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História Esse mordomo, sonhando - A revelação


Escrita por: Lia_Katsuki

Notas do Autor


Depois de 9 capítulos de espera, aqui está a resposta para todas -ou quase todas- as dúvidas.
Ainda está confuso(a)? Caaaalma que você vai entender ;)

Capítulo 10 - A revelação


Havia se passado 3 horas desde que Ciel estava trancado em seu quarto, lendo o livro que Alois o emprestou. De início achou uma grande bobagem, mas algumas de suas dúvidas eram esclarecidas enquanto outras apenas o confundiam cada vez mais.

Quando o garoto decidiu que pararia de ler, uma frase aleatória o chamou à atenção:

“Você sonha com o que quer que aconteça.”

Tombou a cabeça para o lado, franzindo a sobrancelha. Não fazia o menor sentido, que tipo de pessoa que sonha com a morte deseja que isso aconteça? Ou que, talvez, um pato invada sua casa para roubar sua torta de limão?

Sim, Ciel sonhava com isso várias vezes quando era criança. E, sempre que ia no lago com seus pais alimentar os patos, ficava escondido em uma árvore para comer a torta de limão, que é seu doce favorito, com medo de que os patos o pegassem. Hoje se envergonha por aquilo, mas o que podia fazer? Era só um menino de sete anos.

Voltando ao presente, o conde releu algumas vezes a frase para tentar dar um sentido àquilo, falhando miseravelmente. “Ai é que está, não tem sentido algum!” pensou. Teve a ideia de ver quem escrevera a tal frase, indo para as últimas páginas onde continha uma breve explicação do autor, e para sua surpresa, descobriu ser uma mulher. Margaret Hopkins.

Espera, Hopkins?

-Então ela é parente da alfaiate... -murmurou para si mesmo -Interessante... -batidas foram ouvidas na porta, o assustando. Escondeu o livro rapidamente em uma gaveta do criado mudo, voltando a se deitar na cama -Entre!

-Com licença, Jovem Mestre. - era Sebastian -Vim ver se o senhor está se sentindo bem -ele ficou parado na porta, esperando a ordem de que poderia entrar, já que foi solicitado não importunar Ciel até a segunda ordem.

-Estou bem, mas precisamos ir à um lugar. -respondeu já se levantando, esperando o mordomo ir vesti-lo.

-Claro. Poderia perguntar para que lugar vamos, que vai tirar o Jovem Mestre de seu descanso? -Sebastian entrou no quarto indo ao guarda roupa pegar as roupas.

-Fazer uma visita à Nina Hopkins.

{...}

-Ciel! Que alegria vê-lo por aqui! -Nina abraçou o garoto, enfiando seu rosto em meio aos seios fardos -E... com o senhor mau gosto também - fez uma careta ao ver Sebastian, que retribuiu com um falso sorriso.

-Bom vê-la também, senhorita Hopkins.

-Senhorita Hopkins... Por favor, menos formalidade. Ou melhor, continue assim até me deixar fazer roupas decentes para usar.

-Esta decisão é unicamente de meu Mestre. E eu estou muito bem assim, senhorita Hopkins. Obrigada. -fez uma reverência educada.

-Um dia farei uma roupa magnífica para você, e verá que preto é uma cor horrível para se usar em todos os momentos.

-Estarei esperando sentado. -Sebastian lançou lhe um olhar provocativo, que foi devolvido da mesma maneira. Os dois compartilhavam de uma certa inimizade, já que Nina sempre tentava convencer o mordomo a usar outra roupa que não fosse preta, algo que destacasse seus “lindos olhos vermelhos”, mas o mesmo sempre recusava. Não que fosse uma decisão sua, mas...

Ciel, que ainda estava sendo esmagado pelos seios de Nina, empurrou-a para que pudesse respirar.

-O que veio encomendar dessa vez, conde? Não me diga que é outro vestido?

-O que? Não! Não é! -virou o rosto, lembrando da infeliz vez que precisou se vestir como uma garota. -Não vim encomendar nada dessa vez. Preciso de respostas apenas. - Ciel tirou o livro de seu sobretudo -A autora desse livro. É sua parente, certo?

Nina pegou o livro um pouco confusa, já que não se lembrava de ter visto nada do tipo. Folheou as folhas e, ao chegar na parte do autor, ergueu as sobrancelhas em surpresa.

-Jamais imaginei que ela realmente publicaria isso... -murmurou para si mesma, devolvendo o livro -Sim, Margaret Hopkins é minha irmã. Por quê?

-Preciso conversar com ela sobre algo que escreveu.

-Hmm... -Nina pareceu estar em dúvida se devia ou não falar -Olha, conde, eu gostaria muito de ajudar. Mas... Margaret foi embora de Londres a muito tempo. Não tenho notícias dela a oito anos. -disse, adquirindo uma expressão triste.

-Nem uma ideia de onde possa estar? O que está fazendo da vida? Nada?

-Sinto muito, mas não. -Nina respondeu com um sorriso melancólico, sentando na poltrona.

-Tudo bem. Darei outro jeito. -Estava pronto para dar meia volta quando foi barrado por uma pergunta.

-O que você precisa falar com ela?

-Sobre uma frase de seu livro. Preciso compreende-la. -Virou, encarando a mulher.

-Se me permite, posso dar uma olhada? -Nina pegou o livro e folheou as páginas novamente até a página marcada. – É essa?

-Sim. -Ciel ficou parado, não sabendo se deveria se sentar ou esperar ela devolver para ir embora.

-Hum... O que não entendeu?

-A frase. -respondeu como se fosse óbvio.

-Para mim, está muito evidente. -Lançou lhe um olhar sugestivo para que se sentasse, mas o garoto não o fez.

-Preciso de respostas, e não de enigmas para serem desvendados. Se não puder fazer nada a respeito, procurarei alguém que saiba. -respondeu já sem paciência.

-Então... -a morena se ajeitou na poltrona, colocando seus óculos -... o que quer saber?

Ciel olhou duvidoso para a mulher. Não sabia se deveria confiar nela, afinal, era apenas uma alfaiate. -Creio que não devo explicações a você.

-Claro que não, conde. - Hopkins sorriu -Mas sou irmã da mulher que criou esse livro, e estou oferecendo respostas que estive a vida inteira ouvindo. Se deseja procurar outra pessoa, por mim tudo bem. Mas saiba que não será a mesma coisa.

Depois de pensar um pouco, Ciel se sentou na poltrona a frente da dama.

-Sebastian, fique me esperando lá fora. -o mordomo fez uma reverência e se retirou -e então?

-Explique exatamente o que quer saber de mim, conde.

-Quero que me fale o sentido dessa frase. Como pode alguém sonhar com o que quer que aconteça? Isso não é possível. Aposto que ninguém sonha com coisas ruins querendo que se torne verdade!

-Ah, Ciel... -balançou a cabeça para os lados -Sempre tão racional...

-Não me chame pelo primeiro nome. E o que tem a ver eu ser racional?

-Quer dizer que você só usa essa cabeça para coisas lógicas, Phantomhive. -enfatizou o sobrenome -Não se interpreta todas as coisas com lógica, precisa buscar um significado mais profundo. “Você sonha com o que quer que aconteça” não é o que imagina, e sim você sonha com coisas relacionadas ao que acontece.

-Foi a mesma coisa que Sebastian me disse -murmurou baixinho.

-Está com algum problema relacionado a isso, conde? -Nina cruzou as pernas pendendo a cabeça para o lado, numa pose um tanto sensual. Mas estava longe de querer parecer sensual, ainda mais para um garoto de 13 anos. Só estava bem curiosa.

-De certa forma.

-Posso te ajudar se me disser. -sorriu.

Depois de pensar por um certo tempo, acabou por ceder a proposta de ajuda. Não ia, mas acabou fazendo. Ele só queria acabar com esses sonhos torturantes.

Contou desde a primeira vez que Sebastian invadiu seu sonho até o presente, omitindo apenas a vez em que tiveram uma relação sexual. Foi breve na explicação, mas Nina queria saber todos os detalhes para dizer exatamente o que se passava com ele.

-Então você só quer entender o que isso significa? -perguntava como se fosse a coisa mais simples do mundo -Ora, essa é fácil. Você tem uma obsessão por seu mordomo.

Ciel arregalou os olhos -Como é?

-Isso que ouviu. - Nina sorriu -Pense bem, Phantomhive. Sua família foi morta e você ficou sem ninguém, apenas seu mordomo. Ele está sempre ao seu lado e você depende dele para fazer muitas coisas. Não pense que eu não sei que trabalha no submundo como cão de guarda da rainha.

-Como é que... -Foi interrompido.

-Mas isso é outra história que não vem ao caso agora -ela abanou a mão como se quisesse deixar o assunto para lá -A questão é, você precisa desse mordomo com você, por isso gera uma obsessão.

O garoto ia discordar de tudo quando foi interrompido novamente, antes mesmo de começar a falar.

-Deixe-me terminar. - ergueu o dedo pedindo silêncio -Quando sonha com a morte, não significa que quer que Sebastian o mate ou que isso vá acontecer. A morte é fruto de seu trauma, o que significa que você ainda não superou o que aconteceu.

Ciel adquiriu uma expressão confusa. Claro que não havia superado o fato de toda sua família estar morta, mas nada do que fizesse os traria de volta. Passado é passado, e ele precisava seguir em frente de uma maneira ou de outra.

-Você está sendo irracional agora. -respondeu com os braços cruzados.

-Não, conde. Você que não está entendendo. -Nina estava séria sobre o que diria a seguir -Seu mordomo é muito parecido com seu pai na fisionomia, o fazendo nutrir sentimentos por ele como fazia com seu pai, mas de uma forma diferente. Por isso ele está sempre em seu subconsciente.

O garoto ficou pensativo. Fazia sentido o que a alfaite dizia mesmo que ele não concordasse com aquilo.

-E também -ela continuou- sonha que ele está o matando porque sua família foi morta e você se sente culpado, principalmente, por não ter salvo seu irmão. No final, você é só um garoto solitário que precisa de amor como qualquer outra pessoa, e Sebastian é a pessoa mais próxima de fornecer esse amor a você.

Ciel não conseguia assimilar o que a mulher o dizia. Sebastian era um demônio que queria comer sua alma, e Ciel um garoto que se aproveitava dele para conseguir sua vingança. Não existia “amor” naquilo!

Infelizmente, Ciel demorou um bom tempo para perceber que a mulher tocara no assunto de seu irmão, coisa que ninguém, além do próprio Sebastian, sabia.

-Como me explica, então, o fato de eu ter sonhado que estávamos fazendo sexo?! -o sangue do conde sentiu seu sangue gelar depois de ouvir o que tinha dito. Tentou concertar o que disse, mas Nina foi mais rápida ao responder.

-Simples. Sebastian foi o único a quebrar essa barreira que se formou em sua volta, o único que você confia. Você gosta dele.

Ciel sentiu como se seu cérebro tivesse parado de raciocinar. Levantou-se para sair daquele lugar sem dizer mais nada, porém, um choque de realidade o atingiu.

-Como você sabe do meu irmão?

A mulher foi até o garoto e, ao se ajoelhar para ficar de sua altura, colocou a mão no rosto puxando a pele como uma máscara até ela sair totalmente, revelando quem Ciel menos queria que fosse.

-Porque eu sou ele.



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