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História Estações - Summer: Algumas explicações mais que necessárias.


Escrita por: AleSinclair

Notas do Autor


Como prometido, mais um capítulo! O próximo só amanhã, mas não sei que horas já que vou ter estágio pela manhã e aula pela tarde =/

Capítulo 3 - Summer: Algumas explicações mais que necessárias.


Pov Camila

-Qual o plano? – escutei Dinah questionar Lauren.

Ambas estavam no banco da frente. Fiquei quieta a maior parte da viagem, processando, tentando entender e compreender a minha nova condição. Não poderia ir para casa, eu não saberia o que fazer se um monstro daqueles aparecesse. E o pior, minha mãe poderia estar em perigo por minha causa. Sinuhe já tinha de lidar com uma criança que não era sua, ter de ficar mudando e mudando por minha causa. Eu não poderia dar de presente apenas um perigo mortal a sua vida.

Fiquei quieta no banco traseiro. Pensativa, confusa, medrosa. O que iria acontecer dali pra frente? O que eles queriam comigo? O que eu havia feito de errado? Perguntas e mais perguntas bombardeavam o meu cérebro, me deixando totalmente inerte do que estava acontecendo ao meu redor a maior parte do tempo. Mas aquela conversa que se iniciou despertou meu interesse.

-Temos de ir para o Acampamento. É o único lugar seguro para ela – Lauren respondeu depois de alguns segundos.

-Acampamento? – indaguei em um fio de voz.

-Ah, ela está viva! – ironizou Lauren.

-O Acampamento Meio-Sangue, o único lugar protegido de monstros e um lugar para ficarmos e treinarmos – Dinah respondeu – Muitos de nós moram lá também, outros vão apenas no verão.

-Outros meio-sangues? – indaguei incerta.

-E outras coisas bizarras – Lauren acrescentou – Fica em Long Island, vai ser uma longa viagem.

-Eu... Eu poderia ao menos ligar para minha mãe? – escutei Lauren bufar e Dinah respirar fundo, meu coração apertou forte – Por favor! Eu não posso simplesmente sumir, ela vai me procurar e vai se preocupar, vai chamar a polícia e---

-Tudo bem! Agora cale a boca!

Mordi forte o meu lábio para não xingar Jauregui com todo meu arcabouço de palavras feias. Mas não podia, ela era meio que a cabeça de tudo o que estava acontecendo, até mesmo eu podia notar isso. Tateei meus bolsos até encontrar o meu celular, o puxei e respirei fundo, pressionando o atalho que já dava para o número de minha mãe. Estava já levando o aparelho ao ouvido quando ele foi bruscamente retirado de minha mão.

-Você quer nos matar?! – Lauren gritou.

-Devolve isso! – gritei de volta.

Ao contrário do que era de se esperar, a de olhos verdes apenas abriu o vidro do carro e jogou meu lindo celular fora. Eu mesmo o havia comprado! Economizando cada dinheiro extra que minha mãe me dava durante meses! A raiva bateu forte misturada com a necessidade de falar com Sinuhe.

-Por que... – eu encarava a janela e de repente explodi, começando a bater em Lauren da melhor forma que eu podia – Era o meu celular! Sua vadia louca!

-Pare – Lauren se encolhia e tentava desviar, mas eu mal escutava – Cabello, você vai causar um acidente! – bati com mais força ainda, os braços dela, a cabeça, aquilo era terrivelmente terapêutico – PARA!

E então ao tocar o ombro dela para dar um estalado tapa, um choque percorreu meu corpo. Literalmente um choque! Fui jogada contra o acento do banco traseiro e meu corpo estremeceu umas duas vezes ainda levando alguns pequenos choques.

-Já pararam? Querem que eu mate todos nós?! – Dinah gritou nervosa.

-Ela estava com um celular fazendo uma ligação! – Jauregui se defendeu.

-E você o jogou fora! – acusei apontando o dedo.

-Camila – DJ respirou fundo – A tecnologia atrai os monstros, é como gritar para eles onde estamos. Só alguns conseguem usar isso. Teve uma vez que um garotinho de 11 anos foi pesquisar sobre a Empusas e teve a visita de uma. Nunca mais ouvimos falar dele.

-Viu?! – Lauren disse com aquele olhar de “eu estou certa o tempo todo”.

-Viu nada! Você poderia ter muito bem explicado, mas acho que manter uma conversa com alguém é realmente impossível!

Joguei-me contra o banco, cruzando os braços e fechando a expressão. Lauren praticamente rosnou e ficou quieta. Dinah balançou a cabeça em negação e soltou um longo suspiro, voltando a dirigir. Levou quase uma hora de silêncio absoluto, até DJ estacionar em um posto. Lauren ficou de colocar a gasolina no carro, enquanto minha amiga me levava até a loja de conveniência que havia ali para fazer a ligação. Voltei a ficar nervosa. Como iria contar o que estava acontecendo a minha mãe? O que dizer? Soltei um longo suspiro, perdendo toda a conversa que Dinah teve com o vendedor para convencê-lo a me deixar usar o telefone.

-Mila, coisa rápida ok? Eu vou distrair o carinha para que você possa conversar e ele não desconfie de nada – Dinah instruiu.

-Ok – peguei o telefone e notei que minha mão tremia, respirei fundo duas vezes e fiz a discagem. No segundo toque minha mãe atendeu – Oi mãe...

-Camila? Oh meu Deus! Eu estava tão preocupada filha, onde você está? Eu liguei para a escola e ninguém sabia do seu paradeiro! – Sinu disparou com sua preocupação materna.

-Mãe, eu não tenho como explicar isso direito está bem? Preciso que confie em mim – murmurei com o coração disparado – Eu não posso voltar para casa, não ainda. Coisas estão acontecendo e eu preciso resolvê-las para poder retornar.

-Camila, no que você se meteu? – Sinuhe agora falava brava – Volte já para casa!

-Eu não posso mãe, eu estou bem ok? E vou ficar bem. Eu preciso que você saiba que eu te amo, muito. Obrigada por me fazer sua filha, eu vou voltar. Por favor, não se esqueça de comer direito, você se distrai escrevendo e pula as refeições, sabemos como isso faz mal. Também não atrase as contas, não pode lidar com os juros acumulados e...

-Mila – Dinah soou atrás de mim.

-Filha, por favor, pare com isso. Eu não sei no que se meteu, mas podemos lidar com isso está bem?

-Desculpa mãe. Amo você. Quando der entro em contato.

Desliguei. Aquilo foi uma das coisas mais difíceis que eu já tinha feito na vida. Meu coração estava disparado, meu coração batia na minha garganta me sufocando. Eu não sabia que estava chorando até que as lágrimas borraram a minha visão quando se intensificaram. Dinah passou um braço por sobre meu ombro, beijou o topo de minha cabeça e me levou para fora de um jeito protetor. Entrei no carro, me encolhi no banco de trás e chorei em silêncio. Eu não era nenhuma guerreira, ou heroína, ou qualquer coisa parecida. Era uma adolescente cheia de problemas, mas feliz por voltar para casa e ter alguém que ainda me sorrisse com carinho e amor. Mas agora eu dei adeus por tempo indeterminado para essa pessoa. Eu não conseguia parar de sentir aquela sensação de que esse tempo seria muito longo e que a saudade, desde já, tornava-se grande e sufocante.

Voltei a realidade apenas quando o carro parou mais uma vez. Ergui meu rosto finalmente notando que era noite e que estávamos praticamente no meio do nada. Tudo o que havia além da autoestrada era uma velha cabana a metros de distância. A porta ao meu lado se abriu, eu esperava encontrar os olhos reconfortantes de Dinah, mas deparei-me com duas esferas azuis. Um olhar intenso, mas não tão mal ou prepotente quantos os outros.

-Dinah foi procurar por comida e algumas outras coisas – Jauregui falou – Temos de parar para descansar, o resto da viagem será bastante longa e esse é o último lugar seguro que eu conheço antes de Virginia.

Apenas acenei e sai do carro quando ela deu espaço. A noite estava extremamente fria, por isso eu logo estava abraçando o meu corpo e seguindo Lauren até a cabana. Mesmo de noite, era fácil enxerga-la. Longe das luzes artificiais da cidade, a lua exercia o papel de iluminar a tudo. Só então notei o quanto Lauren Jauregui era branca, com uma pele que parecia ser banhada pela luz lunar graciosamente. O cabelo castanho estava preto, descendo como cascata em suas costas com sutis ondas. Era difícil dizer que uma garota como ela era uma espécie de guerreira. De quem ela era filha? Ela seria agressiva daquele jeito porque era de seu temperamento ou porque a vida a deixou assim? Quando ela sorria? De repente, minha curiosidade sobre a Jauregui explodiu como um verdadeiro vulcão em erupção.

-Eu vou buscar lenha, há uma lareira lá dentro e a noite está fria – Lauren avisou depois de abrir a porta.

-Não! Eu vou com você – disse prontamente, uma pontada de medo em minha voz.

-Hum – Lauren me fitou seriamente e depois deu de ombros – Tem razão, você é um perigo sozinha, capaz de cair, tropeçar e se machucar seriamente.

-Ha ha – soltei imitando uma risada – Você deveria me dar mais crédito, eu impedi que você virasse comida de cachorro.

-Darei se você souber como fez aquilo.

Bingo. Lauren me fitou brevemente antes de começar a se afastar em direção a um pequeno aglomerado de árvores finas e com galhos secos. Ficamos em silêncio, mas eu estava extremamente incomodada, com a mente fervendo em perguntas de todos os tipos. Isso sempre era expressado por meu corpo sem que eu percebesse, meu pé ficava batendo no chão, me mexia mais do que o necessário, olhava para todos os lados tentando me distrair...

-Ok, fale logo, você agitada está me agoniando – Lauren disse entregando mais alguns galhos para que eu segurasse.

-Não sei se quero conversar com você – disse sincera, semicerrando os olhos – Sempre acabamos brigando.

-Ótimo, concordamos em algo. Então morra engasgada com a curiosidade.

-Tão gentil – ironizei, bufei e não aguentei mais – Certo, você é semideusa também então... De quem você é filha?

-Pensei que fosse óbvio.

Ela agachou para pegar outros pedaços de madeira, dessa vez segurando embaixo do braço direito. Voltou a se mover, então eu soube que ela não me daria uma resposta direta. Por que eu ainda tentava conversar com ela? Revirei os olhos, mas pelo menos podia focar minha mente em algo. Raios. Tinha um deus que dominava isso não é? Mais uma vez me veio à mente o desenho da Disney sobre o Hércules e eu quase deixei as madeiras caírem quando finalmente deduzi.

-Você é filha de Zeus?!

E como se estivesse escutando nossa conversa, um relâmpago reluziu o céu noturno, mesmo sem a presença nenhuma de uma tempestade. Isso sim me assustou e fez tropeçar, caindo feio ao chão e derrubando tudo o que estava segurando.

-Viu o que eu disse sobre você ser um risco a si mesmo? – Lauren me olhou brava – Vou dizer uma vez só, cuidado com os nomes, evite pronunciá-los. É apenas mais um caminho para deixá-los olhando para si. Nomes têm poderes, lembre-se.

Ela esticou a mão para me ajudar a levantar. Mas aquele jeito tão irritante dela me afetava como nenhum outro. Bati na mão dela e levantei por mim mesmo, abaixando para pegar a madeira que tinha deixado cair. Lauren falou mais nada, apenas deu meia volta e começamos a retornar a cabana.

-Então eu estava certa? – questionei apenas para confirmar, odiava ficar em dúvida.

-Sim.

-Por isso Dinah a chamou de princesa faisquinha---

-Nunca mais se atreva a me chamar assim, entendido Cabello?

Jauregui parou e falou aquilo com uma força invisível. Ela tinha aquele ar superior intimidante e quando ficava naquele estado, qualquer um iria se encolher. Eu tinha aquela pontada de receio, mas tão forte quanto aquilo era a minha teimosia. Não desviei o olhar. Os meus castanhos travados no azul faiscante. Nenhuma das duas se movia, como se fosse uma batalha e quem ousasse fazer isso seria o perdedor.

Mas então Dinah apareceu gritando, no seu jeito expansivo e intrometido de ser, jogou-se em nós duas quase derrubando as três. Aquilo quebrou toda a tensão, ainda mais quando eu senti o cheiro de pizza vindo de caixas que Dinah trazia. Gritei de alegria, joguei-me nela em um abraço de urso e enchi o seu rosto de beijos. Por isso ela era a minha melhor amiga, quem em fuga traria pizza para o jantar?

Entramos na cabana, Dinah contando as falcatruas que fez ao encontrar uma loja fechada. Invadiu, roubou tudo o que achou necessário, pegou ônibus até uma cidadezinha que tinha por perto e comprou as pizzas. Tudo isso em menos de uma hora e meia.

-Então o seu pai é o deus dos ladrões? – repeti a informação que Dinah havia acabado de passar.

Estávamos sentadas ao chão, não havia nenhum móvel dentro da cabana, salvo uma cama estreita de casal no único quarto existente. Lauren estava perto da lareira, que acendeu sem que eu percebesse. Dinah e eu estávamos uma de frente para a outra, conversando tranquilamente, diferente do que foi com a outra semideusa.

-Sim – Dinah sorriu travessa – Também é o deus dos viajantes e mensageiros, assim como também é diplomata e tem tênis com asas.

-Allstar com asas vai ser a próxima moda, sempre soube disso – consegui brincar fazendo Dinah rir.

-Você irá ficar no meu chalé, sabia? É onde todos os indeterminados vão, já que meu pai é protetor dos viajantes, é uma estagia temporária.

-No Acampamento tem chalés?

-Sim, originalmente eram só 12 chalés, mas depois teve a guerra contra os titãs e um grupo de semideuses, principalmente, salvou o mundo. Então o filho do deus dos mares fez um acordo com o pai da Jauregui – ela disse e minha mente quase deu um nó. Deus dos mares era Poseidon, certo? Pai da Jaurechata era Zeus. – Agora todos os deuses menores também têm chalés.

-Dinah, você ainda acha que ela pode ser uma humana sensível a nevoa? – Lauren indagou sem nem mesmo desviar o olhar das chamas.

-Não. Não depois do que ela fez com o cão infernal. Aquilo foi surpreendente, nunca vi alguém fazer aquilo – Dinah respondeu pensativa.

-Então porque ela não foi reclamada ainda?

-Espera, sem conversas paralelas! – exigi alternando os olhares entre Hansen e Jauregui – Primeiro, o que essa névoa?

-Lembra que o zelador parecia apenas um humano feio e depois foi crescendo? – Dinah explicou fazendo vários gestos – Então, ele sempre foi um lestrigão, mas usou a névoa para encobrir a realidade. É meio que uma ilusão, que deixa os humanos longe do nosso mundo. Por exemplo, se a Laur ativar sua espada, um humano qualquer poderia ver um taco de baseball ao invés da arma. Até mesmo nós meio-sangues somos muito enganados pela névoa.

-Mas alguns humanos não são enganados. São até especiais a sua maneira – Lauren completou, finalmente olhando para o lado e nos encarando – Dinah pensou que você poderia ser uma dessas. Mas você tem o ar de desastre que acompanha todos nós.

-Vou aceitar isso como um elogio – revirei os olhos, apesar de concordar com ela de certa maneira – E o que é ser reclamado?

-É quando o seu progenitor divino revela que é seu pai ou mãe. Antigamente o faziam apenas quando os filhos se mostravam dignos de alguma forma, ou apenas por fazer – Dinah explicou – Mas depois da guerra, um acordo foi feito para que toda criança quando atingisse 12 anos fosse reclamado de alguma forma. Ainda há casos de treze ou quatorze... Mas você está muito atrasada. Você saberia quando fosse, porque um símbolo aparece sobre sua cabeça e algumas vezes vêm acompanhada de uma benção temporária que dura um dia ou dois.

-Ah... – falei como se estivesse compreendendo, mas não entendia metade daquelas coisas.

-Descansem, será um longo caminho pela frente. Eu vou ficar de guarda – Lauren levantou.

-Você precisa descansar também – falei por impulso.

-Descanso amanhã no carro.

Última palavra dada, Lauren foi para fora batendo a porta com uma certa força. Balancei a cabeça em negação, mas sentindo uma pontada de preocupação.

-Ela é durona assim mesmo – Dinah me consolou – Lauren é a melhor em tudo que eu conheço. Ela tem de ser para ficar viva.

-O que quer dizer?

-Ela é filha dos três grandes. Do rei dos deuses. A presença dela, o cheiro de semideusa, para os monstros que nos cansam é ainda mais forte. Por isso são tão poucos e já chegaram a ser proibidos. Mas os deuses não são muito bons em seguirem regras, apesar de terem alguns castigos sinistros.

Soltei um longo suspiro, aquilo pareceu aguçar ainda mais a minha curiosidade. Porém eu teria tempo para saber mais daquela garota em outro momento. Não recusei a ajuda de Dinah para levantar. Descobri que naquela cabana também tinha um banheiro velho e um pouco sujo, com água fria. Mas que serviu para tomar um rápido banho e escovar os dentes com as coisas roubadas de Dinah. Ela prometeu que pegaria roupas da próxima vez.

Quando deitei na cama, minha amiga me acompanhou e prontamente desmaiou. Ela era enorme e ocupava boa parte do espaço. Mas não me importei com isso, já que minha mente trabalhava freneticamente até que eu também apagasse.


Notas Finais


Próximo cap é pov da Laur *-* ps: eu morro de rir imaginando a cena do celular.


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