História Espelhos & Filtros - Capítulo 15

     Pov.Cameron 

Está vendo ? É disso que eu estou falando, por mais que "lindas" que as coisas pareçam estar...Tudo sempre acaba dando em  merda pra mim.

A existência do meu pai é tão insignificante que às vezes eu até esqueço dela.

Eu amo ele, isso é inegável, mas isso é tão complicado...

Sabe, nós sempre tivemos uma relação tão boa e sempre me ajudou em tudo, os únicos momento que eu tenho um certo medo dele é quando o mesmo fica puto com alguma coisa.

Sempre tive dificuldade em matemática e ele é professor dessa matéria, me recordo de perguntar mais de dez vezes a mesma coisa e ele responder todas as vezes com um sorriso no rosto.

Me lembro também quando tinha 5 anos e tomávamos banho de mangueira, na época eu ficava sem camisa, usando uma bermuda e meus cabelos batinham no ombro. 

Quando eu aprendi a andar de bicicleta com sete anos e ele me segurava pela sua camisa e depois me soltava e dizia : "Eu sei que consegue, você é incrível ".

Quando eu caía e limpava minhas lágrimas e me distraia com algo enquanto passava um remédio que ardia no meu joelho machucado.

Foram momentos incríveis, que independente do que acontecer, eu quero e vou guardar comigo...Mesmo que guardá-los comigo não seja relembrar muitas vezes porque todas vez que eu o faço, eu choro.

Alejandro sempre foi o bom pai, mas sempre foi um péssimo marido. Meus pais se separaram quando eu tinha três anos, motivo: Meu pai deixava minha mãe sempre sozinha. Ele sempre ligou muito para o trabalho e sempre foi muito culto e acabou deixando sua mulher de lado.

O máximo que os dois trocam sempre é um simples "oi", mas Alejandro sempre fica com a cabeça baixa em olhar minha mãe nos olhos.

Ele nunca deixou claro um certo preconceito, mas se por exemplo um cara gay fizesse algo que ele não gostasse, eram sempre xingamentos relacionados à sexualidade desse cara.

Mas de maneira geral, ele nunca mostrou um incômodo ou qualquer coisa do tipo em relação à gays e lésbicas.

Mas quando o assunto era transexualidade...

- Mãe !!!

Uma Sinu apenas de camisola surge na porta do quarto.

- O quê foi ?

- Não avisou o meu pai sobre a mudança ?

Ela suspira e se senta na cama.

- Se eu tivesse avisado acha que ele deixaria você mudar ?

- Não.

- Então ?

- Mas pretendia contar quando ?

- Eu estava planejando fazer isso amanhã...mas no caso você que iria ligar.

- Eu ?

- Você sabe muito bem que seu pai não me suporta.

Respiro fundo.

- Ele quer que eu ligue pra ele, mãe.

- Provavelmente vai arrumar um escândalo, mas depois vai te levar pra passear como ele sempre faz e sempre fez.

- Eu tô com medo.

- Por quê ?

- Você sabe como ele é quando tá com raiva.

- Meu filho...Olha pra mim...Vai dar tudo certo tá bom ? Não importa o quão idiota o seu pai é as vezes, ele nunca te faria mal.

- Será mesmo ?

- É claro.

- Tudo bem...Eu vou ligar pra ele.

- Essa hora ?

- Duvido que esteja dormindo, ele não consegue quando algo o preoucupa.

- Tem razão.

- Pode ir dormir mãe, eu me resolvo com ele.

- Certeza ?

- Absoluta.

- Boa sorte.

- É tudo que eu preciso.

          ( Discando)

   .............................

         ( Chamando)

            ................

- Karla ?

- Pa-ai ?

- Finalmente, agora me explica que ideia é essa de se mudar de casa e escola sem me avisar, hein ?

- É...E-eu...ia avi-sa-ar...Mas eu es-esqueci... - Minhas mãos tremiam e soavam.

- É mesmo ? Ou será que não foi sua mãe que não deixou você me ligar ? - Sua voz era carregada de ironia.

- A mi-minha mãe n-não tem na-da haver com i-isso.

- Sério ? Eu acho que aquela-

Neste momento minha mãe surge tirando o telefone da minha mão. 

- Deixa eu falar com ele...Escuta aqui Alejandro, o importante é que el-ela esteja bem !!! ...O quê ?....Eu não quero mandar no mundo Alejandro !!! .....

E a partir dali foram só gritarias dos dois lados.

Ela conversava com ele na sala e eu só ouvia tudo...Em determinada hora Colson tentou acalmar minha mãe, alegando que ela estava grávida e não podia ser estressar.

Eu também estava preocupado com isso, mas não me levantei da cama porque não queria ficar perto daquela discussão.

Se passaram alguns minutos...

Sinu :  - Cam, amanhã você vai falta na aula, seu pai vai levar você pra sair e mostre pra ele você está bem, tá legal ? - Sua voz demonstrava cansaço, seu rosto molhado e vermelho, denunciando que havia chorado.

- Mãe...

- Eu tô bem, só precisamos fazer isso, ok ? Ele já tem o endereço e vem aqui dez horas...É só amanhã, pra ele parar de encher o saco e depois você pega firme nos estudos.

- O quê ele falou pra você, mãe ?

Ela sorriu fraco.

- Nada.

Eu sei que ele tinha dito algo.

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Um carro preto estava parado em na esquina e dentro dele um homem latino com óculos escuros.

Puxo e solto o ar várias vezes.

Bato no vidro e a porta é destrancada, então entro.

- Minha filha...

- O-oi.

Ele ri.

- Por quê tá gaguejando ?  - Sua expressão facial era calma.

Rio nervoso.

- De qualquer forma, precisamos ter uma conversa séria. 

- Tá.

- Isso aqui parece uma favela, hein ? Nem pra encontrar um lugar bom pra morar...

- Hã...Onde vamos ?

- Ah...Hoje é terça e deve está super vazio, vamos ao clube, eu sei que você ama nadar e eu comprei um biquíni pra você. Demos sorte não teve aula na escola onde eu trabalho e eu consegui vir aqui te tirar dessa merda de lugar.

- Ah...Já ia me esquecendo...Seus primos e sua avó estão lá em casa, depois que formos no clube, passamos lá pra você vê-los.

   Oh não.