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História Erro - Volto Amanhã


Escrita por: biagw

Notas do Autor


olá, pessoal, como estão?
ai vai mais um cap pra vcs

aproveito pra deixar nas notas finais o link da minha outra fanfic de The Untamed que é com o quarteto do arco Yi City (Xue Yang, Xiao Xingchen, Song Lan e A-Qing) pra quem quiser dar uma olhada ;)

Capítulo 4 - Volto Amanhã


Xiao Zhan estava satisfeito com sua forma de vingança.

Já que ele não poderia fazer grande parte de suas tarefas por causa de todos os machucados, nada mais justo que Yibo substituí-lo em tudo: desde as aulas, até a entrega de documentos importantes na universidade. Podia-se dizer que o mais novo tinha se tornado basicamente um escravo pessoal dele por um dia.

Yibo percebia sua punição, mas a achava justa. Ele já havia prometido que arrumaria tudo e que se responsabilizaria pelos danos, então era justo que agisse para cumprir com as coisas que Xiao estava impossibilitado de cumprir por sua culpa. Não reclamou, nem por um instante em ter sido "alugado" por um dia todo, não se achava no direito de reclamar. Podia ser estressado e inconsequente às vezes, mas era sincero e responsável quando assumia seus erros e missões.

Estando, então, naquele acordo indireto em que ambas as partes se entenderam sem precisar de nenhum contrato escrito, vítima e agressor passaram o dia juntos em atividades diversas. De manhã, depois de terminar de arrumar o ateliê, Yibo acompanhou Xiao Zhan em suas duas aulas matinais. Mesmo sendo encarado por toda a sala por ser um completo estranho, sua expressão centrada não mudava por nem um mínimo segundo. Até mesmo o professor hesitou em perguntar o que ele fazia ali, mas acabou não o fazendo quando percebeu que, de algum modo, estava acompanhando um aluno real.

Enquanto Yibo copiava, concentrado, os conteúdos transmitidos sobre um assunto que ele não compreendia nem um pouco, Xiao Zhan aproveitava a carteira de trás pra tirar uma soneca. Não conseguiria escrever de qualquer forma. Vez ou outra o mais novo o cutucava porque o professor pedia algum tipo de atividade, mas ele logo voltava a dormir com a cara enfiada na mesa. Também era uma ótima forma de fugir dos olhares curiosos de seus colegas.

Depois das aulas, passaram também o almoço juntos, no restaurante da universidade. Xiao Zhan teve que fazer uma certa cena para conseguir que seu ajudante pessoal entrasse sem ser um aluno matriculado, mas não há nada que seu charme unido a sua boa lábia não consigam. Então os dois passaram pelas catracas e puderam usar o espaço juntos. Yibo ia de lá 'pra cá toda vez que Xiao dava falta de algo: buscava mais comida, trazia um pouco de tempero, trocava o talher que caiu no chão, reaparecia com um copo de suco ou um guardanapo novo. Quem olhasse de fora podia julgar que o Zhan o azucrinava de propósito, pedindo coisas demais pra ver até onde ele aguentaria. Era um pouco de verdade.

Wang Yibo não se importava. Depois de ter cometido um erro tremendo por causa da raiva ele se esforçava para continuar calmo pelo máximo de tempo possível. Em sua mente, não se esquecia de repetir que era sua culpa, que merecia alguma punição e que não gostaria de estar no lugar do outro e, por isso, deveria ajudá-lo. Na tentativa de irritá-lo, Xiao Zhan até fingiu estar mais debilitado do que realmente estava apenas pra que Yibo se oferecesse pra alimentá-lo diretamente. Só não esperava que o mais novo fosse realmente fazer aquilo.

Depois de receber duas colheradas da sobremesa na boca acabou constrangido demais pelos olhares acumulados em sua direção e resolveu voltar a comer sozinho. Nem o próprio Xiao sabia porque queria tanto tirar Yibo do sério. Talvez por ainda não se sentir vingado o suficiente, talvez por se irritar com o quanto ele continuava intacto mesmo depois de todas as suas tentativas. No fundo, começava a se sentir mal pela forma como o outro acatava todas suas ordens e continuava por perto feito um escravo, mas esse sentimento também não demorava a ir embora.

No fim das contas, talvez o real motivo fosse porque queria ter sua atenção. Estava acostumado a fazer tudo aquilo sozinho e ter uma companhia era divertido, ainda que sua companhia fosse a pessoa que o espancou no dia anterior e ficasse calada na maior parte do tempo. Antes que acabassem, Li apareceu, a garota dos cabelos azuis que impedira uma tragédia ainda maior no dia anterior. Sentada ao lado dos dois, a estudante de arquitetura não parecia nem um pouco animada.

"Eu soube que você virou escravo." — Encarou Yibo, antes mesmo de começar a comer. A ironia em sua voz e o olhar rancoroso lançado ao garoto do seu lado deixaram clara sua irritação

"Só estou ajudando" — Yibo respondeu, depois de uma risada leve. Achava engraçado o fato da notícia já ter chegado nela e também de tratarem as coisas daquela forma. Por que ajudar alguém deveria ser comparado a algum tipo de escravidão?

"Você não tem vergonha não, hein?" — Ignorou o mais novo e passou a encarar Xiao Zhan. Parecia querer afogá-lo no copo de suco que bebia. Ele se fez de desentendido, uma expressão que era sua especialidade — "O que mais falta pra ele fazer por você? Te dar comida na boca?"

Bom, já tinham feito isso.

"Eu não o obriguei a nada, não me culpe" — Xiao retrucou, parecendo despreocupado.

"Não seja tão preocupada, Li." — Yibo riu da cena que ela fazia por aquilo, se prendendo em roubar o restante da sobremesa que Xiao Zhan havia deixado sobre a bandeja. A garota bufou, mas não disse mais nada, não teria como contrariar sua vontade.

E agindo tão infantilmente quanto ela, Xiao Zhan se levantou e foi embora logo em seguida, como se quisesse cortar a conversa no meio e obrigar Yibo a segui-lo, deixando a garota para trás.

E foi basicamente o que aconteceu. Yibo se despediu rapidamente da amiga e seguiu Xiao para fora, se encarregando pela bandeja que ele tinha deixado na mesa.

"Você pode ir embora se quiser." — Feito uma criança emburrada, Xiao Zhan parou do lado de fora do restaurante, cruzando os braços da forma que podia e se fazendo de desinteressado. Yibo riu outra vez, ele e Li pareciam duas crianças agindo daquela forma — "Eu não quero te obrigar a nada."

"O que tem pra fazer agora?" — ignorando a fala anterior, queria deixar claro que continuaria por ali pelo tempo necessário. Pensava que não tinha porque ir embora, não tinha compromissos e ajudar alguém não estava lhe matando. Era parte de como consertar a burrada que tinha feito e se redimir com todo mundo, além de ser até um tanto divertido — "Eu irei se não precisar mais de mim, mas não precisa me mandar embora só porque Li disse."

Pensando em como estavam, a relação dos dois era bem estranha. Se conheceram numa briga que começou errado e acabaram conectados por causa das consequências ruins da tal briga. Deveriam ter raiva e medo um do outro, mas não tinham. Sentiam-se até a vontade, o dia passava rápido e, por mais que fosse estranho, não podiam dizer que era ruim.

 

***

 

A tarde foi tão movimentada quanto à manhã. Nos dias comuns, aquele era o horário que Xiao Zhan costumava passar na sala de pintura, então ele tentou arrumar o máximo de compromissos possíveis pra se distrair. Odiaria ficar em casa sentindo-se um inútil sem nada pra fazer e deixar seu ateliê abandonado, era melhor aproveitar enquanto Yibo estava por perto cedendo às suas vontades e ocupá-lo pelo dia todo.

Foram as lojas que precisavam para repor o material destruído da oficina e Xiao acabou comprando até mais do que perdera. Parte era reposição para a universidade e parte era do acervo pessoal do pintor mais ativo na tal sala. Yibo acabou pagando por todas elas, mesmo quando o outro negava, afinal, ainda achava que todas as perdas eram culpa dele. Vendo que ele parecia tão decidido a pagar por tudo, Xiao só pode ceder sem mais reclamações.

Yibo era responsável por alcançar todos os produtos, carregar as sacolas e fazer os pagamentos. Ele basicamente seguia Xiao Zhan por todos os lugares, esperando que escolhesse o que queria e cuidava do resto. Parecia um mordomo seguindo o patrão rico pelas lojas. Não que se importasse com essa aparência. No final, ria bastante quando o via pechinchando por preços mais baixos ou brigando por qualquer mísero defeito que pudesse lhe ceder um desconto.

O último ponto do dia era uma ótica. No meio da confusão, Yibo acabou destruindo os óculos de Xiao Zhan também e aquele era um item bem precioso para alguém que não conseguia enxergar direito qualquer coisa que estivesse a alguns passos de distância — como a lousa da universidade. Ele usaria a dificuldade como desculpa para todos os professores enquanto não conseguisse lentes novas e por isso não tinha nenhuma pressa, mas Yibo parecia querer resolver o problema que havia causado.

Até tentaram consertar a antiga armação, mas ela tinha basicamente se partido no meio, o que tornava o conserto quase impossível. Precisaria de uma nova. Xiao já havia concluído, pela facilidade em pagar todas as compras anteriores, que Yibo deveria ser algum carinha rico que talvez nem trabalhasse e usasse dinheiro de sua empresa ou de seus pais. Ele obviamente não perguntou, mas sua conclusão foi suficiente para que se aproveitasse da situação outra vez. Não pediu para ter seus óculos quebrados, então era justo que pudesse comprar qualquer um em retorno. Escolheu um dos mais caros que vira e saiu satisfeito com a nova armação no rosto. Yibo não se opôs.

A tarde correu mais rápido do que o de costume. Quando perceberam, depois de andar por todas aquelas lojas, pegar tantas sacolas e repor tudo que poderiam na oficina de artes, já era final de tarde, quase horário do jantar. Teriam que se separar e seguir, como esperado. Yibo encarou o relógio primeiro, enquanto já paravam na frente do apartamento em que Xiao morava.

"É o horário do seu remédio, não é?" Por toda a preocupação do dia anterior, Yibo tinha prestado tanta atenção às palavras dos médicos e ao que tinham escrito na receita que se lembrava perfeitamente do que haviam receitado. Xiao o encarou um tanto surpreso, ele mesmo nem havia se lembrado que existiam remédios, menos ainda que tinha horários para tomá-los. "Precisa seguir a receita pra se recuperar melhor."

Não era como se quisesse se importar com o jeito atencioso do mais novo, mas Xiao não pode impedir que o coração amolecesse outra vez naquele momento. Ele sorriu levemente, sem graça, não tendo nenhuma resposta. Não esperava que Yibo se preocupasse tanto com sua recuperação, aquela era uma surpresa bem agradável.

"Me chame se precisar de algo amanhã." Yibo deixou as sacolas que carregava na frente da porta e se despediu com um sorriso tímido.

Mesmo sem aparentes motivos, ele queria que Xiao Zhan precisasse de sua ajuda mais uma vez. Não sabia explicar e se repreendia em seguida por pensar daquele jeito.

Ao mesmo tempo, Xiao tentava maquinar formas para precisar de ajuda. Ficar sozinho não era legal, ficar sozinho longe da oficina era ainda pior, e só existia um culpado pra estar longe da oficina, então…

Nada mais justo que alugá-lo por mais alguns dias, certo?

 

"Eu vou…" — Yibo já estava quase no final do corredor, quando Xiao rompeu o silêncio e atraiu sua atenção. Recebeu o olhar do mais novo e pigarreou, nem sabia porque tinha começado a frase, quem dirá como deveria terminá-la. — "Vou precisar… amanhã."

"Tudo bem." — Por mais que Xiao Zhan esperasse uma resposta negativa ou uma questão sobre qual seria sua necessidade, Yibo o surpreendeu sorrindo e dando uma resposta positiva, sem pedir por qualquer explicação — "Eu volto amanhã."


Notas Finais




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