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História Era uma vez, o sapo e a garota que não era princesa - 7


Escrita por: JaneDi

Capítulo 7 - 7


Naquele dia, quando Lili chegou em casa já era noite. Ela resolveu passar o dia vagueando fora, sem encontrar a devida coragem de enfrentar quem quer que fosse. Sobretudo a mãe.

Sabia que se tivesse que conversar com isso sobre alguém iria acabar chorando. Apesar de serem apenas as duas, ela e a mãe nunca foram de ter conversas profundas, e nunca sobre meninos ou relacionamentos. Lili sabia que sua mãe vivia para trabalhar e assim conseguir sustentar a filha e os pais, depois da morte do pai, que ela mesmo nem lembrava, sua mãe nunca se envolveu com ninguém.

Então a última coisa que queria era sobrecarregá-la com seus sentimentos. Por outro lado, ela queria desabafar e chorar. Lilia nunca fora uma garota de mostrar suas emoções ou confessar seus segredos para ouvidos estranhos, dito isto, era desconfortável ela pensar em contar para suas duas únicas amigas sobre a dor que sentia naquele momento.

Sua única saída foi ir para uma sessão de cinema onde pudesse chorar silenciosamente na escuridão e sozinha.

Não queria sentir pena de si mesma, por quer no fundo, para ela, aquilo não passava de hormônios, não era amor. Amor era coisa de livro de romance, de novelas. Ela não gostava disso e não acreditava também.

Passava longe dos filmes de comédia romântica e se os assistia, era apenas para isso: rir. Livros como os de Jane Austen, ela lia com olhares críticos, admirando a composição dos personagens, a linguagem aplicada e o estilo literário. Ela gostava de Elizabeth, mas Darcy nunca fora parte dos seus sonhos.

Então a única coisa que ela sentia que tinha que fazer era deixar aquele momento passar, na certeza de que em algum momento, aquilo seria deixado para traz. Como um episódio de sua vida.

O que ela temia de verdade era sua amizade com Oliver. No seu coração, as lembranças do quanto eles se divertiam juntos e mantinham uma convivência fácil era mais precioso que tudo.

Sabia que sua própria personalidade não era das mais agradáveis. Tinha poucas amigas e sua forma séria de ser afastava as pessoas de sua idade. Fora apenas Oliver que usou isso contra ela mesma, brincando e sempre a desafiando e testando, então como seria dali para frente?

 

Sua mãe cumpriu a promessa e conversou pessoalmente com os pais de Oliver. Lili ficou dividida entre aliviada e com medo do que ela poderia ter mencionado. Ela deu a entender que, apesar deles relutarem em entender o “mal entendido”, ambos acabaram aceitando o fato. Quando ela perguntou o que Oliver tinha dito, Lili mentiu, não ousou contar para ela que eles haviam brigado, caso contrário ela poderia ver a mãe imediatamente arrumar as malas para irem embora.

No dia seguinte, Lili foi bem mais cedo para escola. Não se via ainda encontrando ninguém da mansão e perguntando algo a respeito dela e de Oliver.

Seu dia se resumiu a tentativas de se esconder de tudo e de todos. Luiza, sua colega de turma, percebeu que algo não ia bem, mas foi sensível o suficiente para não pedir detalhes sobre seu comportamento estranho. Ao que Lili se sentiu grata.

Após as aulas saiu correndo para pegar o ônibus. A viagem até sua casa era longa e demorada daquela forma, mas era preferível ante a possibilidade de encarar e encontrar Oliver.

Apesar de conseguir manter essa rotina durante a semana, foi inevitável que Angélica mandasse mensagens de texto para ela, a qual ela respondia que estava estudando, sempre estudando. Houve a vez em que quase encontrou com ela e Luigi no corredor, mas desviou a tempo de ter que parar para conversarem.

Sua mãe, claro, percebeu. Afinal, ficava o dia todo em casa, e nem aos jardins, sua parte favorita da propriedade ia. E também havia a ida para as aulas. Na certa o motorista havia avisado que ela não estava indo de carro com ele para a escola. Mas sem a confrontar sobre o assunto, ofereceu mais dinheiro para que, caso ela precisasse, voltasse de taxi para casa.

_Lili, só quero que não pense que sou uma bruxa por ter pedido isso para você_ ela acabou dizendo certa tarde_ só não quero que se machuque desnecessariamente.

Ela não nunca poderia ficar com raiva da mãe. Lili a amava e admirava pelo esforço, dedicação e coragem em trabalhar e criar uma filha de maneira honesta. Sabia que apesar de toda dor que sentia no momento, seria pior se fizesse algo pelas costas da mãe ou desafia-la.

Os dias passaram, mas ela sabia que aquilo não poderia continuar assim. Apesar de todo seu esforço em se esgueirar longe de Oliver, foi com uma extrema apreensão que ela viu o carro preto que bem conhecia parar ao seu lado enquanto fazia sua caminhada da escola a parada de ônibus.

Oliver saiu do carro e foi direto a ela. Era a primeira vez que o via depois daquele dia e ela nunca o tinha visto tão irritado.

_Lili entra no carro_ disse ao se aproximar.

_não precisa, não estou indo para casa, eu..._ Lili tentou mentir.

_se você quer continuar se escondendo de mim, tudo bem, mas não precisa se colocar em perigo para isso_ disse mais bravo ainda.

_ eu não estou me escondendo de você_ ela respondeu ofendida e plenamente ciente que o motorista ouvia tudo.

_entra no carro Lili!_ ele pareceu não a ouvir.

_Lili, Oliver tem razão, aqui não é muito seguro para pegar ônibus_ Francisco disse de dentro do carro.

_pode entrar que eu não vou com você_ ele disse como se derrotado e dando as costas para ela.

Não era isso que Lili queria. Mas ele não esperou outra resposta e simplesmente saiu andando, sua mochila pendurada nos ombros.

Envergonhada e triste, Lili entrou no carro e foi para casa.

 

Era de manhã cedo quando ela o encontrou de novo.

_meu deus Oliver, o que você está fazendo aqui?_ ela disse assustada ao sair da mansão e dá de cara com Oliver.

Aparentemente seu plano de não encontrar com ele definitivamente estava indo por água abaixo.

Oliver ainda não estava em seu fardamento, mas vestia apenas uma camiseta e seu moletom que usava para dormir, e os pés descalços. A única coisa que ela poderia pensar ele que ele deveria estar morrendo de frio.

E claro, ele ficava bem até quando parecia um mendigo.

_ao que parece, abordar você na frente da nossa própria casa, às 5:30 da manhã é a única forma da gente poder conversar_ ele disse parecendo casual com as mãos enfiadas nos bolsos, mas Lili o conhecia bem demais e sabia que ele estava aborrecido.

Se ela estivesse descalça no asfalto de uma manhã gelada ela também estaria. Bem, isso e toda a situação deles.

_olha Oliver, eu sei que você deve estar chateado, mas..._ ela disse após um suspiro e ajeitando a alça da própria mochila sem jeito.

_não, eu não estou chateado_ ele disse erguendo a mão como se para ela calar_ só fico impressionado com sua atitude covarde em querer fugir de mim a todo custo, mesmo se pondo em perigo em andar sozinha por ai_ disse zangado.

Covarde? Lili se sentiu ofendida.

_eu não sou covarde! _ exclamou com raiva_ só odeio situações constrangedores e se você ainda não estar convencido do que a gente falou da última vez, eu só posso esperar essa situação acabar_ concluiu o encarado.

_ok, certo! _ disse retomando as mãos para os bolsos da calça_ eu acho que entendi perfeitamente seu ponto. Só não quero que você fique zanzando por ai e me evitando como se eu fosse uma praga, com medo de mim_ e Oliver parecia finalmente triste_ e o que você acha que eu sou afinal de contas? Alguma espécie de maníaco que a perseguiria e ficaria entocado a espera de encurralar você?

Disse exasperado e simplesmente desarrumou os cabelos deixando mais bagunçados do que estavam.

Lili sentiu um solavanco no peito ao ver Oliver naquele estado, ela era uma idiota por tudo aquilo.

_eu sinto muito_ conseguiu dizer.

Oliver maneou a cabeça em descrença e deu voltas sem sair do lugar.

_certo, tudo bem_ ele disse voltando a encará-la_ vamos deixar isso para lá. Vamos voltar, eu ainda tenho pelo menos duas horas de sono_ disse se dirigindo para casa sem esperá-la.

Será que amizade deles voltaria para o mesmo ponto? Ela ponderou por um momento. Mas se ela fosse sincera consigo mesma, sondando o próprio coração, ela sabia que ainda gostava dele, muito. A tal ponto que não suportaria voltar a ser apenas amiga de Oliver, pois toda vez que o via, sabia o que era ser abraçada por ele. Sentir os lábios nos dele. Como poderia tirar sua mente disso?

Oliver a acusou de ser covarde. Ponto para ele.

Ela suspirou e tirou as mochilas das costas e seguiu atrás dele.

 



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