Terminava de arrumar os cabelos quando Jason entrou no quarto, já pronto.
- Uau! – exclamou sorrindo e eu virei para o mesmo, abrindo um enorme sorriso.
- Mais lindo não há! – caminhei até ele e juntei nossos lábios num breve selinho.
- Graças a Deus que você não se veste assim todos os dias... – comentou enquanto enrolava um de meus cachos e seus dedos.
- Bobo. – retruquei apertando seu nariz e rindo.
Ele rapidamente virou meu corpo de modo que ficássemos os dois de frente para o espelho... Era incrível como combinávamos esteticamente, o tipo de casal que se quer copiar.
O vestido branco que eu usava marcava minhas curvas adquiridas recentemente sem que me deixasse vulgar, já ele usava o típico terno com gravata borboleta, parecia um príncipe e eu arriscaria dizer que por essa noite seria sua princesa.
- Melhor descermos logo meu pai e Angélica estarão prontos. – o puxei pela mão para fora do quarto e assim fomos até o hall.
E dito e feito, em pouco tempo o casal desceu... Poderia me arriscar dizer que Angélica seria a mulher mais bonita da festa, seu vestido era longo, modelo sereia, porém sem os bilhões de saiotes que as mulheres costumam colocar nessa modelagem de vestido, o fundo num tom branco perolado e rendado em preto. Papai vestia um terno parecido com o de Jason apenas a gravata diferente.
- Já que estamos todos prontos, melhor irmos. –sugeriu papai e eu apenas assenti, saindo com o garoto.
Eu iria com Jay, enquanto Angélica e papai usariam a limusine. Tinha optado por ir com o garoto, pois seria muito mais fácil escapar da festa se tivéssemos o nosso próprio carro.
O evento seria num dos hotéis mais conhecidos e luxuosos da cidade, papai queria tudo do bom e do melhor e para não se preocupar com os preparos resolveu alugar o salão do hotel com tudo incluso. O local ficava um pouco longe de casa, em torno de vinte a trinta minutos de carro.
A cada farol que Jason avançava uma sensação estranha se formava em meu estômago, o famoso “frio na barriga”. Era como se os astros estivessem apontando para que algo bombástico acontecesse nessa festa, e algo me dizia que tinha a ver com Mad e seus planos mirabolantes.
- Nervosa? – indagou Jason quando paramos em um farol vermelho.
- Um pouco... Não sei bem, acho que é porque vou encontrar a Mad depois de tanto tempo. – ele sorriu me reconfortando e pousou uma das mãos sobre minha coxa.
- Fica tranquila eu vou estar lá com você. – assenti com a cabeça e dei um meio sorriso.
Acontece que a sensação ruim não passava, e logo minhas mãos começaram suar. Pensei que não conseguiria sair do carro quando finalmente chegamos ao hotel, um homem veio nos receber com um guarda-chuva, pois caia uma chuva fina naquela região.
Assim que entramos no local uma moça de mais ou menos 20 anos, vestida num terninho preto, levou-nos ao salão que já estava todo arrumado. Um grupo de violinistas tocava uma música suave acompanhada pelo som do piano que um senhor manuseava.
Já deveria estar acostumado ao clima de requinte e luxo que circulava, porém ainda me enojava ver aqueles projetos de madames se cumprimentando e conversando como se fossem melhores amigas e ao virarem as costas falarem mal uma das outras. Definitivamente eu não tinha nascido para esse mundo, mas conseguia manter a boa compostura e agir como uma como uma delas quando queria.
O salão começou a encher pouco a pouco, todos cumprimentavam a meu pai, Angélica e em seguida a mim e meu namorado, o senhor Harley fazia questão de me apresentar como sua filha e Jason como genro. Chegava a ser patético todo esse teatro, minhas bochechas já ardiam de tanto sorrir.
Dei graças quando o mesmo tomou atenção em uma conversa com um de seus amigos e esqueceu-se de mim, arrastei Jason para o outro lado do salão e peguei uma taça de champanhe que o garçom estava servindo. Tomei o líquido em pouco tempo, tomando nota mental de que precisava de algo mais forte que acalmasse meus nervos.
- Ana, assim você vai quebrar a taça. – Jason me repreendeu, tirando o objeto de minha mão e deixando sobre uma mesa vazia que havia perto de nós, só então notei que meus dedos já estavam brancos de tanto aperta-la.
Suspirei, mordendo os lábios e fechando as mãos em punho. Estava a procura de algum garçom que me servisse uma dose de whisky, talvez essa bebida fosse boa o suficiente para acalmar os ânimos. Logo o encontrei e meus olhos praticamente brilharam ao ver a bebida amarronzada, pedi uma dose e ele me serviu de pronto, quando perguntou que idade eu tinha respondi apenas de quem era filha e ele se calou voltando a servir os outros convidados.
- Você pretende ficar bêbada? – indagou o garoto ao meu lado, e só então eu me lembrei de sua existência, estava tão ansiosa que mal percebi que ele continuava ali.
- Não... Só uma dose para relaxar. Estou com os nervos à flor da pele. – resmunguei, antes de recostar no mesmo e ele passou um dos braços por meus ombros.
- Fica calma, talvez Madson nem venha. – soltei uma lufada de ar relaxando um pouco e fechando os olhos.
Tomei mais um gole da bebida amarga e quando abri os olhos novamente dei de cara com a morena, ela caminhava em minha direção com um sorriso leve nos lábios, e algo dentro de mim dizia que aquele sorriso não era bom sinal. Virei o resto do whisky e dei o copo para que Jay segurasse, a bebida desceu queimando, meneei com a cabeça e forcei um sorriso para minha irmã.
- Olá Mad. – disse quase que num sussurro.
- Olá Ana. – falou parando em minha frente, nos cumprimentamos com um beijo no rosto e rapidamente voltei ao meu suporte, Jason segurava minha cintura firmemente quando Matt veio nos cumprimentar.
- E a mamãe? – perguntei suspirando e olhando rapidamente para Jason apenas para acenar que estava tudo certo.
- Está bem. – respondeu curta e grossa. – Você sabe onde tem um banheiro aqui? – perguntou mantendo o mesmo tom.
- É por ali. – indiquei o pequeno corredor no final do salão.
- Nos vemos depois... – disse antes de partir.
Mantive-me forte até que ela estivesse longe o suficiente para que eu pudesse me abraçar a Jason e segurar o choro que inflamava em meu peito, eu não podia chorar sem a maquiagem borrar então optei por segurar o máximo que podia.
- Ela me odeia Jay, nunca vai me perdoar. – disse com a voz embargada e ele nos afastou a fim de verificar se eu estava chorando.
- Nada disso, ela é uma orgulhosa feito você, é visível o quanto vocês duas estão sofrendo com essa situação. Vá atrás dela no banheiro Belle! – sugeriu, e eu me animei com a ideia, talvez faltasse apenas um ponta pé inicial.
- Tá, eu vou lá! – exclamei por impulso e virei em direção ao banheiro.
E maldita hora em que eu fui virar... Paralisei quando aqueles olhos se encontraram aos meus, senti os batimentos cardíacos aumentarem e a respiração começar a falhar.
Eu não podia acreditar que ele estava bem ali, vindo em minha direção, era quase como eu tinha o visto em meus sonhos, a não ser pelo cabelo que estava um pouco maior agora. O terno preto e a camisa branca tinham lhe caído perfeitamente, parecia mais bonito do que nunca, a gravata meio frouxa lhe conferia o ar desleixado inconfundível... Era meu Brian que estava ali.
Mal percebi e tinha fechado as mãos em punho, o visível sinal de nervosismo que eu sempre demostrava, enquanto ele vinha sorrindo para mim eu continuava pasma, na certeza de que minha expressão não era das melhores.
- Anabelle. – fechei os olhos ao ouvi-lo pronunciar meu nome, de repente um jato de lembranças me atingiu, dei dois passos para trás encontrando o corpo de Jason para me segurar.
- O que... o que você está fazendo aqui? – perguntei com a fala falhando, seu cheiro parecia impregnar o local e meu corpo me traía desejando que eu o tocasse ali mesmo.
- Sua irmã me convidou. – agarrei o terno de Jason atrás de mim e ele passou as mãos por meus braços, fazendo com que eu relaxasse. – Não vai me apresentar o garoto? – perguntou divertido, arqueando uma das sobrancelhas.
- Esse é o Jason meu... meu... – não conseguia dizer a palavra.
- Namorado, sou o namorado dela. – completou o garoto e estendeu a mão para o moreno em sua frente, num cumprimento.
- É um prazer conhecê-lo, eu sou Brian. – continuava atônita perante aquela situação, demoraria em cair na real que realmente ele estava ali. – Vocês viram a Mad e o Matt?
- Foram por ali. – Jason respondeu, em vista de que eu não tinha condições de falar mais nada.
- Vou dar uma palavrinha com eles. – se pronunciou antes de sair.
- Belle?
Jason me chamava, mas eu ainda não tinha voz para responder, só conseguia observar Brian caminhando para longe, minha vontade era de correr até ele e abraça-lo como nunca, meu coração martelava forte em meu peito anunciando que meu amor estava perto demais, tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Meu cérebro se fundia com a quantidade de informação que lhe era mandada, metade dos meus pensamentos desejando que eu corresse até o garoto e o agarrasse no meio da multidão, enquanto a outra metade predominante me mantinha presa no lugar... onde permaneci por muito tempo.
Ainda estava em transe quando assisti Mad sair do banheiro e rir de alguma coisa com Brian e Matt. Eu desejei estar com eles... desejei os velhos tempos e ter uma risada daquelas que não tinha há meses.
- Anabelle! – despertei quando ouvi o tom de Jason mudar.
- Desculpe-me eu... eu não sei o que dizer. – murmurei cabisbaixa e o abracei institivamente.
Precisava de um conforto, algo que transmitisse segurança e quando o abracei me senti acolhida. Jason não parecia se importar muito com a chegada do meu “ex”, mesmo quão abalada eu tivesse ficado.
- Eu ainda mato a Madson. – sussurrei com a voz entrecortada soltando-o e tomando lugar ao seu lado.
- Você está bem? – perguntou preocupado.
- Acho que sim. – respondi dando um meio sorriso.
- Angélica mandou avisar que arrumou uma mesa para nós, está ao lado da do seu pai. – fiquei imaginando em que momento ela teria dito isso para ele, e em que estado eu me encontrava para não me lembrar disso.
Jay me guiava pelo salão em direção a nossa mesa e quando encontrei meus dois temores sentados a ela voltei a ter o pequeno ataque de pânico, me desvencilhei do garoto e passei a andar na direção oposta a inicial.
- Aonde você vai Ana? – perguntou o mesmo.
- Ao toalete. – respondi sem ao menos encara-lo e segui meu destino.
Chegando ao banheiro, me tranquei em uma das cabines e sentei sobre o vaso sanitário. Minha cabeça rodava tentando processar a situação estava tudo confuso e pelo avesso.
A chegada de Brian junto com Mad tinha arruinado meus planos, e eu continuava sem saber o que fazer na presença dos dois, sendo assim criei duas soluções em minha cabeça: continuar o resto da festa trancada no banheiro ou encarar meus dois problemas lá fora e tentar ir embora o mais rápido o possível. Examinando bem as duas, escolhi ficar com a segunda, era fácil, após o jantar eu agarrava Jason e enfiava ele dentro do carro mesmo que não quisesse.
Sai da cabine e encontrei um espelho enorme, dei umas batidinhas em minhas bochechas para ver se melhorava meu rosto apagado, amacei meus cachos do cabelo com as mãos, estiquei a barra do vestido e sai. Renovada, lembrando de que eu era uma Harley e deveria enfrentar tudo de cabeça erguida.
Quando cheguei à mesa Jason e Matt conversavam sobre esporte, Mad falava com Brian e todos simplesmente pararam quando sentei na cadeira ao lado de Jay. O jantar já tinha sido servido.
- Que foi gente? Podem continuar conversando. – ri fraco colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e olhando diretamente para Brian, tentado demonstrar que eu estava recuperada do baque.
- Porque você nunca me contou que eles têm uma banda Belle? – Jason me surpreendeu com a pergunta.
- Nunca achei necessário. – respondi sorrindo e voltando atenção a minha comida.
Eu não estava com fome, mas era melhor manter a boca ocupada do que ter que ser importunada com perguntas desnecessárias, pelo menos assim eu continuava em paz. Houve um momento em que o assunto cessou quando todos começaram a comer também.
Acabei deixando metade da refeição intocada e me recostei na cadeira, examinando o salão. De onde eu estava sentada podia ver alguns casais tomarem a pista numa dança lenta e calma, o que remetia totalmente ao quão tradicional era a festa. Eu podia identificar a música clássica como uma valsa um pouco mais requintada e diferente, provavelmente modificada ao gosto de Angélica. Fechei os olhos rapidamente, respirando fundo e deixando que a melodia penetrasse em meus ouvidos quando os abri novamente Brian estava ao meu lado, de pé, estendendo uma das mãos.
- Uma dança, é apenas o que eu peço. – disse baixo em tom agradável fazendo com que eu imediatamente aceitasse.
Preparava-me para levantar quando Jason me segurou pela mão, acenei com a cabeça afirmando que estava tudo bem e dei a mão para Brian que gentilmente me guiou até o meio do salão.
Seu toque era quase que paradisíaco, apenas suas mãos em minha cintura eu já sentia uma chama inflamar por todo meu corpo, era algo mágico, algo que só ele me trazia.
O momento embalava um clima romântico, por minutos eu me desliguei e deixei as memórias descansarem, agi como se não tivesse um passado com Brian, agi como se apenas estivéssemos apaixonados um pelo outro e não houvesse preocupações, ou dúvidas.
- Se eu te visse na rua provavelmente não reconheceria. – a voz de Brian em meu ouvido me despertou de qualquer êxtase e só então percebi como estávamos próximo um do outro.
- Devo encarar isso como um elogio? – perguntei aspirando seu cheiro e sentindo meu interior vibrar com esse momento.
- Talvez. – respondeu rindo rouco e eu praticamente fui ao delírio com toda sua incerteza.
- Porque está aqui? – indaguei confusa fechando os olhos e sentindo a música embalar nossos corpos suavemente.
- Precisamos conversar, nem que seja pela última vez. – contrai com o final de sua frase, por um momento, o “fim” pareceu trágico demais.
Ele me girou e voltou a me segurar pela cintura continuando a dança por mais algum tempo, eu sabia que ficaria horas me movimentando de um lado para o outro apenas com a finalidade de continuar junto a ele. Melhor ainda, sabia que esse era o desejo de ambos, que essa dança não terminasse nunca... Mas eu sabia que o fim estava próximo.
- Você está certo. – concordei parando e sentindo a atmosfera sendo quebrada aos poucos, o encanto se acabando.
- Tem algum lugar mais reservado? – assenti com a cabeça assumindo seriedade e indicado para que ele me seguisse.
Olhei para trás rapidamente e vi Jason nos observando sair do salão aflito, sorri para ele lhe transmitindo segurança e ele pareceu relaxar com isso sorrindo de volta para mim.
Fui até o elevador com Brian e ao entrarmos apertei o último andar. Permanecemos mudos o trajeto todo, eu não sabia que assunto emendar com ele. Chegava a ser estranha essa situação, ainda mais vindo de nós que sempre fomos amigos... Era triste saber que tínhamos chegado a esse ponto.
Quando enfim o elevador deu sua última parada, desembarcamos no último andar e seguimos para as escadas de emergência subindo apenas um lance e chegando ao terraço do hotel. Onde ventava e fazia frio, institivamente abracei meu próprio corpo e sem que eu pedisse Brian tirou seu paletó e colocou sobre mim, agradeci com um sorriso.
O silêncio permaneceu no local por algum tempo, eu estava disposta a dizer qualquer coisa para quebrar o clima quando o moreno resolveu se pronunciar:
- Eu fui um idiota aquela noite eu não deveria ter te tratado daquele jeito... Eu... – corri até onde ele estava e tapei sua boca com uma das minhas mãos.
- Esquece essa noite Bri, esquece... – pedi choramingando sentindo meus olhos lacrimejarem.
- Não! Essa maldita “noite” te tirou de mim, te fez ir embora... Não tem como esquecer! – ele exclamava feroz bravo consigo mesmo. – Me perdoa Ana, eu preciso do teu perdão. – suplicou segurando meu rosto entre suas mãos.
- Eu perdoo Bri, mas... – não pude terminar a frase seus lábios se colaram aos meus.
Fechei os olhos no mesmo segundo e abri passagem para sua língua, senti o corpo esquentar com seu beijo, tinha sentido tanta falta daquilo, aquela sensação... Eu o amava tanto e não podia ter, eu o amava, porém era o pior em sua vida. Ele não merecia carregar esse fardo, ele merecia algo melhor!
Separei-nos antes que as forças me faltassem.
- Nós não podemos fazer isso! – exclamei ofegante sentindo lágrimas brotarem em meus olhos novamente.
- Por que não? O que tem de errado? Fala pra mim... – ele parecia desesperado com minha atitude, eu sabia que estava fazendo-o sofrer, mas era melhor que isso não durasse muito.
- Eu sou um fardo na sua vida Brian, você não merece ter que carregar todos os meus problemas, eu só trago confusões, nunca nós teremos paz num relacionamento e você sabe disso, são anos nesse sofrimento! – já eram incontroláveis as lágrimas, o moreno me segurou pelos braços para que eu o encarasse.
- Você não pode tomar decisões por mim Ana! Em todos esses anos eu nunca desisti de você, mas eu juro que essa é a última vez, como você disse já sofremos demais com isso. Eu estou disposto a assumir um compromisso porque eu... eu... – ele não conseguia terminar de formular a frase e aquilo estava me tomando de ansiedade. – Porque eu te amo! Eu te amo e não me imagino sem você, mas se você não me quiser mais eu vou aceitar e seguir minha vida, só não venha com essa de querer decidir por mim. Eu sei o que eu quero! Eu quero você!
Meu emocional abalado entrou em ebulição com suas palavras, tudo que ele dizia era recíproco, eu também o amava, amava tanto que sabia o que era certo a se fazer, sabia que ao meu lado ele só encontraria problemas e mais problemas... Eu era o problema!
- Escuta Brian, eu não sei como falar isso, mas... Acabou! É isso, acabou! – meus olhos ardiam e eu mal conseguia olhar em seus olhos enquanto dizia isso.
- Acabou? Você tem certeza? – senti suas mãos deslizarem de meus braços e eu caminhei para trás cambaleante.
- É o melhor para nós dois. – acrescentei, sentindo o ar ficar pesado em meus pulmões, e um tremor começar a se espalhar por meu corpo.
- Nesse caso é o melhor pra você... – sussurrou dando as costas para mim e eu andei até que ficasse próxima a ele.
- Você pode não acreditar, mas todas as escolhas que eu fiz foi pensando no seu bem exclusivamente e mesmo que você diga para que eu não decida por você, eu decido... Apenas porque se você analisar melhor vai perceber que uma garota como eu não nasceu para viver grandes amores com um cara como você. – ele continuou de costas e eu aproveitei essa deixa para me retirar dali.
- Seu altruísmo ainda te mata algum dia Anabelle. – o ouvi dizer antes de fechar a porta de emergência e descer correndo os degraus da escada.
Ao invés de ir de elevador preferi as escadas, o impacto em meus pés ajudava a aplacar a dor aguda que tomava meu peito, um aperto forte que se derramava em lágrimas. Quando cheguei ao térreo tomei uma pausa, passando a mão pelo rosto a fim de retirar o excesso de rímel borrado e tomar fôlego suficiente.
Quando me senti minimamente recuperada abri a porta e caminhei para o hall do hotel, eu precisava achar Jason e ir embora daquele lugar. Agradeci aos céus quando o avistei conversando com uma moça da recepção, provavelmente pedindo informações sobre mim, andei até ele e o puxei pela roupa.
- O que aconteceu com você? – perguntou atônito e eu sorri dando de ombros.
- Vamos embora daqui, por favor. – pedi já me dirigindo à porta.
Sentei nos degraus da entrada do hotel enquanto esperávamos o carro e passei a observar o movimento na rua, que estava bem vazia por conta da chuva fina que caia. Apenas alguns pedestres caminhavam munidos de seus guarda-chuvas ou se cobrindo com os casacos sobre as cabeças.
Mantinha meus pensamentos em branco, na tentativa de amenizar a dor que emanava sobre meu peito, parecia tomar cada parte de meu ser se espalhando até as extremidades de meu corpo. A probabilidade de nunca mais ver Brian era gigante e essa hipótese estava me consumindo por dentro. Afinal, essa era a última vez...
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