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História Entre tapas e balas - Parabéns Percy, você é um idiota.


Escrita por: firefly_girl

Notas do Autor


É a minha primeira fanfic, então ajudem aí.
Essa fic só terá continuidade se for comentada

Capítulo 1 - Parabéns Percy, você é um idiota.


Fanfic / Fanfiction Entre tapas e balas - Parabéns Percy, você é um idiota.

Acordei com o barulho irritante do despertador. Tive vontade de joga-lo na parede, mas não pude. Era o primeiro dia de aula e eu não podia me atrasar, ainda mais quando eu tinha acabado de entrar na escola.

Eu sou Percy Jackson, tenho 16 anos e estou começando o 2° ano do ensino médio. Minha mãe trabalha em um loja de doces, então nossa renda não é das melhores. Vivemos no apartamento do meu padrasto, Gabe, um desgraçado com quem minha mãe se casou há uns 4 anos e que gasta todo o nosso dinheiro em cerveja e apostas que sempre perde. 

Apesar do meu curriculo, consegui uma bolsa em um colégio de riquinhos que pensam que têm o mundo nas mãos, e na verdade têm mesmo, é muito mais fácil chegar aonde se quer quando seus pais tem dinheiro para comprar uma ilha pra você. Mas tudo bem, não ter dinheiro não quer dizer que você não pode chegar a algum lugar. Tudo o que eu precisava fazer era ganhar alguns campeonatos de natação em nome do Colégio e então eu estaria um passo mais perto do que quer que esperasse por mim lá no final.

Levantei da cama reclamando e desliguei o despertador, em seguida tropecei para o banheiro.

Parencendo um zumbi, coloquei uma calça jeans, uma blusa azul marinho, uma jaqueta preta e meu amado all star preto.

Depois de pronto fui para a cozinha e encontrei minha mãe tomando café.

- Oi mãe - falei me aproximando - Bom dia!

Os cabelos castanhos com alguns fios grisalhos estavam presos em um rabo de cavalo frouxo que chegava até o meio das costas. Mamãe me olhou com seus olhos castanhos cansados, mas sorriu pra mim daquele jeito carinhoso que ela costumava me dar quando eu tinha 7 anos e fazia um desenho pra ela.                           

- Oi querido, bom dia! - disse me envolvendo com os braços quentinhos, o corpo magro se enroscou ao meu redor e eu tive que me abaixar um pouquinho. Ela me soltou e tentou arrumar meu cabelo, mas desistiu e voltou ao estado anterior, então analisou minha roupa - Você não podia ter se arrumado com um pouquinho mais de vontade? E colocado uma jaqueta um pouquinho menos feia?

- Não, isso exige vontade de ir ao colégio, algo que eu não tenho - respondi indo pegar uma maça - e eu gosto dessa jaqueta.

Ela me olhou indignada.

- Isso é um desperdicio de beleza, eu não criei um garoto tão lindo para se vestir assim.

- Mãe! - Agora eu estava ficando chateado, a blusa nem era tão feia.

Ela era confortável e era tudo que importava.

- Tudo bem! Entendi - ela disse e levantou as mãos - mudando de assunto, já que não vamos chegar a lugar nenhum com este, você poderia buscar seu irmão na escola esta semana?

- Claro mãe - respondi feliz pela mudança de assunto.

Ty é meu irmão mais novo e ele tem 5 anos, os cabelos pretos são iguais aos meus, com os mesmos fios rebeldes, o rosto dele é quase igual ao meu, mas enquantos eu tenho olhos verdes como os do papai eram, ele tem olhos castanhos esverdeados. É uma criança muito agitada, mas estremamente dócil e sensível. 

Dei um um beijo na testa da minha mãe como despedida e fui para o ponto de ônibus.

 No caminho coloquei o meu capuz, o meu boné preto desbotado com uma ancora na frente, que eu tenho desde os 10 anos, e um óculos escuro, me apagando do mundo. É simples assim, se você não tem uma fachada bonita e interessante, você se torna "chato" e as pessoas não se aproximam, o que é bom, bem melhor do que estar cercado por adolescentes/abutres que se dizem seus amigos, mas não sabem nada sobre você além do seu nome.

Estava tocando a milésima música quando o ônibus amarelo chegou. Entrei rapidamente e procurei um lugar vazio. Os bancos pretos com detalhes amarelos se estendiam até o fundo, onde estava mais cheio dos estudantes padrões que adoravam infernizar a vida dos outros.

Segui até um banco no meio do ônibus, ao lado da janela. Eu poderia ter ido de bicicleta, seria mais rápido, mas eu estava com muita preguiça pra fazer isso. 

O ônibus continuou seu caminho e em algum momento um garoto se sentou ao meu lado.

Pelo menos eu não era o único que presava por roupas pretas.

Ele tinha olhos e cabelos pretos, pele branca muita pálida (posso apostar que nunca tomou Sol na vida) e estava vestido todo de preto. Ele acenou com a cabeça para mim e depois ficou encarando o teto.

Não tentei puxar assunto, não faz sentido puxar uma conversa se você não quer realmente te-la e ele também não tentou. Minha mãe diz que sou muito fechado e isso poderia ser resolvido com uma namorada, mas não consigo entender essa ideia, e outra, meninas em geral não chegam a ficar comigo por mais de uma semana, quem dirá quererem namorar comigo.

Acho que eu não sou muito fácil de suportar.

Chegamos na escola e eu encarei a Olimpo, é enorme e linda, mas ainda é uma escola. As paredes brancas com algumas listras vermelhas e azuis se erguiam impotentes em dois andares, sem um único rabisco ou mancha, acomodando enormes janelas reluzente. O gramado estremamente verde se estendia para todos os lados, com arbustos, árvores e bancos de mármore espalhados. 

 Fui em direção a secretaria. A entrada do colégio estava cheia de alunos conversando ou discutindo, então me distrai olhando para eles e acabei trombando com alguém.

Aí você deve estar pensando: livros cairam e na minha frente estava uma menina nerd envergonhada, que eu me abaixaria e ajudaria ela a junta-los e... pare a cena. Se fosse com um outro cara até poderia ser assim, mas aqui é o Percy. Primeiro, foi um pacote de balas que caiu no chão e as balas se espalharam. Segundo... a pessoa que dei de cara era um anjo em  forma de garota adolescente, mas com certeza não era uma nerd envergonhada.

Os cabelos dourados, pareciam fios de ouro, caindo em uma correnteza de cachos. A pele clara meio bronzeada parecia ser muito macia. Mas os olhos a entregavam, olhos cinzentos que misturavam frieza e sarcasmo, eram desafiadores, tinham aquele brilho de esperteza que de certa forma diziam que ela sabia exatamente onde atacar você e se precisasse ela atacaria.

Eu não sabia se babava ou corria de medo, mas então percebi sua roupa de líder de torcida e caí na real, medo parecia uma opção mais inteligente. Não quero problemas com jogadores babacas agressivos e possessivos também.

Ela olhava para as balas caídas no chão, os longos cílios subindo e descendo. Meu coração parou, depois acelerou e então começou a bater em um ritmo estranho.

- De-desculpe! Sinto muito - falei olhando para ela, mas tudo que ela fez foi me ignorar.

Um cara com uniforme de jogador veio andando até nós, ele também era loiro, tinha olhos azuis e era do meu tamanho.

- Algum problema Annabeth? - perguntou ele parando ao lado da garota e me encarando como se fosse me bater. Não falei?

- Não, Jay - disse ela de maneira suave, mas estava chateada - eu acho que esse é o castigo por comer doce às 8 da manhã.                                

- Isso faz mal, sabia? - ele falou

- Ar poluído também e você ainda tá respirando! - ela falou arqueando a sombrancelha e ele abaixou a cabeça em sinal de derrota.

Acabei rindo baixinho do comentário o que chamou a atenção dela que me encarou como se tivesse lembrado que eu estava ali. Ela me avaliou de cima a baixo e, pela primeira vez na minha vida toda, eu quis ter me arrumado melhor.

Ela abriu a boca e achei que ia ser xingado, mas tudo que ela disse foi:

- Cuidado por onde anda, poderia ter batido em alguém muito pior do que eu, como a Thalia, e então você ficaria sem cabeça.

- Ainda bem que não foi com outra pessoa então - falei colocando as mãos no bolso, tentando desfarçar o alivio que senti - Desculpa pelas balas, eu juro que não estava com inveja.

- Eu não sei como ela consegue comer bala à essa hora - falou o garoto um pouco mais calmo agora - eu fico enjoado só de olhar.

A garota revirou os olhos. Então alguém os chamou e eles foram embora, acho que tinham coisas mais importantes a fazer.

Continuei andando para a secretaria, feliz porque ela não quis me bater.

Quando cheguei lá, a secretária rechonchuda com excesso de maquiagem nem ao menos levantou os olhos para me receber.

- Com licença - falei e ela continuou encarando o computador - eu vim pegar meus horários e a senha do meu armário.

- Nome?

- Perseu Jackson.

- Série?

- Segundo ano.

Ela mexeu em uma pilha de papeis e me entregou 2 deles. 

Então olhou para mim direito e pegou outro papel, grifou alguma coisa e entregou ele também. Depois voltou a digitar algo no computador e eu imaginei que ela queria que eu saísse dali.

- Obrigado - falei saindo.

Um dos papeis tinha os meus horários, outro tinha o número do meu armário e as boas vindas do diretor, e o último, aquele que ela grifou tinha as regras do colégio. A parte grifada dizia que chapéus e máscaras eram proibidas em aulas, toucas eram permitidas em dias frios.

Que ridículo! Como é que o meu chapéu atrapalharia alguém?

Indignado, procurei pelo meu armário e quando o encontrei joguei minhas coisas lá dentro. Olhei meu horário e vi que a primeira aula era de matemática. Ótimo, vou começar o dia com dor de cabeça, por causa de contas que eu não consigo resolver. Entenda, eu sou péssimo em matemática.. e em física, em química, em história, em inglês, em geografia... Bom sou péssimo em quase tudo, mas sou pior em matemática, em geral os números e as letra se embolavam e eu não entendia como multiplicar uma letra por outra iria resolver a questão. Provavelmente muitos de vocês vão me entender. 

As únicas matérias que eu não sou um completo desastre é biologia (e eu disse que eu não sou um desastre, o que é bem diferente de ser bom), latin (meu pai me ensinou um pouco) e educação física, mas a última não conta. Procuro pela minha sala, depois de uns 5 minutos eu desisto e decidi pedir ajuda à uma garota ruiva que estava encostada ao lado de uma janela sozinha, ela tinha olhos verdes como grama, que se movimentavam pelo local, como se estivessem guardando tudo em uma caixa da lembrança, e pele clara cheia de sardinhas. Diferente da loira dos olhos tempestuosos, ela não me deu medo. Parecia o tipo de garota que ajuda velhinhos a atravessar a rua.

- Com licença - falei meio sem graça - você pode me dizer onde é a sala 21?

- Olha eu não sou boa com explicações, mas posso te levar lá se você quiser.

- Eu agradeceria muito.

Então ela começou a caminhar e eu a segui.

- Pelo visto você é novato, de onde veio?

- De um internato aqui em New York mesmo.

- Seja bem vindo a Olimpo, a escola dos deuses perfeitinhos.

Ri com o comentário.

- Agora o nome faz sentido.

Ela riu. Depois de seguir por alguns corredores, muitas direita e muitas esquerdas, chegamos na sala e paramos na porta.

- Boa sorte com a sra. Dodds - ela falou fazendo careta - nos vemos por aí, se você ainda estiver vivo depois dessa aula.

Sorri e entrei na sala. A professora ainda não tinha chegado e apenas 3 pessoas estavam na sala.

Fui até a penúltima cadeira ao lado da parede e me sentei. Guardei o meu telefone no bolso da frente da mochila e abaixei a cabeça na mesa.

Por baixo da minha toca estava tão quentinho e escuro que cochilei, mas então o sinal tocou anunciando o início das aulas.

Levantei a cabeça e percebi que a sala estava cheia de pessoas, acho que eu preciso dormir mais cedo. Minha atenção foi para a menina dos cabelos dourados. Ela estava conversando com uma garota de cabelo preto e olhos azuis meio cruéis, que estava toda de preto e usava uma blusa escrita: Matem a Barbie. A gótica olhou para mim e depois falou alguma coisa para a garota cujo nome eu suponho que seja Annabeth pelo que o garoto disse.

Annabeth respondeu algo e depois se virou para mim, me olhando de uma maneira que fez meus pelos se arrepiarem. Sem querer ser repetitivo, mas ela era linda.

A professora entrou na sala e cada um foi para um lugar. Surpreendente as duas garotas se sentaram perto de mim. A gótica na minha frente e a loira a meu lado. Uma corça sercada por lobos, foi como me senti.

- Eae garoto do capuz, de boa? - perguntou a gótica.

- Eu tô na escola, o que você acha?

- Você é dos meus então - falou a garota piscando pra mim.

A loira olhou para amiga por alguns segundos e depois acenou pra mim como cumprimento.

- Você não tira esse capuz não? Tô suando por você - ela comentou. 

- As vezes eu tiro - falei.

- Tem sensibilidade ou algo do tipo? - perguntou a morena.

- Não que eu me lembre - falei confuso.

- Que bom! - falou Thalia e sem me dar nenhum sinal roubou meus óculos.

- Hey! - reclamei tarde demais.

Pisquei contra a claridade. Fixei meus olhos na ladra e dei meu melhor olhar de estou puto. Ela só sorriu e passou o óculos para Annabeth, tentei meu olhar raivoso com ela, mas tudo o que ela fez foi arquear as sombrancelhas e erguer um pouco mais a cabeça, tá... ela é melhor do que eu nisso.

- Se não quiser ter problemas com a Sra. Doddis é melhor guarda-los - ela disse me estendendo os óculos.

Decidi escuta-la.

A professora bateu a régua na mesa e todos calaram a boca. É uma senhora por volta de 60 anos e parece uma uva passa, sem ofensas, é claro.

- Para aqueles que não me conhecem, eu sou a sra. Dodds e não tolero brincadeiras dentro de sala de aula. Também não tolero atrasos, então quem se atrasar não entrará em sala.

Então ela começou a olhar um por um, quando chegou em mim seus olhos praticamente faiscaram.

- Você conhece as regras ou eu vou ter que dita-las para você?

Suspirei e retirei o capuz e o boné.

A sra. Dodds serrou os olhos em minha direção.

- Mais um Jackson não! - ela disse bufando e depois apontou o indicador para mim, os olhos tão raivosos que eu me perguntei quem levaria flores no meu funeral - Se você fizer gracinha na minha aula, vou castrar você.

Fiquei confuso, como assim mais um Jackson?

E como assim me castrar? Não parecia bom, então me contentei em ficar quieto.

Ela olhou para a cadeira da frente e Thalia mandou um beijinho. Os olhos da sra. Dodds foram para Annabeth ao meu lado, que acenou para ela.

- Não é possível - falou a sra. Dodds  - Um Jackson, uma Grace e uma Chase em uma sala só! É castigo?

Nesse momento batidas soaram na porta e o menino caveira entrou.

- Desculpe o atraso, eu tive que conversar com o diretor - ele disse levantando um papel.

A sala explodiu em risos e a senhora Dodds ficou vermelha de raiva.

- Sente-se Sr. Di Ângelo. E que os deuses nos guardem!

Então ela continuou a sua aula com raiva e começou a passar a matéria.

Ele se sentou atrás de mim e deitou a cabeça na mesa.

A gótica olhou para a loira de um geito esquisito e ela retribuiu. As duas ficaram conversando com os olhos, olhando para as duas assim, percebi que aquela amizade devia ser quase como uma familia, as duas se entendiam de uma maneira estranha, que em geral você encontra em dois irmãos.

Tentei copiar o que estava escrito, só tentei (dislexia é foda), enquanto as duas ficavam ali. Até que a loira pegou uma caneta e começou a copiar também.

A gótica se virou para mim e me encarou, depois de me escanear ela perguntou:

- Qual seu nome?

- Percy Jackson.

-Thalia - ela disse - A loira esquisita é a Annabeth, mas ela também atende como Annie para os mais próximos, mas como você não é próximo chame-a de Annabeth.

- Então você é a garota que, com certeza, eu vou dar um jeito de arrumar problema.

- Faça isso e você vai ficar sem a sua parte mais importante.

Ri com a ameaça.

- É a segunda vez que ameaçam isso, só em uma aula.

- Considerando que estamos na Olimpo, isso vai acontecer muitas vezes - disse o individuo atrás de mim - Eu sou o Nico a propósito.

Eu ia dizer algumas coisas, mas a professora se virou e todo mundo ficou quieto. Ela nos olhou e serrou os olhos, depois voltou a escrever no quadro.

- Copia para mim? - a gótica pediu baixo à Annabeth.

- Por que eu faria isso? - perguntou a loira no mesmo tom ainda copiando.

Então Thalia tirou um pacote de tubinhos Fini da mochila e colocou em baixo da mesa da loira, essa instantaneamente estendeu a mão para pegar o caderno da Thalia. Então ela começou a fazer algo que me deixou de boca aberta. Enquanto eu não conseguia copiar nem o meu, ela copiou os dois ao mesmo tempo com as mãos diferentes. Isso não devia ser possível.

- Estranho, né? - comentou Thalia e a loira mandou um dedo do meio - Ela é o alienígena do grupo. Pode fazer até 8 coisas de uma só vez e tem uma memória que nunca falha. É tipo os super poderes dela. As vezes chega a assustar. Menina-Polvo

- Falou a esquisita que coça as orelhas com os pés. - disse a loira - E você, Percy, qual é o seu super poder?

- Quebrar e derrubar coisas.

Annabeth sorriu, os dentes retos e bracos brilhando. Sorri também.

- Menino terremoto - disse Thalia.

A aula continuou e as meninas tagarelavam, enquanto Nico fazia comentários sobre as duas serem muito irritantes, até que o sinal tocou, todos juntaram suas coisas e se levantaram.

A sra. Dodds passou umas 17 folhas de dever de casa. Já não bastava ter que aguentar a aula? Era realmente necessário? Qual é?! Primeiro dia de aula deveria ser só para conhecer os dementes da sua sala. Resmunguei e sai da sala junto com as meninas e com o Nico, que desapareceu assim que passamos pela porta.

- Então Percy - falou Thalia - Qual é dessa roupa aí?

- Por que você usa roupas pretas? - perguntei.

- Por que combinam com tudo e é estiloso. A sua é só fora de moda mesmo, se é que algum dia esteve na moda.

- Eu gosto assim - falei

- Não fica com calor aí dentro? - perguntou a loira me encarando.

- Você fica com frio nesse uniforme quando neva? - respondi pergutando

- Sim, eu fico, por isso eu uso casaco e meias - ela respondeu como se isso fosse a coisa mais óbvia do mundo.

- Confesso que eu também acho masoquismo - admitiu Thalia fazendo Annabeth revirar os olhos.

Os olhos dela não pareciam tão ameaçadores quanto antes, pareciam quase calmos, indo do cinza ao levemente azul.. 

- Você sequer tira o óculos para dormir? - perguntou Thalia me tirando do devaneio.

- Você dorme de relógio? - repliquei, qual era o problema com o meu óculos?

- Às vezes - respondeu a gótica dando de ombros.

- Você vem de onde? - perguntou a loirinha.

- Da barriga da minha mãe

Elas olharam pra mim e reviraram os olhos.

- Da do teu pai é que não foi - falou Thalia e ficou quieta logo depois, então olhou pra loira.

- Você é de NY mesmo - Annabeth declarou dando de ombros.

- Talvez - eu era tão obvio assim?

- Idade? - perguntou Thalia

- 16 - bufei - isso é o quê, inquérito policial?

- O que veio fazer aqui? - perguntou Annabeth.

- Estudar - respondi - Por que tantas perguntas?

- Por que você simplismente não responde elas? - ela rebateu.

- Por que eu responderia?

- Porque é assim que se faz amigos.

- E quem disse que eu quero fazer amigos?

Então Annabeth parou bruscamente e Thalia a acompanhou. Cogitei parar e pedir desculpa, mas apenas continuei andando a procura da minha sala de biologia e as deixei para trás.

Esse é outro motivo para eu não ter amigos e nem namorada.

Parabéns Percy, você já pode ser considerado um idiota.

***

A escola passou demoradamente, acho que o fato de eu me sentir um tremendo babaca depois de falar com as meninas daquele jeito ajudou a fazer tudo passar mais lento.

Aproveitei a tarde pra fazer um bico em uma lanchonete que eu geralmente só trabalho nas férias, mas como eles precisavam de um garçom e eu já era de confiança, me ligaram. Sai de lá duas horas depois com 40 dólares no bolso e katchup na minha meia (longa história). 

Passei em casa apenas pra pegar minha bicicleta e o capacete do Ty na garagem e fui buscar meu irmão.

Comigo estudando com bolsa, mamãe conseguiu colocar Tyson em uma escolinha melhor, mas com isso eu tive que atravessar a cidade pra chegar ao colégio dele, inacreditavelmente eu ainda consegui chegar adiantado.

Sentei em um banquinho colorido do pátio e fiquei ali olhando os brinquedos.

Mães e babas iam se aglomerando na porta da escola, fofocando sobre a vida.

O sinal bateu e segundos depois duas mulheres abriram a porta, várias crianças sairam gritando, umas correndo para os brinquedos, outras correndo para seus pais e algumas, pequenas demais para correr,  eram guiadas pelas professoras.

Tyson apareceu na porta e correu os olhos pelas muitas pessoas paradas lá. Ele murchou um pouquinho e se virou para ir para o escorregador. Então ele me viu sentado e veio correndo. Me levantei bem a tempo de impedir que ele se chocasse no banco.

- Ei cara, você precisa de um freio - comentei rindo.

- Ou de um amortecedor - ele falou sorrindo e abraçou minhas pernas. 

Eu puxei o sorriso da minha mãe, mas Ty tinha o sorriso e as covinhas do papai.

Atravessei a cidade de novo, só que agora carregando o Tyson com um capacete de tubarão.

Ele estava animado com a escola nova, fez um amigo, conheceu uma menina bonita e brigou com um menino que foi chato com a menina bonita.

Eu ri disso? Não. Eu queria rir? Com certeza.

Tava tudo maravilhoso, até abrir-mos a porta de casa.

Gabe estava na mesa jogando com seus cupinchas, o vizinho de baixo e o porteiro.

Latas de cerveja estavam jogadas para todo lado e uma poça ensopava o chão que minha mãe passou o final de semana limpando por conta de uma mancha que Gabe fez.

Tyson apertou minha mão assim que Gabe Cheiroso (apelido que dei a ele 3 anos antes) se virou pra nós.

Ele abriu um sorriso desagradável e nos avaliou com olhos de peixe morto. Fechei a porta atrás de mim.

- Que bom que você chegou Percy - ele já estava bêbado - preciso de um dinheiro.

É claro que precisava.

- Eu não tenho dinheiro - falei rudemente e puxei Tyson em direção ao meu quarto.

- É claro que tem - Gabe disse presunçosamente me faxendo virar para olha-lo - Você não estava em casa hoje, o que quer dizer que foi trabalhar em algum buraco por aí, pela rapidez que chegou em casa veio de bicicleta, portanto não gastou dinheiro de táxi.

Gabe era burro como uma porta, mas quando se tratava de dinheiro ele se tornava um Einstein.

- Mesmo que eu tenha, eu jamais te daria.

- Ah é? - ele arqueou as sobrancelhas - Eu cheguei a te mostrar o que eu achei perdido aqui na sala mais cedo?

Meu padrasto pegou algo perto da cadeira e levantou.

- Senhor Arco-Íris - Tyson falou  olhando meio desesperado para o cavalo marinho colorido.

Era a única coisa do papai que Ty tinha, foi comprado quando meu pai descobriu que a minha mãe estava grávida.

O porteiro olhou para Gabe como se fosse discutir, mas olhou para o jogo na mesa e desistiu.

- 30 dólares garoto - Foi a oferta de Gabe.

Tyson olhou pra mim com os olhos cheios de água.

- 20 dólares - lá se vai uma hora de trabalho.

- Feito - ele decretou.

Entreguei pra ele o dinheiro e devolvi o bichinho de pelúcia pro meu irmão.

- Espero que você queime no inferno - foi a última coisa que eu disse.

Levei Ty até o meu quarto e fechei a porta. Eu queria voltar até a sala e socar a cara de Gabe até ele morrer. Virei pro meu irmão e tentei me acalmar.

- Ty, eu já não falei pra tomar cuidado com o Senhor Arco-Iris?

- Descupa Pê - ele disse olhando pro chão.

- Tudo bem - cedi, não conseguia ficar bravo com ele por algo assim - Não é culpa sua.

- Posso dormir aqui com você? - ele perguntou com olhinhos de cachorro que caiu do caminhão de mudança.

- Pode - não podia negar isso - Agora, já pro banho, tô sentindo cheiro de murrinha daqui. 

Ele sorriu e correu para o banheiro.


Notas Finais


Eu sei que tá chatinho, mas é só o começo.


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