História Esse mordomo, sonhando - Dentro do sonho

Ciel Phantomhive, 13 anos, único sucessor vivo da família e empresa  de brinquedos e doces "Phantom Company" e aristocrata do submundo, conhecido como "cão de guarda da rainha". Perdeu seus pais num incêndio intencional causado á 3 anos atrás e foi sequestrado e vendido como sacrifício à uma seita satânica.

O garoto ficou desaparecido por tempos, mas um dia, voltou junto de um homem estranho que alegava ser seu mordomo. Sebastian Michaelis, o demônio à quem Ciel prometeu sua alma assim que vingasse a morte de seus familiares e às pessoas que o fizeram passar essa vergonha. As regras que o garoto impôs ao seu serviçal eram simples e claras:

1. Nunca mentir.

2. Obedecer todas as ordens.

3. Protege-lo e nunca trai-lo antes de ter sua vingança completa. 

E foi assim que tudo começou...

{...}

~Ciel despertou em um lugar nada confortável. Era um solo frio, úmido e sujo, além de ser duro. Seus olhos se abriram devagar se acostumando com a fraca luz da lua que refletia diretamente em seu rosto. 

Os borrões tomaram forma, e depois de alguns segundos ele estava consciente mas totalmente confuso. Uma floresta. Estava dentro de uma floresta, ou mais especificamente, uma clareira. Um círculo de enormes árvores rodeava o lugar onde estava, e a lua estava em seu ápice no céu. Vagalumes passewavam lentamentede um lado para o outro, iluminando algumas flores que faziam uma pequena trilha por volta de toda a extensão da clareira. Era simplesmente lindo...

Mas Ciel não deu muita atenção à esses detalhes, pois a única coisa que passava em sua cabeça era "como eu vim parar aqui?" 

Olhou ao redor afim de tentar compreender onde estava, mas devido a penumbra da noite, era impossível saber. Apenas uma fresta de luz era vista e parecia estar a quilômetros de distância, podendo ser facilmente confundido com outro vagalume. Como não se mexia, acreditou que pudesse ser uma cabana ou até mesmo um vilarejo. Sim, só podia ser isso. 

Apressou-se a sair dali a passos largos, tomando cuidado enquanto praticamente corria para sua possível "salvação" daquele lugar horrível. Ciel estava com pouquíssimas roupas, apenas a tradicional camisola branca que vestia todos os dias para dormir e seus pés sem sapato nenhum. Era uma noite muito fria, cerca de uns 13 graus ou, se duvidar, até menos. Seria um enorme problema caso sua asma atacasse...

"Se Sebastian estivesse aqui, poderia me levar embora e eu não teria esse proble-" -pensou, e logo um choque de realidade o atingiu. Onde estava seu mordomo? 

Tirou o tapa-olho de seu rosto e abriu os olhos. A cor púrpura de seu grande olho com a marca do contrato brilhou levemente

-Sebastian, apareça! Isso é uma ordem! ...

Silêncio 

-Sebastian! Apareça! -...

Mais silêncio 

Sebastian não estava ali, e isso deixou Ciel extremamente irritado. Como poderia, seu demônio não estar lá para ele quando o chama?

No português claro, Ciel mandou o "foda-se" e continuou seguindo seu caminho sozinho, chegando em pouco mais de meia hora em seu destino. Os pés doíam e estavam machucados de tanto pisar em pedras e galhos quebrados no chão, mas mesmo quando conseguiu alcançar a luz, não desistiu de continuar andando até ver uma casa imensa a frente, que descobriu ser sua mansão depois de chegar um pouco mais perto.

-Eu estava na minha propriedade e aquele desgraçado não veio quando eu chamei? Maldito filha da p-

Murmúrios foram ouvidos de perto, o que fez Ciel se calar na hora. Espiou atrás da parede quem estaria fora da casa à aquele horário e a cena foi surpreendente.

-Sebastian! Eu estou tentando dormir, faça menos barulho! 

-Me desculpe Jovem Mestre, mas foi uma ordem sua para que eu "fizesse a limpeza"

-Faça silenciosamente! 

-Sim, meu lorde.

Depois de sua breve reverência o moreno agarrou um dos vários bandidos que o atacavam ao mesmo tempo e torceu-lhe o pescoço. Sua própria imagem de 3 anos atrás fechou bruscamente a janela e voltou para a cama.

Foi a mesma cena de quando haviam acabado de fazer o contrato. 

"Mas que merda é essa?" -Se aproximou devagar do mordomo que estava concentrado em seu trabalho e nem notou sua presença... ou foi isso que ele imaginou. 

-O que veio fazer aqui? -ouviu a voz grossa de seu mordomo soar enquanto enfiava as afiadas unhas na garganta do último ladrão que caiu de joelhos após o sangue jorrar como um chafariz.

-Sebastian, o que você está fazendo aqui? Por que não veio quando te chamei na floresta?

-E por que eu deveria ter ido atrás de você? -virou-se devagar, e quando Ciel viu seu rosto, estremeceu. Sebastian estava em sua forma demoníaca, ou pelo menos a que ele achava ser já que nunca havia visto a mesma. Os olhos brilhavam num vermelho intenso, pareciam dois faróis. As garras enormes, as asas negras e os dentes afiados pareciam facas. 

O demônio se aproximou do garoto que tinha os olhos arregalados e o puxou pela gola da camisa, o levantando até ficar de sua altura.

-Seu tempo acabou.

Sussurrou, antes de enfiar duas garras afiadas em sua garganta, rasgando todo seu interior.

Ciel foi perdendo a consciência pouco a pouco enquanto cuspia sangue, olhando uma última vez para aquela forma assustadora, que sorria.~

-Cof cof...arrgggg.. cof cof... hãan... cof cof cof

Ciel acorda tendo um ataque de asmas, desesperado para ter um pouco de ar. Sebastian abre a porta do quarto correndo para a cama de seu mestre com sua bombinha em mãos. Colocou em sua boca apertando duas vezes depois de deitar Ciel na cama, dando espaço para que pudesse recuperar o ar já que estava ofegante.

-Jovem Mestre, você está bem? -seu semblante era de pura preocupação, enquanto o menino se recuperava pouco a pouco. Assim que a crise passou, olhou para Sebastian ameaçador

-Onde você esteve?

-Perdão...? -arqueou uma das sobrancelhas

-Onde você esteve, Sebastian? Onde esteve quando te chamei? 

-Jovem Mestre, se tivesse me chamado com certeza eu estaria aqui para lhe servir. Posso afirmar com total certeza de que não fui solicitado. -fez uma pequena referência para seu mestre de olhos fechados. Ciel bufou e revirou os olhos, balançando a cabeça. Já havia se tocado de que tudo não passava de um sonho, mas ainda sim não conseguia esconder a raiva que sentiu. Principalmente por ter sido atacado.

-Esqueça, temos muito a fazer hoje. Vamos. 

Se levantou da cama enquanto o mordomo colocava suas vestes tradicionais, curioso com o que havia acontecido com seu pequeno mestre.

-Teve um sonho ruim? -perguntou, retirando a camisola e colocando outra blusa.

-Nada demais... 

-Tome cuidado, Jovem Mestre. Se tiver outro ataque desses pode ser perigoso...

"Quem foi o causador esse ataque?" -pensou, engolindo a vontade de dizer isso diretamente ao mordomo. Infelizmente não podia, afinal, nada daquilo foi real. Não poderia acusar seu servo por algo que ele não fez.

-Se eu não estivesse em perigo, talvez isso não teria acontecido. -Sebastian terminou de colocar suas roupas, e agora vestia as meias junto com os calçados

-Sonhos podem ser perigosos, mas não são reais. Não significa que algo que tenha acontecido em seu subconsciente aconteça em sua vida. -terminou de vesti-lo, agora indo em direção as janelas para abri-las.

Essa frase não poderia ser mais irônica, e isso fez o garoto de cabeleira azul sorrir em deboche.

-Espero que isso seja verdade. 

-Não se preocupe -Sebastian se aproximou de seu amo, abaixando para ficar em sua altura enquanto se aproximava seus rostos com um sorriso -Não por enquanto.

Passou a mão pelo cabelo do garoto que estava paralisado com toda aquela aproximação. Sebastian mostrou sua mão 

-Tinha uma folha -sorriu de olhos fechados, se levantando e indo em direção a porta. 

-Estarei esperando com o chá na sala de jantar. 

Se Ciel tivesse prestado um pouco mais de atenção, talvez tivesse notado no sorriso que Sebastian deu antes de sair do quarto.