1. Spirit Fanfics >
  2. Era uma vez... >
  3. PARTE II - A COMPLICAÇÃO: Capítulo 1 - No livro

História Era uma vez... - PARTE II - A COMPLICAÇÃO: Capítulo 1 - No livro


Escrita por: Fandemiraculous

Capítulo 12 - PARTE II - A COMPLICAÇÃO: Capítulo 1 - No livro


"Schlimazl: palavra ídiche que é atribuída a uma pessoa com azar crônico."

Cassie caiu do outro lado do portal com graciosidade, pousando sobre os dois pés. Já Zada... Bem, ela não era muito acostumada a portais de Aperiums, você sabe. Então, depois de limpar a sujeira do rosto, cuspir um pouco de areia e se levantar, ela finalmente olhou ao redor. E a paisagem era de partir o coração.

Diante delas, havia uma vila praticamente destruída com boa parte de suas casas de palha transformadas em cinzas. Milhares de cruzes se espalhavam pela planície. Pessoas de aparência deplorável pareciam procurar o que sobraram de suas vidas nas ruínas. Muitas, assim que viam Cassie, corriam de medo. Mães procuravam esconder suas crianças magérrimas como proteção e Cassie sorria diante disso, como se apreciasse o fato de terem medo dela.

- Cassie. - chamou Zada, fazendo a expressão de Cassie ficar azeda. - Onde estamos?

- Finalmente em casa. - disse Cassie, sorridente. - Menos você, é claro. Trate de sair dessa história, porque ela é minha.

Cassie disse isso de um jeito tão irritado que Zada se assustou.

- Cassie...

- E não me chame assim. Meu nome é Cassandra. - ela pareceu enxergar algo no horizonte e sorriu com um tom maldoso. - E já que você não vai sair, pode vir comigo. Nossa carona logo vai chegar. Ah, finalmente parece que tudo está dando certo.

Zada olhou na direção em que Cassie olhava.

Ao longe, uma mancha escura surgia no horizonte. As pessoas olharam para aquilo com pavor, quase tanto quanto o que sentiam por Cassie, e começaram a correr para se esconder atrás das poucas casinhas que restavam.

- O que é aquilo? - perguntou Zada, tentando focar melhor.

Cassandra respirou profundamente. Seu pingente soltou um brilho vermelho, como o celular descarregado com 1% de bateria, e começou a ficar num tom alaranjado, mudando gradualmente de cor. Então Cassandra juntou as mãos e começou a formar uma esfera de energia que aos poucos foi alongando e tomando forma. Então a luz se apagou e nas mãos de Cassie havia um longo tecido que ela enroscou ao redor da cabeça de modo a esconder o rosto. Zada olhou aquilo, confusa.

Quando se aproximaram, Zada viu que eram cavaleiros em cavalos de aparência fantasmagórica. Ela recuou um pouco e viu um deles, que parecia ser o líder, se aproximar de Cassie.

- Quem é você, forasteira? - disse ele. - Esse é o território de Vossa Majestade, a Rainha...

Cassie ergueu levemente o rosto e o cavaleiro pareceu ter ficado sem voz.

- Você. - gaguejou ele.

- Eu. - disse Cassie, com um sorriso.

- Imagino que queira ver a rainha.

- É claro. - disse ela.

Zada esperou que ele olhasse para ela, mas isso não aconteceu. Intrigada, Zada passou a mão em frente ao rosto dele e percebeu, surpresa, que ele não reagia.

- Devo estar no "modo narrador". - disse, pensativa.

E está.

A voz da cabeça de Zada voltou e parecia achar aquilo muito divertido.

O óculos ativou automaticamente essa configuração, já que Tornacenses não querem ser vistos chegando. Seria estranho para nós e perturbador para os personagens.

- Entendo. - disse Zada. - Será que agora eu posso saber algo sobre essa história?

Você pode tentar.

- Ahn... Óculos? - chamou ela, insegura sobre como começar. Esperou um pouco. - Dúvida... Ahnn... Eu tenho uma dúvida.

Ela esperou um pouco, mas o óculos não fez nada.

- Que grande ajuda...

Então ela sentiu o óculos esquentar e palavras com os contornos falhando apareceram na sua frente.

H jkhhbn kgdn água kcghnj guerra magiahfdbb Cassandra jffvsfaknob herdeiro bhcbhcvb Rainha jgbjjv Rei jhdnkljgldwaddxsadrxxadjbjk...

- O que...

⚠️ Houve um problema no sistema de informações. Por favor, tente acessar a nossa rede mais tarde.

Zada suspirou, irritada. Quando virou-se para onde estava Cassie, ela subia em um dos cavalos e parecia prestes a partir.

- Ei! Espera! Aonde você vai? - gritou, correndo até lá.

Cassie revirou os olhos e juntou as mãos, criando outra esfera de energia. Só que dessa vez ela criou uma corda e patins.

- Pra que eu vou usar isso? - perguntou.

Cassie fez uma expressão irritada e então Zada entendeu qual era o plano. Ela calçou os patins velhos, amarrou a corda ao redor do cavalo e se segurou.

- Pronta para ir? - perguntou o cavaleiro.

- Sim. - disse Cassie, num tom esnobe.

E então o cavalo começou a galopar.

E ver a Zada tentando se equilibrar em patins ao mesmo tempo em que tenta não ter os braços arrancados foi a coisa mais hilária que eu já vi. Mas, como vocês sabem, ela é uma schlimazl, então é óbvio que algo aconteceu. Primeiro que a corda se rompeu na primeira curva, fazendo a pobre Tornacense cair de cara na lama.

Ou seria cocô de cavalo-fantasma?

Não sei. Mas o azar não termina aí. Ela tentou correr, mas tropeçou e caiu pela ladeira lá do lado. Sobreviveu por pouco ao cair em cima de um animal peludo ali, que possivelmente já tinha sido um cervo em vida.

Então ela descobriu que caíra bem em cima do almoço de uma alcatéia de lobos. Os animais rosnaram para ela.

- Ah, droga! - disse ela.

Rápido! Diga que eles não vão te atacar!

- Por que? - perguntou, confusa.

Vai logo!

- Ahn... Os lobos não atacaram a narradora.

Mas os lobos continuaram indo na direção dela, rosnando.

- Não funcionou...

Faça melhor!

- Ao contrário do que parecia que ia acontecer, os lobos não me atacaram...

Assim que Zada disse isso, um lobo pulou na direção dela.

- Ah! - gritou, se encolhendo.

Mas ao contrário do que parecia que ia acontecer, o lobo não a atacou. Ele ficou de barriga para cima, à espera de um carinho.

- Own... - disse, passando a mão na cabeça da loba.

Então ergueu a cabeça com o olhar determinado.

- Vamos para o castelo!

__________________________


Os cavalos, depois de um longo caminho para o castelo da Rainha, que ficava tão tão tão tão tão distante de tudo, pararam e Cassandra viu-se diante de um imenso castelo de torres altas e alvas como a neve que pareciam furar o céu. Um perfeito castelo de princesas dos contos de fada. Exceto, é claro, pelo fato de que não era uma princesa boazinha ou uma donzela em perigo que morava lá, mas uma rainha tirana e malvada.


Olha, como narradora (e pessoa que sabe boa parte do que vai acontecer no futuro), eu aconselho a não julgar os vilões tão cedo. Por que isso? Ah, nada não.


Voltando à história...


Um lacaio assustador esperava os cavalos em frente ao castelo.


- Cassandra... - disse com sua voz de múmia. - Então você voltou? Sua Majestade estava certa.


Cassie revirou os olhos.


- Tá, tá... Me poupe do seu discurso de "a Rainha estava certa". - disse Cassie. Então ela deu um sorriso assustador. - Eu voltei porque percebi que preciso voltar ao meu papel.


O lacaio não mudou sua expressão vazia, mas devia estar sorrindo por dentro.


- Por aqui, milady. - falou, pegando Cassandra cuidadosamente pela mão e a ajudando a descer do cavalo.


Assim, Cassandra subiu as escadas de degraus impossivelmente brancos e passou pelas portas do castelo.


E Zada?


Bem, ela estava sendo levada por uma águia selvagem até o castelo. A águia desceu lentamente e a colocou cuidadosamente no parapeito de uma janela. Assim que tocou as paredes do castelo, Zada sentiu um arrepio. Ela olhou para o branco do castelo, a cor parecia pressioná-la, oprimí-la. Finalmente ela ergueu os olhos e deu um sorriso para a águia.


- Muito obrigada, meu amigo. - disse e a águia piou alto, indo embora. - Agora, vamos encontrar a Cassie e fazê-la voltar a si. - Zada tossiu um pouco. - A janela magicamente se abriu pra mim. - disse.


Porém nada aconteceu.


- Ué? - disse, confusa. - Achei que eu fosse a narradora.


Eu sou a narradora, só pra você não ficar confuso.


Tenta algo diferente. Você está forçando a barra fazendo tudo ser relativamente fácil pra você. As histórias não são assim.


- Mas olha esse castelo! - exclamou Zada. - Devemos estar em um conto de fadas.


A "outra" gargalhou muito.


Ai, ai... Você logo vai descobrir.


Confusa, Zada olhou para a janela enorme novamente.


- Ahn... A janela estava fechada e trancada, mas a tranca estava frouxa e, com o impulso certo, eu conseguiria abrí-la e invadir o castelo.


Então Zada deu um passo pra trás e bateu contra a janela. Não abriu. Tentou de novo. Não abriu. Tentou de novo. Não abriu. Uma última vez ela se chocou contra a janela.


- Zada?! - disse Cassandra antes de abrir a janela e Zada cair no chão à sua frente.


A Tornacense levantou-se com um gemido.


- É, a janela abriu. - disse, colocando a mão nas costelas. - Au.


Cassandra parecia em choque.


- Como você chegou aqui?! - exclamou, enquanto passava a mão no belíssimo vestido branco de princesa, como se estivesse limpando uma sujeira invisível.


- Ah, havia uns lobos, depois uns crocodilos, um dragão, águias selvagens, um penhasco mortal, um vulcão... Essas coisas. - ela encarou Cassandra. - Que vestido é esse? - perguntou.


- Agh... Não era para você estar aqui. - disse ela, ajustando as mangas bufantes.


Zada assobiou, olhando o cômodo.


- As águias disseram que esse castelo é do mal. - ela passou o dedo sobre a cômoda branca e viu que não havia poeira. - Para um lugar do mal, aqui é bem limpo. Eu imaginava algo mais escuro e assustador. - disse ela, se sentindo suja com o quanto era impecável a limpeza do ambiente.


- Não é um "castelo do mal" comum. - disse Cassie. - É o castelo da Rainha Serafine, a branca.


- Por que "a branca"? Ela é muito pálida? - perguntou Zada, mexendo em um abajur enfeitado. - Que chique.


- Larga isso! - disse Cassandra, colocando o abajur em outro lugar.


- Que estressada. - reclamou Zada.


- Ela é "a branca" porque não suporta manchas, imperfeições, pedras no sapato se é que me entende... - disse com um tom inspirado. - Algo doentio se quer saber.


Zada olhou para Cassandra com preocupação.


- Cassie... Você está diferente. - ela olhou para o pingente de Cassie, que já estava quase roxo. - Acho que seu pingente já está terminando de "carregar". Hora de irmos embora.


Zada foi até a janela para abrí-la.


- Vamos...


Quando ela se virou, viu o dedo indicador de Cassie apontado para ela com uma aura brilhante.


- Não. Eu finalmente estou em casa e você não vai tirar isso de mim. - disse, se aproximando.


- Cassie, o que você...


- Já disse para não me chamar de Cassie! - gritou e um raio brilhante saiu do dedo dela em direção a Zada, que por pouco não foi acertada. - Aqui eu sou Cassandra Evelyn Royal, aquela que mudará os rumos dessa guerra e vai trazer a paz para Turmalim. - ela dizia, de modo doentio. - Assim eu conseguirei novamente as graças da Corte e a Rainha me dará oficialmente poder e controle!


Zada olhava-a, assustada.


- Cassie... Cassandra... Você está ouvindo o que está dizendo?! - exclamou, apesar de não estar em posição para isso. - Essa não é você.


- Essa é quem eu fui escrita para ser. - disse, solene.


A contradiga. Ela tem que "acordar".


- Isso não parece com algo que você diria. - Zada se levantou lentamente ainda encostada à parede. - É isso que quer? Ser a vilã? Vilões terminam sozinhos, sabia?


- A solidão é minha melhor amiga desde sempre. - disse Cassie, mas seu tom soou pouco confiante.


- E o Ed? - disse Zada, lentamente caminhando até a porta.


- Ele... - Cassie parou, dividida e tendo um choque entre suas próprias vontades e aquelas que tinham sido escritas para ela. - Eu...


- Você não pode tê-lo se ficar aqui. Ele é parte dos mocinhos. Você vai deixar Edward, Cassie? - disse Zada, mais enrolando para distrair Cassandra do que tentando fazê-la voltar a si.


- Eu... - Cassie colocou a mão na cabeça e seu pingente começou a piscar freneticamente, ora sendo simples e roxo, ora sendo adornado e transparente.


Zada se aproximou de Cassie.


- Eu poderia raptá-lo! - exclamou Cassandra, quando a Tornacense estava perto dela.


Coloque a mão no pingente dela.


Instruiu a voz da "outra Zada" e assim fez nossa protagonista.


Quando Zada segurou o pingente, Cassandra brilhou intensamente e então caiu no chão, meio desmaiada.


- Ah, não! - disse Zada, com as mãos na boca. - Olha o que você me fez fazer! Eu matei a Cassie!


A Aperium deu um gemido, se mexendo no chão.


Não foi dessa vez.


Disse a "outra Zada", rindo da Tornacense.


Cassie sentou-se e olhou, confusa, para onde estavam.


- O que aconteceu? - disse, se levantando. - Onde eu estou?


Zada a ajudou a se erguer.


- Bem, é uma longa história. - disse Zada. - Mas estamos em um "castelo do mal" que é bizarramente impecavelmente branco.


Cassie ficou pálida, apesar de que suas cores estavam lentamente voltando.


- Ah, não. Eu sei onde estamos. - ela pegou o abajur decorado. - Estamos na minha história.


Alguém bateu na porta.


- Milady, Vossa Majestade, a Rainha, quer vê-la nesse momento. Estará esperando no Salão de Chá. Não demore.


Som de passos se distanciando.


- E agora vamos ver a Rainha. - disse com tom de chateação, colocando o abajur sobre a cômoda.


- E qual é o problema? Podemos sair daqui antes. É só você criar um portal.


- Não é tão simples. VOCÊ precisa nos tirar daqui. Você é a tornacense. - Cassie arrumou o vestido. - Além disso o problema é outro: a Rainha quer me ver.


- E daí?


- Ela é minha mãe.




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...