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História Esse Amor - Café e Declarações (pt 2)


Escrita por: Nymus

Notas do Autor


Olás,
finalmente consegui escrever. E sim, eu falo muitas coisas e faço bem poucas delas, sendo assim, vou parar de falar a respeito do rumo das coisas já que gosto de me contrariar.
A narração como JiYong não fluiu e troquei pra YunJi e me agradou mais.

O próximo capítulo em breve.
A próxima história é do TOP com a ChaeWon e o nome será "não vamos nos apaixonar". Sim, eu sei que tem zilhões de histórias com esse nome, no entanto, todas as histórias que pretendo escrever, para cada um deles, terá como título nomes das músicas do BB.

Se quiser comentar e me falar o que acha e do que não gosta, ficarei feliz em saber.
Boa leitura... E claro, pode ter erros porque sou uma péssima revisadora.

Capítulo 54 - Café e Declarações (pt 2)


[YunJi]

Não sabia se estava acordada ou num sonho. Desde o dia anterior, eu não conseguia mais pensar no que era a realidade e porque as coisas eram tão cruéis para mim. Talvez fosse um sonho, um dos poucos bons, a maior parte do tempo era assolada por pesadelos terríveis que me faziam acordar gritando. Depois desses anos, ainda revivia em minha mente o momento que fui empurrada da escada.

As vezes, eu sonhava com JiYong, quando adormecia com os fones de ouvido, escutando suas músicas tristes. No ambiente onírico, nos amávamos de forma intensa e quando despertava, a angústia me fazia companhia por dias a fio.

Achei que nunca mais o veria. Então, ainda não sabia se o que estava acontecendo era real. Ele, ali sentado na minha frente, com uma aparência cansada e as roupas que vi usando no dia anterior. Não havia nada de glamouroso nele, nada que lembrasse que ele era um astro - embora eu tivesse essa consciência o tempo todo, nada. Ele parecia quase mundano, quase como qualquer outra pessoa que estivesse presente naquele café. Talvez minha imaginação me pregava peças, não era como se Kwon JiYong pudesse ser alguém comum. Ele nunca seria.

Estava sonhando quando ele me pediu desculpas pelo nosso fim. Quantas vezes imaginei aquele momento? Quantas vezes eu esperei, olhando pela janela, para ver ele chegando na porta da minha casa e me pedindo desculpas. Não podia ser real…

No entanto, era.

Quando segurei a sua mão e fui levada aquele lugar que somente ele poderia me assegurar, entendi que estava acontecendo. Eu sempre quis saber o porque de tudo o que aconteceu e que levou ao final do nosso relacionamento. JiYong me deu muito mais do que isso ao contar tudo, sem esconder detalhes, do que pensou e do que sentia. Um homem não falaria sobre sua insegurança e fragilidade se não estivesse disposto a mostrar todos os seus lados. Homens eram orgulhosos, regidos por sentimentos fortes e pressão da sociedade. Aquelas palavras eram parte de sua desculpa ou ele estava sendo sincero?, duvidei em pensamento, mas tornava-se óbvio que ele estava sendo o mais verdadeiro que conseguia.

Enquanto nossas mãos permaneciam unidas, percebi que cedia. Aquele mentiroso e patife partiu meu coração e eu ainda queria estar com ele. Não era certo ficarmos juntos e nem era certo ficarmos separados. Queria estar nos braços dele, ouvindo que tudo ficaria bem, mesmo quando eu sabia que não ficaria.

Essa vontade me magoava ainda mais.

Você é a mulher que eu amo” JiYong disse, com total segurança. Nunca deveria ter perguntado quem eu era, pois sabia bem. As palavras representavam mais do que podiam. Ele desejava se reconectar comigo e no fundo, esse também era meu desejo.

Aquele incômodo desespero voltou a aflorar, tão denso, que roubava meu fôlego. A realidade pesando com a gravidade, me forçando a ficar no chão, onde era meu lugar. O grande “isso não vai acontecer” se repetia em minha mente.

“Por favor, pare de falar essas coisas desnecessárias” pedi, tentando me acalmar.

Ele assentiu, de leve. Os olhos castanhos denunciavam seu nervosismo. Abaixei a vista para a minha xícara de café vazia. Queria ficar com ele, mas parecia que quanto mais tempo juntos, mais desolada eu me sentiria depois.

Soava como um amor proibido. Em meu egoísmo, desejava que meu bravo Dragão fosse somente meu. Havia tantas coisas entre nós e elas alimentavam minhas inseguranças e meus medos.

Suspirei, sem conseguir me desvencilhar dos empecilhos que ocupavam o espaço entre nós. Escolhi aquele lugar para provar que havia algum senso de refinamento da minha parte. Não que precisasse provar alguma coisa, mas eu precisava. Deixei que palavras amargas vindas da família dele me tomassem e passava muito tempo remoendo essas coisas. Daniel dizia que eu ficaria doente se continuasse com o comportamento destrutivo. Então, ele me abraçava com força e murmurava que não havia ninguém ali para me diminuir.

Jamais conseguiria calcular a sorte que tive por conhecer Daniel. Pensei que poderia lidar com todas aquelas dificuldades sozinha, mas era impossível. Não possuía a mesma força de antes e estava cansada. Terrivelmente cansada. A solidão que ameaça consumir minha alma, ficava branda quando Daniel estava por perto. Ele foi aquele que estendeu a mão e perguntou como eu me sentia e o que queria fazer.

Depois de tanto tempo tentando me acostumar a novos costumes e superando o passado difícil, eu ainda desejava JiYong estivesse ao meu lado. Poderia culpá-lo por tudo tanto quanto podia me culpar por tudo. Mesmo que odiasse o fato das coisas entre nós não estarem resolvidas, os trilhos por onde nossas vidas andavam, levavam para outros lugares e parecia que não se conectariam mais.

“Mo YunJi, você está feliz aqui nos Estados Unidos?” JiYong perguntou, tentando disfarçar seu nervosismo.

“Sim. As pessoas gostam de mim” respondi, tirando os óculos do topo da cabeça para guardá-lo na bolsa.

“As pessoas gostam de você na Coreia também” ele argumentou.

“Não é verdade… Pessoas que amam você tentaram me matar… Por favor, não…” minha boca fechou-se, sem conseguir pronunciar mais nenhuma palavra. O desespero aumentou e apertei as mãos no colo para que ele não visse como tremiam. A simples ideia de ser machucada ou de repetir a experiência que vitimou nossa filha me enchia de pavor.

Quando tornei a olhá-lo, seus olhos estavam fixos no meu rosto. Uma expressão muito séria, atenta e levemente cruel tomava conta de suas feições. Eu nunca o vi daquela maneira e senti medo do que ele pudesse estar pensando, do que ele pudesse fazer, de que ele arruinasse a imagem de ídolo.

Quis ir embora. Nada daquilo estava certo. Ele não devia ter vindo. Eu não deveria estar ali.

Fiz menção de me levantar, acovardada pelo medo e insegurança. Ele se levantou antes e me impediu de sair. Minha respiração estava alterada, o pânico fazia com que tremesse toda. Meus olhos já estavam molhados pelas lágrimas que não podia conter.

“Você está bem?” perguntou.

“Julia” a voz de Molly surgiu em meu resgate. JiYong deu passagem a ela, que se ajoelhou do lado da cadeira onde eu estava sentada. “Respira, Julia, apenas respira”. Ela segurou as minhas mãos com força e fiz o que ela mandou. Aos poucos, tudo foi voltando ao normal, os tremores cessaram e eu voltei a ser a dona do meu corpo. “Isso mesmo, boa garota” Molly sorriu e consegui sorrir de volta. “Vê? Está tudo bem” afirmou “você não pensava em ir embora sem provar o café, não é?” deu uma piscadela para mim e ficou de pé, olhando para JiYong. “Só precisamos de calma por aqui” ela disse a ele.

JiYong me olhou, o rosto ainda com aquela expressão muito séria. Em pé, a presença dele ficava mais forte. Me perguntei o que ele acharia se eu me refugiasse naquela força. Somente um pouco, o suficiente para me sentir bem novamente. Reconhecia que estava tudo bem abaixar a cabeça, nem que fosse um pouco, para que alguém tocasse os cabelos e falasse que tudo se resolveria.

Molly se afastou assim que avisei que estava melhor. Murmurei uma desculpa para ele, um pouco constrangida. Não podia conter aquelas crises, embora conseguisse lidar com elas de maneira mais eficaz agora.

“Desde quando você está assim?” inquiriu, ainda de pé, me encarando do alto.

“Já estou melhor” respondi.

“Mo YunJi… Se você quiser, eu vou embora. Está mais do que claro que você não me quer aqui…” falou. Notei que ele apertava os dentes e que suas mãos estavam fechadas. Uma estranha aura emanava dele e percebi que ele estava furioso.

“Achei que quisesse participar da degustação” murmurei. Apesar de todos os motivos contrários esbanjarem sabedoria e um senso de autopreservação, falei sem pensar, apenas querendo ficar com ele mais um pouco. Droga, isso doeria tanto depois.

A expressão de JiYong suavizou no mesmo instante. Ele sentou-se na cadeira que Molly pegou, bem próximo, apanhou as minhas mãos entre as suas. O contato quente e inesperado trouxe agitação para meu corpo recém-relaxado. Eu amava o toque dele.

“Faz tempo que você está assim? Eu causei isso a você?”.

“Não se preocupe com isso, algumas vezes, eu esqueço de respirar” tentei amenizar. 

“Eu sei o que acabou de acontecer, eu senti isso algumas vezes, depois que você foi embora” ele confessou, com uma voz baixa.

Bem, seria mentira se eu falasse que não sabia. Eu me empenhei para deixar o meu belo Dragão para trás, seguro em alguma parte do passado onde eu era feliz. No entanto, sentia tanta falta dele que comecei a procurar entrevistas, fotos, tudo o que pudesse me conectar aquela memória. Diante dos meus olhos, vi o exuberante Dragão sorrir de maneira mecânica, sem ter aquela luz adorável em seus olhos. Ele perdeu ainda mais peso e parecia cansado nas apresentações. Seu esforço era evidente e, de alguma forma, usava como inspiração para seguir em frente, na direção que eu sempre quis seguir e que me levava para longe dele.

Por que somos tão infelizes?

“Estou feliz que esteja aqui” falei no mesmo tom e senti ele apertar as minhas mãos.

JiYong sorriu. “Não tente se esconder de mim… Esse homem, Daniel, ele cuida bem de você? Ele sabe que você fica assim?”.

Se Daniel sabia? Meu deus, ninguém conseguia esconder nada dele. Era uma queixa constante de atores, diretores. Alguém sempre falava “que Daniel era o único produtor de toda a Los Angeles que ninguém conseguiria enganar”. Concordava com todas aquelas reclamações, achava irritante como ele conseguia fazer as pessoas confessarem tudo. Ainda assim, a par de meus tormentos, Daniel profetizava que tudo se resolveria quando as questões chegassem ao fim. Daniel era um romântico otimista.

“Sabe sim, é claro” respondi.

JiYong não comentou nada, apenas balançou a cabeça, num típico gesto de quem entendeu. “Você tem se cuidado?” tornou a perguntar, olhando para nossas mãos unidas.

“Claro que sim, quem mais faria isso por mim? Eu sei me cuidar, não tinha ninguém que fizesse isso…” repliquei com um tom baixo.

“Você não deixou que eu cuidasse de você…”.

“Porque você não queria fazer isso, você queria me manter presa no seu apartamento… Isso não é cuidar”.

JiYong suspirou, derrotado. “Você é autossuficiente, Mo YunJi… Não é e nunca foi uma pessoa que precisasse dos outros, pode resolver tudo sozinha. Eu gostaria que tivesse confiado mais em mim… Que tivesse se apoiado mais em mim… Eu nunca soube como tratá-la com a decência necessária...”.

As palavras dele eram ecos de HaeSol. Não consegui responder porque sabia do que JiYong falava e não quis falar que o momento que mais precisei dele foi no hospital e ele parecia me odiar. Eu ouvi sua explicação a respeito, mas não era suficiente para cicatrizar aquelas feridas. Ainda que quisesse culpá-lo, me ressentia com o fato de não ter sido uma pessoa fácil, mas como ser se eu somente enfrentei adversidades?

Olhei para nossas mãos unidas e como ele acariciava a minha palma com cuidado. No gesto simples, ele estava cuidando de mim. “Você sentiu a minha falta?” perguntei, erguendo os olhos.

“Todos os dias” ele respondeu com suavidade. Eu também, quis confessar, mas me mantive calada. Nada daquilo ajudaria para quando fôssemos embora.

Um garçom se aproximou para avisar que a degustação aconteceria. Um alívio, assim podíamos encerrar aquele momento e guardar as palavras desnecessárias. Eu já tinha participado de outras degustações, Molly era uma das melhores baristas dos Estados Unidos e Daniel, como um bom menino apaixonado, fazia questão de comparecer a quase todas - quando tinha agenda para isso. Enquanto a olhava falar sobre os grãos de café, notei que ela descaradamente flertava com JiYong. Ele ficava corado, tímido com a iniciativa dela. Eu teria achado engraçado se não soubesse que ela podia estar falando sério, Molly era uma predadora, ao menos, era como Daniel se referia a ela. Eu nunca entendi a relação dos dois e ele dizia que eu era muito antiquada para entender relacionamentos modernos.

Pior que isso, Molly sabia quem era JiYong e o que ele representava para mim. Dar em cima do homem que eu amo não era um comportamento adequado de uma amiga. Então, eu lembrava que ela não era minha amiga e sim namorada (ou alguma coisa nesse sentido) de Daniel.

Separados como estávamos, JiYong poderia entender que não havia nada de errado. Mal suportava ver ele com outras mulheres, naquelas fotos de paparazzis, não conseguiria viver se ele tivesse algo com Molly. Mesmo que ele não incentivasse a barista, sua timidez podia ser interpretada como um sim. As pessoas nos Estados Unidos entendiam paquera de outro jeito.

Enciumada, eu toquei a coxa dele como forma de chamar sua atenção. Faíscas elétricas passaram pelo meu corpo, aquele conhecido e saudoso estágio antes de me apoderar daquele homem. Meus dedos apertaram a perna dele, de forma possessiva. JiYong parou de olhar a exuberante Molly e me encarou. Eu me aproximei do rosto dele para murmurar as qualidades daquela degustação, explicando como seria intenso descobrir os gostos dos cafés e que eu sabia que ele gostaria. Senti o cheiro do sabonete, o calor que emanava do corpo dele. Quando me afastei, notei a respiração irregular e os olhos escurecidos pelo desejo. Recolhi a minha mão, descobrindo tarde demais que cometi um erro.

Tive vontade de beijá-lo, de me enroscar no corpo dele, de ficar perto como antigamente. Lá estava aquele impulso primitivo que me jogava nos braços deles, sem considerar mais nada. Foi como voltar no tempo, como se nada do que tivesse me magoado ou de todos os esforços que eu fiz para estar naquele país, importassem.

Tentei me concentrar no que Molly falava, sabendo que JiYong estava me encarando, sem se importar com mais nada. “Mo YunJi” ele murmurou meu nome, com o tom sensual que me deixava arrepiada.

Novamente, o desespero começou a crescer dentro de mim. Eu fiquei de pé, temendo que caísse com a fraqueza nas pernas. “Foi uma alegria revê-lo” murmurei e ele se levantou do banco “mas eu acho que você deveria descansar para aproveitar sua semana por aqui” falei, dando as costas e caminhando para a porta. Ouvi ele me seguindo e na rua, eu acenei para um táxi.

“Mo YunJi… Por que está indo embora?” ele perguntou quando o táxi encostou e eu corri para dentro do veículo como se pudesse me salvar daqueles sentimentos contraditórios.

“Você deve descansar, JiYong-sshi… E talvez comprar algumas roupas, tem boas lojas na rua debaixo”.

“Mas você não provou os cafés” argumentou, segurando a porta do táxi.

“Ah, eu posso vir com Daniel depois” respondi e sorri, sabendo se que ficasse mais um pouco eu teria outra crise na frente dele. Minha resposta o fez recuar e assentir.

“Eu quero vê-la mais uma vez… Por favor, Mo YunJi”.

Eu perdi o fôlego e apenas soltei um “Veremos”, antes de mandar o táxi seguir. Antes mesmo de falar o destino, eu cobri o rosto e evitei gritar. Estava muito cansada e infeliz, tudo o que queria era deitar na minha cama e chorar até que me conformasse com o rumo que nossas vidas tomaram.



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