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História Entre Tintas e Flores(Hopekook)(Junghope) - Capítulo 2


Escrita por: Daetie

Capítulo 2 - Capítulo 2


Fanfic / Fanfiction Entre Tintas e Flores(Hopekook)(Junghope) - Capítulo 2

Dizer que Jungkook não havia percebido a encarada que recebeu de Jung Hoseok, seria mentira. Era impossível não perceber aquele garoto o olhando de cima a baixo por tanto tempo parecendo hipnotizado, ainda mais para Jungkook que sempre via tais olhares direcionados para si com frequência. E o engraçado foi constatar que ele mesmo não percebia que suas ações estavam tão aparentes. E como Jungkook nunca em sua vida havia sentido qualquer sentimento por um homem, achou que seria divertido provocar, e foi divertido, já pensava no quanto riria mais tarde contando tal fato para sua esposa.

Porém Jungkook viu esse esse divertimento se esvair.

Foi com surpresa que ele sentiu um frio na barriga o dominar, a pulsação de seu coração aumentando incomumente de uma hora para outra, e o despojamento do sorriso gentil sempre estampado em seu rosto. Foi só um simples sorriso, porém o mais lindo que ele viu nos seus 30 anos de vida. O sorriso que o lembrava um coração inautêntico, e as pálpebras de seus olhos fechadas como uma autêntica lua minguante o distanciou por alguns segundos da realidade.

A surpresa tomou lugar a confusão, fazendo Jungkook começar a questionar a si próprio.

 Sentido? Para Jungkook não fazia nenhum. Como podia seu corpo reagir de tal forma à um simples sorriso, certo que era o mais diferente e bonito que ele já havia visto, mas mesmo assim, era Jungkook, aquele que tinha todas as certezas imutáveis dentro de si, aquele que não se surpreendia com mais nada, aquele que não sentia seu coração acelerar.

Jungkook não era cego, Hoseok é visivelmente um rapaz de uma beleza notável, um fato. Talvez seu corpo simplesmente tivesse reagido à essa beleza sem sua permissão, ou talvez estivesse apenas exagerando e causando balbúrdia dentro do seu consciente sem fundamentos plausíveis. Mas havia uma terrível voz que insistia em lhe dizer que não, ele, Jeon Jungkook, nunca sentiria esse desconcertamento por um simples sorriso.

-...e Hoseok será seu parceiro, tudo bem para você Jeon?

-Como? - seu nome juntamente com aquele que adornava seus pensamentos no presente momento o fez despertar de seus devaneios, o situando no lugar que estava.

-Escutou algo do que eu disse?

-Não me desculpe, pode repetir?

O professor suspirou cansado e tornou a falar enquanto vagueava pela sala.

-Estavamos falando sobre a galeria de artes da cidade ter cedido um espaço para que as obras de vocês sejam expostas. Porém eles me deram um limite de telas, e como eu não queria de modo algum ter que escolher, até porque acho que todos aqui tem os devidos requisitos para isso, decidi então que faremos duplas, sim, não se sintam desanimados, é um ótimo começo para quem quer seguir como carreira, enfim. Como eu estava dizendo, Jeon, eu escolhi as duplas, e como requisito usei a afinidade dos estilos e das expressões, que ao meu ver dariam certo juntas. E Jeon você ficou com Jung Hoseok, tudo bem? Alguma objeção?

Com a fala do professor terminada, os olhos de Jungkook procuraram automaticamente os de Hoseok, dando de frente com aquele sorriso que parecia ainda mais radiante. Jungkook arfou, aquela sensação sentida a dois dias atrás se fazia presente novamente em seu âmago.

-Jeon?

-Ah, não, não há problema nenhum.

Enquanto o professor desatava a falar na sala todos os nomes dos alunos em conjunto antes que a aula chegasse ao fim, Jungkook mal ouvia, pensava que agora que pelo visto ficaria um tempo perto do adolescente, iria tentar entender tais sentimentos que lhe afloraram, e assim de alguma forma findar aquele intempérie dentro de si.

-Senhor Jeon… o senhor não parece ter gostado da escolha do professor, se quiser eu posso falar com ele e trocar…

Hoseok estava ali diante de Jungkook, encolhido como um gato de rua em meio a tempestade, parecia triste e ofendido de alguma forma, seu olhar intercalava entre o mais velho e o chão, se demorando mais no chão.

E Jungkook se sentiu um idiota, provavelmente o garoto havia interpretado sua demora a resposta do professor como um desagrado da sua parte.

-Não, Hoseok, me desculpa, eu só estou meio avoado hoje, não se preocupe, como eu disse não há problema, não me incomodo com você. - isso não era total verdade, estava sim começando a incomodar, e Jungkook ainda não sabia se isso era bom ou ruim, porque apesar da situação no todo lhe parecer algo ruim, as sensações do seu corpo eram gostosas e acordavam seu interior de alguma forma, lhe faziam se sentir vivo.

-Que bom! Aliás queria te dizer, eu tenho um ateliê, só precisamos apenas marcar um dia e hora, já que você trabalha e eu não faço nada, quer dizer eu faço algumas coisas sim, e apesar de eu querer ser um grande pintor um dia, eu estudo variadas coisas porque eu sou muito curioso sabe e...- Hoseok se deu conta que estava falando demais quando percebeu as sobrancelhas franzidas e o sorriso ladino no rosto de Jungkook.

-M-mas enfim...eu só queria dizer que é melhor você escolher um dia...por… por motivos óbvios.

Adorável, era uma ótima definição para Hoseok naquele momento.

-Claro Hoseok, eu verei o dia que estarei disponível e te mandarei uma mensagem, certo?

-C-certo.

Jungkook se levantou para ir embora quando percebeu que a sala estava toda vazia, o desatino de Hoseok a fala o fez perder a noção do que estava acontecendo em sua volta. Mas um sintoma para colocar na sua lista de reações à Hoseok, pensou Jungkook. Realmente devia estar doente.



-Você está muito avoado ultimamente…aconteceu alguma coisa?

Era noite, seus filhos já dormiam e Jungkook depois de ter lavado a louça, estava encostado à beira da bancada da cozinha digitando em seu celular e com uma pano de prato em seu ombro.

-Jungkook? Jungkook estou falando com você!

-Ah, oi, me desculpe, o que foi? - rapidamente largou o celular e começou a dar atenção à esposa.

-Tá acontecendo alguma coisa, tá passando por algum problema? Você tá tão desligado...

Jungkook sorriu se aproximando da mulher e enlaçou sua cintura com um braço, enquanto que com a mão direita iniciou um suave carinho no rosto da mulher.

-Não meu amor, não está acontecendo nada não se preocupe.

-Tem certeza? Sabe que pode sempre contar comigo não é? É uma das minhas utilidades como esposa. - Disse com um sorriso enquanto retribuía o carinho do Jeon com suaves carinhos no braço do marido.

-Sim, eu tenho, não se preocupe, só ando um pouco estressado.

-Bom se for isso...então eu conheço um ótimo jeito de te fazer relaxar.

A mulher enlaçou os braços no pescoço do marido com um olhar divertido enquanto mordia o lábio inferior.

-É mesmo Sra. Jeon Naomi? E qual seria esse ótimo jeito? - Disse rente aos lábios da mulher enquanto apertava-lhe a cintura.

A mulher se aproximou rente a orelha de Jungkook, e as palavras sussurradas no ouvido do Jeon o provocaram arrepios, descontou todo o tesão que sentiu, nos lábios.

A mulher se distanciou pegando o marido pela mão, e o puxando para o corredor dos quartos, para o que seria uma longa noite e relaxante.


...


-Pensando mais a fundo sobre a relação de Castor e Pollux, eu acho… não, eu não acho, é perceptível que, em uma relação de irmãos, isso não é comum certo? Qual a possibilidade desse amor fraternal entre irmãos, ser tão grande que Pollux não aceitou viver sem Castor, assim como Castor não aceitou viver sem Pollux, ambos preferindo a morte ao saber que o outro estava morto, ambos felizes em se transformarem em uma só constelação do que viver, amar e ter uma longa vida, porém não juntos. Eles preferiram morrer. Agora pensando em  toda a parte ruim do que seria amar seu irmão além do fraternal, como um pecado mortal que com certeza te levaria ao inferno, em um tormento onde provavelmente você passaria a eternidade matando aquele que ama. Agora pensando naquelas pessoas falando tanto hoje em dia, sobre amor não ser pecado, é hipocrisia da parte delas dizer que uma relação extra fraternal com alguém do seu sangue é uma atrocidade? Não é como se fosse uma infração na lei de César certo? Bom, não achei até hoje nenhuma página na legislação falando sobre anos de cadeia por cometer a injúria de amar, assim também como não achei para aqueles que amam pessoas do mesmo sexo…

Gesticulando tanto com as mãos parecia até que ele estava falando com alguém de verdade e tentando arduamente convencer essa pessoa de suas convicções sobre suas divagações aleatórias sobre aspectos do mundo. Mas Hoseok estava apenas pensando em voz alta com um gravador de mão antigo ligado ao lado de sua cabeça deitada no travesseiro enquanto fitava as estrelas cambaleantes e fluorescentes pinduradas no teto do quarto. Não era algo nem um pouco incomum.

Mas veja bem, ele tinha a escolha de não estar ali, havia tantos âmbitos sociais que ele poderia se encaixar, era um rapaz versátil, se dava bem até com os mais idosos, às vezes entrava em uma conversa espetacular com a vizinha de 70 anos, sempre reclamando de filhos ingratos e dando lições poderosas de vida para Hoseok, e Hoseok sempre se atentava a escutar, por que ele adorava escutar histórias, ainda mais de pessoas mais velhas que viveram tanto e sendo assim sempre tendo tanto para dizer. Ou ele poderia estar com algum dos seus amigos antigos da escola, jogando, se embebedando e fazendo babaquices por aí, como qualquer adolescente. Mas na maioria do tempo Hoseok preferia ficar no seu pequeno mundo, entre estudos, leituras, músicas e tintas. Não é como se ele fosse algum tipo de adolescente depressivo que vivia trancado no quarto, não, de forma nenhuma, como dizia sua mãe, ele é "a personificação da alegria", porém ele tinha uma alma complexa e uma mente cheia que de algum jeito precisava ser esvaziada um pouco a cada dia para que não explodisse, por isso escrevia, por isso pintava e por isso pensava com a voz, por isso se expressava tanto, por isso era Hoseok. Porque era muito, era cheio, feliz, alegre e único, forte por aguentar o peso do que tinha na mente com tanto otimismo, como o sol.

E agora era um adolescente feliz demais enquanto fitava o girassol dentro da jarra na bancada ao lado de sua cama, era feliz agora e por isso esquecia todos os motivos do porque não deveria estar tão animado por de novo poder estar na presença dele a sós. Apenas pensava na mensagem que havia recebido de Jungkook no dia anterior, pedindo que fosse para floricultura Jeon no meio da tarde do que agora seria o amanhã, para que eles fossem para o ateliê de Hoseok e começassem o trabalho.

Hoseok estava tão animado, pensando no que iria conhecer dele, e Hoseok queria tanto conhecer ele… por trás de toda aquela beleza e quietude, Hoseok achava que havia algo bem mais bonito que sua aparência, e era isso que queria ver de alguma forma, queria ver através dos olhos de Jungkook. Aquele presente apenas o impulsionou mais à isso, queria saber do amor que aquele homem tinha pelas flores, estava tão curioso.


...



O amanhã havia chegado, o ontem não era mais que uma mera lembrança, seus porquês ficaram no passado, e Hoseok só via os prós. 

Estava ali novamente em frente a floricultura Jeon, nervoso claro, porém animado. Percebeu que a porta estava entreaberta, omitindo o barulho do sino quando à abriu em um todo e entrou. Estava alí naquele lugar maravilhoso novamente, Hoseok andou pelo lugar apreciando a flores até que chegou ao balcão. Achou que encontraria Jungkook alí, mas ele não estava, ficou um pouco perdido olhando de um lado para o outro, vendo se encontrava Jungkook em algum lugar.

Até que vislumbrou aquela porta do outro lado do balcão da onde  havia sentindo uma verdadeira curiosidade em saber o que tinha por lá da última vez que esteve alí. Arqueou uma sobrancelha pensando que o mais velho poderia estar além daquela porta, porém era certo que ele não deveria entrar, com certeza o além daquela porta era só destinado para quem trabalhava alí, mas Hoseok ainda tinha o pretexto de que estava procurando por ele, e era esse que usaria para simplesmente entrar alí e sanar sua curiosidade ao invés de simplesmente chamar por seu nome.

Foi com tal pensamento que contornou o balcão, chegando até a porta e abrindo-a lentamente. 

Os lábios entreabertos de Hoseok e os olhos arregalados denunciavam sua surpresa. Ele realmente não espera encontrar uma estufa ainda maior que a loja inteira. Sua surpresa virou um sorriso maravilhado enquanto ainda parado passava os olhos por todo aquele lugar. Era como um castelo de telhado e janelas de vidro, Hoseok pensou que poderia morrer alí dentro e morreria feliz. Então seu olhar encontrou Jungkook agachado em frente ao que ele sabia serem rosas. Viu que ele sorria enquanto falava e olhava para as rosas. 

Ele estava falando com as rosas. Essa constatação fez Hoseok sorrir divertido.


...


-É algo bom sentir isso certo? Ou será que isso me trará problemas?

-Mas que atrocidade minha flor, não fale coisas desse tipo. - riu divertido.

Jungkook suspirou cansado depois de uma longa conversa com suas rosas, era sempre bom para si mesmo ter tais conversas, que ele sabia ser com seu próprio consciente, mas era bom pensar que as rosas lhe ouviam e lhe respondiam.

Se levantou e girou em seus calcanhares, provavelmente Hoseok logo chegaria. Porém Jungkook travou onde estava quando viu aquele que adornava seus pensamentos alí, lhe olhando. A quanto tempo ele estaria alí?

Viu o garoto arregalar os olhos e sua boca abrindo e fechando, provavelmente pensando no que diria por ter sido pego em flagrante o observando.

-A-a m-me desculpa, eu só estava… é… te procurando, e achei que você pudesse estar aqui…

Jungkook estava se sentindo um pouco constrangido por ter sido visto em um ato não muito são de acordo com a sociedade, mas não torturaria o garoto, ele já parecia nervoso de mais.

-Ah tudo bem não se preocupe. - Jungkook disse enquanto se aproximava. - Só espero que não me denuncie ao manicômio. - sorriu mordendo o lábio inferior, um ato que lhe era característico quando estava envergonhado e também em outras ocasiões.

Hoseok engoliu em seco e tentou prestar atenção no que ele dizia e não em seus lábios.

-Não se preocupe, eu faço pior.- sorriu. - E na verdade isso só me prova que o senhor, Sr.Jeon, é um homem muito são.

O Jeon se aproximou mais, colocando as mãos nos bolsos, e se encostando na pilastra de madeira da pequena varanda que tinha alí perto de Hoseok.

-Eu pareço ser muito velho pra você?

-Não, nenhum um pouco...por que a pergunta? - Hoseok se acanhou um pouco com a proximidade de Jungkook.

-Você é a única pessoa que me chama de senhor, deve me achar muito velho.

-Não! Não! Sr.Jeon, é só que… é eu não sei explicar, não te acho velho mesmo, mesmo não sabendo sua idade, na verdade você parece ser bem novo, mas eu também não tenho o costume de chamar as pessoas assim, talvez eu te ache superior de alguma forma, mas eu vou pa…

-Me acha superior de alguma forma?

-É… você parece ser experiente…

Jungkook prendeu a risada que soltaria pela última fala do garoto, abaixou a cabeça tentando esconder seu divertimento para o garoto não se sentir envergonhado, porém foi em vão.

-Ah, não ria de mim…

Levantou a cabeça para ver o garoto com um adorável bico nos lábios e os braços cruzados no peito.

-Me desculpe, é que você falando assim, parece que me vê como algum dominador de filme pornô. - E com a sua própria fala Jungkook não conseguiu prender mais a risada.

A princípio Hoseok ficou vermelho de vergonha, porém logo depois começou a ver graça na situação, se juntando a Jungkook nas risadas contidas.

-Por ter me feito rir, Hoseok, te perdoarei por ter entrado no meu santuário sem permissão, mas da próxima vez...não terei a mesma piedade.- Disse sorrindo divertido. Andou passando por Hoseok, indo em direção a saída da estufa.

Hoseok mordeu o lábio inferior e fechou os olhos enquanto um sorriso adornava seu rosto.

-Vamos Hoseok, temos um trabalho a fazer, preciso fechar a loja, não fique parado aí.

Hoseok então despertou e se colocou a seguir Jungkook para fora dali.

E depois de ter ajudado Jungkook a colocar as coisas no lugar e fechar as portas do estabelecimento, Hoseok começou a guiar Jungkook pelo caminho de sua casa, enquanto tinham uma maravilhosa conversa entre tintas e flores.





Notas Finais




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