História Espumas ao vento - O meu coração vai dar uma festa na hora que você chegar;

     Adora não se mantinha alheia sobre a maioria das coisas de seu passado.

Ela ainda pensava em como estariam os seus antigos colegas, que tipo de pensamentos eles tinham quando iam dormir a noite. Pensava em quem fora realmente Shadow Weaver. Em como Hordark era uma figura malévola e não apenas a maior autoridade da Horda, como a cada minuto, uma das pessoas que passou toda a sua infância, planejava simplesmente causar catástrofes em seu mundo. 

Como poderia esquecer? Isso era parte de quem ela era, do que sabia do mundo. Estava entranhado em si e talvez sempre estivesse. 

Mas seria mentira dizer que pensava em todos eles da maneira como pensava em Catra. 

Talvez fosse a culpa. Talvez fosse porque não conseguia se acostumar com a ausência. Com aquela companhia que costumava estar sempre ali, dando graça aos dias difíceis e sombrios na Zona do Medo. 

Ela pensava em Catra todos os dias, uns mais, outros um pouco menos.

Havia sempre uma brecha para que seu rosto surgisse nos seus pensamentos. Quando não conseguia disfarçar, se pegava derramando algumas lágrimas, querendo poder correr e abraçá-la, tê-la em seus braços sem hora para ir embora. 

Mas já se fazia tanto tempo... Depois de tudo. De aceitar de uma vez por todas que ela sempre seria sua inimiga. 

Ainda tinha os sonhos. Ainda acordava sobressaltada, apertando o lençol e encarando um vazio que partia seu coração. 

O seus sentimentos por ela não podiam ir embora como espumas ao vento. A história delas não poderia sumir da existência como se nunca tivesse existido, ainda que os seus destinos tivessem entrado em paralelo. Afinal, Catra costumava ser alguém com quem ela imaginava que passaria toda a sua vida, marcada na sua vida pela eternidade.

Adora tentava se convencer que acabou, que aquele destino imprevisível foi o que as encontrou no final do caminho. Já se passou o tempo de chorar, e era hora de seguir em frente rumo a reconstrução de Ethéria, até o desaparecimento da seita maligna. Catra era passado, uma memória doce e amada, alguém que ela sempre amaria mesmo que fingisse ter deixado tudo para trás – nada além disso. 

Mas bem, 

o amor deixa marcas que não dá para apagar.

Ainda mais aquele que ela e Catra traçaram desde que se conheceram. Algo Impossível de se esquecer por completo.

E no fundo, Adora ainda a esperava. Era engraçado e a deixava irritada consigo saber que meio que ainda a esperava, pronta para ouvi-la no instante que surgisse em seu caminho. Bastava um olhar diferente, ou um sinal, como quando Shadow Weaver apareceu no castelo ou Catra a deu a espada no dia em que sequestraram Glimmer – a própria gata, para sua infelicidade. Bastava isso para que se enchesse de expectativas e esperanças, já imaginando sua vida com Catra novamente ao seu lado, quase sentindo a felicidade que era seu maior desejo. 

A sua porta estaria sempre aberta para Catra, ela sabia. 

E o seu coração iria dar uma festa na hora que ela chegar.