Annie
Eu nem sei o que seria brincar na chuva ou correr no jardim. Talvez eu nem saberia o que é sair do quarto ou ter um amigo. Talvez eu não saberia o que fosse de mim sem ele, Noah Thompson. Somos amigos desde criança, mesmo que nossos pais ainda nos considerem crianças.
Hoje é mais um dia como todos os outros e...
- Annie... - Sim, é um dia normal, como aqueles que a pessoa mais importante de sua vida grita pela janela o seu nome.
- Já estou descendo!
Ao descer as escadas, mal pisei no último degrau e já encontro ele lá conversando com meus pais. Sempre tão nostálgico e feliz, dessa vez eu o encontrei triste e cabisbaixo.
- Aconteceu alguma coisa? - Perguntei assustada.
- Querido... - falou minha mãe para meu pai com um tom de angústia.
- Filha, eu e sua mãe conseguimos empregos ótimos em São Paulo, no qual vamos nos remunerar quase três vezes mais que aqui. E...
- Não! Aqui é minha vida. Nasci aqui, cresci aqui e quero continuar aqui e não é a ambição de vocês por dinheiro que vai mudar isso. - Interrompi à lágrimas.
- Mas, filha... - Os olhos de minha mãe também lacrimejaram. - Nós sentimentos muito, foi preciso.
- Queremos te dar uma educação melhor e para isso vamos precisar receber um bom dinheiro.
- Noah, você vai ficar aí ouvindo isso e não vai dizer nada? - Gritei eufórica.
Ele chorou. Só o que ele sabia fazer no momento. E eu, bom, eu apenas gritava com ele. Ir embora não se encaixava em minhas ideias centrais. O sertão significa tudo pra mim. E para mim, Noah tinha que impedir isso a todo custo.
- Isso não pode está acontecendo!
- Annie... - Noah fala em prantos enquanto me abraça. - Vou está com você onde você for. Eu prometo!
Naquele momento meu coração palpitou e senti como se alguém estivesse arrancando minha garganta. A falta me consumiu, o desespero invadiu os abismos mais profundos da minha psiquê. Realmente, isso não pode está acontecendo.
Peguei no braço do meu amigo e saí correndo levando-o como se fosse um boneco. Cruzamos a rua sem nem se quer olhar para os lados e velozmente corri até o "fim" da cidade onde apenas se encontrava uma serra rodeada de árvores secas e um caminho largo e vazio com imensas ladeiras. No alto das ladeiras havia um aglomerado de pedras correspondendo a uma altitude de quinhentos metros, lá era o meu lugar favorito de gritar e colocar minha dor plantada abaixo das nuvens perante uma natureza consoladora. Infelizmente, esse não era dos momentos em que a natureza iria me consolar, iria me entristecer cada vez mais, lembrando a me mesma que eu iria para outro lugar e, que tudo o que tenho vai ficar para trás como se nem se quer houvesse existido.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.