A chuva era intensa e aquele casal estava totalmente encharcado. Optaram por se manter na aldeia abandonada, que lembrava um local fantasma; Reita encontrou uma casa que havia escapado aos pequenos bombardeamentos e esta estava, em parte, intacta.
Naya percorreu a casa de apenas rés-do-chão, tinha três quartos, tudo estava empoeirado e revolto como se tivessem saqueado a casa á muito; entrou no quarto principal e estudou o espaço, foi junto de uma cómoda que havia perdido um dos apoios, acocorou-se perante a moldura que havia escorregado do tampo daquela cómoda, soprou o pó que cobria a foto emoldurada e viu a família que ali morava, era uma família de apenas Vampiros, os pais e três filhos, sorriu ao ver as faces sorridentes de todos e recolocou a moldura no local onde a encontrara. O soalho de madeira rangia por vezes a cada passo que Naya dava, a jovem abriu o guarda roupa e ficou contente por ver que as roupas haviam sumido, portanto, certamente aquela família havia-se colocado em fuga antes que os ataques dos Revoltosos chegasse á sua porta de casa.
- Tivemos sorte. – Reita falou assim que a encontrou no quarto principal da casa. – A zona das caldeiras não foi destruída, temos água quente e um pouco de aquecimento central. – anunciou com um sorriso – Parece que quem aqui vivia fugiu. – olhou o que restava de peças rasgadas de roupas pelo chão. Naya tirou do bolso da sua capa negra um fio com um pingente, ele olhou a peça – O que é isso? – perguntou enquanto caminhava para perto dela.
- Matei um sem forma dos comandos. – ela anunciou com um sorriso tonto e mostrou a marca dos Revoltosos que estava gravada no pingente.
- É mesmo. – o Elády falou e também sorriu – Restam três, então. – gozou um pouco
- Muito engraçado, não. – Naya disse divertida enquanto encarava aquele homem – Estavas destemido á pouco. – suspirou – Nunca tinha visto tanto uso dos elementos sobre o qual a tua raça tem poder.
- Tu desses-te para eu começar a dar uso ao meu poder. – ele brincou e juntou mais o seu corpo ao dela, beijando-a ligeiramente e envolvendo-a em seus braços. – Mas não gostei do charme para cima do vampiro. – recordou – Não mesmo. – Naya gargalhou – Não tem piada, Naya. – resmungou contra o pescoço dela
- Ora…nada me impede de apreciar outros homens. – ela brincou – Tu não aprecias-te as formas curvilíneas lá da Elády que te atacou? – encarou-o – Ficamos de igual, Reita.
- Mesmo assim. – suspirou – Aquele Vampiro estava a dar palavras charmosas. – adorava quando encarava fortemente aqueles olhos de cor verde profundo de Naya e parecia que todo o resto desaparecia em redor.
- Ok, ok. – ela rendeu-se e tomou a iniciativa de roubar um beijo dos lábios de Reita. – Agora…depois do acontecido de á pouco, julgo que estaremos bem e que não seremos atacados. – afastou-se – Não haverá problema em aqui ficarmos. – olhou pela janela, parcialmente, oculta por umas cortinas bege.
- Não. Se alguém se aproximar desta casa ou da área circundante eu saberei. – o Elády falou – Tu sentes a magia de Sem Formas, portanto…estamos protegidos, para já.
- Vou procurar a casa de banho e relaxar debaixo de água quentinha. – ela anunciou subitamente animada.
- Certo. – ele disse e sorriu apenas enquanto a via afastar-se.
Mal Naya saiu do quarto principal da casa, sentiu o doce aroma de um guisado, inspirou lentamente e seguiu o aroma, encontrou Reita junto da mesa da área da cozinha, encostado a uma bancada, vestindo umas calças meio descaídas, o que revelava o tecido dos seus boxer’s negros, e com uma simples t-shirt vestida, os cabelos loiros estavam ainda molhados e a faixa que ele sempre usava sobre o nariz não se encontrava no seu sitio. – Isso surpreende-me. – ela falou enquanto olhava o nariz descoberto dele.
- É porque nunca olhas-te para mim quando durmo. – ele falou – Não uso a faixa quando durmo.
- Desculpa lá se da ultima vez que estive deitada a teu lado vi que, de facto, usavas a faixa. – ela brincou e logo se foi aconchegar entre os braços dele – Gosto de te ver de qualquer das maneiras. Com ou sem faixa. – corou ao falar aquilo.
- Isso parece-me agradável. – beijou-a, um beijo que se prolongou, que foi de absoluta entrega mas acabou por cessar pois a fome apertou.
Horas haviam passado, o casal havia partilhado conversas de mero acaso e por vezes recordavam o que os esperava a menos de 20km. Naya havia dado numa de curiosa e espreitava tudo o que podia naquele quarto principal onde ela e Reita iriam dormir, sentir a quietude do Elády junto da janela protegida pelas cortinas, obrigou-a a esquecer o resto e concentrar-se no loiro.
- Que se passa? – perguntou enquanto se colocava ao lado do loiro, junto da janela.
- Toda esta quietude. – ele pronunciou num tom profundo – Nada acontece nesta aldeia, nem existe um animal perdido que seja. – suspirou – É como se fosse o ultimo inspirar fundo antes da…batalha final.
- Amanhã ao final da manhã chegaremos, com sorte, ás muralhas da cidade ponto. Pelo caminho devemos encontrar jipes de moto4 de patrulha. Eles sabem da minha existência. – encostou-se á portada da janela
- Naya… - Reita falou num murmúrio e olhou-a – á algo que tenho que te contar. – a jovem ficou meio inquieta com o tom profundo que a voz de Reita ainda adotava – Algo que só a minha raça e os Sem Forma conhecem. Mas algo que tens que saber. – encostou-se também á portada da janela e olhou bem nos olhos verde daquela lutadora.
- O…quê? – ela falou timidamente
- A minha raça, os Elády…também podem morrer. – a surpresa estampou-se nas feições belas de Naya – Existe um feitiço completo que os Sem Forma conhecem. Mas é-lhes proibido por lei de raça que o lancem sem que o Elády lho peça. Eles sabem o feitiço mas se o tentarem fazer sem que seja a pedido do ser da minha raça, esse feitiço não surte efeito. – interiormente o corpo da mulher estremeceu.
- Porque…me estás a contar isto, Reita? – quis ela saber
- Acho que é justo saberes uma vez que eu…
- És o único que me pode matar. – ela concluiu tenebrosa e o loiro assentiu.
- Também. – falou então – Aquilo que o Vampiro falou, o primeiro que nos atacou… «tu sentes a magia mas ele não»… - recitou – para mim foi um aviso. – esclareceu – Não sei se os altos comandos conhecem do meu…poder, sobre ti ou não. Mas se o sabem eles irão usar-me.
- Os Sem Forma não te podem matar a não ser que lhes peças. – ela recordou as palavras que ele mesmo lhe havia dito.
- Pois não…mas podem usar outras magias sobre mim, podem ultimar-me. Irão tentar corromper-me, Naya. – confessou então – É fácil para eles corromper os outros seres e os seus mesmos.
- Eles não te vão corromper, Reita. Foste ensinado com o bem. – defendeu
- Pois fui, tal como muitos dos que já matamos. Corromper uma raça é simples, volto a te dizer. Só tu não podes ser corrompida. – entrelaçou a sua mão direita com a esquerda dela. – Será certo. Mesmo que não o façam por saberem daquilo que eu sou capaz, tentaram por verem que eu estou a teu lado. É tudo isto que eu temo quando entrarmos naquela cidade. – ela baixou a cabeça, olhou a sua mão entrelaçada com a de Reita e respirou fundo.
- Se isso acontecer eu quebrarei a minha promessa, Reita. Nem que seja a ultima coisa que faça. – voltou a olhar nos olhos dele.
- Que promessa…? – mostrou-se confuso
- Quando vi que poderia confiar em ti, prometi a mim mesma que nunca usaria o meu dom especial contra ti. Se fores corrompido. Dominar-te-ei a mente, controlarei os teus sentimentos, a tua fúria, o teu poder…estarás sobre a minha dominação e voltarás a ser o Reita por quem estou apaixonada. – o loiro nada falou, sorriu apenas e puxou Naya para si, abraçando-a fortemente.
- Agradecia que o fizesses se tal acontecer. – ele disse contra a pele dela. Ele temia dizer que a ama, aquele sentimento era intenso, inabalável…tinha noção que Naya só poderia ama-la para ele se ter tornado aquele que poderia acabar com a sua raça especial. Mas guardaria as confissões dos seus sentimentos para depois, para quando tudo terminasse. Bem ou mal.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.