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História Escola Anti-gays - Jikook - Ele não é quem eu pensava, seria errado eu gostar disso?


Escrita por: Nickendipity

Notas do Autor


CHEGAYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY
Muito obrigada pelos comentários de vocês, sério, eu AMEI O FEEDBACK
Esse capítulo tbm está escrito a séculos, mas n ficava como eu queria, então desculpe se eu quebrar a expectativa de vocês.

Boa leitura <3

Reescrito dia 06/08/2020

Capítulo 5 - Ele não é quem eu pensava, seria errado eu gostar disso?


Eu estava surpreso, porque Jimin estava simplesmente socando minha cara com uma força brutal!

Tentei me defender, mas pela posição imobilizada que eu me encontrava parecia impossível. Chegou a um ponto que a dor já não permitia mais que eu me movesse ou lutasse contra isso, ele me agredia com uma força que eu nem imaginava que ele pudesse ter.

-J-Jimin, pare com isso! O que você- Interrompeu minha súplica, socando minha boca com mais força, eu já sentia o gosto do sangue que agora me manchava. Minha visão não estava boa, pela dor que sentia nos meus olhos e pelas lágrimas que os ocupavam, mas podia jurar que ele estava chorando.

Então, de repente, ele me largou, olhando para as mãos vermelhas e manchadas de meu sangue, se desmanchando a chorar ainda mais.

Fechei meus olhos, respirando ofegante, deixando algumas lágrimas escaparem também. Eu sentia muita dor.

-Por-Por que fez isso? –Perguntei, quando consegui assimilar tudo isso.

-Você... vai me dedurar? –Soprou em um sussurro.

-Como?

-Você vai contar sobre o que achou no meu armário? –Soluçou.

Jimin tinha algumas roupas de balé, acho. Tudo me parecia confuso, mas pela sua reação, eu não tinha dúvida alguma de que aquelas peças – algumas femininas demais - eram dele.

É estritamente proibido que garotos pratiquem atividades femininas, Park poderia ser expulso do colégio, no mínimo suspenso. Jimin perderia sua tão famigerada popularidade também, e entraria em um inferno sem fim. Ele não merecia isso, na verdade, ninguém merecia.

-Claro que não! –Gritei, desacreditado que ele havia me socado por pensar isso.

-Meu Deus! Desculpe! –Exclamou tocando meu rosto de leve, mas causando um ardor enorme. –Me desculpe! Perdão! –Ele chorava quase em desespero, por um segundo pude entender o que ele devia estar sentindo.

Me sentei com dificuldade, sentindo sangue pingar em minha calça. Segurei seu rosto, o fazendo me olhar. 

-Não vou fazer nada. –Tranquilizei-o e o vi respirar novamente. –Mas... pode me explicar tudo isso?

Ele assentiu, parando de chorar e fungando enquanto me ajudava a levantar.

Me sentei em sua cama e ele recolheu o conteúdo da sacola com o rosto extremamente vermelho.

-Hyung... isso...

-É um massageador. –Pigarreou.

Eu sabia que não era, eu podia fingir que não sabia e agir normalmente, mas precisava entender... céus... Park Jimin era... ele era...? Suspirei. Eu não conseguia dizer as palavras nem  em meu próprio pensamento, isso não era possível!

-Eu sei o que é isso. –Consegui dizer e ele suspirou.

-Isso é da minha namorada. –Respondeu, trancando o guarda roupa.

Essa foi a hora do meu rosto queimar. É claro que era da namorada dele, eles deveriam... engoli seco. Como eu pude pensar que o Capitão era gay? Isso é tudo culpa de Taehyung!

Jimin me pediu perdão no mínimo 15 vezes enquanto limpava meu rosto, então insistiu relutante para buscar uma compressa de gelo e a trouxe para que eu colocasse na minha cara.

Só fiquei com o rosto para cima, deitado, enquanto ele permaneceu em silêncio. Não queria, mas sentia raiva do Capitão, ou melhor, eu queria sentir raiva, mas na verdade eu estava triste. Eu estava acostumado com as pessoas me agredindo sem que eu fizesse algo, mas não esperava isso de Jimin, por mais chocado que ele estivesse. Parecia que ele queria me matar com as próprias mãos.

-Você deve me odiar agora. –Disse, quebrando o silêncio.

-Por que me bateu?

-Achei que fosse me dedurar.

-Não foi uma ideia inteligente, bater na pessoa que descobriu seu segredo. –Tentei parecer indiferente.

-Eu sei, fiquei nervoso. –Fez uma pausa. -Achei que minha vida acabaria.

-Você... faz balé? –Decidi perguntar hesitante.

-Não. –Percebi que suas bochechas se envermelharam. –Já fiz. Mas minha verdadeira paixão é a-

Escutamos um barulho na porta, então ficamos em silêncio, a mesma logo foi aberta por Jung Hoseok – companheiro de quarto de Jimin -.

-Pirralho, o que faz aqui? –Perguntou, ao me perceber no quarto. –E que raios aconteceu no seu rosto?

Olhei para Jimin, sem saber o que dizer.

-Ele veio experimentar as novas roupas, mas acabou caindo. –Mentiu.

-Caindo? Qual é! É óbvio que ele apanhou. –Disse, dando uma analisada melhor no meu rosto, enquanto jogava sua mochila em sua cama.

-É, mas ninguém precisa saber. –Jimin rebateu, suspirando.

-Quem bateu nele? Vamos deixar assim? Ninguém bate em alguém do nosso time, ele é um de nós agora. –Isso me fez sorrir por dentro, mas apenas por dentro. 

-Hoseok, não se meta, por favor. –Park continuou protelando.

-Você deveria saber se defender melhor! Olha o seu tamanho! –Disse para mim, logo depois se dirigindo a Jimin: –Acho que deveríamos ensinar ele a brigar.

-Eu fui pego de surpresa. –Me defendi. –Não queria machucar a pessoa e não quero que aconteça nada com ela, é melhor esquecermos esse assunto. –Jimin se encolheu no canto do quarto.

-Ah! Eu acho que já entendi tudo! –Jung exclamou e eu tinha certeza que ele não havia entendido nada. –Mas... foi uma garota que fez isso mesmo? Uau, que força! Você deve ter dado um vacilo muito grande. –Ele pensou que isso foi feito por alguma menina que eu gostava e eu não desmenti, era melhor que ele pensasse assim. –Para o seu rosto teremos que apelar para maquiagem.

-Maquiagem? –Franzi o cenho.

-Sim, essa coisa de menina faz com que não levemos advertências. Embora, no seu caso, vai ser difícil cobrir isso daí, só vai dar para disfarçar. Vou pegar as maquiagens que temos para você. –Respondeu, indo até o banheiro.

-Se quiser, amanhã vou no seu dormitório ajudar você a esconder isso. –Jimin propôs, eu podia sentir de longe o quanto ele estava nervoso.

-Não, não. Taehyung pode me ajudar com isso. –Respondi e realmente podia, acho que ele entendia desses negócios...

Hoseok colocou em uma sacola 4 frasquinhos, e me deu.

Agradeci e me levantei.

-Ei, espera. –O Capitão pediu, indo até a parte do seu guarda-roupa que não era trancada. –Tome esse remédio, é para dor, e essa pomada também pode ajudar. –Disse, me dando mais dois frascos.

-Obrigado. –Disse, sem consegui olhar para ele.

Ele se sentia culpado, era óbvio, mas não apagava minha dor.

-Então você vem aqui amanhã? Para experimentarmos as roupas? –Perguntou antes que eu saísse pela porta.

-Melhor não, estou sem tempo. –Inventei. -Posso leva-las para o meu dormitório?

-Oh, sim... tudo bem. –Ele me pareceu ainda mais tristonho, mas pegou os pacotes e me entregou.

Fui para o meu dormitório pensando em tudo que tinha acontecido, eu sentia dor, eu estava decepcionado, eu estava surpreso, mas não conseguia me sentir totalmente irritado com Jimin. E ele me bateu! Minha mente estava confusa. Ele se vestia como menina? Fazia coisas de menina? Eu não esperava isso, nunca imaginei que ele seria assim e nem estava mais falando do soco.

Eu estava exausto mentalmente, mas quando cheguei na frente do meu quarto me despertei ao escutar um choro fraco vindo de lá de dentro, só podia ser Taehyung.

Abri a porta e ele estava deitado em sua cama, de costas para mim, seu choro cessou quando ele percebeu que eu havia entrado.

-Tae, você estava chorando? –Decidi perguntar o óbvio.

Pude escutá-lo fungar.

-Hum? Não. –Ele me olhou, seus olhos estavam vermelhos e seu rosto um pouco inchado. –O que aconteceu com você?

Percebi que ele não era o único com o rosto esquisito.

-Eu que devia te perguntar! –Desconversei, porque não sabia como explicar tudo que tinha acontecido.

-JungKook, você apanhou! –Ele sentou na cama, parecendo preocupado.

-E você está chorando! –Debati.

-Estou chorando por um motivo íntimo, já você está com a cara deformada, quem você acha que deve explicações? – Ergueu a sobrancelha direita. -O que aconteceu lá no quarto do Park?

-Não posso contar. –Suspirei.

-Como assim "não pode"? –Ele parecia incrédulo.

-Não posso mesmo. É o segredo de alguém que está em jogo. Desculpa.

-Segredo? Alguém te bateu! –Ele parecia indignado, e não sabia como controlar sua irritação desta vez.

-Se você souber quem me bateu, você vai querer saber porquê e eu não posso te contar.

-Oh... -Ele continuou pensativo por alguns segundos. -Jimin te bateu? –Chutou. –Por que ele faria isso? Você rejeitou os sentimentos dele?

-Não seja idiota! –Exclamei, fechando meu punho com força.

Essas insinuações de Taehyung podiam me incomodar antes, mas agora... parecia que eu iria explodir!

-Jimin não é gay! –Repeti para ele e para mim mesmo, indo para o banheiro para tomar banho e batendo a porta atrás de mim.

Jimin não é gay, afinal ele tem uma namorada intragável, porém linda. Ele não é gay só porque gosta de balé, ele gosta de balé e não de garotos. Não é gay porque tem um tutu no armário dele. Não é gay porque tem um vibrador em uma sacola rosa do seu quarto! Ele não é gay, não é!

Soquei a parede e liguei o chuveiro.

Talvez eu só estivesse sendo preconceituoso e sabia que não deveria ser assim, o tempo que passei com Taehyung me ensinou muitas coisas, mas eu sentia que não era preconceito desta vez, eu só não entendia o que era.

...

Com as provas chegando, não tínhamos tantos treinos e, para ser sincero, eu estava fugindo deles. Ou pelo menos, de quem me treinava.

Eu não conseguia encará-lo muito bem, eu ainda estava frustrado, por estar machucado e por toda confusão que ele havia causado em minha mente. Durante esses dias, estava impossível sequer piscar, porque ao fechar os olhos eu podia ver perfeitamente a figura do cara mais popular, legal e habilidoso do colégio - no qual eu tanto admirei - vestido com roupas de balé, minha imaginação era minha pior inimiga e me fazia me sentir ainda mais esquisito.

Eu andava com Kim no corredor do colégio quando, infelizmente, Jimin me para:

-JungKook, ei. –Respirou ofegante, parecia que tinha corrido. –Você já experimentou suas roupas? Você continua se vestindo completamente normal. –Reparou.

-Eu não experimentei. –Fui sincero. –Mas não se preocupe, eu vou vesti-las hoje.

-Ah, que ótimo! Posso ir no seu dormitório para te ajudar? Acho que vai ter dificuldade para combinar tudo.

Taehyung que estava do meu lado lançou-me um sorrisinho malicioso.

-Melhor não... Não precisa, você deve estar ocupado com outras coisas. E Taehyung vai adorar me ajudar com as roupas.

Seu rosto se fechou, ficou tão sério que me assustou um pouquinho.

-Eu não sou idiota! Não se afaste até eu pelo menos explicar tudo aquilo para você. –Pediu, segurando meu pulso com firmeza.

-Você não precisa me explicar nada. Eu não disse nada a ninguém, nem vou dizer. –Me encolhi com seu toque.

-Se é desse jeito que quer, então somente continue assim. –Bradou largando meu braço com brutalidade antes de sair de nosso campo de visão.

-Minha cabeça parece que vai explodir. –Taehyung do meu lado murmurou após uns instantes. –Certo, então foi realmente Jimin que te bateu? Aquela mãozinha é forte! –Ele continuou olhando para o longo corredor. -Mas... não sei se devo ficar com raiva dele, ele não parece um babaca, mas eu também não sei o que ele fez de tão grave para você estar evitando ele dessa forma.

-Eu não estou evitando. –Ele revirou os olhos. –E todos jogadores de basquete não são idiotas para você?

-Você não é. – Me empurrou com o ombro. –E Jimin... ele parece magoado com você.

Magoado? Comigo? Essa era boa. Eu quem devia estar magoado!

-Pare de falar sobre isso, alguém pode ouvir.

-Vai me contar porque parece tão frustrado? Ele era tipo... seu ídolo. Chegava ser irritante. –Acrescentou, quando voltamos andar em direção ao nosso destino.

-Mas as pessoas não são como nos holofotes, eu estava enganado sobre quem eu achava que ele era. –Não que isso tenha sido totalmente ruim, eu ainda não sabia ainda o que pensar. -E você, vai me contar porque andou chorando?

-É constrangedor. –Fez uma careta.

-Não mais do que para mim. –Resmunguei.

-Eu estava sensível, então alguns caras mexeram comigo enquanto eu ia para o dormitório e eu fiquei mal, só isso.

Eu sabia que isso estava se tornando frequente, porque diferente de mim, ele não era alvo de alguns garotos e invisível para o resto da escola, Taehyung era diferente, não era um nerd ou um fracote, ele era... excêntrico, usava roupas diferentes, falava de um jeito diferente, não havia nenhum aluno igual a ele e isso fazia com que todos babacas da escola escolhessem ele como alvo.

No dormitório, Taehyung e eu experimentamos as roupas que Jimin havia me ajudado a escolher naquele dia. Eram masculinas, ao mesmo tempo que modernas. Abusamos muito do preto e do branco, o que de fato gostei, era mais o meu estilo.

-Você acha que ficou bom? –Perguntei, quando já estávamos quase no fim de todas as peças.

-Sim, eu quase poderia dizer que era outra pessoa, mas tem algo me incomodando... –Fez um rosto pensativo, me analisando.

-Deve ser meu rosto roxo. -Lembrei e ele riu.

-Isso também, mas já está mais claro. –Disse. –É o seu cabelo, não me parece galã de filme adolescente estadunidense.

-Eu deveria parecer isso? –Revirei os olhos.

-É o que garotos populares daqui parecem, porém com olhos puxados. –Levantou da cama, indo até seu armário e vasculhando sua gaveta, depois pegou duas tesouras de lá e me olhou sorridente. –Vou cortar seu cabelo.

-Não. Não. Não! –Exclamei, me levantando e me afastando dele o máximo que podia.

-Ei, eu não sou louco, tá legal? Eu que corto meu cabelo, e olha: continua lindo, e hidratado.

-Um pouco grande demais para um homem também. –Resmunguei, comentando sobre seu mullet.

Ele me deu um tapa na testa.

-Não seja idiota! Minha tia tem três salões em Daegu, eu aprendi com ela. E não vou mudar muita coisa... vamos fazer uma hidratação, depois podemos tentar cobrir sua testa. –Ele abaixou meu cabelo que possuía um pequeno topete. –Ah, bem mais másculo! Ajeitamos essa franja e pronto!

-Não sei não... –Resmunguei.

-Faço o que você quiser! –Juntou as mãos, pidão.

Analisei as possibilidades. Aceitar isso seria total loucura?

-Certo. Então você tem que parar de insinuar coisas sobre... –pigarreei. –sobre Jimin e eu.

Ele fez um muxoxo, claramente já era um hobby para ele.

-Só se me contar porque me parece tão aflito e pensativo desde que voltou do dormitório dele. Foi porque ele te bateu? Ele te bateu do nada ou tinha um motivo?

-É um segredo, já disse que não posso contar. E podemos dizer que tem sim um motivo e é esse segredo.

-Tudo que imagino não faz sentido. –Ele fez uma careta. –E você está bravo com ele pela surra?

-Não sei... eu me sinto esquisito. O problema não são os socos, eu acho. Eu deveria, eu deveria estar com muita raiva, mas não consigo, não por isso. É que... eu gosto do Jimin, do Jimin que conheci agora. Mas eu gostava do Jimin que eu achava que ele era, ele era perfeito! Mas agora...

-Ninguém é perfeito, JungKook. Não gostamos verdadeiramente de alguém sem conhecer os defeitos, isso é apenas uma ilusão. O que tem que balancear, é se esses defeitos são grandes o suficientes para cobrir a parte boa de alguém e o mais importante: se você gosta dele, mesmo com cada imperfeição.

Ele não é quem eu pensava, mas seria errado se eu gostasse disso? Seria errado se eu quisesse ser seu amigo mesmo assim?

Pigarreei, não queria mais falar sobre isso.

–Você... me acha preconceituoso?

-Um pouco, não o suficiente para eu parar de gostar de você, mas quase. –Foi sincero.

-Sinto muito, é difícil mudar a forma de como vejo as coisas, foi assim minha vida inteira. Esse é meu problema com Jimin, não consigo vencer meu preconceito para agir normal com ele.

-É o que estou pensando?

-Não. Jimin não é gay, eu já disse isso! –Ele murchou. –Mas o que eu sei me agonia tanto quanto se ele fosse.

-Por que você é preconceituoso ou por que tem medo que você goste dele e ele goste de você e...?

-Isso não tem sentido algum. –Suspirei. –Comece mexer logo no meu cabelo e sem mais um pio sobre isso.

Ele sorriu largo, pegando diversos produtos que havia trazido para a escola no começo do ano, eu podia estar ferrado? Talvez. Mas no fundo era bom poder te trazer um pouco de felicidade, quando eu sabia que ele estava triste.

Quando Kim terminou de secar meu cabelo, depois de tantas coisas que fizera nele, parecia satisfeito com o resultado e ao me olhar no espelho esperava estar também.

A pessoa que vi no reflexo ainda parecia eu, mas era uma versão muito melhorada de mim. De fato eu havia envelhecido uns 3, ou 4 anos, mas eu nunca me senti tão... bonito.

-Eu estou muito legal. –Comentei em voz alta.

-Legal tua bunda, JungKook! Você está lindo, maduro... mais do que isso, você está atraente!

Por mais acostumado que eu deveria estar com esses comentários vindos da boca de Kim, eu ainda consegui sentir meu rosto queimar.

-Está tão vermelhinho! –Apertou minhas bochechas e eu o empurrei. –Cadê o meu "muito obrigado, Tae, você é incrível"?

-Obrigado, ok? –Ele sorriu.

Me olhei bastante no espelho, embora tentasse disfarçar minha excitação com meu novo visual.

Logo Tae e eu paramos de me admirar e decidimos fazer a lição, mas ele não achava seu caderno de jeito nenhum.

-Acho que esqueci meu caderno, tenho que ir busca-lo, tenho lição para entregar amanhã de manhã. –Comentou, coçando a nuca.

-Faltam 10 minutos para dar o toque de recolher. –Murmurei olhando para o relógio do lado de minha cama.

-Então vou correr, já volto. –Avisou, calçando seus chinelos.

-Ei, melhor não. –Me preocupei, se ele fosse pego depois do toque de recolher, estaria ferrado.

-Se eu não entregar essa tarefa, o Sr.Han me mata! Relaxa, em 10 minutos estou aqui. –Disse, saindo do quarto.

O problema é que muito mais de 10 minutos se passaram e ele não havia chegado.

Revirei na minha cama, já era 1h10 da manhã e Taehyung havia sumido. Eu não conseguia dormir enquanto meu amigo estava lá fora, afinal, ele não podia, e se fosse fazer alguma coisa além de pegar seu caderno, ele me avisaria.

Andei um pouco pelo quarto pensando no que fazer. Eu desconfiava que algo grave poderia ter acontecido, e eu podia sim estar exagerando, mas Kim estava sendo muito perseguido para eu pensar em outra hipótese.

Suspirei, eu sabia que deveria ir atrás dele, então fui, muito relutante, porque nunca havia descumprido essa regra. Eu só espero não ser pego.

Saí, tentando ser o mais silencioso possível. Eu sabia que todo dia um professor e um aluno representante ficavam vigiando os corredores a noite. Eram muitos corredores, muitos andares, muita coisa, mas eu sabia que meu azar também era bem grande, mesmo que pareça ter uma mudança nisso agora.

Eu não sabia onde procurar, pensei nos banheiros mais próximos, mas ele não estava lá, afinal, estava tudo trancado. Olhei nas salas, andei pelos corredores, fui na maioria dos andares, tudo que eu encontrava era um completo nada.

Penso em voltar para o meu dormitório, eu estava abusando da sorte de não ter sido pego ainda, mas gelo quando vejo uma lanterna ligada em minha direção.

-Ei, JungKook. –Escutei meu nome e meu coração quase parou, achei que tivesse sido pego, mas conforme a figura se aproximava, percebi que era apenas Jimin.

-O que você está fazendo aqui? –Sussurrei e ele desligou a lanterna, chegando perto de mim até que eu pudesse ver seu rosto mesmo no breu.

-Eu que lhe pergunto. Não achava que você quebrava as regras. –Riu, parecia que aquela mágoa de hoje mais cedo havia desaparecido.

-Foi uma emergência, Taehyung sumiu, eu não o encontro em lugar nenhum.

-Ele pode estar por aí fazendo alguma coisa...

-Não, Jimin. –Balancei a cabeça impaciente. –Ele não está, ele saiu somente para pegar um caderno, e isso faz horas. –Suspirei. –Tem um monte de caras rondando ele, tenho medo que tenham feito alguma coisa. Preciso procura-lo mais, se ficarmos aqui vamos ser pegos, então é melhor eu ir.

-Ei, espera. –Eu o encarei e ele ficou estático, me encarando de volta por alguns segundos. –Seu cabelo. Eu quase não te reconheci de longe.

-Tae fez isso.

-Claro. Ficou muito melhor, amanhã de manhã vai ter uma fila de garotas atrás de você. –Sorriu, e hesitou. Eu sabia que ele não me chamou para falar do meu cabelo, mas o cortei antes que falasse.

-Volte para seu quarto, hyung. Não quero que sejamos pegos.

-Não vamos ser pegos, eu sei quem está de guarda hoje. Pare de me evitar! –A mágoa tinha voltado, eu podia sentir.

-Já disse que não estou te evitando.

-E eu já disse que não acredito nisso! –Debateu. –Podemos conversar? Ir para o vestiário, talvez. Eu tenho a chave.

-Não... eu preciso procurar Taehyung.

-Sim. –Ele me segurou forte pelos braços, me senti constrangido. –Eu só quero te explicar, conversar em um lugar seguro, eu preciso... eu preciso disso. –Seus dedos se afrouxaram ao redor do meu braço e sua voz ficou chorosa, me perguntei se ele choraria de novo, mas sentia que aquilo não tinha a ver comigo desta vez. –Eu preciso de um amigo, JungKook.

-Você tem muitos amigos. - Rebati.

Eu não tinha amigos, pessoas próximas. Eu tinha apenas Taehyung e, talvez, cheguei perto de ter Park. Todos esses dias quis desabafar, pedir conselhos, mas não podia contar para Kim o segredo de Jimin e obviamente não podia falar para o Capitão como seu segredo me angustiou.

-Nenhuma amizade sincera em que posso confiar. –Confirmou tão baixo que demorei para entender as palavras. –Mas sinto muito se te julguei mal, não vou te incomodar mais. De qualquer forma, obrigado por guardar meu segredo.

Ele se virou de costas para mim, andando pelo corredor, até que eu tivesse que apertar meus olhos para vê-lo em meio ao breu.

Eu me senti horrível quando o vi indo embora. Me senti como todos os garotos que me rejeitaram durante minha vida toda, me senti como alguém que não iria querer ser meu amigo e me senti alguém que Taehyung teria nojo e não seria amigo. Eu estava fazendo com ele, aquilo que me repudiava?

Dei uma rápida corrida atrás dele, alcançando seu ombro.

-Jimin, espere. –Ele parou, se virando para mim, sua expressão era triste, como nunca tinha visto. –Desculpe. Você... pode me ajudar a achar Taehyung? Dar mais uma procurada? Se não acharmos, podemos ir conversar, se quiser. –Cedi.

O Capitão sorriu e com o braço que fez menção de me abraçar, apenas coçou a nuca.

Procuramos por Tae mais tempo do que deveríamos, mas Jimin não reclamou nenhuma vez, apenas me acompanhou pacientemente, até que desisti.

-Não vamos encontra-lo. Talvez ele já até esteja no nosso dormitório, é melhor desistir. –Comentei.

-Acho que é realmente melhor. –Concordou.

-Você quer...?

-Vem comigo. –Disse, me puxando pelo pulso, para a parte exterior do colégio. –Quando eu preciso de um refúgio, eu vou no vestiário a noite, parece o único lugar que tenho acesso que não tenha ninguém para me incomodar ou questionar.

Eu senti frio –já que usava apenas meu pijama- quando estava ao ar livre, indo em direção a quadra de basquete, ele percebeu.

-Quer meu casaco?

-Não. –Recusei imediatamente. –Não deve caber, de qualquer forma.

-Você é engraçado. –Comentou, rindo abafado.

-Engraçado? –Franzi a testa.

-É, esse seu jeito, não combina com você.

-Bem, o seu também não combina contigo. –Rebati.

-Do que especificamente você está falando?

-Não sei, não sei mais quem é você.

Ele parou de andar por um segundo, logo depois retomando o passo.

-E quer saber?

-Por que me contaria?

-Não sei porque confio em você, talvez eu seja um idiota, mas eu confio. E você já sabe demais, de qualquer forma.

Jimin destrancou o vestiário e o trancou novamente, passando por mim e sentando no chão embaixo de sua mesa, me sentei junto com ele.

-Você não me parece bem. –Comentei.

Ele tinha olheiras fundas, seus olhos estavam tristes, eu quase sentia a necessidade que ele tinha de ser reconfortado no meu próprio peito.

-Não estou. –Ele respondeu de imediato.

Eu não sabia o que dizer, apenas fiquei olhando-o, esperando que falasse mais, demorou um pouco, mas ele continuou.

-Acabei de ver minha namorada, por isso estava perambulando essa hora da noite.

-Vocês brigaram?

-Não, nem perto disso. –Sua resposta me deixou confuso.

Na verdade, eu era confuso em relação ao namoro dos dois em geral, era estranhamente idiota para mim que Jimin namorasse alguém tão intragável.

-Bem... ela é complicada, não é? –Tentei ser indiferente.

-"Complicada". –Repetiu. –Como você é simpático.

-Você não gosta dela. –Não foi uma pergunta, mas algo que gritava em meu interior. –Por que namora alguém assim?

-São... consequências. A popularidade, o ciclo social em que estou, exige um preço e acredite: pode ser pior que Min-Hee. E não estou enganando ela, ela e eu apenas fingimos não sabermos que estamos um com o outro por interesse.

Eu estava em choque. Ele não gostava da namorada dele! Como eu podia dar essa desculpa para me livrar dos meus pensamentos agora? Mas isso me trouxe pelo menos um alívio, ele não gostava de alguém tão idiota, com certeza, um dia, Jimin vai poder encontrar alguém melhor, alguém que combine com ele e que ele goste de verdade. Aquela garota não o merece.

-Espero que eu não precise namorar alguém assim para continuar jogando basquete. –Pensei alto.

-Vou tentar ajuda-lo quanto a isso. Apenas fique longe dos outros meninos.

-Você esconde aquilo de todo mundo?

-Sim... menos de Jin-hyung, o professor.

Franzi a testa, naquele dia que vi os dois juntos na aula, pareciam muito próximos.

-Como virou amigo do professor? –Perguntei.

-É uma longa história, mas Seokjin-hyung e eu temos muitas coisas em comum, também o conheço desde antes de entrar aqui e de ele ser professor.

-Ah. –Foi a única coisa que soube dizer.

-Ele gostou de você. –Comentou com um sorriso, me fazendo encará-lo. –Ele quem me incentivou ser legal com você no começo, porque reparou que você era meio deslocado e foi ele quem me mandou ir atrás de você para explicar tudo e ser sincero. Ele te acha confiável.

-Você não? Se eu quisesse abrir a boca sobre você, já tinha feito. –Retruquei.

-Não necessariamente. –Pigarreou. –Há muita coisa que não sabe sobre as pessoas daqui, e que é melhor não saber. Mas eu tenho certeza que você não me faria mal, mesmo se me odiasse. Naquele dia, eu iria te explicar, mas então Hoseok chegou, e bem, ele não sabe de nada.

-Ele não acha esquisito você ter um cadeado em seu guarda-roupa? Não tem medo que ele ache a chave?

-É claro que ele acha estranho. Eu falo que são coisas que Min-hee pediu para eu guardar, mas ele com certeza não acredita nisso. Ele deve achar que tenho drogas guardadas ali, ou sei lá, só sei que ele não imagina que tem... tudo aquilo, e é o suficiente. Sobre a chave, é quase impossível ele encontrar, acredite.

-Tome cuidado. –Murmurei baixo, realmente preocupado com a situação, se descobrissem o que sei, julgariam Jimin muito mal, eu nem o que poderia acontecer com ele, mas só de pensar, meu coração doía.

-Eu sempre tomo... quer dizer, quase sempre. –Limpou a garganta. –Bem, quando eu era criança, eu fiz balé, porque a irmã da minha mãe ficava comigo e ela era professora, mas quando fui crescendo, me encontrei na dança contemporânea. Eu amava o que fazia, e honestamente, eu era muito bom. Meus pais eram separados, mas, posteriormente, eles voltaram a morar juntos, e meu pai começou a prestar mais atenção em mim, meus tios paternos também,  começaram a falar de mim, falar coisas nada legais. Meu pai é dono de uma grande empresa, nossa família é importante e isso fazia com que todos se metessem em nossa vida, então meu pai se revoltou, me tirou da dança e me colocou aqui. Desde então, eu tive que deixar tudo que eu era e tudo que eu amava para trás.

Aquilo me fez refletir como nossas famílias eram problemáticas. Praticamente todos os jovens que estudavam aqui, eram filhos de pais cheios de dinheiro, mas cheios de problemas, maldade e preconceito. Minha mãe estava morta e meu pai não me dava atenção, Taehyung não conhecia os pais, nem tinha o amor dos tios, Jimin vivera com pais inconstantes, que preservaram mais a própria imagem do que a felicidade do filho.

-Sinto muito, de verdade. –Coloquei a mão em seu ombro, sem saber como deveria reconforta-lo. –Mas... e o basquete? Por que faz então?

-Tenho alguns motivos. Eu queria impressionar meu pai e também precisava manter meu corpo em forma de algum jeito. Basquete não exige contato físico, nem é tão bruto como outros esportes, eu achei a melhor opção.

-Hoje em dia você gosta?

-Um pouco, me sinto bem. Basquete é melhor que Min-hee de qualquer forma. –Ele fez uma careta, mas eu ri, fazendo com que sorrisse junto. –Não conte sobre o que falei dela, não conte nada disso, por favor.

-Não vou. –Garanti.

-Me perdoe por te socar, eu me sinto horrível por ter feito aquilo. Eu nunca bati em ninguém, eu... não sou daquele jeito.

-Eu sei, você ficou... descontrolado.

-Eu vi muita coisa acontecer com pessoas como eu, pessoas normais que de repente tiveram suas vidas destruídas, tomadas. Ninguém jamais descobriu nada sobre mim, eu sempre fui muito cuidadoso, mas naquele dia... eu fiquei com medo. Muito medo.

-Hyung. –Eu me ajeitei, ficando na frente dele. –Sei que é difícil poder confiar nas pessoas por aqui, mas eu nunca vou te delatar, nem que minha vida dependa disso. Eu prometo.

-Então está tudo bem entre a gente? Você não vai mais me evitar?

-Eu não estava... –Ele me olhou feio. –Tudo bem, eu estava te evitando. Eu fiquei meio atordoado, foi realmente chocante para mim, mas passou. Não importa o que você gosta de fazer, vou ser seu amigo enquanto quiser, eu só quero que seja feliz, e que um dia possa fazer o que gosta e ser quem você é. –Esses não eram meus pensamentos antes, mas agora, olhando sua face, eu conseguia pensar apenas naquilo, eu apenas queria vê-lo bem, ao olhar para ele assim toda dúvida e preconceito iam embora. -Me perdoe por te evitar, não vou fazer mais isso.

Ele sorriu largo, podia ver que ele estava lutando contra seu impulso de choro, porque havia um brilho de lágrimas em seus olhos, mas ele parecia feliz, talvez eu tenha dito a coisa certa.

O Capitão jogou seus cabelos para trás, e me encarou um pouco, até que seu sorriso morresse.

-E seus machucados? –Perguntou e tocou meu rosto, me fazendo estremecer, e o fazendo recolher a mão rapidamente.

-Se curarão.

-Mas não vou me perdoar, acredite em mim. Obrigado por o que está fazendo por mim, acho que mais ninguém faria.

Balancei a cabeça, não queria vê-lo se martirizando.

Eu não sabia o que dizer, o sono estava tirando meu raciocínio, mesmo sem relógio, eu sabia que deveria ser por volta das 3h da manhã.

-Hyung, eu preciso voltar para o meu dormitório, estou exausto e amanhã tenho aula.

-Tudo bem...

Nós nos levantamos e fomos até a porta.

No curto caminho, Jimin tropeçou na grade que havia no chão, o segurei rapidamente pela cintura, ele me olhou assustado, mas não o soltei até que ele tivesse estabilizado em pé. Ele tremeu e a chave que estava em seus dedos deslizaram, caindo lentamente por uma das aberturas da grade.

Merda. 

Estávamos trancados aqui.


Notas Finais


ENTÃO,
O que acharam? Já esperavam que era isso que tinha no armário do Jimin? ONDE ESTÁ O TAE? O que vai acontecer com os dois trancados aí?

SOBRE O FLEX, #TEAMJIMINBOTTOM E #TEAMJKBOTTOM
Eu adorei, maaaaaaaaaaas agora eu não sei o que faço, quero agradar todo mundo, mas parece impossível, então me respondam:
VOCÊS AINDA VÃO CONTINUAR LENDO, NÃO IMPORTA MINHA ESCOLHA?
Eu quero saber pra dormir em paz ou não.

Hoje eu publiquei um capítulo de uma outra fic Jikook minha, quem quiser ir ler: https://www.spiritfanfiction.com/historia/love-in-reality--jikook-10502009


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