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História Eros Academy - Capítulo 1


Escrita por: loch_ness

Notas do Autor


Essa história apresenta conteúdo referente aos muitos problemas/costumes da sociedade, que são muitas vezes, negligenciados.

Boa leitura.

Capítulo 2 - Capítulo 1


Fanfic / Fanfiction Eros Academy - Capítulo 1

Amélia Tonks


guess I maybe had a couple expectations

I thought I'd get to them, but no, I didn't

I guess I thought that prom was gonna be fun

But now I'm sitting on the floor and all I wanna do is run

All I wanna do is run


–Prom dress, mxmtoon



A sra.Tonks caminhava pelo jardim principal da mansão da família a quase duas horas procurando pela filha mais nova, que havia sumido desde o café da manhã daquele dia. 


Enquanto seu nome era chamado sem parar; Amélia estava sentada sobre uma cama macia de flores, com as mãos e os vestidos sujos de barro após ter feito uma legítima receita de bolo de lama. Agora ela o enfeitava com flores pequenas e médias; usando sua magia elemental para manter o montinho de lama no real formato de um pequeno bolo de 3 andares. 

A garota estendeu o pulso e o usou para arrastar uma mecha de seu cabelo para trás, evitando sujá-lo com seus dedos propriamente cheios de barro.


Seu vestido antes amarelo claro, agora estava totalmente enlameado por conta de sua brincadeira, que se acabou quando um sapato grande e bem engraxado pisou no pequeno bolo já completamente enfeitado. O rosto de Amélia se modificou em um ar de completa tristeza em frente a tragédia que ocorreu com o montinho de lama adornado de flores coloridas, e logo a voz de seu irmão mais velho entrou pelo seus ouvidos.


– Não escutou nossa mãe lhe chamar?—Peter a olhava de cima, suspirando firmemente ao ver a irmã mais nova negar com um aceno lento de cabeça.—Levante; hoje é seu último aniversário como uma criança, antes de ir para a academia das musas.


– Como é o Instituto Eros, irmão?—Questionou a mais nova, segurando a mão estendida de Peter para se levantar com sua ajuda.—É tão grande quanto todos falam?


– Sim, mas não me pergunte como é a academia de musas, eu nunca fui até lá.


– Mas e os bailes que você me contou sobre?


– Eram no prédio central do instituto.


– Deve ter muitos lugares para explorar não acha?


– Você não vai ter tempo para isso, precisa estudar para alcançar os níveis máximos e entrar para a lista de prometidas.


– Como isso funciona?


Peter iria responder, mas abaixou os olhos para Amélia após interromper a própria voz. Amélia sorriu novamente para o irmão mais velho e aguardou sua resposta.


– Você está me enrolando.—Ele ouviu a risada baixa e divertida da garota e balançou a cabeça, segurando a mão dela e a puxando calmamente para a mansão Tonks, onde a mãe deles agora os esperava aparecer.


Quando os olhos aterrorizados da Sra.Tonks pousaram sobre sua filha; e percorreram todo o vestido sujo de barro, Amélia soube que ficaria de castigo e desfez o sorriso que manteve durante todo o caminho com o irmão. 


Lucinda Tonks caminhou a passos firmes até a filha e puxou a orelha dela, a repreendendo por estar completamente suja. A sra.Tonks não era uma mãe maldosa, mas sabia brigar com os filhos quando eles aprontavam, embora logo pedisse desculpas para eles quando pensasse que pegou muito pesado. Amélia fechou os olhos com força e ouviu a mãe reclamar com ela. Seu tom de voz era baixo e desesperado.


– Amélia eu te procurei por todo o jardim, estamos com visitas muito importantes hoje, e seu vestido é novo!


– Desculpa mãe...—A garota respondeu com o tom de voz mais baixo que o de sua mãe, se sentindo culpada pelo pânico que a mulher sentia naquele momento.—Eu vou entrar pelos fundos e me arrumar bem rápido, não vou desobedecer de novo...


A sra.Tonks soltou a orelha da filha mais nova—que já estava vermelha—e suspirou, acariciando o local ruborizado enquanto acalmava a si mesma. Ela deixou a filha entrar pelos fundos da mansão e entrou com o filho mais velho pela porta da frente, sorrindo para os convidados que estavam conversando com o sério Saymon Tonks, que batia o dedo indicador levemente contra a borda de sua xícara de chá. Lucinda pigarreou e se afastou depois de receber um olhar do marido, deixando Peter para trás na sala de estar. O filho mais velho da família se sentou em uma das extremidades do sofá e fitou os convidados. Era curioso a família Linard ter vindo da Grécia apenas para visitar os Tonks. 


Amélia subiu até seu quarto em completo silêncio, cumprindo seu objetivo de chegar ao seu cômodo particular sem ser vista pelo pai ou pelas visitas. Ela trancou a porta e tirou o vestido sujo do corpo, o deixando cair sobre o carpete rosa coral que cobria o chão do quarto. Em seguida; pegou o vestido e o colocou no cesto de roupas sujas de seu banheiro, voltando para o quarto e abrindo o guarda-roupa com serenidade e olhando cada roupa pendurada nos diversos cabides coloridos. Amélia sorriu ao decidir qual vestido usaria e caminhou de volta para o banheiro, ligando a torneira da banheira e lavando as mãos na pia antes de voltar mais uma vez e pegar o vestido que usaria. 


A garota deixou todas as coisas que vestiria sobre a cama bem forrada e mais uma vez, caminhou até o banheiro e fechou a porta atrás de si, entrando na banheira depois de fechar a torneira, ela afundou completamente na água morna e deixou a terra ser separada de seu corpo por um segundo antes de se ajeitar e começar a se ensaboar demoradamente.


Na sala de estar; Saymon tamborilava os dedos sobre o joelho, esperando a filha mais nova descer. Diante dele, o pleno Sr.Linard aguardava silenciosamente. O homem era alto e forte, tinha os cabelos bem ajeitados para trás e embora tivesse muitos fios grisalhos, parecia mais jovem do que de fato era. Seus 3 filhos se assemelhavam muitíssimo ao pai; todos tinham as peles negras e os olhos azulados bem escuros, o Sr.Tonks gostou de todos, com exceção do filho do meio, pois ele tinha um ar francamente grosseiro, além de um corpo completo por tatuagens—Que mesmo sendo cobertas pelo terno, não havia pano o bastante para cobrir as marcas que o rapaz tinha nas mãos e no pescoço.—que provavelmente ele fez sozinho no próprio corpo. 


Por outro lado; Saymon gostou muito do filho mais novo do Sr.Linard, ele era educado e simpático. E embora tivesse o mesmo costume de usar brincos do irmão tatuado, era a melhor opção que sobrou para o Sr.Tonks casar sua filha, já que o mais velho não estava disponível, segundo o próprio pai dos rapazes. 


Lucinda se aproximou do sofá e se sentou ao lado do marido educadamente; permanecendo em silêncio, assim como Peter. E para aumentar o clima constrangedor, o Linard tatuado pediu licença e se retirou da sala depois de afirmar que estava entediado. 


Amélia finalmente havia acabado de se arrumar; sorrindo para o espelho depois de se ver satisfeita com sua maquiagem, ela se levantou e balançou o vestido antes de sair do quarto e descer as escadas e caminhar até a sala, onde todos a aguardavam, já sem mais chá ou aperitivos. O Sr.Tonks olhou para a filha com uma expressão surpresa, como se fosse um milagre Amélia finalmente ter chegado. Amélia sorriu agradavelmente ao ver as visitas e recebeu em resposta um sorriso do já mais aliviado Sr.Linard, que logo se pôs a falar.


– Parece mais jovem do que imaginei. Quantos anos você tem?


– Hoje eu faço 15 anos, senhor. 


– Pois então viemos em um ótimo dia, não acham, meninos?—Ele se virou para os dois filhos presentes, que concordaram com um único "sim".


Amélia aumentou a largura de seu sorriso e recebeu um beliscão silencioso do irmão, sinalizando para que ela se sentasse. Assim ela o fez, pedindo licença e se ajeitando comportada ao lado da mãe no sofá.


– Então, Sr.Linard...—Começou Saymon, sendo interrompido por um segundo.


– Me chame pelo meu primeiro nome, Saymon, somos amigos.—Disse o velho Linard, voltando a ficar sério.—Prossiga.


– Então, Igor. Como já lhe disse, na carta a semanas atrás, minha filha vai entrar na academia Eros, e eu gostaria que ela pudesse ser prometida ao filho de alguém próximo da família. Claro, seguindo os padrões e tradições da promessa de Eros...


Amélia fingia estar ouvindo a conversa dos homens; quando na verdade estava olhando para o filho mais novo do Sr.Linard. O garoto estava quieto no canto do sofá, de pernas cruzadas enquanto olhava entediado para a janela da sala. Ela seguiu o olhar do rapaz e fitou o irmão mais velho do mesmo, abrindo os olhos um pouco mais ao notar todas as tatuagens que o rapaz tinha espalhadas por todas as partes do corpo que Amélia podia ver, exceto o rosto do mesmo. 


O Linard mais novo pigarreou para Amélia disfarçadamente, a fim de chamar a atenção dela para longe do irmão mais velho. A garota logo voltou a olhar para o rapaz sentado em sua frente, que agora mexia no brinco de franjas que pendia estilosamente na orelha esquerda do garoto.


No fim do dia; Igor Linard saiu da mansão Tonks com seus filhos e uma promessa que ele podia ou não manter com o pai de Amélia, tudo dependia de suas decisões políticas, assim como tudo na sociedade em que todos ali viviam. A família Linard era uma das mais ricas dentre a sociedade mágica, e o Sr.Tonks queria aumentar o status de sua própria família, além de claro, seu negócios, por isso ele se esforçava para arranjar os filhos com as famílias mais ricas que estavam no topo das heranças. 

O Sr.Tonks acenou para a carruagem que desapareceu na estrada; em seguida se virou para a família e encarou a filha, que manteve as mãos juntas na frente do corpo.


– Amélia;você agora tem o compromisso de ser a melhor aluna que puder ser na Academia Eros, me entendeu?


– Sim senhor, papai...


- Não me desaponte.—Ele avisou, apontando o dedo indicador de forma ameaçadora para a filha, em seguida o direcionando para a escadaria.—Vá para o seu quarto e descanse, hoje é seu aniversário, e você poderá aproveitar o máximo que puder antes de se comprometer completamente com seu futuro. 


Amélia obedeceu o pai sem mais; ela subiu para seu quarto e se jogou na cama, dormindo assim que encostou a cabeça no travesseiro macio…


 ◈


Lucinda cutucava os pés da filha sem parar; lá fora, já estava escurecendo. O céu era estrelado sobre a mansão Tonks, e na varanda, os convidados cumprimentavam Saymon e Peter antes de entrar para o jantar de aniversário de Amélia. 

A garota acordou e estendeu a cabeça, sonolenta enquanto escutava os ruídos que subiam pelos corredores da mansão. Ela se levantou e balançou a cabeça em afirmação aos chamados de sua mãe, que suspirou enquanto observava a filha se sentar com calma em sua cama.


– Amélia, não há tempo para você enrolar. Se arrume depressa e desça imediatamente, os convidados já estão chegando.—Ela disse; puxando a filha e a enfiando no banheiro, em seguida desceu as escadas e se juntou ao marido e ao filho mais velho para recepcionar os convidados. 


No quarto, Amélia de repente não se sentia mais tão empolgada quanto durante toda a manhã. Ela se banhou e se vestiu, sentando-se diante do espelho e pegando suas maquiagens. Ela parou e se levantou diversas vezes, indo até a janela de seu quarto e olhando o céu cheio de estrelas. Ela apontou e desenhou no ar as constelações que podia ver de sua janela e suspirou pensativa, voltando para a frente do espelho, onde terminou de se arrumar e borrifar seu perfume favorito no pescoço e nos pulsos. 


Ao descer até a sala; Amélia viu que não havia uma única pessoa conhecida ali, todos os convidados eram amigos de negócios do pai e nem mesmo suas amigas haviam sido chamadas para celebrar seu aniversário. Ela se aproximou de sua mãe e cutucou a mesma enquanto caminhavam para a sala de jantar.


– Por que a Nora não veio? Eu escrevi um convite para ela...


– Não sei querida, ela deve chegar logo.—Lucinda afirmou, animando a filha e a colocando para sentar na mesa. 


O jantar foi uma chatice; Amélia não conversou com ninguém e mal escutava os assuntos que o pai discutia com os outros homens da mesa, muito menos escutou as fofocas da mãe com as esposas dos convidados políticos enquanto bebiam chá na sala de visitas. Amélia não parava de olhar o relógio tiquetaqueando na sala; esperando impaciente para que chegasse seu horário de dormir. No fim da festa; Amélia se despediu educadamente de todos os convidados e subiu para o seu quarto em silêncio. 


Nora não havia aparecido.


Depois de um banho demorado e de vestir seu pijama, ela arrumou suas malas e se deitou no sofá que ficava no parapeito da janela e olhou para um pequeno vasinho de vidro que tinha algumas flores pequeninas repousando ali, elas estavam quase morrendo, por isso Amélia as tocou e as reanimou, lhe entregando de volta as cores vivas e claras de suas pétalas. A garota sorriu e fechou os olhos, sentindo a brisa noturna entrar pelas pequenas frestinhas da janela até pegar no sono.


  ───── • ◈ • ─────╮

Academia das musas

╰───── • ◈ • ─────╯


Amélia saiu da mansão Tonks em total quietude; arrastando duas de suas malas para o carro que a aguardava na entrada de casa, o motorista estava guardando mais das muitas malas de Amélia no porta-malas enquanto a garota se aproximava com as duas últimas. Ela se virou e olhou cada canto externo da casa que seus olhos alcançaram, até que Lucinda se aproximou e agarrou a filha em um abraço apertado enquanto Peter entrava no carro e esperava a irmã. A Sra.Tonks apertou as bochechas de Amélia enquanto a olhava e sorriu mesmo com os olhos marejados pela despedida extra que teria que fazer. 


– Se comporte e seja uma boa aluna está bem? Está levando todos os seus brincos? Não esqueceu nenhum?—Ela perguntou, preocupada com esse pequeno detalhe pois brincos eram as coisas favoritas de Amélia. 


– Não esqueci nenhum, mamãe. Vou ficar bem...


– A senhora ouviu, certo? Podemos ir agora?—Peter chamou de dentro do carro, colocando a cabeça para fora da janela. 


Da porta da mansão, o sr.Tonks observava sério a despedida da filha, que entrou no carro sem sequer um abraço de adeus do próprio pai. Ela de repente se lembrou de algo importante e meteu a cara na janela antes que Peter pudesse levantar o vidro.


– Mamãe! Se a Nora mandar notícias por favor, me mande uma carta dizendo se ela está bem!


Lucinda de repente travou no lugar, até que abriu um sorriso largo e torto, acenando para a filha.


– Claro querida. Boa viagem!—Ela respondeu e rapidamente entrou em casa, chamando o marido para dentro, que a seguiu e fechou a porta.


– Mamãe parece estranha...


– Não é nada demais, ela também ficou desse jeito quando comecei no instituto.


– Entendi...


Amélia colocou a cabeça de volta para dentro do carro e fechou o vidro da janela, ouvindo o motor do carro e logo em seguida sentindo o leve solavanco que sinalizava que a viagem estava começando.

O caminho era longo e diferente; Amélia viu árvores e estradas vazias por quase todo o caminho, chegando a esquecer qual era a sensação de ter um bumbum por conta do tempo que passou sentada no banco do carro. Até que, como se fosse mágica—E Amélia não duvidou que pudesse ser de fato.—o carro passou por um túnel formado em uma imensa floresta de árvores variadas e saiu na entrada de uma cidade que ela nunca tinha visto antes. 


Amélia ficou maravilhada com a visão da cidade, que parecia perfeita. Sem lixo nas ruas ou poluição, tudo parecia natural ali, no arco de entrada estava escrito em enormes e belíssimas letras douradas:


"Bem vindo a cidade Eden"


A garota deu batidinhas no peito do irmão para chamar a atenção dele, mas o mesmo apenas segurou o pulso de Amélia e suspirou de dor por conta das "batidinhas".


– Pode esquecer, você só vai poder pensar em pedir permissão para vir quando alcançar o terceiro ano.—Aquela informação acabou com a empolgação que residia em Amélia, que se encostou no banco do carro e cruzou os braços. Peter olhou para a irmã mais nova e apertou os lábios.—Não é tão difícil passar de nível, pelo menos não vai ser para você. São rígidos mas você é inteligente. Além disso...você é uma garota, não vai precisar se esforçar tanto quanto eu...


As palavras de Peter não animaram Amélia nem um pouco. A garota continuou do mesmo jeito até que chegassem a uma última estrada florestal totalmente silenciosa exceto pelo som do carro. Quando atravessaram a floresta, Amélia pôde ver claramente os dois castelos gêmeos que ficavam nas extremidades opostas de um jardim colossal. Eles seguiram para um castelo menor que ficava entre os dois institutos separados a uma grande distância. Todo o local era envolto pela floresta densa e verde.

Diante do portão principal, uma mulher esguia e magricela aguardava a chegada do carro e Amélia ficou chocada com o fato da mulher não ter sequer bochechas de tão magra. 


– Aquela é a professora de etiqueta feminina, Madame Hérmia.—Peter informou a irmã mais nova.—Ela dá aula para a academia das musas, dizem que ela é extremamente rígida.


– Não duvido...


O carro parou diante da mulher magérrima e a porta foi aberta por um mordomo gorducho e baixinho que cumprimentou Amélia com um aceno. A garota saiu do carro e olhou para o irmão, que pegou suas malas e saiu andando depois de pigarrear e dizer um "bom dia" para a professora e olhar para a irmã mais nova com um olhar de "boa sorte". Amélia sentia um nervosismo crescendo em seu peito enquanto movia o rosto na direção da madame; que a encarava plena e levemente impaciente, batendo os dedos finos na prancheta que segurava nos braços.


– Amélia Tonks. 


– sim senhora...—Ela respondeu baixo, segurando firme a alça da mala que segurava nas mãos.


– Seus outros pertences serão levados para o seu quarto agora mesmo, siga-me.


A mulher começou a caminhar. Os passos longos e firmes, com saltos baixos que faziam barulho por onde passassem. Amélia foi levada para uma longa excursão pela academia das musas. 


– Como pode ver, temos um território extremamente organizado e superior em estética. O que claro, é devido aos trabalhos diários dos nossos funcionários exemplares e da cooperação de nossas alunas. Portanto, faça como elas.


- Claro, eu adoro a natureza, vai ser divertido brincar aqui.—Amélia sorriu, mas logo mudou sua expressão outra vez, vendo a professora parar e se virar para ela com uma cara espantada.


– Você não terá tempo algum para "brincar", pois deve aprender a se comportar como uma dama. Esqueça tudo que você aprendeu sobre diversão enquanto era apenas uma criança.—Ela parou de falar, vendo a cabeça de Amélia se abaixar e sorriu friamente com isso.—Prossigamos então.


Amélia viu os jardins vivos e bem cuidados que rodeavam o castelo brilhante. Nos lagos, os cisnes e patos nadavam calmamente aproveitando a luz da lua. Nas muitas janelas do castelo, Amélia podia ver uma diversidade de garotas, que vinham de todos os cantos do mundo só para estudar ali. 

Madame Hérmia passou a caminhar calmamente por um corredor arco onde alguns grupos de aluna conversavam. Todas paravam para cumprimentar a professora educadamente e só voltavam a falar quando a mesma já estava distante. Amélia seguiu a professora e juntas entraram no castelo atravessando o corredor. Garotas de várias idades e nacionalidades passavam por elas e educadamente falavam com a professora, mas ignoravam Amélia completamente.


Apenas quando passaram por um trio de meninas bem específico, Amélia foi percebida. As três garotas pareciam totalmente diferentes do resto das alunas. Duas delas usavam o uniforme distintamente mais despojado, enquanto a terceira usava um completamente diferente da roupa feminina, que se parecia muito com o uniforme que o irmão usava. As três garotas observaram Amélia e a professora se aproximarem, a mais alta tinha a pele levemente bronzeada e tinha cabelos escuros que alcançavam suas costas. Os olhos eram azuis, porém muito escuros. A segunda era mais baixa, era claramente indiana, pois usava jóias enormes nas orelhas e um dos brincos tinha uma corrente que se prendia ao canto esquerdo do nariz dela. A terceira garota para Amélia, era a mais estranha. Talvez por ser a única na academia inteira que usava shorts ao invés de saia, além de um par de meias que chegavam até suas coxas e se prendiam a uma liga que devia se prender na calcinha por baixo do short. Os cabelos eram muito longos e muito cacheados, além disso, pareciam bem cheios, e tinham uma cor castanha muito clara. Ela sorriu para Amélia e acenou gentilmente. 


– Srta.Rosier, pelo amor de deus, arrume este ninho que você chama de cabelo!


– Por que eu deveria? Pode ter algum pássaro por aí precisando de moradia.—A garota respondeu risonha enquanto olhava para Amélia e a via segurar o riso.


– Não me faça te pôr de castigo! Srta.Linard e Srta.Siddarth, controlem sua amiga antes que eu a mande para a sala que ela aparentemente tanto gosta!


As outras duas garotas se viraram de costas e chamaram a atenção da amiga, que segundos depois de ouvir as palavras da professora, desfez o sorriso divertido e mostrou uma expressão que fez com que Amélia entendesse rapidamente que ela havia ficado irritada.


– Essa criança é muito problemática...—Suspirou a professora, caminhando até as escadarias que levavam até os dormitórios. Ela parou diante de uma porta de madeira bem polida, adornada com uma plaquinha rosa e dourada onde se escrevia "bem vinda, querida" que se juntava aos muitos corações desenhados ao redor da frase de boas vindas.—Este é seu quarto, sua colega já deve estar dormindo a esta hora, por isso faça silêncio. 


– Está bem...—Ela respondeu, no mesmo tom de voz que usou desde que chegou. A professora respondeu com um simples movimento de cabeça e se retirou, deixando Amélia sozinha. 


Quando entrou no quarto; Amélia viu a cama vazia no quarto e olhou para o lado, notando os cabelos extremamente loiros de sua colega de quarto, que escapavam por debaixo do edredom cor de rosa que cobria a garota por inteiro. Amélia entrou tentando fazer o máximo de silêncio possível, fechando a porta atrás de si e indo até sua cama, que já estava arrumada e pronta para ela. A garota simplesmente se enfiou embaixo do edredom e ficou de olhos abertos por muito tempo antes de se acostumar o bastante para conseguir dormir em uma cama tão diferente da sua.


Na manhã seguinte; Amélia despertou com a conversa baixa que entrava pelo seu ouvido, quando tirou o edredom da frente do rosto, foi filtrada por um grupo extenso de meninas que a encaravam com sorrisos largos e animados.


– Oi! Você é a Amélia não é?—Perguntou a garota que estava no meio. A colega de quarto de Amélia tinha de fato cabelos muito loiros, e arrumados com cachos perfeitos feitos a mão, que escorriam pelos ombros da garota.—Eu sou a Celeste! Muito prazer. Você chegou bem ontem?


– acho que sim...—Amélia respondeu, se sentando com calma enquanto olhava ao redor e notava mais garotas no quarto. Ela olhou novamente para Celeste e sorriu para ela, ficando constrangida com os olhos azuis claros e firmes que a menina tinha. 


– Que bom. Seja bem vinda a academia das musas. 


– Obrigada...


– Quer se juntar a nós para tomar café?


Celeste não esperou a resposta; apenas agarrou a mão de Amélia e a puxou para fora do quarto, descendo as escadas com a garota até o refeitório, que estava vazio.


– Você deve estar se perguntando porque tudo está tão vazio hoje.—Celeste afirmou.


– Na verdade, não...


– Bom, as aulas só vão começar daqui a três dias, por isso a maioria está aproveitando a folga. Sabe, as aulas são fáceis mas são muito rígidas, justamente por serem fáceis. 


Celeste disse enquanto se sentava e mandava as suas outras amigas sentarem mais afastadas, pois Amélia teve um lugarzinho reservado ao lado de Celeste. Amélia se sentou com um sorriso fraco nos lábios e sentiu os dedos de Celeste tocarem seu cabelo.


– Seu cabelo é lindo, como consegue acordar tão bonita assim?


– Não é nada demais...


– Bobagem, não negue sua beleza. Que bom que a professora te colocou como minha colega de quarto. Ela devia saber que por você ser muito nova, ia sofrer muito bullying com as garotas mais velhas.—Amélia de repente olhou para a loira sem entender.—Todas essas meninas que estão com a gente, sofreram bullying até me conhecer, agora somos um grupo de amigas unidas que se protege das meninas cruéis da escola certo Marina?


Amélia seguiu o olhar de Celeste na direção de uma garota bem distinta do grupo, ela era cabo-verde. Tinha a pele negra e os olhos verdes bem claros, além do cabelo muito liso, na altura dos ombros. Marina concordou e colocou a mão embaixo do queixo enquanto olhava ao redor do refeitório. Celeste suspirou e puxou o rosto de Amélia para que a olhasse de volta.


– Marina é minha melhor amiga, mas é muito ciumenta e não gosta muito quando faço novas amizades sabe? Mas ela não vai te maltratar, ela é uma boa pessoa.


Celeste sorriu, e, Amélia sorriu de volta, sem resistir a tamanha simpatia da menina em sua frente. O resto do dia foi totalmente calmo e livre de professores. 

Agora, Amélia seguia Celeste e suas amigas para o jardim, onde estenderam uma toalha de piquenique e se sentaram diante do lago para alimentar os cisnes e patos. Amélia se sentou entre Celeste e Marina, e as duas explicaram as regras da escola para Amélia.


– Mas dentre todas essas regras que eu mencionei agora, tem uma muito importante.—Celeste começou, chamando a curiosidade de Amélia totalmente para ela.—Você não pode ser pega transando com ninguém.


Amélia sentiu as bochechas ficarem totalmente vermelhas quando ouviu aquilo, o que tirou uma reação parecida de Celeste.


– Amélia! Você já?


– Não! Nunca!


As duas voltaram a falar baixo, Celeste segurava a risada. Amélia forçou uma risada baixa e logo estava rindo com a loira, que segurou sua mão.


– Muitos alunos quebram essa regra sabe? Tem que ter muito cuidado para não ser descoberto.


– Por que? O castigo é muito severo?


– Uma vez...—Marina começou a falar, comendo um pequeno biscoito de canela.—Rolou um boato pelo instituto de que dois alunos foram pegos pelos professores, transando na sala de música...ninguém sabe quem foram e muito menos o que aconteceu com eles.


– Devem ter sido expulsos da escola e das famílias.


– Das famílias?—Amélia arregalou os olhos, olhando para Celeste, que parecia despreocupada.


–Claro, pense só na vergonha dos pais de terem filhos devassos que não conseguem sequer manter a promessa de casamento com alguém? É como uma traição sabia?


Amélia mordeu os lábios escutando Celeste, em seguida, olhou adiante e fitou um casal de cisnes que se abraçavam. Ela sonhou acordada por um momento e voltou a si quando Marina a chamou.


– Ainda não mostramos a sala de artes para ela, Celeste


– Tem razão Mari!—Ela se levantou, ajeitando o vestido e estendeu a mão para Amélia.—Você vai adorar!


As três caminharam pela escola a passos vagarosos e alinhados; enquanto fofocavam, Amélia olhava ao redor e logo avistou uma porta pouquíssimo aberta, a placa dourada acima da porta dizia "biblioteca". Amélia se aproximou e olhou pela frestinha da porta, podendo ver a menina de cabelos cacheados do dia anterior. Ela lia um livro de capa vermelha e adornos floridos em ouro, sem título na capa. Parecia tranquila e feliz, tirando um sorriso de Amélia quando suspirou apaixonada pelas páginas que lia. 


Amélia sentiu um puxão em seu braço e logo se virou, vendo o rosto de Celeste.


– A biblioteca é chata, o que está olhando aí dentro?—A loira colocou a cabeça para dentro da porta e logo viu quem estava ali, quando voltou, tinha uma expressão séria.—Não fale com essa menina. Ela é uma das garotas que fez bullying com as outras. Ela maltratou a Mari!


– Eu não sabia...


Celeste suspirou e olhou para Mari, que começou a caminhar mais a frente das duas.


– Vamos voltar para o dormitório, quero aproveitar para descansar bastante antes das aulas voltarem...


Não conversaram mais pelo resto do dia; Amélia se sentiu culpada por ter espionado a garota da biblioteca com um olhar tão caloroso. Celeste se deitou em sua cama e se cobriu completamente, enquanto isso, Amélia ficou na janela olhando o jardim florido até que anoitecesse, quando se levantou e tomou um banho antes de se deitar. Ela penteou os cabelos castanhos e olhou para sua bolsa escolar, decidindo escrever para sua mãe.


Amélia se sentou em sua cama e pegou o papel de carta e uma caneta, começando a escrever, usando a luz do seu abajur para ver o que escrevia nas linhas do papel. Enquanto escrevia, seus olhos iam pesando cada vez mais, até que sua mão parou de se mover sobre o papel e Amélia caiu em um sono profundo, cheio de sonhos.


◈•◈•◈







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