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História Esperança - Capítulo único: Hope is a four-letter word


Escrita por: Temperana

Notas do Autor


ONE ATUALIZADA EM 19/05/2020
Hey, Docinhos!
Não tenho muito o que falar. O computador colaborou comigo e ligou para que eu postasse essa pequena aqui (quase 5000 palavras, ainda mais depois de atualizar, desculpa, tenham paciência). Não me matem no meio do caminho, continuem lendo, não abandonem.
Até as notas finais e guardem os lencinhos!

Capítulo 1 - Capítulo único: Hope is a four-letter word


Quando os cavaleiros de dragões resolveram morar no Domínio, eles se tornaram independentes. Eles não podiam mais contar com os seus pais e passaram a se virar sozinhos. Não que vikings tivessem que depender de alguém, eles eram filhos do mundo.

Mesmo assim, eles formaram uma nova família. Desde que aqueles vikings revolucionaram a Ilha de Berk, montados em dragões e enfrentando a todos pelos seus ideais, eles se juntaram em uma nova família. Inseparáveis.

Eles se amavam como irmãos. Mais que amigos. Entretanto, havia duas pessoas nesse grupo que não eram apenas essa definição. Eles se amavam sim. Eram muito mais que melhores amigos. Eles dariam a vida um pelo outro. E não suportariam viver em um mundo sem o outro nele.

Eles eram os melhores guerreiros da Tribo Hooligan. O primeiro a montar em um dragão. A primeira a ser mudada por um dragão. Os primeiros que tiveram esperança. Esperança de viver em paz.

 

**

 

Soluço e Astrid era a dupla inseparável nas patrulhas do Domínio. Eram de longe os mais responsáveis da Ilha, além de Soluço ser o líder daquela turma toda. Eles já haviam suportado muitas brigas das quais eles já haviam sido protagonistas vez ou outra.

Astrid já havia aguentado cantadas do Melequento — ou deveria dizer que o Soluço é quem havia aguentado Melequento dando em cima de Astrid — e já distribuiu muitos socos por ali. Soluço suportou as explosões periódicas na Ilha e as guerras que eram obrigados a participarem.

Eles iam levando tudo na maior calma que poderiam levar. Soluço passava por um momento de guerra consigo mesmo. Viggo, o chefe dos caçadores de dragões e de longe o seu pior inimigo, causava uma sensação que Soluço não queria sentir. Medo.

— Soluço, caçadores de dragões foram avistados no limite da Ilha — Astrid entrou na cabana de Soluço como um furacão.

Furacão esse que havia bagunçado a vida de Soluço, porque ele se tornou completamente apaixonado por aquela viking loira, por aqueles olhos azuis que lhe davam a sensação de liberdade.

— Vamos atrás deles então — Soluço disse determinado.

Ele encarou os olhos de Astrid e de repente uma preocupação atinge seu coração. Seu sorriso mínimo desapareceu de seu rosto.

— Com cuidado.

— Algum problema? Pareceu estranho de repente — ela disse, com uma expressão preocupada. Soluço se aproximou.

— Não se preocupe, está tudo bem — ele segurou suas mãos brevemente. — Não vamos deixar esses caçadores invadirem nossa Ilha.

Soluço não saberia dizer o que lhe afligia. Talvez uma sensação de que algo daria errado, como se alguém estivesse o avisando que alguma coisa iria acontecer. Se tivesse escutado os seus instintos, seria bem melhor ter ficado na sua cabana.

 

**

 

Soluço e Astrid lideravam o grupo de cavaleiros em direção aos caçadores. Heather os acompanhava nessa missão. Desde que ela voltara a viver com eles e se tornou uma verdadeira cavaleira, Astrid se sentia mais feliz. Era bom ter sua amiga ao seu lado.

E pensar que o primeiro contato com ela havia rendido uma crise de ciúmes em Astrid.

Não era para ser segredo que Astrid era apaixonada por Soluço. Dava para enxergar nos seus olhos a maneira como brilhavam quando estava perto dele. Heather sabia o quanto aqueles dois se amavam, mas não se assumiam.

E eles não saberiam dizer por quê.

Astrid sabia que Soluço gostava dela, ou melhor, que também a amava. Astrid, mesmo assim, não falava dos seus sentimentos. Além de ser uma viking conhecida por sua forma carrancuda de ser, assumir o que sentia seria colocar Soluço em perigo, colocar ela mesma em perigo. E aquele era um motivo que Soluço também ponderava.

Eles não suportariam ver o outro sofrer. Dariam a vida pelo outro, mas talvez não fosse o suficiente. Além disso, ele não tinha total certeza que Astrid gostava dele. Havia certos momentos que o velho Soluço inseguro tomava conta dele.

A armada dos caçadores foi avistada por eles. Soluço ordenou que todos parassem e eles passaram a observar aqueles homens, em busca de uma melhor estratégia para atacar. Soluço observou que os barcos centrais estavam mais protegidos, provavelmente onde estavam os dragões. Eles tinham que atacar de fora para dentro.

— Gêmeos, Perna, Heather, vocês ficam com os barcos de fora da armada — Soluço orientou os pilotos. — Melequento, Astrid, nós três iremos atacar os barcos centrais.

— Certo — os outros disseram.

Eles iniciaram suas manobras, tantas vezes realizadas. Eram muitas batalhas juntos e muitas histórias para contar. Soluço sentiu o vento nos cabelos e Banguela acelerou. O primeiro disparo foi feito e o ataque começou. Parecia tudo um caos, mas de certa forma eles sabiam exatamente o que fazer.

Havia fumaça, flechas, pedras e diversas outras coisas rolando no ar. Eles ainda precisavam libertar aqueles dragões. Eles ainda ganhariam aquela guerra, mas talvez não naquele dia.

Soluço desviou de uma flecha certeira e entraram nas nuvens para desviar dos tiros. Aquele minuto fez Soluço perder Astrid de vista. E ela já estava nas mãos de um dos capangas de Viggo em minutos de distração. Soluço estreitou os olhos.

Ele acelerou e pousou no barco, ligando sua espada flamejante.

— Solta. Ela. — ele disse.

Viggo aproximou-se de Astrid e apontou sua adaga para o pescoço dela. Soluço estreitou seus olhos e observou que Heather também havia sido presa. Ele ergueu as mãos para que os outros pilotos não atacassem.

— Um passo e as duas morrem — o sorriso de Viggo tornou-se mais irritante.

— O que você quer para deixá-las em paz? – Soluço questionou.

— Saíam do meu navio para começo de conversa.

— Não vou a lugar nenhum sem que você as solte.

— Dois podem jogar esse jogo, Haddock. Vou levar as duas comigo e você me entrega a última lente do olho do dragão.

— Não entrega para ele, Soluço, não entregue — Astrid gritou.

Soluço escutou o barulho de uma explosão. Ele olhou para o lado e viu que os gêmeos haviam causado uma explosão acidental. Tudo se transformou em um caos. Soluço montou em Banguela e tentou resgatar as meninas no meio da fumaça.

Entretanto, horas depois a armada dos caçadores estava longe no mar. Soluço e os outros permaneceram em seu lugar. Não havia o que fazer sem correr o risco de machucar Astrid e Heather.

Soluço encarava o mar. Ele e os outros pilotos voltaram para a base em um silêncio absoluto. A cabeça de Soluço parecia que iria explodir. Ele bolou e descartou mais planos do que poderia contar. Ele colocou as mãos na cabeça e impediu o seu desespero de chegar.

Mas ele só conseguia pensar em Astrid nas mãos de Viggo e o que ele poderia fazer com ela. E com Heather.

Soluço desmontou e entrou em seu quarto com certo desânimo. Encarou a maquete com o formato da Ilha dos Caçadores de Dragões e tudo que precisavam tomar cuidado quando precisassem invadi-la.

— Soluço — ele escutou a voz de Perna de Peixe atrás de si. — Nós vamos achá-las.

— Eu não me conformo. Não consigo me conformar. Eu deixei que a levassem. Deixei que ele a pegasse.

— Soluço, você mais do que ninguém sabe o quanto Astrid Hofferson é forte.

— Eu sei, mas, Perna — ele encarou os olhos do amigo, que enxergou nele desespero e medo em meio ao verde do seu olhar. — Eu não posso perdê-la.

— E você não vai, eu tenho certeza disso.

— E nós vamos salvar Heather também, nada vai acontecer com elas — Soluço disse mais confiante.

— É assim que se fala chefe — Perna sorriu e Soluço retribuiu o sorriso. Ele se aproximou de Soluço para olhar a maquete. — Qual é o plano?

— Quando é a próxima caçada programada deles? Eu tenho certeza de que eles não perderão a oportunidade de mostrar que continuam o seu trabalho sujo.

— Amanhã à noite.

— Ótimo, nós vamos atacá-los.

— Mas qual é exatamente o seu plano?

— Algo que você talvez não vá gostar — ele encarou a porta de seu quarto e o mar. — E que Astrid provavelmente não iria gostar.

 

**

 

Soluço se aproximou dos barcos e atirou próximo aquele que Viggo comandava. Ele viu o sorriso incrivelmente irritante de Viggo, como se ele soubesse que Soluço viria trás deles. E provavelmente ele sabia dos passos dele.

— Onde Astrid e Heather estão, Viggo? Não vou sair daqui sem elas.

— Ah, Soluço. Você é realmente tão previsível —Viggo se aproximou da borda do barco. — E tão apaixonado. Meu caro Soluço, o amor é uma fraqueza para os negócios. Quanto mais cedo aprender isso, mas cedo irá deixar de ser um tremendo idiota. E creio que eu tenha feito um acordo. A lente do olho de dragão pelas meninas.

— Não conseguirá as lentes, sabe disso. Onde elas estão? — Soluço gritou com mais raiva e mais firmeza na voz, enquanto Banguela preparava um tiro.

— Parece que o seu dragão não está querendo descobrir, Soluço.

Viggo ordenou que os seus homens atirassem em Banguela. Soluço gritou negando e desviou o curso do seu Fúria da Noite, assim como os outros pilotos. Viggo sentiu raiva daqueles dois, ainda mais do que sempre sentia. Empurrou um dos atiradores e mirou em Banguela.

Soluço percebeu a ação de Viggo e desviou no último momento. Infelizmente, não foi como se tudo tivesse dado certo. Soluço pôs as mãos em sua barriga como se tivesse sentindo dor. Viggo sorriu triunfante. Ele agora assistia a sua vitória.

Ele assistiu, como os pilotos, Soluço cair na água e seu dragão mergulhando atrás de seu corpo atravessado por uma flecha. Os pilotos gritaram em desespero. A lente do olho de dragão afundava no mar e ele viu um dos seus homens ir atrás dela.

— Parece que o grande Encantador de Dragões foi derrotado — a voz de Viggo soou.

— Soluço! — Melequento mergulhou na água com Dente de Anzol.

Ele e Perna de Peixe retiraram da água um dragão desesperado e o corpo de seu dono. O único que sorria com aquilo tudo era Viggo, sentindo a frieza da lente em suas mãos. Parecia que o mundo chorava a morte do treinador de dragões.

 

**

 

Astrid e Heather estavam cada vez mais irritadas presas dentro daquela fortaleza. Os guardas eram um tanto rudes e não aceitavam que outras pessoas fossem mais rudes que eles. Dá para imaginar uma boa briga entre eles e Astrid.

Astrid, quando não estava enfrentando os guardas, ficava olhando para o nada, concentrada em pensar em um plano. Mas Soluço dividia os seus pensamentos de guerra e a deixava mais tranquila. Ela se lembrava dos sorrisos de Soluço e seu olhar terno e carinhoso.

Ela às vezes balançava a cabeça tentando afastar seus pensamentos. Eles pareciam querer traí-la. Heather e Astrid escutaram o barulho da porta do calabouço abrindo. Elas levantaram-se em alerta e escutaram o som de passos.

— Então, senhoritas Astrid e Heather, eu tenho uma notícia grandiosa para vocês.

 Viggo caminhou no corredor e se colocou em frente às duas celas, pois Heather e Astrid estavam presas uma em frente à outra.

— Resolveu se render, Viggo Grimborn, ou vai dar o prazer de sua morte para nós — Astrid expressou toda a sua raiva por meio de sua voz.

— Senhorita Hofferson, se eu fosse você tomaria muito cuidado com o que você fala — Viggo encarou seus olhos e ela viu muita raiva neles.

Astrid grudou suas mãos na grade da cela e cuspiu no chão perto de Viggo. Heather grudou imediatamente suas mãos na cela. Ela sentiu um desespero percorrer suas emoções. Ela tinha medo da reação que o chefe dos caçadores de dragões poderia ter. Astrid era sua melhor amiga e ela estaria disposta a protegê-la. Talvez só amasse mais a Perna de Peixe, mas isso é outro assunto.

— Soluço irá tirar a gente daqui e vai deixar esse lugar em pedaços — ela gritou.

Viggo ergueu as mãos para parar os guardas que queriam atacar Astrid. Haviam desafiado uma Hofferson. A risada dele ecoou no local e Astrid estreitou os olhos.

— Eu não teria tanta certeza disso. Afinal, para ele soltar vocês duas tem que possuir uma habilidade essencial. Estar vivo.

— Você não vai conseguir matá-lo — ela soltou uma risada irônica. — Banguela o protege com a sua própria vida se for necessário.

— Bom, digamos que o nosso encantadorzinho de dragões também protege aquele dragão com a sua vida. E foi por isso que ele tomou aquela flechada no lugar do seu Fúria da Noite.

— O que você está falando? — ela elevou sua voz.

— E eu assisti todos os cavaleiros tirarem o corpo dele do mar. Eles devem estar de luto e fazendo cerimônias. Queria estar presente quando Stoico recebesse o corpo do seu filho. Momento maravilhoso.

— Você é um doente — Heather gritou. — Ele está blefando, Astrid.

O coração de Astrid parecia ter corrido uma maratona. Ela não conseguia aguentar. Soluço não podia estar morto. Podia?

— Minha querida, não seja tola. Eu não estaria tão feliz em contar uma mentira para vocês. É um prazer dizer isso. Soluço Haddock está morto — Viggo levantou suas mãos e mostrou a lente que havia resgatado do mar.

— Não, ele não está! Ele vai salvar a gente e você vai engolir tudo o que você falou, Viggo — Astrid balançou as grades da cela.

— Sério mesmo? Você realmente acredita nisso? Aproveitem a estádia, senhoritas — Viggo caminhou para fora da cela. — Não vai durar para sempre. E agora me deem licença, eu tenho uma festa para comemorar.

Viggo saiu sorrindo. Astrid parou de respirar por um instante.

— Não — ela murmurou.

— Astrid, tem que me escutar — Heather disse. — Temos que nos acalmar e sair daqui.

— Não — ela disse mais alto. — Não!

— Astrid, por favor, me escuta — Astrid encarou os olhos de Heather e viu as lágrimas de sua amiga escorrerem. — Eu sei que é horrível tudo isso, mas temos que nos acalmar.

Astrid escorregou lentamente até o chão e encostou sua cabeça na cela. Sentiu suas primeiras lágrimas saírem, acompanhadas de mais e mais lágrimas. Ela bateu suas mãos na cela enquanto negava para si mesmo aquilo tudo. Ela rompeu em soluços sem conseguir se controlar.

Heather esticou sua mão, mas obviamente não conseguiu alcançar sua amiga. Astrid parecia entrar em um poço que não tinha fim. E ela queria cair nele e nunca mais sair. O homem que ela amava estava morto. Não havia motivos mais para que ela vivesse.

Astrid sentiu tudo a sua volta ficar escuro e aceitou que a inconsciência a invadisse.

 

**

 

— Soluço! — Perna de Peixe entrou no quarto do treinador de dragões. — Viggo saiu da base. Até que enfim, depois de três dias... Parece que até ele respeitou o período de luto.

Soluço encarou seu amigo com uma expressão de incredulidade. Obviamente Perna de Peixe não acreditava também que Viggo possuía sentimentos como esse.

O plano havia dado certo e os caçadores haviam decretado a morte dele. Teve que sacrificar uma das lentes no processo, mas havia sido sua única alternativa. Espera recuperá-la quando atacassem a base. Os gêmeos haviam dito que uma festa havia sido dada em comemoração. Ele precisava que eles não esperassem uma invasão deles para entrar na fortaleza, tirar Heather e Astrid de lá e libertar os dragões.

— Elas estão vivas? — ele perguntou, com o coração apertado.

— Por enquanto sim — Perna de Peixe baixou o olhar. — Mas temos que agir rápido.

— Certo vamos continuar com o nosso plano.

Soluço, enquanto se preparava com os pilotos para invadir a base de Viggo, relembrava sua falsa morte. Eles haviam forjado uma flecha dos caçadores e a cortaram pela metade. Quando Viggo atirou em Banguelas, eles desviaram como sempre conseguiam fazer, e Soluço prendeu a flecha em sua roupa rapidamente. Havia dentro da armadura uma mistura de tinta vermelha para que tornasse tudo mais real.

Eles caíram na água e, como o planejado, os pilotos o pegaram após um tempo, tentando resgatá-los embora ele tivesse tudo sobre controle. E, então, declararam sua morte. Até Melequento forjou algumas lágrimas, não que esperassem menos dele. Só então perceberam que o plano era genial.

Soluço voltou seus pensamentos para Astrid. Lembrou-se de quando havia se apaixonado por ela. Aquela viking havia roubado seu coração e ele havia aceitado que ela fizesse isso. Não suportaria que algo acontecesse com ela. Não suportaria vê-la sofrer.

Ele imaginava que Astrid e Heather seriam contempladas apenas com a versão de Viggo daquilo tudo, mas nunca saberia a reação da viking com quem ele mais se preocupava no mundo. Ele não sabia que a pessoa que ele mais amava estava sofrendo com a possibilidade de sua morte. De não vê-lo nunca mais.

— Cavaleiros, vamos resgatar nossa equipe — Soluço disse.

Os pilotos encararam seus olhos desafiantes. E juntos decolaram em meio à noite do Arquipélago Barbárico.

 

**

 

Astrid ficou aqueles três dias sem comer. Ela bebia água apenas quando sentia uma necessidade maior. Ficou deitada, encostada na grade da cela durante todo esse tempo. Não sentia incomodo pela posição. Ela derramava lágrimas silenciosas, e Heather sofria por não poder ajudá-la do outro lado do corredor.

Astrid não conseguia dormir, pois tinhas pesadelos todas as vezes que tentava. Ela parecia não ter paz. Não se importava com Viggo dizendo que a morte delas estava próxima. Ela se desligou de tudo ao seu redor. Só queria que aquilo acabasse logo.

Apenas isso.

— Astrid — Heather a chamou, na esperança de que ela escutasse.

Para sua surpresa, Astrid ergueu os olhos, sentada entre a parede e a grade da cela.

— Você precisa comer. Soluço não iria gostar de te ver assim.

— Heather, você não pode dizer se ele iria gostar ou não. Ele não está aqui mais e a culpa é toda minha. Ele veio me salvar, veio atrás de mim e Viggo o matou — as lágrimas voltaram a rolar de seus olhos.

— A culpa não é sua, Astrid — Heather colou suas mãos na grade — Ele também era meu amigo, e não importa o que você diga nós vamos sair daqui e nos vingaremos. Por ele.

— Você tem um motivo pra sair daqui e é o Perna. E você deve sair daqui por ele, mas eu não. Eu não me importo mais se sairei daqui ou não.

Heather sentia-se desanimada. Astrid não daria seu braço a torcer e se isolou pelo resto do dia. Heather sofreu por ela e por Perna de Peixe. Se Soluço havia de fato sido morto, o que poderia ter acontecido com ele? Ela mais do que ninguém odiava não saber das coisas.

— Soluço — Heather sussurrou. — Onde quer que você esteja, cuida dela. Cuide de sua Astrid.

 

**

 

Soluço entrou nos calabouços com certo receio. Havia deixado Banguela na Floresta, pois não deveriam reparar a presença dele na Ilha de início. Perna de Peixe iria atrás da lente e, se fosse possível, a recuperaria, enquanto os gêmeos e Melequento iam atrás de Tempestade e de Tesoura de Vento, além de soltar os dragões que estivessem presos ali.

Ele desembaiou sua espada. Com sorte haveria apenas um soldado vigiando as meninas e seria mais fácil deixá-lo desorientado e, talvez, desacordado por um tempo. Ele avançou, soltando um longo suspiro.

Soluço colocou seu capuz negro na cabeça. Para todos os efeitos, ele estava morto para a maioria das pessoas daquela ilha. Ele avistou o guarda com as chaves das celas e se aproximou. Pensou em Astrid atrás daquelas grades e ganhou mais força para lutar por ela.

— Hey, grandão — ele gritou. — Alguma chance de você me dar essas chaves sem que eu precise lutar com você?

Heather escutou uma voz e ficou em alerta. Não conseguia entender o que aquela pessoa dizia.

— Quem é você? — o guarda perguntou.

— Ninguém importante, mas infelizmente preciso dessas chaves.

— Não vai pegá-las.

— Foi o que eu pensei que você iria dizer.

Soluço girou sua espada e avançou com fúria. Ele libertaria Astrid nem que fosse a última coisa feita em sua vida. Ou a sua não-vida. Ele logo acertou o cabo da espada na cabeça do caçador.

— Bom, amigo, não foi bem uma luta, mas valeu pelas chaves — Soluço se aproximou e recolheu as chaves do bolso do guarda.

— Quem está aí? — Soluço escutou uma voz.

— Heather! — ele exclamou e correu para dentro do corredor.

Logo ele avistou a morena e correu para libertá-la. Ela olhou desconfiada para figura encapuzada em sua frente. Logo Soluço abriu a cela e retirou o seu capuz.

— Pensei que esse calabouço não tinha fim, mas consegui encontrar você — ele disse.

— Soluço — Heather pôs a mão na boca e se afastou lentamente. — Eu só posso estar sonhando, isso não é real.

— Heather, o que você está falando?

— Viggo disse que ele falou que havia matado você.

— Ah não, ele falou isso para você? Olha, era tudo um plano, mas depois eu explico melhor.

Heather o abraçou rapidamente. Soluço virou-se e se deparou com Astrid na mesma posição de mais cedo, olhando para o nada. Ouvia a voz de pessoas ao longe, mas não conseguia se prender a nada.

— Astrid — Soluço sussurrou.

Procurou, desesperado, a chave que abria a cela. Entrou rapidamente e pegou ela no colo, ajoelhando-se no chão. Astrid olhava para o teto, mas Soluço sentiu sua respiração e batimentos.

— O que houve com ela? O que fizeram com ela? — ele tirou o cabelo dela do seu rosto de maneira carinhosa.

— Viggo contou que você estava morto e Astrid abalou-se demais. Ela decidiu parar de comer e de lutar.

— Por que, Astrid? Por que fez isso com você? — uma lágrima rolou de seus olhos.

— Ela te ama muito, Soluço, muito. E não aguentaria viver sem você.

— Heather — ele encarou seus olhos — vá para a Floresta, Perna de Peixe já deve estar lá. Quando os outros voltaram com os dragões, vão para o Domínio. Deixem Banguela, eu e Astrid já chegamos lá.

— Não vamos deixar…

— Nós já estamos indo para lá — ele a interrompeu. — Vamos sair daqui juntos, mas caso… — ele não completou e Heather assentiu com a cabeça. — Agora vai.

— Cuida dela.

— Com a minha vida — ele olhou com ternura para o rosto de Astrid.

Depois que Heather foi embora ele se permitiu chorar. Precisava arrumar um jeito de trazer ela de volta. E ele começou então a falar.

— Quando eu encontrei você pela primeira vez eu achei que nunca conseguiria chegar perto de você. Nunca. Você era uma guerreira tão nobre, tão bonita, que achei que nunca olharia para mim, nem como amiga. Mas você olhou. Você permitiu-se ser minha amiga. E eu te amei. E amarei para sempre.

Soluço percebeu que Astrid estava o encarando. Ele sorriu.

— Eu voltei por você Astrid. Eu te amo com todas as minhas forças. Desculpa, me desculpa por fazer você chorar, por fazer você sofrer. Eu não consigo imaginar um mundo sem você nele. Nunca. Não existe eu sem você. Por favor, volte para mim. Eu estou aqui e nada mais vai acontecer com você. Eu prometo. Eu te amo.

Soluço colocou sua mão na nuca de Astrid e a puxou lentamente. Ele selou seus lábios com ternura e com todo o seu amor. Astrid arquejou surpresa e pareceu retornar de onde quer que ela estivesse.

— Soluço — Astrid sussurrou, ainda com os lábios próximos a boca dele. — É você.

— Eu estou aqui — ele abriu os olhos. — Estou aqui.

Astrid começou a rir e abraçou Soluço como todas as suas forças, que eram poucas.

— Eu morri? — ela perguntou em meio às lágrimas.

— Não, você está bem viva, eu garanto. Mas temos que sair daqui rápido.

Soluço puxou Astrid e sustentou o seu peso. Ela sentiu uma leve tontura e apoiou-se nele. Soluço segurou a cintura dela e lentamente começaram a ir embora. Ele precisava seguir o mesmo caminho que havia vindo.

Astrid começou a tomar consciência do que estava acontecendo. Soluço estava vivo. Eles estavam ali. Ou Viggo havia mentido para ela ou era um daqueles loucos planos que Soluço havia planejado.

Ela com as poucas forças que possuía, começou a dar leves socos em Soluço. Ela deixou suas lágrimas saírem. Soluço a abraçou e ele teve que parar de andar. Ele acariciou os seus cabelos.

— Eu sei que você está com raiva de mim, mas esse foi o único plano que eu consegui pensar. Viggo acreditou nele assim como os caçadores. Eu precisava salvar você de qualquer jeito e esse foi o único jeito que eu encontrei.

— Eu pensei que você estava morto. Eu pensei que eu nunca mais ia ver você na minha vida, ele me mostrou a lente. Tem noção do quanto isso me destruiu?

— Me desculpa, Astrid. Me desculpa, eu não sabia que as coisas iriam chegar a esse ponto.

Ele encarou seus olhos, e Astrid sorriu. Ela havia pensado que nunca mais ia ver aqueles olhos verdes de novo. E ele? Ele havia pensado que nunca mais iria ver aqueles olhos cor de oceano que sempre o confundiram. Eles se amavam e era uma coisa incontestável.

Eles voltaram a fugir. Os caçadores haviam parado de vigiar os calabouços e outras alas da sede para lutar contra os cavaleiros que atacavam as prisões dos dragões. Eles avistaram Tesoura de Vento, com Heather montada nela, e Tempestade no ar.

— Vamos, Banguela está na Floresta — Soluço gritou para ser escutado.

— Tempestade nos dá uma carona.

Astrid parou de andar e assoviou para Tempestade. Ela avistou sua dona e não deixou de ficar animada. Astrid sorriu acariciando a sua amiga, mas ela ainda se sentia muito fraca.

— Soluço — ela viu as coisas a seu redor embaçadas.

Ela sentiu o seu corpo mole e tudo à sua volta escureceu. Ela escutou a voz de Soluço como se ele estivesse a uma longa distância dela.

— Astrid!

E, então, ela desmaiou.

 

**

 

Havia se passado uma semana. O resgate, embora turbulento, havia sido considerado um sucesso. E isso era realmente considerado um milagre, afinal, era um plano de Soluço. No fim, haviam recuperado a lente e resgatado as meninas.

Astrid, devido a sua fraqueza, havia desmaiado no meio daquilo tudo. Soluço entrou em desespero, mas se obrigou a manter a calma. Ele a levou no colo até Tempestade, e posteriormente Banguela, e esperou que ela acordasse.

No caminho para o Domínio ela finalmente acordou. Soluço a abraçou com todas as suas forças. Ele até sentiu algumas lágrimas indesejadas rolarem. Mas ela estava ali, viva e bem. Astrid já havia se recuperado no fim da semana. Ela ganhou cor novamente e, segundo ela, estava pronta para outra. Considerando que ela era uma Hofferson, isso poderia ser levado bem a sério.

Ela não viu Soluço frequentemente naquela semana, visto que ele tivera que arrumar muita coisa com a confusão que criou. A notícia de sua morte tinha chegado até a sua terra natal, Berk, ou seja, o seu pai ficou sabendo que ele havia morrido, o que não era verdade.

Imagina a confusão.

Ele chegou a Berk e foi recebido por um daqueles abraços fortes e de tirar o fôlego do seu pai. Stoico, num primeiro momento, ficou zangado com o plano de Soluço. Mas a alegria de ver que ele estava bem era maior. Ele faria tudo por seu filho.

Soluço voltou ao Domínio. Ele estava nervoso, porque precisava conversar com Astrid sobre aquilo tudo. Não com a iminência de morte e não com uma guerra se instalando. Precisava falar o que sentia. Precisava ajeitar as coisas.

Quando chegou, Astrid estava com Heather na Floresta, treinando com machados, provavelmente. Ele esperou até a noite para falar com ela, enquanto fazia uma patrulha pelo Domínio. Ele tinha um medo maior agora, medo do que Viggo poderia fazer. Porque a essa altura ele já sabia que Soluço não havia morrido de fato.

Ele parou em frente à cabana de Astrid e tomou coragem para entrar e chamá-la, respirando profundamente.

— Astrid!

— Soluço, não sabia que você tinha chegado — ela lhe dirigiu um sorriso carinhoso, caminhando até a porta. — Como foi a conversa com o seu pai?

Ele lhe ofereceu sua mão e Astrid entrelaçou a sua na dele. Ele a puxou para o lado de fora e eles se sentaram na borda da plataforma da cabana dela. Astrid encarou as luzes da lua refletidas no mar e sentiu a leve brisa em seus cabelos. Soluço encarou seus olhos.

— Sobre meu pai? Ele quase me matou quando viu que eu estava vivo. Mas fora isso está tudo bem — Astrid riu. — O que foi? Os abraços dele retiram todo o ar do meu corpo.

— Ele só te ama muito.

— Eu sei. Amo muito ele também — ele encarou o mar, assim como Astrid.

Astrid encostou sua cabeça no ombro de Soluço, que a abraçou e apoiou sua cabeça em cima da dela. Ele respirou fundo.

— Eu não sei se você lembra o que eu te disse naquela cela. Mas eu só queria dizer que tudo o que eu falei é a mais pura verdade. Eu sei que sou louco e há alguns anos atrás ninguém queria ser meu amigo, mas você quis. Você acreditou em mim e eu nunca vou esquecer. Eu nunca vou me esquecer de quando eu me apaixonei por você. E é por isso que quando eu te vi naquela cela eu pensei que iria te perder para sempre. Você não tem ideia do quanto doeu. Mas ver você aqui, bem, me faz pensar que tudo é possível.

Astrid encarou seus olhos e seus rostos estavam a uma distância mínima.

— Eu também acredito no impossível, desde o instante que te vi naquela cela — ela disse e fechou os olhos. — Eu escutei cada palavra, porque foram elas que me salvaram. Você me trouxe da escuridão, você me resgatou. E eu te amo ainda mais por isso. Eu não conseguiria viver sem você, Soluço. Não existe esse mundo para mim e nunca irá existir. Então acredite no impossível. Faça o impossível.

E ele a beijou.

Beijou a pessoa que tomava conta do seu coração 24 horas por dia. Ele sabia que estava completamente perdido. Sabia que nunca mais conseguiria viver sem ela. E quem se importava?

O amor deles era infinito. E venceria até a morte. Mas, antes disso, havia muita história para contar. Apenas por que eles acreditavam no impossível. Apenas por que eles tinham esperança.


Notas Finais


Quantas armas vocês jogaram em mim? Eu amo vocês, sabem disso.
Então, curtiram a one? Agradeço a quem comentar ou favoritar! Amo vocês, sabem disso!
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E é isso, até a próxima queridos!
Temp!!


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