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História Erro - Eu aceito


Escrita por: biagw

Notas do Autor


FINALMENTE UMA ATUALIZAÇÃO
gente, eu avisei q ia demorar, mas nem eu esperava ter tão pouco tempo hahaha
desculpem pela demora e aproveitem esse capítulo (até pq estamos nos caps finais ;-;)

beijooos

Capítulo 12 - Eu aceito


“Não está falando sério, está?” – a mais velha encarava o filho em descrédito, enquanto ele mesmo ria da história e Yibo tentava controlar a vermelhidão que tomava conta de seu rosto por causa da vergonha – “Então é por isso que seu braço...”

“Sim, ele quase me matou” – Xiao exagerava de propósito, usando do humor pra atacar o garoto ao seu lado que já não sabia mais onde se esconder. A mulher os encarava sem reação, com a boca semi aberta, fazendo o filho rir ainda mais por sua expressão

“Não me faça parecer um maluco violento” – Yibo falou entredentes, cutucando Xiao Zhan e rindo de sua própria situação vergonhosa

“Mas você é um maluco violento” – Zhan cruzou os braços, numa falsa expressão séria, e deu de ombros. Voltou a sorrir quando um olhar de súplica veio diretamente dos olhos desesperados do mais novo. Aquela não seria uma boa introdução à família de alguém que você gosta – “Mas é um maluco violento fofo” – brincou, apertando a bochecha do mais novo.

 Quem visse a mesa daquele jeito nem acreditaria que a casa era a mesma que pareceu um ambiente tão hostil há pouco. Por mais que risadas escandalosas e falas animadas viessem da cozinha e da sala de jantar, o pai de Xiao Zhan ainda se recusava a sair do quarto ou voltar atrás em suas decisões. No fim, era até melhor que ele não saísse mesmo de onde estava, o clima havia melhorado muito e ninguém torcia pra que sua presença o piorasse.

 Entre Xiao Zhan e Yibo as coisas pareciam mudar em ritmos diferentes, rápido e devagar. Sentiam-se mais a vontade pra tocar um o outro e fazer brincadeiras como aquela última, mas ainda agiam como se os beijos do jardim não tivessem acontecido. Pelo menos na frente da mulher que os recebia. Ambos estavam tímidos demais pra assumir qualquer coisa e confusos demais pra saber como agiriam dali pra frente. Evitar pensar no assunto era evitar sentir o coração acelerado e as borboletas no estômago. Mas também era um tanto difícil.

“Ei, já está tarde” – Yibo encarou o relógio e depois Xiao Zhan, aproveitando a deixa do silêncio pra fugir da constrangedora situação de apresentação daquela história de como se conheceram. A dona da casa seguia perdida sobre uma reação em como aceitar o fato de que aquele novo amigo de seu filho era o mesmo que havia quebrado seu braço, mas não dizia nada, afinal, sem ele aquele reencontro seria impossível – “Deveríamos voltar”

“O caminho é longo, não deveriam partir a essa hora” – a voz preocupada da mãe voltou à conversa – “É muito perigoso”

“Nós precisamos ir, mãe. Não é tão perigoso assim” – Xiao retrucou, sorrindo levemente pela felicidade de ver o lado protetor de sua mãe outra vez. Mesmo aquele seu instinto de super proteção era agradável depois de tanto tempo de afastamento

“É claro que é! Essas ruas são escuras” – os dois garotos sorriam de leve por todo exagero, mas a mulher insistia no mesmo tom preocupado. Pra ela, era realmente perigoso pegar uma longa estrada àquela hora, no transporte que nunca foi seu preferido, a moto – “Fiquem por aqui até amanhã”

“Mas, mamãe, você sabe que o papai...” – Xiao Zhan não aceitaria a proposta tão facilmente. Era realmente tentador ficar na casa de sua infância por mais um tempo, as lembranças eram boas, mas o fato de talvez ter que encarar seu pai mais uma vez o assustava

“Eu cuido do seu pai” – ela o interrompeu, numa fala segura. Lançou um olhar convidativo e insistente pros dois jovens, quase numa chantagem emocional pra que cedessem ao seu pedido – “Seu quarto ainda está vazio e temos também um quarto de hóspedes, o que acha?”

 Xiao e Yibo se encararam. Na verdade nenhum deles tinha planejado ficar por ali, mas era difícil negar o pedido de uma mãe insistente. O mais novo sabia que, no fundo, Xiao Zhan sentia muita falta da família e que aquela era uma oportunidade pra que ele tivesse mais contato com uma pessoa querida, então o incentivou a aceitar o convite da mãe e ficar. Vendo o assentir calmo de Yibo, Zhan se sentiu mais seguro em assentir também e o sorriso no rosto de sua mãe triplicou em tamanho. Ela deu uma piscadela a seu jovem cumplice em agradecimento.

“Mostre o resto da casa ao seu namorado” – a voz da mais velha saia trêmula, insegura pelas próprias palavras. Nunca havia dito aquilo antes, aceitado a situação ao ponto de conseguir pronunciar a proibida palavra ‘namorado’. Talvez parecesse algo muito simples e bobo, mas pra ela significava um desafio e tanto. E, por mais que o termo não fosse exatamente o mais apropriado no momento, o coração de Xiao Zhan palpitou em alegria por ouvi-lo saindo da boca da mãe que, até pouco antes, se recusaria até mesmo a olhar pra qualquer garoto que ele levasse pra casa. Não poderia estar mais feliz, aliviado e orgulhoso; não sabia descrever a incrível sensação de se sentir acolhido novamente na família, mais aceito, mais amado. As sensações eram tão boas e fortes que ele sequer deu atenção ao fato de ‘namorado’ não definir exatamente aquele que o acompanhava. Yibo, porém, corou no mesmo instante em que ouviu a palavra, tentando em vão disfarçar a vergonha. Seu disfarce foi tão péssimo que a mulher logo percebeu que havia errado nas palavras – “Ou quase namorado” – riu, prevendo que não demoraria até que os dois realmente desenvolvessem algo. Algo como um instinto materno lhe dizia.

 Xiao ainda estava imerso nos pensamentos de surpresa e alivio que ignorou outra vez a fala da mãe e apenas a abraçou em agradecimento pelo novo posicionamento. Sentia-se bobo por estar tão emotivo num contexto tão simples, mas tinha que segurar as lágrimas pra que não escorressem. Seu sorriso também era enorme e a mulher logicamente o correspondeu, entendendo bem o porquê de toda sua excitação. Ela, não diferente dele, fazia o mesmo esforço pra segurar as lágrimas.

 Deixando o clima emotivo de lado, Xiao resolveu seguir o conselho da mãe e mostrar o restante da casa à visita – que ainda tinha o rosto vermelho, aliás. Depois dos balanços na árvore, seu lugar preferido era o antigo quarto, usado até a adolescência e nunca mais visitado desde que saiu da casa. Pegou Yibo pelo pulso e o puxou pelas escadas, o antigo quarto ficava no andar de cima e nem ele fazia ideia de como ia sua conservação. Estava animado em revisitá-lo.

 O mais novo o seguia sem perguntar nada ou mesmo relembrar o termo que a mais velha tinha usado na conversa anterior. Sorria bobo ao se lembrar dele. Não sabia se era bom ou ruim, mas parecia bom. Não demoraram pra chegar até o cômodo e Xiao abriu a porta animado, como se esperasse por aquele momento por um longo tempo – e a situação era mesmo mais ou menos aquela.

“Continua idêntico” – Xiao riu encantado ao encarar cada pequeno detalhe mantido em todo aquele tempo. Yibo o seguia, sorrindo ao ver toda sua alegria. O quarto não era pequeno, mas era simples em decoração. Tinha uma estante de livros bem arrumados, alguns bichos de pelúcia sobre a cama de casal, um porta retrato grande que exibia uma fotografia fofa da infância de Xiao e um quadro que parecia remontar um poster de algum filme que Yibo não reconheceu – “Meu Deus, todas essas coisas da minha adolescência...” – o mais velho ria sozinha, cheio da nostalgia que o lugar proporcionava.

 Se lembrava bem de estudar na escrivaninha que ocupava o canto ou passar horas ouvindo músicas novas deitado na cama. Se lembrava de ter pintado aquele quadro por dias até que ficasse idêntico ao pôster de seu filme preferido. Lembrava de cada um daqueles bichinhos de pelúcia, ganhados em aniversários ou natais passados (além de um deles, ganhado do primeiro namorado do colégio e que provavelmente a mãe nunca desconfiou de verdade de onde veio). As primeiras lembranças eram boas, as seguintes nem tanto. Também se lembrava muito de ter chorado por ali, enfiado debaixo das cobertas, ou se escondido com a porta trancada pra evitar ouvir os discursos odiosos de seu pai.

 Era estranho ver o quarto arrumado daquela forma, como se nunca tivesse ficado abandonado. A última lembrança do lugar era de tudo revirado, das coisas fora do lugar, de todas suas coisas espalhadas. O dia em que seu pai enfiou todas as peças de roupa que conseguiu numa mochila e o jogou pra fora de casa. Aquela era a pior das lembranças, dava arrepios. Xiao Zhan foi até o guarda-roupas, queria saber se alguma coisa ficara pra trás depois daquele dia. Algumas poucas peças ainda estavam por ali, talvez ainda servissem, sorriu de leve e afastou os piores pensamentos.

 Yibo sorria atrás dele, mais encarando-o que encarando o quarto. Estava interessado em decifrar suas expressões, entender seus olhares e descobrir suas emoções. Ele era muito mais atrativo que o cômodo. E, quando percebeu que estava sendo observado por tanto tempo, Xiao Zhan também corou, envergonhado; desviou o olhar e se sentou na cama, sendo seguido pelo mais novo.

“Fazia muito tempo que eu não vinha pra cá” – Xiao Zhan rompeu o silêncio depois de um suspiro, com um sorriso simples no rosto, preferindo iniciar uma conversa que continuar no clima constrangedor em que estavam

“Nunca mais veio desde que seu pai fez aquilo?” – Yibo o questionou, tentando não parecer muito agressivo. Seria estranho dizer ‘desde que seu pai te expulsou’, então ele buscava palavras mais leves. Xiao assentiu – “Parece que sua mãe tem cuidado do quarto então”

“Eu não imaginava, mas parece que sim” – respondeu, com um sorriso brilhante. Era um bom sinal que a mãe continuasse cuidando de suas coisas – “Mas também é estranho” – encarou Yibo numa expressão curiosa – “Parece que eu morri”

 O mais novo riu alto, percebendo a graça da piada. Realmente, parecia um daqueles quartos em que o filho morre e a família fica conservando lembranças através do cômodo, sem mudar nada de lugar, como se isso pudesse trazer alguém de volta. Deixou de rir em seguida, parecia uma piada não muito apropriada.

“E por que tem uma cama de casal no seu quarto?” – Yibo questionou, arrumando qualquer coisa de sua curiosidade pra sair do assunto pesado e deixar o clima mais leve

“Sou espaçoso” – Xiao respondeu, rindo e se jogando no colchão atrás de si. Era um pouco vergonhoso afirmar aquilo, mas era a verdade.

 Mais uma vez, caíram no silêncio. Yibo deitou-se ao lado de Xiao Zhan e voltou a encará-lo, como fazia antes, sem dizer nada. O mais velho, que encarava o teto, sorriu sem graça outra vez, percebendo os olhos presos em seu rosto. Era o momento perfeito pra lembranças embaraçosas dos beijos que aconteceram mais cedo. E ambos pensavam na mesma coisa, embora disfarçassem. Ou melhor, Xiao disfarçava.

 Yibo agora se apoiava sobre o cotovelo na cama, encarando Xiao Zhan mais de perto, com um sorriso no canto dos lábios. Não achava mais necessário disfarçar o que queria ou não queria, até porque já era óbvio, disfarçar não seria eficiente. E o olhar dele dizia mais que o necessário sobre seus sentimentos, a tensão era quase palpável. Não demorou pra que Xiao desistisse também de disfarçar e cedesse aos pedidos de seu coração acelerado.

 Os olhares se cruzaram no silêncio e se prenderam um ao outro por um tempo, como se quisessem conversar sem palavras. E era eficiente, eles realmente se entendiam. Dificilmente olhariam pra outra pessoa daquela forma, sem qualquer sentimento envolvido, nenhum dos dois era adepto a olhar nos olhos das pessoas por muito tempo – e ali a situação já era diferente, como se quisessem morar nos olhos do outro. Como antes, Yibo foi o primeiro a se aproximar. O braço bem ao lado do pescoço do mais velho, os rostos separados por mínimos centímetros e os olhos hipnotizados, vidrados um no outro.

 Yibo primeiro selou seus lábios aos do mais velho de forma rápida e delicada, como se pedisse permissão para repetir o que fizeram mais cedo. O sorriso de Xiao Zhan foi a perfeita resposta pra seu pedido e logo mais um selar rápido, seguido de um beijo demorado. Nenhum deles era apressado ou desesperado, pelo contrário, era tudo muito calmo e cheio de carinho. Ao contrário da violência dos dias de raiva, o sentimento que consumia a vida amorosa de Yibo era o romantismo, o carinho, o cuidado. E tudo ficava bem claro pelas carícias leve que ele fazia pelo rosto do mais velho e pelo olhar que lançava quando se separavam, cheio de ternura.

 

 

“Sabe o que é engraçado?” – Xiao Zhan sorriu, enquanto permaneciam bem perto um do outro, com os mesmos olhares brilhantes – “Meu pai ainda está no quarto debaixo”

“Deveríamos ser mais escandalosos pra irritá-lo?” – Yibo brincou, fazendo a risada do outro aumentar

“Não” – Xiao respondeu, ainda rindo da proposta indecente e brincalhona de seu ‘amigo’ e se levantando em seguida. Estava feliz, mais do que imaginava que estaria depois de tudo que acontecera. Yibo não deixava de encará-lo, nem de sorrir. Suspirou, imerso nas fantasias que começava a criar – “Quer sair um pouco? Tem uma sorveteria aqui perto que eu frequentava sempre”

“Está me chamando pra um encontro?” – cruzou os braços, num sorriso convencido que pretendia deixar o outro ainda mais envergonhado. Yibo se levantou também, de surpresa alcançando a mão livre de Xiao e cruzando seus dedos aos dele – “Eu aceito”



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