1. Spirit Fanfics >
  2. Esse Amor >
  3. O pedido do Dragão

História Esse Amor - O pedido do Dragão


Escrita por: Nymus

Notas do Autor


Finalmente, voltei a postar.
Fiquei doente e não consegui escrever.
Embora eu ache que esse capítulo podia ser melhor, ele está do jeito que consegui nesse momento.
Já sabem, podem ter erros, grande parte do capítulo já estava escrito desde que postei o anterior e depois não consegui completar de forma efetiva.

Capítulo 30 - O pedido do Dragão


[JiYong]

Quando acordei, estava sozinho na cama. Abri os olhos e sentei, logo procurando por ela. Foram segundos de angústia até ver Mo YunJi sentada próxima a janela do quarto, vestindo minha camisa preta. Ela estava encolhida e tinha um rolo de papel higiênico próximo da coxa exposta. Respirei fundo, me acalmando. A simples visão dela já me deixava confortado, saber que ela usava uma roupa minha me deixava feliz.

Não era fácil admitir que estava apavorado com a ideia de não vê-la mais. O pedido para terminarmos o namoro ainda estava em minha mente. Eu não queria que ela fosse embora. A determinação e a fraqueza que notava nela me faziam impotente. Não importava o quanto eu voasse atrás de Mo YunJi, ela era muito mais rápida para se afastar e dessa vez, obteve ajuda.

Afastei a coberta e sentei, colocando os pés no chão de carpete, me espreguiçando. Estava com a energia renovada, uma boa coisa pois teria muito a fazer ainda. Peguei o celular que deixei na mesa auxiliar ao lado da cama. Eram quatro da tarde. Fiquei espantado com o adiantado da hora. Ali, no modo silencioso, o celular registrava diversas chamadas perdidas e muitas notificações de mensagens em todos os aplicativos que eu havia instalado.

“Ah, você acordou” escutei a voz suave de Mo YunJi e desviei os olhos do ecrã para fitá-la. Ela tinha o nariz vermelho e parecia cansada com as olheiras em volta dos olhos.

“Você está melhor?”.

“Acho que peguei uma gripe forte” ela disse e limpou o nariz. “Antes que pergunte, eu estou me sentindo bem e tomei a medicação”.

Sorri e ela deu um breve sorriso, desviando os olhos.

“Você fica bem usando minhas roupas” murmurei.

“Sua camisa é quente… Eu só quis…” ela parou de falar e espirrou.

“Está tudo bem… Eu gosto de te ver usando preto e me sinto bem em saber que está vestindo uma roupa minha… Eu… Eu fiquei enciumado por estar vestindo as roupas de outro homem ontem”.

Mo YunJi me encarou, como que abismada pela minha declaração. Me sentia um bobo por confessar abertamente meu ciúme, mas pensei que isso a deixaria mais à vontade. Apesar dos sorrisos e da conversa frívola, eu sabia que ela ainda estava muito distante. Ficar perto dela era uma prioridade.

Me levantei e fui em sua direção. Ela ergueu as mãos e as agitou na frente do corpo para que eu não prosseguisse. “Não quero que fique doente…” disse e achei fofa sua tentativa de me  proteger. Eu deveria dizer a ela que nem mesmo uma quarentena me afastaria? Ela via tanto aqueles filmes de terror sobre apocalipses de vírus, estava começando a ter as mesmas ideias do universo que a agradava.

Ignorei o pedido e me aproximei, afastando a franja e tocando o rosto. Ela estava apenas um pouco quente, acima do que achei que seria o natural. YunJi ficou em silêncio enquanto tocava sua testa e a minha própria, querendo saber o quanto anormal estava. Outro espirro e ela se encolheu perto da janela.

“Você comeu?”

Ela fez que sim com a cabeça e apontou para a mesa do quarto onde notei que havia outra comida que não eram os restos do café-da-manhã.

“Podia ter me acordado” disse, afastando a mão da testa e acariciando o rosto.

“Você estava muito cansado, JiYong-sshi. Pensei que era melhor que dormisse um pouco mais”.

“Você é tão fofa, Mo YunJi…”.

“Você esteve acordado enquanto eu estava dormindo doente, achei que seria justo fazer isso por você”.

“Continua muito fofa”.

Queria beijá-la. Ela permitiria? Encarei os lábios dela e molhei os meus com a língua. “JiYong-sshi… Eu não quero que fique doente”. Um audível não em seu pedido.

Fui me afastar para ir ao banheiro e ela segurou meu roupão com força. Assim que parei de andar, ela se levantou da alcova onde estava e me abraçou com força. Aproveitei a oportunidade para fazer o mesmo e me senti ainda mais aliviado pela total proximidade dela.

Nessa posição, foi fácil segurar o rosto dela e beijar os lábios secos. Mo YunJi tinha gosto de remédio, o médico havia receitado um xarope quando soube da gravidez. Mesmo assim, lambi os lábios dela e escutei seu gemido. Quis beijá-la com mais ardor, contudo, ela afastou a cabeça para tomar ar.

“Vamos conversar agora, Mo YunJi?” perguntei com a boca próxima ao ouvido dela. Apenas um não com a cabeça e um suspiro que jurei ser de lamentação. “Você desistiu de ir embora, não foi?”.

Ela me soltou, olhando para o chão e voltou a sentar onde estava. Passou a olhar pela janela e não disse mais nada. O momento foi rápido e a conexão perdida em seguida. Fui ao banheiro e lavei o rosto diversas vezes. Perderia Mo YunJi, pensei, apoiando as mãos no balcão do banheiro, meu deus, eu ia perder Mo YunJi. Meu coração bombeou um sentimento brutal pelo meu corpo. Ao me ver no reflexo, notei as rugas na testa e os lábios crispados. Joguei mais água para ver se ficava melhor. Continuava a mesma coisa, apenas mais molhado. Estava com raiva, como nunca estive antes.

Quando saí do banheiro, Mo YunJi estava encolhida, abraçando os joelhos e olhando para fora. Ela não ia falar, talvez porque não se sentisse bem, talvez porque não confiasse em mim. Me perguntei se minhas palavras foram confiantes ou se faziam sentido. A garota que eu tanto amava estava se trancando num silêncio doloroso e era necessário que eu descobrisse o que lhe foi dito. Mesmo que minha relação com ela não fosse a mais fácil, eu queria que desse certo porque notava a cada instante que não conseguiria abrir mão dela e que não queria fazer isso.

O poder do meu olhar atraiu a atenção dela. Mo YunJi virou a cabeça e me olhou, meio que se escondendo em seu abraço solitário. Nos encaramos por alguns segundos e ela desfez a pose defensiva. “Coma, JiYong-sshi” murmurou “quer que eu peça algo quente?”.

Fiz que não e olhei para a mesa. Tinha comida suficiente para uma refeição razoável. Se ela estava alimentada, eu podia comer o que sobrasse.

“Podemos voltar ao resort para pegar nossas coisas? Eu quero ir embora daqui…” ela disse enquanto eu estava comendo arroz frio.

“Mo YunJi, você pode ficar aqui e eu volto lá. Não quero que fique irritada e mais doente, precisa descansar para que a bebê fique bem” respondi.

“Me desculpe por estar causando tantos problemas… Eu tenho certeza que vou melhorar assim que voltarmos”.

“Não se preocupe em pedir desculpas, Mo YunJi… Tenho certeza que a culpa não é sua e deve ser minha por não estar totalmente atento. Queria que tivesse um final de semana divertido, me sinto mal por não ter dado nada certo e você estar tão magoada. Mas você precisa me dar a chance de reparar isso e deixar como estava antes”.

Minha garota não respondeu com palavras, mas assentiu, concordando. Eu não sabia se era de verdade ou se ela estava me dando uma falsa esperança. Novamente, aquela raiva por terem magoado uma pessoa tão meiga começou a queimar dentro de mim, faria de tudo para ter aquela garota para sempre comigo.

Terminei a refeição fria e fui até ela. “Mo YunJi, deite um pouco para que fique melhor” a levei para a cama. Ela aceitou em silêncio e entreguei a ela o controle remoto da imensa TV acoplada na parede. “Descanse, eu vou lá buscar nossas coisas e dar adeus a minha família”.

Ela segurou a minha mão com força. “Não brigue com seus pais por minha causa… Você precisa ser um bom filho” ela pediu.

“Eu sou um ótimo filho, YunJi-sshi… Mas eu não posso tolerar saber que eles a magoaram e que eu não prestei atenção suficiente”.

“Eles não o fizeram… Eu apenas escutei a verdade e aceito ela. Por favor…”.

“Eu te amo… Acha mesmo que vou me portar como um homem se eu permitir que eles a machuquem? Não importa que verdade seja essa, eu disse, você só não vai ficar comigo se não quiser. Espero que você queira porque acho que me acostumei a você”.

“Mas eu não posso. Eu não quero destruir mais nada”.

“Eu juro que você não fará isso… Apenas confie em mim, Mo YunJi” pedi e beijei a testa dela demoradamente. Quando a olhei novamente, ela estava com lágrimas nos olhos cansados. Afastei as gotas com o polegar. “Você está tão machucada… Isso é muito injusto” murmurei, beijando o rosto dela. “Descanse agora, meu amor… Eu juro que vou resolver tudo”.

Uma promessa. Ela apertou os lábios e concordou com um murmúrio.

 

 

Com o anoitecer, eu cheguei no resort. Havia uma faixa dando parabéns ao Senador Jang do lado de fora, possivelmente meu pai mandou instalar como uma forma de desculpas por eu ter abandonado minha posição ao procurar Mo YunJi na noite passada. Claro que ela ainda seria acusada de causar esse mal estar, mas estava pronto para defendê-la.

O Senador era amigo de anos do meu pai e eu sabia bem disso. Naturalmente, ser um bom filho era algo que estava em minha educação, mas eu podia ignorar isso quando se tratava da mulher que amava. Achava que meus pais entenderiam isso em algum momento e me perdoariam por minhas falhas nesse evento. Eu não podia ficar ali com a minha noiva grávida desaparecida. O próprio Senador Jang entenderia.

Assim que desci do carro, apanhei a pasta com a informação sobre Mo YunJi. Me livraria daquela pasta e rezaria para que DooJoon não tivesse feito cópias - era uma invenção da minha mente achar que meu agente não seria precavido em manter cópias em lugares onde eu não poderia destruir. Ele era assim, muito bom em seu trabalho, por isso que trabalhava para mim.

Estava fechando o porta-malas quando ele apareceu. Provavelmente estava me esperando o dia todo. Usava camisa branca, gravata e calça social. Eu já estava desconfiado que DooJoon não possuía outras roupas no guarda-roupa, mesmo porque, ele ficaria muito estranho se vestisse uma camiseta. Ele veio até mim e ajeitou os óculos de armação quadrada no rosto sério. 

“Que bom que está aqui, DooJoon-sshi… O que eu disse sobre essa maldita pasta?” perguntei e lancei os papéis em cima dele. O agente não se moveu, apenas fechou os olhos e recebeu minha fúria. “Você não é surdo, não é? Por que fez isso?”.

“Você sabe porque eu fiz isso” ele abriu os olhos e me encarou com seriedade renovada. Destemido era uma de suas qualidades, achava fantástico que ele pudesse ser assim.

“Não, eu não sei. Eu pedi para que não fizesse”.

“Seus pais foram insistentes”.

“Devem ter sido mesmo para que fizesse algo que eu não queria. Agora, por sua culpa, eles falaram algo a Mo YunJi e ela não quer mais ficar comigo… Ela está muito magoada e eu não sei o que fazer porque parece que fui traído aqui”.

“Eu sinto muito” ele disse, parecendo sincero. Abaixou-se e começou a recolher os papéis.

“O que mais me irrita é que todo mundo sabe mais sobre ela do que eu por causa desses malditos papéis. Ela é minha e porque eu tenho que dividir com todos vocês que a odeiam?”.

Ele não respondeu. Ocupou-se de apanhar todos os papéis e ajeitá-los na pasta. “Como a pequena está?” murmurou quando terminou a tarefa.

“Doente e magoada” respondi.

“Eu sinto muito” repetiu e se curvou, num pedido formal de perdão. “Você leu os papéis?”.

“Claro que não. Não quero saber dela assim”.

“Eu acho que você devia dar uma olha…”.

“Saber de quem, sunbaenim?” a voz de Jennie veio de trás de DooJoon, o interrompendo. Nós dois a olhamos. A garota estava com o cabelo castanho preso em uma trança que a deixava bem mais nova, uma camiseta xadrez com as pontas amarradas na parte inferior, a barriga estava a mostra, um shorts de jeans que imitava a aparência de ser gasto e botas que iam tá os joelhos. Eu não consegui esconder minha surpresa por vê-la em Jeju, mas me lembrei que em algum momento, minha irmã disse que iria buscar alguém no aeroporto. Nem me passou pela cabeça que fosse Jennie. “Ah, DooJoon-sshi… Você está me seguindo por acaso?”.

“Só nos seus sonhos” ele respondeu e mesmo com a luz artificial do estacionamento, eu notei que ela enrubesceu mesmo com a afirmação dita num tom glacial.

Sunbae, você está bem? Sua mãe me disse que você passou a noite fora… Ela está bem preocupada com você” Jennie me disse e passou pelo meu agente e enroscou seu braço no meu. “Venha, vamos falar com ela”.

Minha surpresa era tanta que me esqueci que estava furioso. Ainda estava bravo, mas não achava justo descontar em Jennie. Aliás, a vinda dela era ótima, era bom saber que eu tinha um aliado nesse mundo. Jennie nunca me decepcionaria.

“O que você está fazendo aqui?”.

“Dami-unnie me convidou” ela respondeu e abriu um sorriso brilhante, daqueles que existiam para parar o trânsito caótico de Seul. O sorriso me acalentou. Eu sorri também, me sentindo ainda mais determinado com a presença dela.

“Eu vou lá conversar com meus pais, você… Livre-se disso, okay?” informei a DooJoon e ele nos viu partir, sem falar nada, como era seu costume.

“Você está bem?” Jennie perguntou quando passamos pela porta. “Unnie me disse que seu pai estava furioso com você por ter estragado a festa do Senador Jang por causa da sua namorada. Você deve estar mesmo sério com ela, não é sunbaenim? Para causar tudo isso”.

“Ah. não se preocupe com isso, Jennie-yah, eu vou cuidar de tudo” garanti a ela.

“Se precisar de ajuda, sabe que pode contar comigo” se ofereceu.

Eu ia responder e vi meu pai no corredor conversando com o Senador Jang. Meu pai vestia-se como DooJoon e sempre com cores sombrias, o Senador estava com uma camisa polo e calça de golfe, o que me levou a pensar que ele esteve no clube da ilha. Senador Jang era um homem por volta dos sessenta anos, com alguns cabelos brancos na cabeleira farta e um olhar de águia, como se estivesse sempre espreitando suas vítimas e esperando o melhor momento para atacá-las. Soltei Jennie do meu braço e me aproximei, me curvando. Os dois homens mais velhos me encararam e meu pai apenas ergueu uma sobrancelha ao me ver.

“O que é isso? Acha que estamos onde para que você ande sem camisa por aí?” ele me repreendeu e apenas abaixei os olhos. Bem, eu vestia a calça e apenas o blazer já que não tive coragem de tirar minha camisa de Mo YunJi - na verdade, preferia que ficasse a ela a usar o roupão áspero do hotel em sua pele macia ou a roupa de outro homem.

O Senador Jang riu. “Ah, seu filho é mesmo um grande artista, meu amigo… Ele deve conquistar muitas garotas usando esse estilo. Quem me dera fazer isso” comentou e alisou a barriga “mas como pode ver, estou velho demais para isso”.

“Peço desculpas por ontem, Senador Jang” disse e me curvei um pouco mais. “Mas minha noiva sumiu e era minha prioridade encontrá-la”.

“Ah, está tudo bem… Você fez o certo” ele disse “ela parece bem agora”.

Como ele sabia? Olhei para onde ele estava olhando e notei que falava de Jennie. Ela ainda estava no corredor e acenou, bastante meiga.

“Ah, não, essa é minha amiga e hoobae da companhia” expliquei.

“Ah” foi tudo o que ele disse.

Jennie não esperou um convite. Ela se aproximou e se apresentou para eles. Meu pai a olhava com aprovação, bem diferente da forma como olhou para Mo YunJi.

“Bem, sua mãe estava preocupada… Mas vamos ao meu escritório conversar” meu pai sugeriu, falando mansamente, para manter a imagem na frente daquelas pessoas. Me despedi deles e o segui. Assim que entramos em seu escritório, ele foi em direção a sua mesa e se serviu de uma dose generosa da sua bebida. Permaneci de pé e segurei minhas mãos na frente do corpo. “Você é um artista mundialmente famoso, devia se envergonhar de andar por aí dessa forma, não estamos mais nos anos 90”.

“E nem estamos mais em Joseon para que o senhor escolha com quem devo me casar” respondi.

Meu pai sentou-se em sua cadeira confortável, abismado que lhe respondi. “Sua educação está onde, JiYong?”.

“O que disse a Mo YunJi?”.

“Nada demais… Você já avisou sua mãe que resolveu dar o ar da graça? Sabe que ela ficou o dia todo preocupado com você e com essa garota?”.

“Eu falarei com ela depois, mas antes, eu quero saber o que o senhor falou para Mo YunJi”.

“Você deveria procurar outra pessoa… Uma mulher sem família, sem identidade, sem nada? Tão inferior, será uma vergonha para todos”.

Respirei fundo, controlando a minha vontade de despejar palavras maldosas. “O que o senhor disse a ela?”.

“O que você acha que eu disse?” meu pai tomou uma dose da bebida e deixou o copo na mesa, em cima do porta copos. “Como eu te disse, JiYong, a garota não é burra, ela entendeu que o seu lugar não é aqui… Ela notou que levamos a sério a ideia de família, ela nem sabe quem é o pai dela, como pode ter uma noção dessas? Filha de um caso, a mãe dela deve ser uma desavergonhada… Modos refinados e o ritual, essa garota nem ao menos possuía isso. Trouxe uma mulher totalmente fora de todos os padrões aceitáveis”.

Quis gritar que ela era perfeita, no entanto, eu sabia que isso apenas o incentivaria a ser pior com a minha garota. Appa fazia acusações sérias contra a família de Mo YunJi e eu não tinha o retrucar porque não a conhecia suficiente. Ela falou tão pouco, nunca parecia à vontade.

Appa… Eu vou me casar com ela” disse com uma voz contida “o senhor aprovando ou não”.

“Isso jamais vai acontecer” ele afirmou “essa garota Jennie, ela é adequada, comporta-se de maneira refinada e é famosa como você… Por que ela não serve? O bebê de Mo YunJi pode ser nosso assim que nascer, eu vou entrar com uma ação para ter a guarda da criança”.

Não quis acreditar que ele disse isso, contudo, foi o que ouvi. O ar parou de circular a minha volta e tornou-se insuportável a pressão que senti. “O senhor disse isso a ela?” perguntei com uma voz fraca, realmente lutando para não acreditar no que escutei. Meu pai era uma pessoa cruel. mas ele não a teria ameaçado dessa forma… Não, não podia ser. Essa era uma atitude desumana e isso explicaria porque Mo YunJi estava com tanto medo. Minha pobre garota, não conseguiria falar sobre isso sem desmoronar e ela já estava fazendo todo o esforço possível para isso.

“Claro que sim, já que agora ela não pode mais tirar… Já que a criança virá ao mundo, se crescer num ambiente saudável, talvez tenha mais chances dos genes defeituosos da mãe não atuarem já que ela não estará por perto… E mesmo se acontecer, teremos condições de tratar antes que se torne um caso perdido”.

Meu pai falou com o tom sério, aquele que eu sabia que significa não haver chance de discussão. Então, eu fiz a única coisa que poderia fazer. Fiquei de joelhos e ele se levantou da cadeira, horrorizado com meu gesto. Eu iria implorar para que não fizessem nada com Mo YunJi. Nem mesmo meu dinheiro, meu prestígio venceriam as normas rígidas da sociedade, meu pai ganharia qualquer ação contra a minha amada e isso não era certo.

A porta de correr foi aberta e não olhei para quem entrava, apenas encarava meu pai, firme no que pretendia fazer. Ele estava sem fala. “JiYong… Querido… Oh meu deus” era a voz da minha mãe “feche a porta, DooJoon-sshi” ela pediu e concluiu que meu agente estava com ela. Ouvi a porta ser fechada e minha mãe entrou no meu campo de visão, com a mão na boca, horrorizada. “O que está fazendo, meu filho?” ela perguntou.

“Implorando para que não machuquem mais Mo YunJi”.

“Levanta” meu pai ordenou.

“Não” respondi.

“JiYong…” minha mãe pediu.

“Como pode ter dito isso, appa?” falei quase sem voz, de coração partido e decepcionado. “Eu amo aquela garota, como pode ter sido tão cruel com ela? Por favor… Eu imploro que não a machuquem mais e já peço perdão por fazer algo que não aprovam, mas eu vou me casar com ela. O filho é meu, um homem decente, de acordo com o ritual, deve tomar suas responsabilidades. Uma mulher não pode ficar desprovida e ser motivo de risadas”.

Se era verdade sobre Mo YunJi ser filha de um caso, e devia ser porque appa teve acesso aos dados levantados por DooJoon-sshi, o pai dela era tão irresponsável quanto a mãe dela. Não queria julgá-los ter feito isso, afinal, não conhecia todos os fatos, mas jamais permitiria que YunJi criasse a criança sozinha e solteira. Eu a amava e estava satisfeito em ter uma família, como a minha, com amor (apesar de toda aquela rigidez) durante todos os anos. Meu pai não era uma pessoa ruim, no entanto, ele tornou-se cruel quando me tornei rico, queria controlar o meu sonho e não deixar que eu perdesse essa oportunidade criada. Ele permitiu que eu seguisse meu sonho com a música e me apoiou em tudo o que precisei, sempre falando que um homem devia seguir seu próprio coração. Mo YunJi era meu coração, era meu norte, eu sempre a seguiria.

“Levanta” ele ordenou novamente, furioso. “Nenhum filho se humilha por mulher alguma. Levanta”.

Então, assim como era necessário, eu abaixei a cabeça até o chão, muito triste por Mo YunJi. Aquele viagem a Jeju, um dos melhores lugares da Coreia do Sul era apenas para que ela conhecesse meus pais e o que fizeram a ela? Não era assim que eu imaginei as coisas, mas eles não viam o que eu via nela, toda a sua beleza, sua força, seu caráter. “Por favor” implorei.

Escutei a respiração alterada do meu pai e o choro contido da minha mãe. Mas não levantei, não até ter uma resposta. Eu faria qualquer coisa por YunJi.

“O que é isso? Tem mel na vagina daquela mulher?” meu pai resmungou furioso “jamais terá meu perdão, JiYong, jamais terá a minha aprovação… Se prefere arruinar tudo o que construiu por causa dessa mulher, então faça isso. Ainda é um cidadão sul coreano, tem seu direito de agir, mesmo que como um idiota aos olhos de toda a sociedade, mas nunca terá a minha aprovação. Saia da minha presença agora”.

“Não querido… JiYong, por favor, levante, filho” minha mãe se aproximou de mim e eu esperei. Foram momentos de muita tensão, eu sentia meu corpo duro, determinado. Só precisava pensar em Mo YunJi que ficava ainda mais convencido que era o certo. Meu pai rosnou, furioso, sai de trás da mesa e passou por nós, saindo do escritório.

Sem estar mais na presença dele, eu senti que tinha perdido todas as forças. Omma me ajudou a me levantar juntamente com DooJoon-sshi. Não conseguia encará-los. “Me desculpe, omma… Ele machucou tanto ela” murmurei. “Mo YunJi está cheia de pavor pelas ameaças dele… Ela é uma pessoa boa, omma, não merecia isso”.

“Oh, meu filho” ela me abraçou e com tanto carinho, eu pensei que tinha feito o que podia fazer. Iria pegar as coisas e levar minha Mo YunJi para o mais longe deles. Apenas quis que meus pais a tivessem amado da mesma forma que amavam a mim e minha irmã e que a tivessem aceitado como filha.

Minha preciosa Mo YunJi, cuidaria dela como todo o amor que era necessário.

 

Quando voltei ao hotel, o quarto estava vazio. Deixei as malas perto da porta e procurei por ela com os olhos. Abri a porta do banheiro e Mo YunJi estava sentada na beirada da banheira esperando que a mesma enchesse. Ainda vestia minha camisa e o nariz continuava vermelho. A tomei no braços e beijei os lábios dela com carinho. A princípio, ela ficou confusa e depois deixou que eu a mantivesse cativa ali. Alisei suas costas e respeitei aliviado.

“Você está bem? Demorou tanto, eu estava preocupada” ela murmurou.

“Eu estou muito bem agora” respondi.

Afastei um pouco para olhar o rosto dela. Ninguém tiraria o bebê dela, eu a protegeria com a minha própria vida. “Casa comigo, Mo YunJi e não terei mais com o que me preocupar. Vou cuidar de você e da bebê, seremos uma família”.

“JiYong-sshi...”.

“Apenas diga sim, YunJi-sshi…”.

“Seus pais concordaram com isso?”.

“Não… E quer saber, eu não dou a mínima” disse e acariciei a bochecha dela. Mo YunJi fez uma expressão de sofrimento.

“O que eu destruí agora?” perguntou com uma voz sofrida.

“Nada… Você não destruiu nada, eu juro. Eu apenas me soltei de uma amarra, se eu não tiver peso nas minhas patas, eu posso voar atrás da minha Mo YunJi” respondi e beijei os olhos dela. Recebi seu abraço forte.

“Meu deus, você é um idiota…” ela disse com uma voz chorosa. Ficamos assim até ela se afastar e me olhar no olhos.

“Vamos, Mo YunJi, me dê a honra de ser conhecido como seu marido, nada mais me faria mais feliz no momento”.

Ela sorriu achando divertido. Coitada, nem ao menos estava mais sorrindo. Olhei para a banheira quase pronta e me afastei para tirar o blazer e deixá-lo cair no chão. Nos livramos das roupas e entramos no espaço com água quente. Ela ficou entre minhas pernas e fiquei as suas costas, a abraçando. Ali com ela em meus braços, todo o universo estava certo.

“Eu comprei passagens para amanhã cedo” comentei, passando espuma nos ombros dela. Beijei sua nuca e a senti estremecer. “Não vou deixar mais ninguém te machucar” murmurei contra a pele dela.

YunJi apanhou as minhas mãos e as levou para sua barriga. Então, lentamente, ela começou a relaxar e deitou-se em meu peito. “Está bem, Kwon JiYong, eu me caso com você” murmurou de olhos fechados.

“Sério?” perguntei, me assustando com a confirmação repentina.

“Sim… A bebê fica tão calma com você… Eu fico tão calma com você” ela abriu os olhos e me fitou. “Que os antepassados não permitam que eu destrua mais nada” disse “eu destruo tudo o que eu amo” confessou com a voz baixinha.

“Meu amor… Você não vai destruir nada. Eu sou Filho do Vento Leste, Mo YunJi. Eu sou indestrutível” disse, piscando um olho.

Ela me olhava com seriedade. Ergueu a mão da água e tocou meu rosto. “Eu te amo” murmurou. Naquele momento, eu soube que tudo valeria a pena.


Notas Finais


Se você gosta do meu JiYong e gosta de ler sobre ele em diversas facetas, deixo um convite pra ler a minha Nyongtory em https://www.spiritfanfiction.com/historia/im-not-in-love-12547350 (◕ ˬ ◕✿)


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...