História Estetoscópios, jalecos e amor - Coisa de sangue

Kyung acordou com o corpo ainda mole, estava exausto, mas não lembrava de ter feito tanto esforço, se virou na cama apertada, olhando para o alfa ao seu lado. Jongin tinha seu sorriso bobo no rosto.

— Dormi muito?

— Uma hora eu acho.

— E tá me olhando desse jeito por que?

— Eu te amo, muito. – o ômega riu de canto, levou os dedos até o pescoço sentindo a elevação

— Eu também...  – se esticou selando os lábios do Kim —  ... te amo.

— Queria ficar aqui para sempre com você, mas temos que voltar.

— Vai lá, eu ainda to cansado.

— Tá bem. – deu um beijo na testa do menor e se levantou. Soo percebeu que ele estava completamente nu.

— Kai quando tirou a roupa?

— Como assim? – começou a se vestir – depois que eu te marquei, nós fizemos mais algumas vezes, e você dormiu. – Do lembrava da dor e do orgasmo, de nada depois disso. Um leve desespero lhe correu o corpo.

— Você não lembra? – Jongin sentou ao seu lado, podia sentir levemente as sensações do ômega.

— Tudo bem. Eu tava histérico, esquece. – sorriu – vai lá.

— Soo...

— Eu to bem. – Jongin se lembrava que um dos sintomas era a perda de memória, e ser marcado não causaria isso. Mas o estado dele quando o buscou era preocupante. O que fez o alfa seguir para o laboratório.

...

Hyukjae entrou no hospital e foi direto a recepção. Onde um médico perturbava a atendente com algo.

— Dr. só um momento. Posso ajudar? — sorriu para o recém chegado

— Olá, eu estou procurando pelo meu irmão, é o Dr. Do KyungSoo, ele trabalha aqui. — o médico se voltou para ele com um leve sorriso no rosto.

— Do Hyukjae? — Jungsuk disse animado — eu resolvo — disse para a atendente

— Lee — o omega corrigiu — sou casado. Pode me dizer onde está o meu irmão?

— Posso sim. Venha comigo. — os dois seguiram pelo corredor — como sabe seu irmão está trabalhando numa pesquisa.

— Sim, ele disse que precisava do meu sangue. — suspirou — isso não vai causar problemas para o meu bebê, não é? Estou de oito meses.

— Não, claro que não. Vamos apenas fazer alguns exames de sangue.

— Menos mal. E você é o médico que está ajudando na pesquisa dele?

— Sim, ele chegou a te falar da pesquisa.

— Acho que sim, aos gritos, então — deu de ombros

...

Hyukjae entrou no laboratório acompanhado de JungSuk. Que seguia fazendo breves explicações sobre a pesquisa.

— KyungSoo sempre foi assim, dramatizava demais, todos nós fomos afetados pela mesma doença, mas ele queria tanto se aparecer que agia como se tudo só acontecesse com ele. Infernizou tanto nossa família, que o vovô o mandou estudar na capital. E sempre que tinhamos noticias dele eram desagradáveis.  — Suk preparava as coisas para tirar a amostra de sangue em silêncio, apenas ouvindo o omega. Quando Hongbin entrou

— Me chamou Jungsuk?

— Sim, este é Lee Hyukjae, irmão mais velho de KyungSoo. Como pode ver ele está grávido, então seria bom ter um obstetra aqui. — sorriu para o omega.

— É um prazer, sou Lee Hongbin.

— Está trabalhando com meu irmão também? — o ômega perguntou sem muito ânimo para apresentações

— Sim. — se limitou a um simples sim.

— Como sempre KyungSoo rodeado de alfas belos e gentis. — riu seco — tomem cuidado, ou ele vai acabar com vocês.

— Por que diz isso? — bin perguntou curioso

— Porque é o que ele faz. Foi o que fez com a única pessoa que sempre o defendeu, ele extraiu a última gota de sanidade que Hyunsik tinha, o rapaz estava prestes a casar e ele destruiu até isso.

— Como assim? — Kyung estava parado na porta — Minhyuk me disse que ele casou… — o tom do moreno foi um pouco desesperado

— Na primeira oportunidade que teve o agarrou como a vadia que é. E acha que ele conseguiria se casar depois? — as palavras saíram com tanta raiva, que até Suk parou o que estava fazendo

— Ele… não… — os olhos do moreno se encheram de lágrimas, ele deu um passo vacilante para trás.

— Ele está hiperventilando — Suk disse se afastando do grávido — termina aqui Bin. — Seguiu até o omega na porta, o tirando do laboratório, e de perto do irmão.

— Como sempre, alguém corre para ele pelos seus showzinhos. Pode terminar isso logo?

— Claro — Bin vestiu as luvas e pegou o algodão e limpou o local, onde em seguida inseriu a agulha — seu irmão está seriamente debilitado. — disse sério.

— Isso foi uma escolha dele. A gerações, estamos vivendo do mesmo jeito, nos salvando do mesmo jeito. Quem quis ser diferente foi ele.

— E era o que você queria? — olhou nos olhos do omega — viver do mesmo jeito que todos? Apenas ser mais um Do, casando com mais um Lee? — Jae apertou os lábios

— Não é como se eu não amasse o meu irmão. Eu estava lá quando ele nasceu, e estava lá quando ele teve o primeiro cio. Foi ele que enlouqueceu não eu.

— O seu irmão está lutando, não apenas por ele. Mas pelo seu filho, pelos seus netos, e todos dentro daquela comunidade. Se ele conseguir fazer isso. Ninguém mais vai precisar ser igual aos outros. Pronto. — colocou um curativo no braço do omega. E levou as ampolas ao a geladeira.

— Foi por isso que eu vim. — disse com um voz chorosa — eu não quero que ele morra. — Bin pegou alguns lenços de papel e alcançou para o omega.

— Seu irmão vai ficar bem, vamos fazer tudo o possível.

…

Os olhos curiosos do médico analisavam o Do, ele queria o colocar na ressonância e observar as sinapses que estavam acontecendo. Mas não podia fazer isso. Então apenas observava cada movimento atentamente. Kyung já respirava com mais facilidade.

— Quem é Hyunsik? É um Lee? — finalmente Suk não conseguiu se conter. Um sorriso de canto se abriu nos lábios do moreno

— É a melhor pessoa do mundo. — suspirou — ele jamais seria um Lee, sem ofensas.

— Que tipo de relação vocês tinham?

— Desgastante como o meu irmão disse — se voltou para o outro — eu o usei até acabar com ele. — agora a voz do omega era fria, bloqueando os sentimento. Suk teve vontade de ter o amigo psicólogo ali para travar aquela batalha — mas ele não tinha nenhum efeito calmante como o Kim. Eu apenas o explorava mesmo. Então doutor Lee, acho que pode voltar ao laboratório e ver aquele sangue ruim, para encontrarmos uma cura ok.

— Se eu estiver certo, você vai precisar de um bebê, acha que está pronto para isso?

— Não, mas eu tenho terapia na sexta para isso, não é? — sorriu malvado

…

Kyung foi para o terraço do hospital pegou o celular e ligou para Minhyuk. Já que não podia ir até o Japão naquele momento. Chamou duas vezes antes da voz do alfa soar causando mais irritação no omega.

— Pronto?

— Como estão as coisas com a botânica bonitona?

— KyungSoo? Pelo tom de voz imagino que estava com vontade de descontar sua raiva em alguém e me escolheu não foi?

— Não, eu estou com raiva de você mesmo, e quero descontar em você mesmo.

— Hm…

— Por que você mentiu para mim? Por que disse que Hyunsik tinha casado? Por que não disse a verdade? — disse gritando no telefone

— Primeiro, eu nunca disse que ele estava casado. E a única vez que toquei no nome dele, você saiu correndo. Não pode me culpar por isso.

— Posso sim! — a voz do omega estava engasgada, o alfa sentiu um aperto no peito — eu posso! Você tinha que ter me dito, porque não ia doer se você tivesse dito! Não doer tanto. — começou a soluçar

— Eu sei que você me odeia, mas eu não queria que ficasse assim. Não foi culpa sua Soo, Raina não era para ele.

— Eu te odeio… odeio … — se encostou na mureta, segurando choro

…