História Entre rosas e guitarras ( Em processo de betagem ) - Capítulo quatro ( reescrito )

— Chega a ser irritante pensar nisso agora, mas… eu já perdi a minha avó por parte de pai por culpa do câncer e essa doença é um veneno sem cura.

De repente Jeongguk tocou no assunto, tomando o seu café tranquilamente e encarando um ponto aleatório na cozinha, divagando sobre esse tipo de situação desagradável para todos, principalmente para todos os familiares que recebem a notícia e acabam levando um balde de água fria.

— É assustador quando recebemos a notícia de alguém que amamos muito possui essa doença tão podre. — disse o menor, assoprando o café dentro de xícara e bebendo mais um gole, ainda perdido. — Deveria ser um crime os médicos darem uma notícia assim para os familiares cheios de esperanças.

— Infelizmente, nem sempre é a notícia que estamos esperando ansiosamente para receber, então temos que estar preparados para qualquer coisa. — sussurrou Taehyung, observando as ações do menor e deixando a sua xícara na bancada. — Eu nunca te vi zanzando tão perdido nas ruas como hoje. O que aconteceu para estar andando pelas ruas nesse frio, Tilim Tim?

— Não é da sua conta. — respondeu ríspido, bebendo todo o seu café e deixando a xícara dentro da pia, andando para fora da cozinha emburrado. — Nada que me diz respeito é da sua conta.

— Mas quanta ignorância. Eu só estava curioso para saber o motivo ou a razão que te fez andar pela cidade tão atordoado, não precisava soar rude. — retrucou o Kim, cruzando os braços acima do peito e seguindo o moreno um pouco afastado por questões de segurança, arqueando a sobrancelha. — É melhor eu ir embora, pois você já está bem melhor para retrucar as coisas, principalmente para soar ignorante, então acho melhor eu ir sem mais confusão.

— Não estou te expulsando, idiota. — resmungou Jeongguk, revirando os olhos e pegando as chaves da cafeteria, pois não queria mais ficar ali, só desejava estar entre os perfumes das flores, porque era o que a sua avó gostava de fazer.

Quando a sua avó veio a falecer por conta do câncer, seus pais decidiriam que iriam vender a floricultura, mas Jeongguk depois de muito chorar e implorar para que não fizessem algo assim, rapidamente pediu para assumir a loja ainda jovem e também para cuidar da pequena estufa. No início, os seus pais acabaram se rendendo e permitiu que o filho cuidasse da loja da avó, mas pensou que nada iria para frente, pois não acreditavam que o menor pudesse entender de flores como a própria avó entendia tão bem, só que então descobriram que sim, ele era muito capaz.

Desde os seus dezesseis anos Jeongguk trabalha na floricultura, seguindo um legado que a sua avó deixou, pois aquela pequena estufa nos fundos da loja era literalmente a segunda casa de sua avó. Lá ela gostava de plantar mudas de diversas plantas, criar arranjos de flores, cultivar cada vez mais novas e importadas espécies.

Jeongguk se sentia no dever de cuidar daquilo que a sua avó tanto amou e cultivou ao longo dos seus anos, então não tinha o porquê de vender um lugar cujo era especial para ela e mais especial ainda para ele que insistia em dizer que era a essência dela que reinava no local.

Desde que assumiu a floricultura, Jeongguk tomou gosto para estudar mais sobre jardinagem, fez um curso dos dezesseis anos até os dezoito enquanto ainda estudava na escola, mas depois de atingir os seus dezenove anos ingressou na faculdade, escolhendo o curso de artes plásticas, pois adorava desenhar e também criar paisagens em telas, então o curso lhe caiu como uma luva, porque estava estudando o que mais gostava na vida depois de jardinagem.

Estava prestes a girar a chave da sua loja na fechadura, mas Taehyung tocou a sua mão e o contato frio fez uma corrente elétrica passar pelo seu corpo. Engoliu a seco, encarando a mão do mais velho sobre a sua e suspirando pesadamente para disfarçar.

Não precisou de palavras quando os olhares se cruzaram, pois Taehyung estava convidando-o para ir até a sua própria loja e Jeongguk não protestou sobre. Se sentia sensível e também preso em uma imensa saudade da falecida avó, então apenas se deixou ser guiado em apenas quatro passos, parando na porta da loja de discos e guitarras.

Quando a porta foi aberta, Taehyung entrou primeiro e abriu as cortinas, deixando a luz da lua cheia entrar para iluminar o cômodo e então se aproximou do menor, estendendo a sua mão em um convite mudo para que Jeongguk pudesse entrar em seu local de paz e tranquilidade.

Jeongguk ficou alguns segundos, que pareceram longas horas hesitando, mas então acabou segurando na mão do mais velho, adentrando a loja de discos e guitarras, olhando ao redor o não tão breu por conta da claridade que a lua cheia estava o proporcionando para enxergar toda a loja. Adentrou em dois passos, então soltou a mão de Taehyung e caminhou até os puffs no canto direito da loja, olhando algumas guitarras penduradas na parede.

A sua curiosidade o atingiu, então tocou levemente uma guitarra vermelha, mas fez questão de se retrair e recolher os dedos, pois tinha medo de danificar algo que parecia tão caro e bonito.

Então voltou a olhar ao redor, viu vários discos, observou a decoração das paredes, suas cores pela pouca luz da lua e então notou uma vitrola em cima de uma prateleira, reconhecendo tal artefato para tocar discos. Se aproximou em passos calmos, encarando de perto a relíquia de décadas e sorriu com o pensamento de que poderia ser dali ou de um rádio que aquelas músicas tocavam na loja do Kim.

— Essa vitrola funciona? — perguntou de repente, apontando para a prateleira e ganhando a atenção do mais velho que estava distraído.

— Funciona sim. — respondeu simplista, mas então escolheu um disco e se aproximou, sorrindo mínimo ao notar o olhar curioso do menor em cada uma das suas ações ou gestos, parecendo estudar com atenção e cautela. — Então vamos ouvir o disco da banda Kiss.

— Por que o nome da banda se chama beijo? — questionou Jeongguk, franzindo as sobrancelhas confuso e encarando o disco na mão do Kim.

— E por que você notou logo isso, Tilim Tim? — brincou o mais velho, dando um toque no nariz do Jeon e rindo baixinho pela careta que ele fez.

— Não me toque, idiota. — resmungou o moreno, se afastando rapidamente e fazendo questão de se jogar nos puffs, suspirando pesadamente e olhando tudo ao redor novamente, até que era organizada a loja.

— O nome da banda foi definido como Kiss porque era mais fácil a pronúncia, mas também porque um dos integrantes da banda tocou em uma banda que se chamava Lips, traduzindo isso fica lábios, então… — respondeu Taehyung a pergunta que havia sido feita e então colocou o disco na vitrola, ligando o aparelho e sorrindo. — Mas saiba que é uma das minhas bandas favoritas de Rock, então acho que quero compartilhar um pouco das músicas deles com você.

— Que gentileza da sua parte. — falou o menor, seus olhos se revirando em desagrado e apenas se ajeitou no puff que estava deitado, ficando sentando. — Eu não gosto de Rock e nem conheço as músicas.

— Não tem problema, pense que agora vai conhecer outros gostos musicais e vai poder aproveitar. — sugeriu o mais velho, dando de ombros e então a primeira faixa do disco se deu início. — I Was Made For Lovin' You, essa música é boa demais.

— Sei… — resmungou o Jeon, ouvindo o início da música e então encarou Taehyung que começou a encenar na sua frente, fazendo uma careta com isso. — Ninguém merece.

Poderia apenas ficar nisso, Taehyung encenando e Jeongguk observando o mais velho pagando mico, mas tudo mudou quando a voz grave do Kim preencheu o ambiente cantando a música e olhando fixamente para o menor.

“ Tonight, I want to give it all to you

In the darkness, there's so much I want to do

And tonight, I want to lay it at your feet

'Cause girl, I was made for you

And girl, you were made for me…

O menor acabou se remexendo um pouco sem jeito pela situação criada tão repentinamente, desviando o olhar por alguns segundos e depois voltando a encarar Taehyung que se aproximava lentamente, fazendo-o se encolher automaticamente entre os puffs da loja.

I was made for lovin' you, baby

You were made for lovin' me

And I can't get enough of you, baby

Can you get enough of me?

— Para idiota. — sussurrou Jeongguk, tentando se fundir ao puff em que se encontrava sentado e sentido cada vez mais a aproximação do mais velho. — Aish! Para.

Tonight, I want to see it in your eyes

Feel the magic, there's something that drives me wild

And tonight, we're gonna make it all come true

'Cause girl, you were made for me

And girl, I was made for you… ”

— Taehyung…

Estavam tão próximos, Jeongguk mal conseguia raciocinar com coerência, principalmente quando sentiu as suas mãos serem seguradas e em um piscar de olhos foi puxado para cima, tendo de ficar de pé aos tropeços e se apoiando em Taehyung.

Os olhares acabaram se cruzando em meio ao pequeno breu da loja, então Jeongguk deu alguns passos vacilantes para trás, também empurrando Taehyung para trás por estar na defensiva e passou a andar pela loja, tentando controlar a sua respiração ofegante e o coração acelerado. Estava se sentindo um idiota, mas tentou disfarçar a timidez, principalmente porque sabia que o mais velho estava acompanhando-o com o olhar, então tentou disfarçar as mãos que começaram a tremer levemente.

Enquanto a música tocava, Taehyung não se aproximou mais, apenas se jogou no puff em que o menor estava e sorriu mínimo. Lá no fundo ele sabia que havia deixado Jeongguk desconcertado e com aquela sensação de estar nocauteado por algo desconhecido, mas então voltou ao seu estado normal ao vê-lo se encostando na parede, jogando os cabelos para trás e respirando fundo.

— Se você se aproximar cantando mais alguma música que for, pode acreditar que eu vou chutar o seu saco. — avisou o menor, ouvindo o toque do seu celular e se assustou com o barulho.

— Eu só estava te puxando para dançar, não teria nada demais nisso, Tilim Tim. — rendeu-se o mais velho, levantando os braços e ouvindo a música Rock And Roll All Nite começando a tocar e ouvindo o celular do menor recebendo uma ligação com o toque Für Elise do Beethoven.

— Alô? — disse Jeongguk, atendendo a ligação e tentando ouvir, mas então congelou no lugar ao ouvir a voz da sua mãe, seus olhos rapidamente encarando a vitrola que tocava outra música de Rock da banda. — Estou indo para casa, mãe. Não se preocupe. — respondeu a pergunta que Naomi havia feito e então caminhou até a porta da loja, destrancando a fechadura e olhando para Taehyung que o encarava. — Okay.

Nenhum dos dois se moveu, mesmo depois da ligação ter sido encerrada, Jeongguk continuou com o celular encostado na sua orelha, encarando Taehyung e tendo o olhar dele de volta, pois estava cravado em seu rosto aqueles olhos castanhos.

Não se moviam, apenas se encaravam. Pareciam estar em transe, mas então Jeongguk foi o primeiro a se mover, andando até o mais velho e sendo tomado de uma coragem que não pensou que poderia existir dentro do seu ser interior, pois nunca na vida foi impulsivo a este nível extremo.

As mãos do menor agarraram a jaqueta do Kim, puxando-o para perto e de modo impulsivo o beijou. Foi apenas um encostar de lábios, mas rendeu um suspiro de Jeongguk e olhos arregalados da parte de Taehyung.

— Você não precisa me dar nada, não precisa se deitar aos meus pés e muito menos precisa cantar uma música com essa tradução para fazer o que queria, idiota. — disse o moreno, beijando novamente os lábios do mais velho e se afastando mais um vez. — E eu não preciso de magia alguma para entender bem onde você quis chegar, muito menos você precisava ver nos meus olhos, lesado.

Após dizer o que queria, novamente beijou Taehyung, segurando com firmeza na nuca do mais velho com a destra e chupando o lábio inferior dele, se afastando novamente em um estalo que causou no beijo.

— Idiota. — xingou, dando as costas e apenas saindo da loja do mais velho, caminhando apressado para o ponto de táxi que tem na rua debaixo.

Taehyung ficou um tempo tentando processar o que acabou de acontecer, as suas sobrancelhas franzidas e o olhar encarando a porta, ainda descrente se ele realmente havia sido beijado pelo pequeno projeto de satanás ou não, mas quando a sua ficha caiu, se levantou em um pulo, correndo para fora da própria loja.

— Jeongguk…

Chamou, mas já era tarde, pois o menor não estava mais na rua e Taehyung acabou se amaldiçoando por simplesmente não ter tomado a atitude de se levantar e ter corrido até o menor quando ainda tinha tempo, pois poderia tê-lo impedido de sair da sua loja assim, sem mais e nem menos.

— Mas que droga! — xingou, apertando as mãos em punhos e jogando os cabelos para trás, sentindo o formigamento gostoso em seus lábios, pois ainda conseguia sentir a sensação de ter os lábios do menor. — Droga! Eu deveria ter ido atrás dele.

Mas Taehyung sabia que era tarde, então apenas voltou para a sua loja e trancou a porta, se jogando nos puffs e tentando não pensar demais ao som de Forever da banda Kiss, essa era a terceira faixa do disco, mas já dizia Paul Stanley no início dessa música:

Preciso dizer a você como estou me sentindo

Eu poderia mentir para mim mesmo, mas é verdade

Não há como negar quando olho nos seus olhos

Garota, estou perdendo o juízo por você…

E Taehyung realmente tinha perdido o juízo desde que conheceu o baixinho invocado e que gosta de plantar flores da loja ao lado da sua.