção, pequenas coisas assim podem ser perigosas.
- Imagino que sim.
- Tenho medo, Yoongi. Medo de perdê-la.
De repente, o assunto tinha se tornado sério e as risadas escassas.
- Ela vai ficar bem. Se seguir os conselhos médicos tudo irá bem.
- Esse é o problema.
- Como assim?
- O acompanhamento, as rotinas, a alimentação... Tudo isso custa muito caro. Já deixei de fazer muitos exames por conta dos preços e eu sei que isso a prejudica.
Ele encarou as próprias mãos por algum tempo.
- Como vocês viviam antes de você trabalhar aqui?
- Eu tinha outro emprego, mas ganhava pouco. Não dava para tudo que a frete precisava, mas mesmo assim seguíamos a vida. Depois fiquei desempregada e quase enlouqueci, mas graças a Misa, estou aqui hoje.
- Misa? O que tem ela?
- Foi ela quem me disse da vaga e me pediu para vir aqui.
- Ah, mesmo? - sorriu de canto - Que bom que ela fez isso!
- Você acha?
- Sim. Não apenas pelo emprego, mas também porque ela te colocou em minha vida e eu não poderia ficar mais feliz.
Sorri involuntariamente com seu comentário, embora tivesse me deixado com certas dúvidas. Essas palavras eram mesmo reais? Eu realmente fazia diferença para ele?
- Acho que percebeu que ela é mesmo sua fã.
- Eu nunca tinha conversando tanto com uma. É que tinha surgido a oportunidade e tempo.
- Eu entendo. Acredito que ela nunca se esquecerá disso.
- Nem eu. Embora não vá mais cantar, isso foi marcante para mim.
- Como pode ter tanta certeza que não vai mais? Você está tomando medicação e melhorando, não é?
- Eu tentei atingir umas notas ontem e... Quase não dormi de tanta dor.
- Yoongi, você sabe que não pode fazer isso sem autorização médica.
- Eu precisava tentar.
Ficamos em silêncio por um pouco. Eu queria ajudá-lo, mas ele era teimoso demais.
- Eu sei que não posso, mas eu precisava. - disse como forma de se justificar.
- Tudo bem, eu entendo.
Terminei de jantar e lavei as louças. Após arrumar tudo ele me levou até a porta de casa.
- (S/N)...
- Sim?
- Eu quero te ajudar a pagar os tratamentos da sua mãe. Quero ajudar vocês em tudo que puder.
- Eu não quero me aproveitar de você.
- Mas eu estou me oferecendo.
Sorri em resposta e balancei a cabeça positivamente. Me joguei em seus braços e pude sentir suas mãos envolverem minha cintura.
Enterrei o rosto em seu pescoço e absorvi seu perfume amadeirado.
- Eu não sei o que dizer para agradecer. - disse ainda presa ao abraço.
- Não precisa dizer nada. Como eu disse, quero ajudar vocês.
Me afastei dele devagar e encarei seus olhos.
- Obrigada.
- Eu adorei conhecer sua família hoje. Estou feliz por ter te conhecido.
Outro sorriso involuntário surgiu em meu rosto. Afastei o cabelo para trás da orelha e o encarei novamente.
- Eu também estou adorando te conhecer.
- Mesmo que eu seja uma pessoa difícil de lidar? - riu de si mesmo.
- Mesmo com as todas as circunstâncias, você é incrível.
- Você é muito mais.
Umedeci os lábios e assenti.
- Tenha uma boa noite, Yoongi.
- Você também. Até amanhã.
- Até.
Passei a caminhar para o ponto de ônibus. Eu não conseguia esquecer do seu sorriso e das palavras proferidas por ele.
O fato dele ter sido grosso comigo nos primeiros dias havia sido totalmente anulado e tudo que eu queria era conhecer cada vez mais o Yoongi atencioso e alegre que vi.
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