História Estações - Spring: Você não vai embora!

Pov Camila

Acordar no dia seguinte a um evento importante tinha um gostinho diferente. Ah. Meus. Deuses. Lauren tinha se entregado para mim completamente, segurado minha mão e me guiou se deixando ser guiada também. Quando despertei na manhã seguinte eu não fazia ideia de que horas eram, mas a luz solar invadia o quarto o iluminando e esquentando já que tínhamos esquecido de ligar o ar condicionado. Quem iria lembrar de um detalhe daqueles quando uma mulher como Lauren me pedia para amá-la? E como eu tinha a amado, em cada toque devoto, em cada beijo malicioso, eu a fiz minha do jeito que eu já era dela.

Lauren remexeu em meus braços, piscou os olhos e logo os abria para me encarar com grandes esferas de esmeralda. Arfei quando parei para admirar cada detalhe daqueles olhos claros tão pertos dos meus. Ela foi sorrindo aos poucos até que seus lábios estivessem repuxados enormemente em sua boca, em um verdadeiro sorriso contagiante, pois logo eu estava sorrindo também.

-Hey – ela murmurou sonolenta.

-Bom dia meu amor – falei acariciando o rosto dela – Tudo bem?

Lauren apenas acenou com a cabeça e deu um beijinho na ponta de meu nariz, mas não parou por ali. Ela beijou todo o meu rosto me fazendo rir com o barulhinho de beijo que fez de propósito quando beijou minha bochecha. Os beijos foram descendo por meu pescoço, onde passaram a ser mordidas que me arrepiaram... Quando dei por mim Lauren se colocou dentro do lençol fino que nos cobria e descia descaradamente pelo meu corpo. Arfei e senti tudo estremecer quando a princesinha dos céus começou um verdadeiro oral matinal. Oh deuses! Tudo o que eu fiz foi levar minhas mãos para o cabelo escuro e bagunçado para manter aquela boca e língua divina ali, gemendo rouco por ter acabado de despertar. Lauren ficou ainda mais animada, fazendo com que o que começou de um jeito gostoso terminasse horas mais tardes de um jeito mais maravilhoso ainda.

(...)

Depois disso eu poderia dizer que minha vida mudou sim, completamente. O sexo entre nós duas que já era incrível pareceu ir para um nível ainda maior. O resultado? Nós duas parecíamos querer fazer o tempo todo. Era tão bom, gostoso e excitante, sempre nos levando a uma borda cada vez mais intensa de prazer. Como evitar aquela necessidade de ter uma a outra?

Nem mesmo quando certa noite as meninas saíram para o cinema e nós ficamos no sofá tentando um programa caseiro, mas logo eu estava no colo de Lauren em um beijo faminto e desesperado. Ela havia rasgado minha blusa e agarrava a minha bunda fazendo-me rebolar em seu colo. Tínhamos perdido a noção de tempo, o que foi o nosso maior erro. Dinah, Ally e Siope entraram em casa conversando e rindo de qualquer coisa, nos flagrando em um verdadeiro amasso quente no sofá. Claro que Dinah gritou e soltou todo tipo de piada que conseguiu formular em menos de cinco segundos. Eu fiquei vermelha de vergonha, mas Lauren? Ela apenas levantou comigo no colo e disse que faltaríamos a aula no dia seguinte. Caminhou comigo batendo em seus braços até o quarto, mas isso parecia apenas a divertir e excitar mais ainda, pois quando ela me jogou na cama eu tive certeza de duas coisas. Ela estava no comando daquela vez e iria acabar comigo.

Era manhã de quinta-feira, eu e Lauren estávamos já com o uniforme escolar e uma do lado da outra escovando os dentes. Dessa vez eu tinha dormido na casa dela, já que passamos os últimos dias em minha casa. Lauren foi a primeira a terminar, limpou o rosto molhado na toalha e me abraçou por trás enquanto eu terminava de cuspir a espuma da boca dentro da pia. Joguei água na boca terminando o processo e já ia me esticar para pegar a toalha quando Lauren colocou a boca em meu pescoço e dava aquela mordidinha lenta e provocativa.

-Lolo – suspirei – Nós vamos nos atrasar de novo!

-E o que tem? – ela me apertou ainda mais em seus braços.

-Vão mandar um aviso para minha mãe – tentei me afastar, mas isso só a fez me puxar contra seu corpo naquela maldita pegada que ela tinha – Lauren!

-Eu quero minha namorada – Lauren murmurou contra meu pescoço e ameaçou dar um chupão.

-Lauren não marque! Minha mãe já está olhando feio e isso é vergonhoso ok?! E nós temos de ir para a escola, hoje tem ensaio, as semifinais estão perto e a treinadora Miller não está pegando leve de jeito nenhum.

Lauren meio rosnou, meio choramingou, mas finalmente deixou que eu terminasse minha higiene matinal. Saímos do quarto dela conversando coisas triviais do colégio, Lauren reclamava da minha recém popularidade que fazia com que muita gente notasse a minha presença, como se finalmente soubessem que eu estudava no Golden. Seria hipocrisia dizer que eu não estava gostando disso. Poder andar pelos corredores e as pessoas te cumprimentarem sorrindo ao invés de desviar o olhar ou te olhar como se fosse um nada. Sem contar que agora eu tinha uma recém paz adquirida, ninguém mais mexia comigo ou com meus amigos, seja por minha causa ou por medo de Lauren. Deuses, como eu amava os treinos! Eram puxados, mas eram divertidos e cheio de desafios. Meu lado semideusa agradecia eternamente por poder me movimentar daquele jeito e condicionar ainda mais meus reflexos e agilidade.

-Você só pode estar mentindo!

Eu e Lauren travamos no corredor ao escutar a voz alterada de Dinah. Aquilo era estranho e surpreendente, pois eram raros os momentos em que a filha de Hermes ficava séria ou zangada daquele jeito. Colei na parede e movida pela extrema curiosidade, inclinei um pouco o corpo pra poder enxergar a sala. Eu pude ver Normani ali, usando o uniforme das líderes de torcida, algo que era opcional e que eu usava apenas as vezes. Ally estava saindo de casa como se estivesse deixando as duas ali, sozinhas, uma de frente para a outra gladiando com olhares intensos. Dinah começava a andar de um lado para o outro, Normani tinha o olhar distante e os braços cruzados, em sua expressão estava a tristeza e a mágoa.

-Camz, vamos deixa-las – Lauren murmurou segurando o meu braço para puxar – Podemos sair fácil pela janela...

-Ah não! Alguma coisa está acontecendo! – puxei meu braço e colei mais na parede para não ser vista.

-Camila, é algo delas duas, não se intrometa! Vamos logo que---

Lauren iria me puxar e levar para longe, mas minha vontade de ficar era ainda maior. Eu girei e coloquei a mão sobre a boca de Lauren enquanto a empurrava para a parede. Que ela me perdoasse depois, pois logo fazia com que raízes aparecessem e a prendesse ali, no lugar. A minha curiosidade e desejo de que as duas se acertassem logo era enorme, eu não iria perder isso iria? Lauren se debateu, mas eu fiz um “shhh” mais baixo que consegui e ela me fitou como se não acreditasse no que eu estava fazendo.

-Já está decidido, eu vim avisar a vocês porquê... Porque são as pessoas mais importantes de minha vida – Normani avisou hesitante.

-Não há um motivo para isso! – Dinah quase gritava – Você não pode chegar aqui logo de manhã, sentar para tomar café e dizer do nada que está mudando de cidade!

Espera, Normani ia embora? Não, não! Ela e Dinah estavam se apaixonando e até mesmo um cego veria isso! Inclinei um pouco o corpo e vi uma filha de Hermes transtornada e com certo desespero no olhar castanho claro, enquanto que a filha do amor estava cada vez mais agitada e acuada.

-Eu só não aguento mais Dinah! – Normani finalmente explodiu, passou a mão no rosto e deu as costas – Eu já avisei a meu pai, ele reclamou um pouco, mas sei que ele logo irá atender meu pedido, é o que ele faz para suprir a ausência.

Normani suspirou cansada e foi em direção a porta. Eu quase comemorei quando Dinah avançou, a segurou pelos braços e puxou para a sala mais uma vez. Tudo bem, foi nada delicado, a garota mais alta estava totalmente sem saber o que fazer.

-O que você não está aguentando? Fala! Eu acabo com isso, mas você não pode ir! – Dinah exigiu saber.

Então a garota negra a olhou por alguns segundos e riu sem humor. Ela balançou a cabeça de um lado para o outro e tentou ir embora de novo, mas logo a filha de Hermes estava a sua frente, as mãos na cintura e um olhar tão determinado quanto teimoso.

-Não há nada que eu ou você possa fazer. Eu só desisti de certas coisas antes que acabasse me machucando mais ainda – Normani admitiu e eu quase não a escutei – Não posso lutar contra, mas talvez tenha uma chance se estiver longe.

-Por favor Mani, você tem de conversar comigo, tem de me dizer! – vendo que conversar daquele jeitinho não ia dar certo, Dinah pisou no chão e apontou o dedo para Normani quase vociferando - Eu não vou perdoar você se for embora desse jeito!

-Eu sei que o Siope te pediu em namoro! – Normani quase gritou.

Meu coração quase parou quando ela revelou aquilo. Quando isso tinha acontecido?! Minha reação só não foi pior do que a de Dinah, a mais alta recuou um passo, os olhos grandes parecendo duplicar de tamanho enquanto fitava em choque a filha de Afrodite.

-Eu estava matando aula e decidi dar uma volta. Parece que eu não tinha sido a única – Normani explicou toda nervosa – Eu vi você e Siope, estavam rindo e eu sabia que não deveria estar ali. Eu juro que ia embora porque me machucava demais, mas então ele fez o pedido antes que eu conseguisse partir.

Normani deu as costas para Dinah e limpou os olhos, eu encolhi mais um pouco para me esconder e não ser flagrada. Estava mordendo o lábio para me conter e não ir lá abraçar a pequena, ela tinha um dos olhares mais tristes do mundo: a de quem tinha o coração partido.

-E-eu não aceitei – Dinah gaguejou estupidamente.

-Mas o beijou – Normani virou de novo para DJ e ajeitou a postura como se tomasse coragem – Eu pensei que poderia aguentar, que uma hora iria passar. Mas não vai, eu sinto muito, eu tenho de ir embora para que você possa ficar com ele.

-M-mas eu não aceitei!

-Ainda não, mas vai. Eu sei que vai. Você gosta dele, se diverte com ele e tem uma dinâmica que me causa uma inveja quase destrutiva.

-Você não pode ir embora porque eu beijei um garoto!

-Eu estou indo embora porque eu amo você, sua idiota!

Normani gritou aquilo e logo arfou, como se não acreditasse no que tinha feito. Dinah quase perdia a cor completa de seu corpo.

-Merda Dinah, você costuma ser a mais esperta de todas. Porque não percebe o quanto me machuca te ver com ele? De saber que vai escolher um garoto a mim? Eu não vou aguentar por muito tempo, e-eu vou sucumbir aqui – Normani já não se impedia de chorar – Você tem noção do quanto dói para uma filha de Afrodite amar e não ser amada em troca? De saber que outro alguém vai ocupar o lugar que você tanto quer e amar quem você deseja? E o inferno é que eu nem gostava de garotas... – então ela parou e gritou com Dinah, mesmo que ainda estivesse chorando copiosamente – Isso tudo é culpa sua! Você fez aquelas coisas na festa do Ed Sheeran e nem ao menos foi importante o suficiente para você se lembrar!

Dinah estava em choque. Eu nunca a tinha visto tão sem reação na vida, assim como eu nunca tinha visto Normani em tamanho sofrimento. Meu coração se apertava de vê-las assim, mas como a filha de Hermes eu estava paralisada no lugar, não conseguindo fazer outra coisa senão assistir a tudo o que acontecia sem nem ao menos piscar.

-Eu tenho de ir para a escola falar com a treinadora Miller – Normani limpou o rosto com um pouco de raiva – Desculpe, eu não queria despejar isso assim sobre você, no fim você não tem culpa. Apenas aconteceu e eu não estou conseguindo lidar com isso sozinha. Também vai passar, logo eu vou estar fora de seu caminho e---

-Você não vai embora – Dinah piscou várias vezes e Normani riu sem humor mais uma vez, indo pegar a bolsa que estava sobre o sofá, mas Dinah segurou o braço dela e a puxou para mais perto – Você não vai embora, Normani!

-Eu já estou indo Dinah... Não há nada que você possa fazer, eu sinto mui---

-Uma porra que eu não posso fazer algo!

Meus olhos se abriram em choque junto com os de Normani, pois no segundo seguinte Dinah colava a boca com a de Normani em um beijo desastroso, mas ainda assim um beijo. Coloquei a mão sobre minha boca para conter qualquer som de surpresa ou felicidade, a minha vontade era de sair saltando por finalmente Dinah ter feito alguma coisa!

-Eu lembro da festa, eu nunca esqueci – Dinah revelou em um tom que eu quase não consegui ouvir, mas ela disse.

Que filha da mãe, estava fingindo que nada tinha acontecido! Mani a olhou franzindo o cenho e depois completamente indignada. Dinah afastou e ficou toda sem jeito e acuada.

-O que você queria que eu fizesse? Nós tínhamos ficado e eu estava morrendo de medo de perder sua amizade. Pelos deuses Mani, você é a pessoa mais importante da minha vida. Lauren pode ser como uma irmã para mim e a Mila é como meu filhote, mas você... Você é especial pra caralho! E eu tinha gostado tanto de ficar com você e você disse nada mais sobre o dia que eu pensei que você também tinha esquecido ou ignorado. Então por que eu deveria tocar no assunto proibido e perder você?

Talvez fosse a convivência, mas Dinah estava disparando a falar que nem Lauren fazia quando estava nervosa. Mas a filha de Hermes parecia ainda pior, porque ela gesticulava quase que teatralmente enquanto disparava a despejar tudo o que tinha guardado todo aquele tempo.

-Eu não queria ver que as coisas estavam mudando. Eu olhava mais para você, te achava linda mesmo quando estava como sempre. Era como se algo brilhasse ao seu redor e me obrigasse a ficar te admirando. Quando eu percebia eu ficava assustada pra caralho! Eu não podia estar gostando de minha amiga, o quão clichê e estúpido seria isso? O quanto isso poderia estragar tudo o que nós tínhamos? E que inferno! Eu tinha de engolir você aceitando aquelas cantadas de todos aqueles garotos idiotas! Eu socaria qualquer um deles até desfigurar a cara de mauricinho e bad boy. Desde então nunca mais julguei a Lauren pelos ataques de ciúmes.

-Eu só fingia para aparentar que estava tudo normal – Normani disse atordoada – Geralmente era quando você falava no Siope, eu... Eu me vingava, mesmo sem saber se isso te afetava de verdade ou não.

-Advinha só? Eu ficava louca! – Dinah rosnou e passou a mão pelo cabelo.

-Mas você o beijou. Ele te pediu em namoro...

-Eu fiquei sem reação, ninguém nunca me pediu em namoro antes. E foi uma espécie de teste estúpido. Ver se eu sentia algo realmente por ele ou não, por isso o beijei de volta.

-E-e você sente....? – Normani encolheu os ombros e parecia tão temerosa!

-Claro – Dinah cruzou os braços e Mani a fitou em choque – Que não! Você não escutou nada do que eu disse? Ah quer saber? Foda-se tudo!

Dinah avançou, abraçou Normani com aparente força e a beijou. A filha de Afrodite parecia em choque a princípio, mas logo suspirava e envolvia a maior em seus braços, ficando na ponta dos pés para retribuir o beijo. E que beijo de tirar o fôlego! Elas estavam tão envolvidas uma na outra que nem se o mundo explodisse ao redor elas iriam parar aquele puta beijaço. Afastei o corpo da parede, olhei para elas com um sorriso vitorioso e fiz um movimento de braço para baixo, o famoso “yes!”.

Mas eu não pude comemorar por muito tempo, ou com certeza estaria fazendo alguma dancinha tosca enquanto minhas amigas finalmente se permitiam ter uma a outra. Algo furioso me segurou pela cintura e sem delicadeza nenhuma me arrastou para o quarto. Batendo a porta sem muita força para não produzir barulho.

Ai meus deuses, Lauren estava colérica!

Ela me empurrou na cama e começou a andar de um lado para o outro. Eu podia ver suas mãos tremendo de raiva e tudo o que eu pude fazer foi engolir em seco e encolher. A filha de Zeus quando se zangava de verdade ficava tremendamente assustadora até mesmo para mim!

-Eu não acredito que você fez isso, Camila! – Lauren gritou, o isolamento acústico do quarto nos daria a privacidade necessária para uma discussão – Você tem noção do quão escroto foi isso?! Você bisbilhotou elas duas!

-Não foi escroto! Pare com isso, eu só precisava ter certeza de que elas...

-A única certeza é de que você é uma filha da puta intrometida!

Ok, ela estava me xingando, Lauren estava realmente transtornada. E depois de tanto tempo em um mar de paz e carinho, eu não fazia ideia de como lidar com ela desse jeito! Eu me sentia acuada e toda sem jeito.

-Desculpe ter prendido você, mas eu só queria ver o que ia acontecer – disse bem baixinho, como uma criança que assumia a culpa por uma traquinagem.

-Enfia essa desculpa no inferno, Cabello! – Lauren vociferou e parou a minha frente, eu recuei para cama com o instinto de sobrevivência gritando para ficar longe dela – Você sabe o que realmente fez?

Os olhos verdes haviam ficado azulados, tempestuosos e me fitavam de um jeito que eu preferia que Lauren me batesse do que continuasse a me encarar daquela forma. Quando mantive o silêncio, Lauren balançou a cabeça de maneira negativa e passou os dedos pelo cabelo de maneira nervosa. Então veio o pior ataque, aquele tom frio e magoado enquanto olhava para mim decepcionada.

-Você me forçou a quebrar uma das coisas que eu mais valorizo na vida Camila. Privacidade. É um princípio tão forte dentro de mim que eu odeio quem quebra a minha, então também odeio quebrar a dos outros. Você me prendeu e me forçou a ouvir uma conversa intima entre minhas amigas, algo que só pertencia a elas duas e que se um dia fossem contar para mim foi porque queriam compartilhar aquele pedaço de vida delas comigo!

Deuses, como eu pude esquecer que Lauren odiava mais do que tudo bisbilhotar a vida alheia? De quantas vezes já brigamos por causa disso e ela tinha me ordenado a não me intrometer mais na vida dos outros? Dessa vez a culpa foi tão grande que quase me sufocou, eu estava prestes a chorar.

-D-desculpa Lolo – eu pedi com a voz embargada.

-Você nem ao menos olhou na minha cara, Camila! – Lauren disse com certo desprezo – Estava tão concentrada nelas duas que nem olhou para mim para ver o quanto eu estava odiando aquilo tudo, de como eu estava me debatendo para me soltar e ao mesmo tempo não voar para cima de você! Nem foi o ato de você me prender, foi o que você me obrigou a fazer!

-Eu sinto muito, eu não queria... Eu só...

-Precisava bisbilhotar o que não te desrespeito. Afinal você é Camila Cabello e faz a porra do que quiser e eu otária do jeito que sou passava a mão pela cabeça e aceitava tudo. Mas dessa vez não Camila, dessa vez... Dessa vez você me decepcionou!

-Eu não faço tudo o que eu quero! – gritei com certo desespero – Não é verdade!

-Ah não? Me diga então uma situação que você engoliu o que você queria fazer porque sabia que eu não iria gostar?

Eu estava tão atordoada que não consegui lembrar de nenhum momento que eu tinha parado algo por Lauren. Tinha de existir algum momento, certo? Tinha de ter! Mas só por não conseguir lembrar rapidamente de um, eu finalmente estava chorando. Lauren abaixou o olhar parecendo triste por tudo o que estava acontecendo e aquilo me quebrou mais ainda, mas foi quando ela começou a sair do quarto que eu entrei em desespero.

-Não! Não Lauren! Espera, você tem de me perdoar! – levantei e praticamente voei para segurar o braço dela e a manter ali – Você não pode ir embora, não desse jeito.

-No momento eu não consigo ficar perto de você sem lembrar o que aconteceu – Lauren puxou o braço e desviou o olhar do meu.

-Para onde você vai?!

-Não faço ideia.

-Fica aqui Lolo. E-eu juro que não faço mais isso! Eu prometo!

-Não faça promessas vazias para mim Camila. Não é a primeira vez que você se comporta desse jeito – então veio aquele olhar cortante, frio, distante – Sei que fará isso de novo e eu odeio isso em você.

Aquilo foi tão forte para mim que eu simplesmente senti falta de ar e a soltei. Lauren aproveitou para sair do quarto e me deixar ali sozinha. Escorei na parede e fui abaixando sentindo minhas forças se esvaindo de mim. Deuses, o que eu tinha feito com minha menina? Ela estava tão zangada e magoada comigo! E a culpa era toda minha, eu sabia que Lauren odiava esse tipo de coisa e eu nem ao menos pensei nela, apenas tinha deixado a minha maldita curiosidade falar mais alto.

Então eu chorei, chorei por saber que era totalmente errada e não fazia ideia do que fazer para concertar isso.