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História Erasure - Inicio ou o fim


Escrita por: KimNany

Notas do Autor


Talvez pela capa já tem uma ideia sobre o tema da fanfic, eu me inspirei no fan video que deixei nas notas finais.
A principio era pra ser uma OS para o desafio, mas ainda não sei se devo encerrar desta forma, ou a transformo em shortfic ou longfic por isso não coloquei como terminada.

Bem, boa leitura!

Capítulo 1 - Inicio ou o fim


Fanfic / Fanfiction Erasure - Inicio ou o fim

De todas as coisas que já pensei e fiz em minha vida, havia somente uma razão. Apenas ele.

Donghae entrou em minha vida numa manhã de outono, não era um dia frio, mas mesmo assim um suéter do colégio se fazia necessário o uso. Sentava-me perto de uma das janelas ao fundo da sala, tinha esta preferência, principalmente por ser o primeiro semestre daquele ano e também porque eu sempre gostei de olhar os outros alunos, dos novatos aos veteranos. Observar tornou-se uma grande obsessão, ver vidas que não eram a minha, amizades que eu não tinha, namoros que eu nunca teria. Sempre fui um cara normal, mediano e que não curtia tanto as pessoas. Não que fosse um cara problemático ou algo deste tipo, mas apenas não me via socializando com qualquer pessoa daquele colégio. Aos dezessete anos isso era normal, ou talvez nem tanto.

Naquela manhã de julho tudo parecia normal, eu havia chegado mais cedo e como todos os dias, sentei-me no lugar de sempre, debruçando o meu corpo na carteira por cima da mochila com os mesmos livros de todas as terças-feiras. Meus olhos mantiveram-se fechados, apreciando a cada milésimo de segundo em que eu poderia ter.  Acordar cedo nunca foi o meu forte e acredito que até hoje não é, apenas o faço por ser necessário, o mesmo acontece quando me deito e custo a dormir com serenidade que tanto almejo. Um adolescente normal, vivendo como qualquer outro, longe de responsabilidades e pensando apenas no dia em que está presente. E como a noite anterior, em sequência de outras, não havia dormido o tempo suficiente para recuperar as forças necessárias para ter um dia normal e produtivo. 

Ainda chamo a “Obra do destino”, alguns dos alunos da minha sala entrarem naquele momento, eufóricos e empurrando as mesas, cadeiras, enquanto conversavam algo aleatoriamente e perturbando o pouco de sono em que eu teria. Acordado daquele sono que praticamente não durou tanto mais que breves minutos, onde eles notaram a minha presença e gesticularam desculpas que não me importavam. Como um ato normal, virei o meu rosto para a direção da janela, encaixando as mãos nos bolsos da calça.

Foi a primeira vez que o vi.

Lá estava um garoto, nunca o vi antes no colégio, sentado no gramado com suas pernas esticadas e os braços atrás de seu corpo, onde as mãos na grama serviam como apoio para seu corpo. Donghae estava especialmente lindo naquela manhã, rosto virado para cima, deixava que o sol refletisse em sua pele a sua luz. Por algum motivo seus olhos estavam fechados e ele sorria como se tivesse uma boa lembrança, algo que o levou deste mundo, para um outro lugar, apenas dele, fugindo dos sons e correria dos outros alunos, para não chegarem atrasados em aula. Mas Donghae não, ele não se preocupava com isto e eu admirava.  Tornei-me um admirador secreto do tal aluno, que todas as manhãs, sentava no gramado em frente à janela da minha sala nas terças de manhã; e eu me sentia preso em toda aquela paz, serenidade e beleza única que só Donghae tinha. E nem o sono ou preguiça tinham espaço durante aquelas manhãs, era apenas eu e o garoto desconhecido.

Aquela época eu não me considerava um cara homossexual, tive muitas namoradas e garotas que ficava, por vezes pensei que as amava e as tinha em minha cama por diversas noites, mas as manhãs eram apenas dele, apenas do garoto novo que me enfeitiçava com a sua paz.  Como poderia ser gay, sendo que nenhum outro homem me interessava? Era apenas ele que eu desejava. No início não havia um desejo sexual, eu apenas sugava dele, a energia que o mesmo capturava do sol. Com o tempo, pegava-me gozando em outro corpo e pensando que era ele embaixo do meu. Ou mesmo solitário em meu banheiro, vendo o meu orgasmo desfazendo na agua fria do chuveiro que caía por sob o meu corpo, com o destino o ralo atrás dos meus pés.

Eu detestava os dias de chuva, pois nunca o via e nem conseguia ter o seu sorriso apenas para mim. Mas devo agradecer a ela, pois num dia chuvoso que tudo mudou.

Mesmo que detestasse o colégio e os dias de chuva, eu ia por livre e espontânea pressão dos meus pais, como se fosse uma exigência a fazê-lo ou por eles acharem que o meu futuro estaria garantido em alguma multinacional, sendo um CEO de respeito, ou um advogado famoso em que nunca perdera um caso. Convenhamos, nunca fui alguém que tivesse grandes sonhos, na verdade a minha maior vontade era ser um mochileiro, destes sem paradeiro algum, viajando por vários estados e países sem destino, vivendo de trabalhos temporários e que pagavam a moradia naquele período em que passasse naquela cidade. Mas a falta de coragem e o apego a família fazia com que este sonho se tornasse algo impossível. Então naquela manhã eu sai do ônibus, sentindo cair em meu rosto; mesmo assim os meus passos não estavam apressados como os dos outros que tentavam fugir antes do grande temporal que anunciava ao lado sul. O mesmo lado em que olhei e o vi, o garoto que sentava em frente à minha janela todas as manhãs do outono passado. Seus braços estavam sendo segurados por outros dois garotos, mais altos e mais fortes que ele. Eu poderia seguir o meu caminho, se não tivesse presenciado os mesmos garotos o arrastando a força para longe do colégio. Não era uma briga minha, nem deveria ser. O garoto era apenas alguém que eu admirava e desejava sexualmente de uma forma estranha.

Mas seu olhar cruzou com o meu.

Breves segundos em que nos olhamos e que me levou a correr em sua direção. Já disse que não gosto de me meter em brigas que não são as minhas? Pois sim, eu acabei fazendo isso por ele. Por Donghae, e naquele momento eu deixava o outro garoto inconsciente no chão, esmurrando o seu rosto de um jeito inconsequente, vendo o seu sangue correr por seu rosto e manchar as minhas mãos e as mangas da minha blusa. Uma ira desconhecida, possua meus sentidos e levara os meus golpes serem mais cruéis do que qualquer disputa pelo topo do colégio.  Ser um *Kaep Jjang nunca foi o meu desejo, mas me tornei, como por consequência dos anos que seguiam, desde a primeira luta, no fundamental e a sequência de outros confrontos, fizeram com que eu tivesse essa tal “fama” indesejada, mas que ao mesmo tempo me era benéfica, não haviam pessoas que se aproximassem de mim, eram sempre os mesmos caras que ficavam ao meu lado, por prazer de mais uma luta.

Nenhum confronto foi mais intenso e prazeroso que aquele momento. Ter o tal garoto quase sem vida por minhas mãos, me davam um prazer enorme e que logo trouxe-me a realidade, ao ter o rosto seguro pelas mãos dele. O garoto me olhava com os olhos imersos por uma tristeza refletidas em lagrimas que se misturavam com a chuva intensa que caíra sobre nos. Anuindo com a cabeça, soltei o garoto e sai daquele chão, preocupando-me em segurar a sua mão e o tirar daquele lugar o mais rápido possível. As mãos dele pareciam encaixar-se perfeitamente a minha, segurando-me com força em suas pequenas e quentes falanges, ele tentava acompanhar a minha corrida tendo o destino final um galpão abandonado e que eu usava como refúgio desta vida sem logica a que vivo.

-Obrigado!

A sua voz ofegante e chorosa, fez com que o meu coração acelerasse ainda mais que a corrida anterior. Ele apoiava suas mãos nos joelhos, tentando puxar para os seus pulmões o ar que parecia lhe faltar, lábios quase arroxeados e os cabelos cobriam sua testa e um pouco dos olhos que se apertavam com forças as pálpebras, deixaram-me preocupado.

-Você está bem?

Tentei me aproximar, mas ele ergueu seu corpo, impedindo que me aproximasse com a sua palma direita erguida em minha direção. Ele procurava em seu bolso algo que não imaginava naquela época, mas descobriria segundos depois que a sua busca findou, quando levou um inalador de asma em sua boca e sugou o ar após espirrar algumas vezes pela bombinha para asma.  Um som assustador, mas que eu sabia que ele estava recuperando-se daquele mal-estar, ao ver o tom róseo de seus lábios retornar, assim como o as maçãs de seu rosto recuperarem a cor quase perdida.

-Me desculpe, eu...

-Não havia como saber. – Ele sorriu fraco e quebrou o meu coração em pedaços por aquela beleza incomum. – Mais uma vez, obrigado.

Tentei não parecer um maníaco sexual ao encarar tanto aquele garoto, mas seu sorriso me hipnotizava e não conseguia desviar o meu olhar de seus lábios, de seus dentes e da vontade que eu sentia em tomar para mim a sua boca. Desviei da minha mente, todos os pensamentos que tomaram, em um balançar breve.

-Não há o que agradecer.

-Ajudar um desconhecido, não é algo muito normal. – Mas ele não me era desconhecido. – Me chamo Lee Donghae.

Um breve curvar e me senti um tolo por estar sorrindo por toda aquela formalidade.

-Sou Lee Hyu...

-Lee Hyukjae sunbae. – Ele sorriu e eu ergui uma sobrancelha curioso em saber como ele sabe quem sou. – Todos conhecemos você.

-Ah... é... - Toda a esperança que eu tive ao imaginar que ele talvez fosse tal stalker quanto eu, acabou ali.

 

Depois daquele dia Donghae tornou-se alguém, não mais um garoto sem nome e que eu olhava pela janela. Agora ele tinha nome e por causa de tudo, ele tomou um apelido que nunca o agradou. O protegido do Kaep Jjang fez com que seus amigos se afastassem e por consequência ele mal falava comigo. Era do meu agrado que ninguém chegasse perto dele, uma consequência que para mim foi benéfica por um lado, mas não o ter sentado no mesmo local, todas as manhãs de terça-feira, tornou-se o meu castigo pelo resto do ano.

Quando as férias de verão chegaram, pensei que não o encontraria, mas lembra da obra do destino? Meus pais me mandaram para um acampamento, mais uma tentativa em me tirar das confusões e eventuais brigas que aconteceriam, caso outro cara tentasse ser o Jjang. Em meio ao tedio e tentando organizar as roupas no pouco espaço que tinha no guarda-roupas no quarto em que eu iria dividir com outra pessoa, me surpreendi quando ouvi a sua voz. Olhei para Donghae surpreso e achando que realmente o destino nos queria juntos, ao vê-lo entrar com sua mochila.

Aquelas férias de verão foram melhores do que eu poderia imaginar. Ele ao meu lado, dormindo, comendo, bebendo, rindo, reclamando... dividindo com ele todos os dias e momentos que conseguíamos. Descobri que aquele sotaque e o jeito em falar rápido, provinham de Mokpo, cidade natal e que ele viveu por toda a sua vida, até que seus pais decidiram mudar para Goyang, assim que seu pai conseguiu um emprego melhor. Assim como eu, Donghae é o caçula, tendo um irmão mais velho, e eu no caso tenho a Sora, alguns anos mais velha que eu. Ele sente saudades dos seus amigos e da Badá, uma cachorrinha que ele deixou com seus avós. Donghae tem poucos amigos em Goyang e que ele descobriu recentemente que um deles possui sentimentos a mais que amizade por ele. Fiquei enciumado, mas esta é uma parte que apago com brilhantismo.

Vinte e cinco dias depois, acabou os nossos momentos juntos e as noites em que eu apenas o olhava dormir ao meu lado, vendo aquela respiração forte de seu sono, seus lábios separados quando estava muito cansado pelo dia carregado e cansativo. Como suas sobrancelhas uniam quando estava sonhando algo ruim e a maneira em que as suas mãos seguravam o travesseiro e apertavam o tecido. Mas tudo aquilo acabou e Donghae voltou para sua casa e eu para a minha.

Donghae e eu nos tornamos mais próximos, ao longo do tempo, melhores amigos, inseparáveis. A primeira pessoa que me fez pensar em ser alguém diferente, em ter algo, um futuro e crescer de alguma forma. Então deixei para trás todos aqueles planos idiotas em continuar com lutas sem qualquer fundamento e decidi que seria alguém mais agradável. Deixar de lato o status de Kaep Jjang, causou algumas dores em meu corpo, mas precisava ser convincente o suficiente a todos e fazê-los pensar que eu não voltaria a requerer o status.

E os meus dias seguiam assim, pelas manhãs admirar pela janela da minha sala, o Donghae sentado no gramado, retribuindo-me o mesmo olhar o qual eu direcionava. Devolvendo o mesmo sorriso o qual eu compartilhava e dando-me a calma que sempre havia ao seu redor.

Donghae sempre fora alheio a tudo, no segundo semestre daquele ano, passamos a dividir as mesmas aulas, e eu já não o admirava pela janela, mas há algumas mesas a minha frente. Diferente do que imaginava, Donghae era muito popular entre as garotas, talvez por sua beleza delicada e típica de um galã de mangá, um sorriso que arrancava suspiro até mesmo das professoras mais experientes, ele não era um aluno exemplar nas matérias. Eu peguei a mania em o olhar, mesmo que de um jeito involuntário, acabava encarando Donghae, algumas vezes ele me pegava a o admirar e mesmo com o rosto rubro pela timidez, ele me retribuía o olhar e até mesmo sorrisos disfarçados para que ninguém mais nos visse naquela confidencia.

Eu namorava Donghae, mesmo que somente a minha cabeça soubesse. Mesmo que somente eu sentisse aquilo, mesmo que ele não entendesse nada e que ninguém mais soubesse. As noites eu relembrava de seu rosto ao descansar, olhos fechados, recobrando em meus sentidos a fragrância de seu perfume. Em minha memória, eram seus sorrisos e expressões que voltavam a todo o momento, e eu sentia-me excitado, exaurido por ele. Querendo toma-lo em meus braços, fazer que fosse meu por todo o momento, a cada segundo, por todas as vezes que ele respirava.

Namorar alguém que se quer desconfia de seus sentimentos, não é bom. Resolvemos cursar na mesma faculdade, ele fazia veterinária e eu administração. No campus não dividíamos o mesmo quarto, por um azar completo, já que a escolha nunca fora feita pelos alunos e eu não tive tanta sorte, acabei dividindo com Park Jung Su. Um cara legal, comunicativo – até demais- bem o oposto de mim, que mal abria a boca enquanto o ouvia. Já Donghae dividia o seu quarto com um amigo novo, Kim Heechul, o garoto popular e tão bonito que fazia com que todos – todos sem exceção, mulheres e homens - gostassem de ficar ao seu redor, por conseqüência, o meu Donghae passou a ser o seu novo amigo, andavam sempre juntos, de um lado a outro, rodeados de mulheres que praticamente se ofereciam aos dois e, caras que praticamente os devoravam com os olhos.  E eu me mantinha distante, o olhando e invejando quem e qualquer pessoa que estivesse ao seu lado.  Yesung, um dos poucos amigos que fiz, tentava me distrair desta fixação estranha a que me mantinha, por muitas vezes me incentivava a ir atrás dele e contar tudo o que sinto por Donghae.

Então eu apenas esperava.

Sim, eu o esperava aparecer na biblioteca, nas quintas-feiras onde os nossos horários sempre combinavam e curtíamos as horas em que passávamos juntos. Eu não conseguia estudar, sempre admirava a maneira que os seus olhos moviam a cada parágrafo lido, como os seus dentes mordiam a tampa de sua caneta.  Como os seus lábios curvavam por um acerto, ou o bico em que formava, por não conseguir memorizar algo importante. Uma das melhores memórias que tenho na biblioteca eram os dias em que a brisa entrava pela enorme janela, eu conseguia sentir o seu perfume tão forte, que a sensação deixada era como se fosse os próprios braços de Donghae que em envolviam. Por muitas vezes ele sorria ao me ver o encarando, não havia mais aquele rubor em suas bochechas, iguais as do tempo do colégio, ele apenas apoiava o queixo em sua mão e me encarava da mesma forma casual.

Ficávamos assim, nos olhando por longos minutos. Como se não houvesse nada e nem ninguém a nossa volta.

Algumas noites de sexta-feira, ele aparecia em meu quarto, era a noite em que o seu amigo e companheiro usava o quarto deles, para namorar quem quer que fosse o namorado ou namorada da semana. Então Donghae aparecia, dividindo a cama comigo, assistindo filmes e programas que fossem em meu notebook, riamos como dois adolescentes tontos por qualquer coisa que passasse, até mesmo quando um dos calouros, ou veteranos gritavam pelo corredor qualquer desafio tolo, de uma das irmandades as quais eles tanto se orgulhavam. Meu colega de quarto parecia não se importar com a presença do outro em nosso quarto, por muitas vezes ele não passava a noite lá, ou chegava muito tarde e que nós já dormíamos profundamente.

É estranho falar em dormir ao lado de Donghae. Como um relógio interno, eu sempre acordava antes do mais novo, passava por minutos olhando o seu rosto sereno, bem acomodado em meu travesseiro. Eu conseguia o desenhar por cada mínimo detalhe de sua feição, quando seus sonhos eram bons, seus lábios curvavam num sorriso breve, quando eram pesadelos, seu cenho franzia, enrugando a sua testa e eu selava levemente o local, vendo-o desaparecer lentamente. Por muitas vezes eu tocava a sua bochecha com as pontas dos meus dedos, acariciando em seu sono tranqüilo, imaculado, onde era apenas um momento meu. Momento este que se tornou nosso, quando sua mão segurou o meu pulso, fazendo com quem os meus olhos arregalassem pela surpresa. Donghae abriu os dele, olhando-me com uma expressão indecifrável e o medo já instalava em meu peito, com batidas incessantes e assustadoras. Como uma mágica, seus lábios tocaram as minhas falanges docemente, me fazendo sentir em meus dedos o calor de seus lábios.

Eu já não conseguia me controlar, tê-lo com seus olhos fechados, tocando meus dedos com sua boca, me deixara cego pela paixão. O meu coração ordenava a cada batida, que o tomasse para mim. Que mostrasse a Donghae o quanto aquela “amizade” deixou o sentido, mas a minha mente estava entorpecida pelo ato do outro. E a sua boca continuou ali, tocando os meus dedos, beijando-os como se fossem o seu amante.  “Me desculpe? ” Foi o que eu ouvi, antes de vê-lo sair do meu quarto, correndo, quando o surto de sanidade surgiu em sua mente. Deixando-me para trás, sem entender o que havia acontecido. Eu deveria ter corrido atrás dele.

Uma das minhas maiores besteiras, foi não ter ido atrás de Donghae naquela manhã, o medo, a culpa, tudo estava rondando a minha mente. Eu estava confuso, tentando encaixar todas as peças daqueles quebra cabeças, que foi jogado para cima e caíra dispersamente na mesa. Quando dei por mim, estava praticamente espancando a porta de seu quarto algumas horas depois. Para o meu desapontamento, não foi o meu pequeno quem atendeu, mas o seu colega, usando apenas uma camisa longa, cabelos bagunçados e o cheiro de sexo com bebida alcoólica amanhecida. Interpelei ao mesmo se Donghae havia retornado ao quarto, mas ele negara, batendo a porta em minha cara, minutos depois de praticamente me xingar por ter atrapalhado o seu prazer

Encontrá-lo não foi fácil, por mais que buscasse qualquer canto do campus e até mesmo ir em suas aulas, pareceu tão frustrante, quanto ir comprar um sorvete de morango e sair de lá com um sorvete de baunilha. Mas por final eu entendi o que ele queria, ou interpretei desta forma. Se Donghae estava sentindo algo por mim, ele precisaria de um tempo para assimilar tudo, e por isso respeitei a sua distancia, pois prefiro chamar de distancia a fuga que ele tomou para longe de mim.

Algumas semanas depois eu estava sentado, olhando o treino do time de futebol americano da universidade, atendendo um pedido do YoungWoon, achando que sou uma espécie de “amuleto da sorte” dele, já que no ultimo jogo do time eu compareci e o placar favorável ao time da casa. Me mantive ali, sentado na arquibancada, divertindo-me em um vídeo que havia recebido de Yesung, longe de toda aquela gritaria que envolvia lideres de torcida e um grupo de fanáticos pelo jogo. A brisa trouxe consigo um perfume conhecido, após segundos em que meus olhos ficaram fechados e eu sentia aquele aroma saudoso, os abri e olhei para a direção a qual me era trazido. Donghae caminhava em minha direção, timidamente como se eu fosse alguém que ele tivesse vergonha, rosto corado, cabeça baixa, sentou-se ao meu lado.

Engoli a coragem e a ansiedade que sentia, voltando a posição de antes, olhando o meu celular, tentando deixá-lo confortável e não me lembrar do toque de seus lábios em meus dedos.

Dedos estes que estavam trêmulos e seguravam o celular com incerteza.

Ficamos assim, um ao lado do outro, por não sei quanto tempo. Ele olhava para o jogo treino do time, por vezes gritava com certo entusiasmo que nunca presenciei antes, outras vezes o sentia me encarar, esperando que eu fizesse algo que eu não tinha idéia. O olhei em um desses momentos, encarando o seu olhar, percebendo que aquele rubor em seu rosto já aparecia há algum tempo. Tomei a sua mão com a minha, encaixando os meus dedos entre os dele. Mão pequena em contraste com a minha, os calores de suas falanges me levaram a crer que ele se sentia assim como eu.

Num ato de coragem, saímos daquela arquibancada, eu levava Donghae comigo, caminhando com pressa entre os outros alunos, tentando encontrar algum local mais privado. Ele me seguia, acompanhando os meus passos conforme conseguia, parando apenas quando chegamos na parede atrás do campo. Encostei Donghae na parede, segurando a sua cintura contra a mesma, mantendo-o ali, parado. Seus olhos felinos pareciam tão ansiosos quanto a sua respiração ofegante. Droga! Havia me esquecido da sua asma. Passei a procurar pelos bolsos da sua calça o seu remédio, porem surpreendi por suas mãos segurando o meu rosto e puxando-me para de encontro ao seu. Minha busca fora encerrada naquele ato, em que nossas bocas se encontraram num beijo doce, com sabor de cereja. O beijo não poderia ser mais perfeito, atrapalhado pela falta de experiência dele e urgente pela minha ansiedade.  Naquele momento eu o apertava contra o meu corpo, grudando meus dedos em sua cintura e apertando contra a parede. Donghae me segurava, suas mãos apertavam as costas da minha camisa, me puxando para um espaço que não existia mais, era o seu corpo contra o meu.  O beijo rompido, fez com que eu o olhasse, lábios avermelhados eram mordidos por seus dentes, bochechas coradas e os olhos que pareciam sorrir. Segurei o seu rosto para encostar as nossas testas, Donghae respirava mais calmo que eu e sorria, como se tudo isso fizesse parte de um plano que era apenas dele.

-Namora comigo, Hyukjae?

-Eu deveria pedir você em namoro, uhm?

-Não senhor, eu que te peço. Me aceita?

Continuamos nos olhando, seus olhos sorriam assim como seus lábios curvavam num tom róseo mais fraco. O momento mais que perfeito para ambos, sentia a sua quente respiração de cereja tocando o meu rosto, as mãos quentes que seguravam a minha cintura com delicadeza. E eu sorria apaixonadamente para o mais novo.

-Claro que te aceito.

O beijo novamente iniciado por ele, Donghae havia desencostado da parede, para que a sua boca encontrasse a minha. O beijo mais doce que tive por toda a minha vida e não só pelo sabor adocicado da bala que ele havia chupado há minutos antes. Seus braços rodearam o meu corpo, levando o meu corpo para a direção do dele, nossas pélvis se tocaram e pude perceber que ele estava tão excitado quanto eu. Meu pequeno peixe amado, beijava-me com carinho, sem pressa, nossos dentes não se chocaram desta vez, não havia ansiedade, urgência, éramos nós dois, trocando carinhos, afetos, algo que sempre desejamos um do outro. Era apenas amor.

Os dias ao seu lado poderiam ser considerados quase perfeitos. Donghae parecia preencher-me cada milímetro da minha existência, seus dias passaram a ser meus dias, e os meus dias passaram a ser nossos dias. Meus amigos viraram nossos e os dele tornaram-se meus. Até comecei a gostar do Heechul, mesmo achando ele exagerado em seu jeito e a forma com que trata as pessoas.

Ao longo dos anos vivemos juntos, como um casal feliz, ao menos eu pensava desta forma. Numa noite em que era o início de inverno, enquanto caminhávamos em frente ao rio Han, meu coração parecia incontrolável, como se cada batida contra a minha costela, ele declarasse a ansiedade a qual estava rodeado. Donghae estava alheio a isto, agarrava a sua mão na minha, enquanto a outra segurava o copo com o chá verde que tomava. Meus olhos por vezes desviavam para nossas mãos, outras para o seu rosto quase coberto pelo cachecol e muitas vezes até para o grande sobretudo preto que usava. Eu reparava em tudo sobre Donghae, cada mínimo detalhe que nele existia, desde suas roupas até uma mudança no tom de seus cabelos. Mas naquele dia eu precisava guardar tudo, inclusive as pessoas que passavam por nós e outras que admiravam a decoração natalina da cidade.

Paramos em frente a um dos bancos vazios e ali ficamos, sentado e olhando para o rio. Ao menos ele olhava, já eu o encarava como um adolescente retardado que encontra o primeiro amor.

-Irá continuar me encarando, ou vai dizer o que quer?

Donghae havia percebido o meu jeito stalker e o olhar daquela forma, então enchi-me de coragem e soltei a sua para enfim ficar ajoelhado a sua frente. Seus olhos pequenos me encaravam em um misto de surpresa e curiosidade, mordendo a lateral do copo de plástico, ele tentava segurar um sorriso, já prevendo o que eu iria fazer. Desajeitado, voltei a segurar a sua mão livre, acariciando os seus dedos com os meus polegares. Mal conseguia deixar o sorriso em minha boca, apenas o olhava com o mesmo encanto que senti, assim que o vi a primeira vez deitado no jardim do colégio.

-Eu te amo, Donghae!

-Eu sei.

Tirei do meu bolso um saquinho prateado e dele uma aliança. Sua mão tremeu entre as minhas, quando comecei a encaixar em seu anelar. Baixinho, ouvi o som de um “fungar” vindo dele, quando meus olhos voltaram a foca-lo, Donghae chorava do seu próprio jeito, mudo, tentando piscar para que as lagrimas não caíssem, mas as falhas eram constantes, assim como as minhas se acumulavam nas pálpebras. Virei a palma da sua mão para cima e depositei um beijo lento, sentindo o cheiro gostoso de sua mão e o perfume de seu pulso.

-Nos conhecemos a quanto tempo? – Meus olhos ergueram para encontrar os dele.

-Desde o ensino médio.

-Sim, há seis longos anos e eu te amo mais a cada dia que passa. Donghae, não há um dia se quer, que eu não pense em viver com você o resto dos meus dias. Mesmo com todos os problemas em que enfrentamos e as adversidades que temos que fingir que não existem. Você é meu e eu sou seu. Como duas almas gêmeas que se encontraram e nunca mais devem se separar. Sou feliz por ser o seu primeiro e único em tudo, mas triste por não ter dado a você a exclusividade. Mas eu te amo e você é o meu primeiro e único amor.

-Para mim, isso já é o importante.

-Casa comigo?

Aquela noite tudo foi perfeito, Donghae aceitou casar comigo e em meio as lagrimas nos beijamos em frente ao rio Han. Fizemos amor a noite toda, como dois adolescentes imersos em gemidos, arfares e gozos incansáveis. Ele pode não ter sido o meu primeiro namorado, mas foi o único amor que tive e que nada será comparado a ele, nem nesta vida, ou em outra que venha existir.

-E por que deseja apaga-lo? – O “clique” do gravador me puxou das lembranças, trazendo a dura realidade com a sua pergunta.

-Porque ele já me esqueceu....

Mais uma vez o clique fez-se presente e em um suspirar profundo, os meus ombros caíram para que continuasse as gravações das lembranças que irão deixar de existir.

 


Notas Finais


*Kaep Jjang - O melhor entre os outros. Basicamente essa é a definição

Como disse, ainda não sei se irei continuar, então...



Segue o link do video
https://www.youtube.com/watch?v=xvFy2J-1XoE


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