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História Equilibrium - Início do jogo


Escrita por: Daemone

Capítulo 21 - Início do jogo


 

Eu seria uma hipócrita se falasse que absolutamente durante minha tentativa de salvar um mundo foi um porre. Sou obrigada a admitir que as duas semanas que passei “cozinhando” Hermes foram o ápice do mês.

Como minha mãe não aparecia para me apressar e como não teve nenhuma tentativa de homicídio contra minha pessoa, admito que não vi necessidade de apressar as coisas. Aparentemente, Érebo só estava comunado com a sacerdotisa, mas não estava modificando nada do equilíbrio dimensional. Sou obrigada a admitir que o filho de uma meretriz era esperto, paradinho agora, enquanto minha mãe buscava as adagas, para depois vir com o discurso que ele era um santo que não estava fazendo nada e ela que estava surtando igual uma louca. Se você reparar bem, é uma estratégia bem típica de homem.  

Por incrível que pareça, o auge da minha preocupação era como minha mãe iria resolver mingas faltas escolares. Eu tinha medo que se fizesse merda e não salvasse o mundo, ela não iria mexer os pauzinhos e puff: repetir de ano por faltas. 

Gente, que ridículo.

De qualquer forma, como as sirenes não estavam tocando, eu estava curtindo.

Apesar de ter tido a sensação de "santo não bateu" quando vi Hermes pela primeira vez, realmente comecei a apreciar a companhia dele. Principalmente fazendo maldade, afinal, a maneira de fazer o deus da trapaça gostar de mim era manifestar toda minha maldade interior.

Alec e Vanessa eram minhas vítimas favoritas. Como eles eram minhas vítimas desde que éramos pirralhos, eles eram espertos com meus truques, ou seja, eu tinha que inovar. 

No dia 5 da semana 1, Vanessa cheirava até a água da torneira antes de beber. 

E eles revidavam também. Eu gosto de adrenalina quando não é fatal, então era engracadinho.

No dia 6, eu estava tomando banho tranquilamente e lavando o cabelo. Pra não ferrar meu cabelo com o sal de praia — Hermes, que também dividia a patente da Medicina com Apolo, curou minha barriga remendada. Então, eu ia para praia todo dia. Só Layla, Idia e Hermes, ocasionalmente, me acompanhavam já que Vanessa e Alec não tinham fé na credibilidade dos protetores solares perto de mim —, resolvi deixar meu cabelo hidratando com um creme por um tempinho enquanto eu jogava Lords Mobile na banheira. 

Acho que o que me salvou foi minha intuição, então, criaturas, sempre deem algum crédito ao seu sexto sentido. Só para afastar as suspeitas, dei uma cheiradinha no creme. 

Tinha um suave cheiro de química. Mais química do que o recomendado pela Anvisa para cremes de cabelo.

Passei um pouquinho do creme no dorso do meu braço para testar o efeito e dar aquela verificada nos meus níveis de neurose — Sei lá, né. Vai que eu estivesse tão louca a ponto de imaginar cheiros.

Aí os pelinhos do meu braço se dissolveram.

— Que audácia dos filhos da puta.

Fiquei bastante p da vida com isso. Depilar o couro cabeludo de alguém é equivalente a dar chumbinho na escala Christine de traição. Meu cabelo estava ultrapassando minha cintura, pô, iria demorar uma reencarnação inteira para voltar no estado anterior.

Nem eu sou tão malvada. 

Peguei o meu roupão e saí para a sala para esganar um. 

Alec estava deitado no sofá, lendo alguma coisa no celular enquanto a TV estava ligada a toa. Enfim, um desperdício de eletrecidade do caramba, sempre pensei que seres semi imortais deveriam ser o mais ecológicos possível.

Ele me olhou com a maior expressão de inocência do mundo. Praticamente a madre Tereza de Calcutá reencarnada.

— O chuveiro queimou?

Mostrei o pote de creme para ele. A inocência dele seria credível, mas o cantinho da boca dele repuxou quando ele viu o creme. 

Ele ergueu as mãos para o alto.

— Juro que sou inocente e nego minha colaboração em qualquer plano pérfido da minha irmã — ele piscou — Você sabe, ela é uma víbora. 

Ergui uma sobrancelha. 

— Você gosta de se trancar no seu quarto igual um emo de 14 anos — falei — Você está aqui na sala para ver o espetáculo quando o creme funcionasse.

Sendo sincera, não era a ideia mais inteligente dele. Ele seria minha primeira vítima de homicídio, ainda mais considerando os fatores racionais ligados à profecias, ou seja, eu teria todos os motivos do mundo pra acabar com a raça dele. Acho que alguns juízes comprados poderiam até considerar isso como legítima defesa.

— Você que age como uma ema de 14 anos — ele suspirou — me encarando o tempo todo como se minha simples existência fosse a ameaça suprema a sua vida. 

— Pelo menos, esta parecendo uma ameaça suprema ao meu cabelo.

A boca dele estava comprimida na tentativa de segurar o riso.

— Juro que tentei convencer Nessa a colocar só um pouco de água oxigenada.

Estreitei os olhos. Para quem tinha me dito uma vez que achava que meu cabelo parecia o cabelo ondulado de uma gravura de uma princesa medieval, ele não tinha muita dó de descolorir ou dissolver. 

— Vai ter troco, aguarde. 

Enquanto eu voltava para o banheiro, Vanessa me encarava do andar de cima com os olhos verdes de gato brilhando. Ela teve a audácia de dar um tchauzinho.


 

Um tempo depois, taquei pó de mico nas clacinhas dela. Truque velho, mas nunca deixa de funcionar. Troquei todos as pílulas de calmante de Alec por farinha dada por Hermes — ele queria dar farinha batizada, mas achei que ter um controlador de chamas destruidoras de alma desgovernado pela casa seria má ideia. Sem os calmantes para dormir, ele andava perambulando pela casa igual um zumbi com olheiras que mais pareciam hematomas.

Era aterrorizante pensar em que coisa ele tinha feito para não conseguir dormir sem estar dopado.

Quanto a Vanessa, eu só sabia que o pó de mico tinha funcionado pelo barulho inconfundível de pisadas no chão.

Depois disso, se seguiu uma sequência interminável de pó de mico em tudo que é lugar, bolachas recheadas de creme de barbear, cadeiras com pernas quebradas, trufas de alho — Esse ápice da genialidade foi meu. Mergulhei alhos, cuidadosamente cortados em forma circular a propósito, em chocolate derretido até ficar com aspecto de trufa. 

Vanessa, o demônio devorador da geladeira, caiu igual uma pata.

— Eu só estava testando se alho faz mal para Vrykolakas mesmo — justifiquei.

 

De vez em quando, havia outras vítimas além dos dois. Certo dia, eu estava em um museu de anatomia com Layla e Hermes. Em algum momento, eu tinha falado que queria fazer medicina e ele sugeriu o passeio com um ar zombeteiro. Segundo a criatura, era necessário estômago forte para fazer medicina e ele começou a me provocar.

No fim, ele estava errado, olfato fraco que era necessário. Vamos ser sinceros, cheiro de formol dá dor de cabeça e fede pra cacete. Mais tarde, eu iria descobrir que o cheiro não saia do meu nariz e das minhas mãos nem com reza. De qualquer forma, eu não iria reclamar e dar o braço a torcer.

Enquanto eu estava ocupada fazendo a pose de "não estou incomodada", Layla reclamava do cheiro a cada 3 segundos. Se telepatia estivesse na minha lista atualmente nula dde poderes, iria sugerir para que Layla falasse que estava com tontura e aí teríamos pretesto para sair.

— Babacas — ela falou.

Parei de olhar um coração com Chagas quando notei que ela falou algo fora do padrão e prestei atenção ao redor.

Um pouco mais á frente, tinha um grupo de jovens ao redor de um corpo inteiro conservado e eles estavam zoando o pintinho do defunto. Se um deles caísse morto e fosse preservado com formol, duvido que teria algo com tamanho considerável. Talvez não tivesse tamanho considerável nem vivo.

— Queria entender a obsessão de homens por paus — comentei, olhando para Hermes.

Como ele era uma criatura milenar, pensei que teria uma resposta super reflexiva ou a explicação para a questão.

— Porque é sempre menor do que o tamanho que eles querem.

Talvez eu tenha rido um pouquinho. 

Ergui uma sobrancelha.

— E as divinidades?

Ele ficou com expressão de riso.

— Deseja a resposta educada ou a menos educada?

 — Estamos em públicoooo - Layla cantarolou - E eu não quero ouvir sobre pintos elásticos enquanto estou cercada de pintos mumificados. 

O segurança começou a nos encarar porque eu estava rindo um pouquinho. Vocês tem que me perdoar, Layla não costumava ser desinibida assim, era bem raro ela soltar algumas maldades.

— Então a santa Layla supõe que deuses sejam uma versão do homem elástico? Eu só espero que você não tenha tirado essa ideia de hentais.

Comecei a gargalhar. Layla estava vermelha.

— Talvez a verdadeira forma dele nem tenha pênis — sugeri — Talvez ele seja um inseto gigante que use ilusões visiveis e táteis para parecer humanóide e toda a lista de amantes humanos dele ficaram trepando com o vento enquanto um inseto gigante ficava rindo da cara deles.  

Como vocês podem ver, não há limites para meu bullying. Sou a pessoa mais democrática que você vai ver na vida, eu azucrino deuses, mortais, gatas gigantes, descendentes de deuses e por aí vai.

— É cada suposição - ele suspirou - Vocês querem…

— Querem ver como vou aterrorizar mortais sem nem usar mágica - interrompi antes que ele fizesse alguma proposta indecente. 

Sabe, eu tenho senso para notar certo padrão: mortal foi pra cama com uma divinidade = mortal morto, transformado em bicho ou lascado. Mas Layla, graças às Parcas, estava tendo um complexo de "talvez eu morra amanhã". Isso não era saudável. 

Então, andei até o grupo de mortais e parei do lado do braço dissecado do corpo. Fiz a cena de interessada por alguns minutos e depois franzi a testa.

— O que é isso na ponta dos dedos dele? - Perguntei, mais dissimulada do que a Capitu na visão do Bentinho.

— Que?

Um dos mortais, o míope de óculos, até deu uma abaixadinha para ver melhor. 

Aí eu puxei rapidinho um dos tendões. Como os pobres coitados estavam focados no dedo, não viram minha movimentação, só viram o dedo do cadáver se mover bem na direção deles.

Para ser sincera, acho que eles não se mijaram nas calças porque estavam de bexiga vazia.


 

Acho que posso classificar tudo isso como tempo bom. Praia, cinema, museus, trapaças, versão mais malvada de Layla, Vanessa tendo quase um colapso nervoso, Hermes aparentemente legal. Eu aproveitava tudo isso durante o dia, mas a ansiedade me pegava antes de dormir de vez em quando.

Se estava tudo tão bom, uma calmaria antes da tempestade, algo poderia acontecer em breve. Na maioria das vezes, minha vontade era que acontecesse logo, aí eu pararia de sofrer em antecipação.

— Vai tomar um chá de camomila, menina - Idia falava.

—Gata vovó - falava, virava para o lado e ficava imóvel até dormir. 


 

No dia, eu estava boiando tranquilamente na piscina de Hermes, 100 % relaxada. Idia estava deitada em uma boia sobre a água, olhando o fundo da piscina com interesse - esperançosamenre não tinha algum inseto ou coisa lá. Layla estava nadando de um lado para o outro com uma energia que eu só teria sob efeitos farmacológicos e Hermes estava estirado no sol igual um réptil. Talvez minha teoria sobre o inseto não estivesse tão errada e eu só troquei o animal em questão. 

Em algum momento, Hermes estralou os dedos e conjurou alguns camarões fritos. Ah, as vantagens dos poderes divinos. Imaginei se eles desapareceram aleatoriamente de um quiosque.

Eu e Layla ficamos na borda da piscina, devorando os camarões como as criaturinhas esfomeadas que éramos.

— Querem vodka? - Ele perguntou enquanto conjurava as bebidas.

— Coca-cola está bom - falei.

Ele parou de conjurar e a fumaça de conjuração ficou dançando no ar.

— Layla quer. 

Balancei a cabeça. 

— A gente não bebe esse tipo de coisa.

Eu e Layla tinhamos um lema: melhor criar celulite do que tostar neurônios. 

— Deixe Layla responder, praguinha

Layla deu os ombros.

— O que custa, né? Talvez Trivia me mate amanhã.

Fiquei meio que sem argumentos. Hermes connurou dois copos coloridos e brindou com Layla.

 — Carpe Diem!

 

Eu tenho uma relação peculiar com o álcool. Apesar de toda a midia e propaganda, nunca senti vontade de beber quando era mais nova, talvez isso ocorresse porque nunca vi minha mãe bebendo - será que álcool faz efeito em deuses? - e minha única influência era ela. Eu tive um professor de matemática incrível do meu sexto ano até o nono ano, ele que me incentivou a fazer olimpiadas científicas de exatas e também me ajudava nas de linguística porque como ezle era haitiano, ele também manjava de francês. 

Eu gostava mesmo do Miranda. Ele cantava: "Não sabe, não sabe, vai ter que aprender, orelha de burro, cabeça de ET" quando alguém errava um resposta na lousa. Antiético, mas engraçadinho. Um vez, ele errou um exercício e a sala inteira cantou a musiquinha pra ele. 

Enfim, perdoa quem não tem coragem para dar o troco. Apesar dele ter se vingado de nós com uma prova cheia de exercícios do vestibular da faculdade de exatas mais difícil do país, ele era meu professor preferido. 

Então, ele morreu. Morreu de uma forma tosca, aos 36 anos. Levou um pé na bunda da esposa, ficou triste, se entupiu de álcool e caiu no meio da rua durante a noite. E então ele foi atropelado por um caminhão no escuro. 

Desde que me contaram isso, meu cérebro fez uma associação: alcool = droga legalizada que ferra a vida de pessoas tristes. Nunca mais me pareceu descolado quando personagens em filmes enchiam a cara. 

E lá estava eu, reflexiva enquanto Hermes conjurava uma vodka após a outra e falava com Layla sobre meu puritanismo. 

De vez em quando, ele me olhava com as sobrancelhas erguidas. Eu que normalmente ergo as sombrancelhas quando estou aprontando.

Esse mimetismo só me dizia algo: Hermes estava cansado de sacanear os outros, ele queria jogar comigo agora. 




 


Notas Finais


Olá, cambada, estou viva. Fiquei meio ocupada na faculdade e agora estou fazendo uma pesquisa sobre câncer de pele. Se vocês puderem me ajudar na pesquisa preenchendo o formulário, eu agradeceria. É muito importante, há medicamentos que literalmente impulsionam as chances de desenvolver câncer. Link : https://forms.gle/PpdfMkcdCdNFCBuB6
(Você não precisa ser hipertenso ou ter tido câncer para responder). Então, pessoal, compartilhem com a família, nos grupos de Whatsapp e etc.


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