JÚLIO
Fiquei andando de um lado para outro no meu escritório. De vez em quando, olhava para o anel de diamante no centro da mesa. Sabia o que ele significava. Também sabia que queria atirá-lo o mais longe possível no maldito oceano. Era a dica nem um pouco sutil do meu pai.
Eu o havia procurado no dia anterior para perguntar se eu poderia assumir o posto de vice-presidente do country club Kerrington. Esta foi a resposta dele. Eu precisava me casar com Clara antes.
Porra! Porra! Porra!
Eu não queria me casar com ela. Clara me faria completamente infeliz. Eu já havia cometido o erro de ter transado com ela de novo. Ela aparecera na minha casa usando nada além de uma minúscula camisola vermelha, ajoelhou e chupou o meu pau. Entre o boquete e a dose de uísque que tomei, eu a comi várias vezes naquela noite. O problema era que o único jeito que eu conseguia gozar era imaginando os lindos olhos escuros de Isabela Souza. Os gritos de prazer de Clara me brochavam. Ela era craque em fingir. Ela não gostava de sexo. Ela usava o sexo.
Eu conhecia o tipinho dela muito bem. E não estava interessado.
Eu não era o meu pai. Não conseguiria me casar por dinheiro e conexões e depois ter uma amante. Sempre me irritou o fato de que o casamento ruim dos meus pais não parecia afetá-los. Isso ferrou completamente com a minha cabeça.
Eu teria que me amarrar a uma única mulher e ser fiel a ela pelo resto da minha vida em nome do lugar a que me era de direito no negócio da família? Era muito injusto. Foda-se essa merda toda. Meu pai estava sempre me controlando.
Uma batida à minha porta interrompeu minha conversa silenciosa comigo mesmo. Peguei o anel e o enfiei no bolso. A última coisa de que precisava eram fofocas. E Deus me perdoe se fosse Clara.
– Pode entrar – disse, sentando na minha cadeira de trabalho.
Alan, meu melhor amigo desde os tempos de internato, abriu a porta e entrou na sala.
– Oi, pensei que fosse jogar conosco hoje de manhã, mas você não apareceu.
Eu precisava conversar com alguém, mas não sabia se estava pronto. Alan me diria para fugir da cidade e deixar que eles resolvessem tudo aquilo sozinhos. Vinha se rebelando contra os desejos do pai havia anos.
– Eu estava ocupado.
– Pois é, imaginei. – Ele se aproximou e sentou-se na minha frente. – Preciso de um favor.
Isso chamou a minha atenção. Alan não costumava pedir favores. Eu me recostei na cadeira e esperei. Era melhor que não fosse para a namorada dele, Agustina, uma das meninas que cuidava dos carrinhos das bebidas, sair do trabalho mais cedo. Estávamos com muito movimento à noite e eu precisava dela.
– Recebi uma ligação do André.
André era o primo mais velho dele. Havia se formado uns dois anos antes de nós, mas tivemos um ótimo período juntos no internato antes de ele ir embora. Eu não o via desde que fizera as malas e deixara a cidade, cinco anos antes.
– É mesmo? Como ele está? – perguntei, curioso.
Sempre gostei de André. Ele também não quisera se dobrar às exigências dos pais e simplesmente foi embora. Nunca voltou atrás em sua decisão.
Alan encolheu os ombros.
– Acho que está bem. Pareceu feliz. Está em Dallas agora. Preciso ir até lá para vê-lo. Este ano não passou o Natal em Boston com a família. Não acredito que vá aparecer tão cedo. O tio Robert não está nada feliz com ele.
Não havia motivo para Robert Lamoglia estar feliz com o filho único. Ele deveria herdar o prestigiado escritório de advocacia Newark & Newark, localizado em Destin, na Flórida. O avô dele havia construído tudo do zero, mas André não queria ser advogado. Ele queria viajar pelo mundo.
– Enfim, ele tem uma amiga que se envolveu com o chefe deles no bar e só descobriu depois que o cara era casado. Agora precisa sair da cidade para superar tudo. Ela vai ficar no apartamento dele, que está sempre vazio, mas precisa de um emprego. Perguntou se poderia mandá-la para cá. Comentou que é uma ótima garçonete, que trabalha muito e nunca se atrasa. Também disse que é linda e que os homens darão boas gorjetas.
Eu sempre precisava de uma boa garçonete.
– Claro. Basta ela falar comigo quando chegar à cidade. Nós lhe daremos um uniforme e a botaremos para trabalhar.
Alan pareceu aliviado.
– Obrigado. Eu detesto pedir favores, mas ele pareceu especialmente preocupado com essa garota. Já me ligou duas vezes hoje para se certificar de que tudo estará arranjado quando ela chegar. Não queria deixá-lo na mão.
– Eu entendo. Não me importo. E diga ao André para me ligar da próxima vez que precisar de um favor. Adoraria falar com ele.
• • •
Pouco tempo depois de Alan sair, a porta da minha sala se abriu de novo e Clara entrou. Ela jogou os longos cabelos loiros por cima do ombro e sorriu para mim. Aquele sorriso sedutor ensaiado.
Aquilo me entediava. Pôs a língua para fora e lambeu os lábios enquanto se aproximava da minha mesa.
– Senti a sua falta. Não soube mais de você desde a semana passada. Achei que tínhamos nos divertido no buraco dezesseis.
Eu havia concordado em fazer a última rodada do dia na semana passada com Clara. Sabia que tiraria o meu pai do meu pé e a deixaria satisfeita. O que eu não esperava era que ela iria ficar se esfregando em mim e agarrando o meu pau o tempo todo. Quando ela deslizou as mãos na frente do meu short e disse que queria ser comida, não aguentei: eu a abaixei, firmei suas duas mãos em uma árvore e a fodi por trás. Assim eu não precisava ver as suas expressões falsas de prazer. Ela estava fazendo isso para me obrigar a casar com ela. O paizinho dela queria isso e Clara fazia tudo que ele pedia. Nada além disso.
Depois de gozar, terminei o jogo e fiquei fugindo dela desde então.
– Andei ocupado – respondi friamente.
Ela não pegou a deixa. Em vez disso, se colocou no meio das minhas pernas e se abaixou por cima de mim, me proporcionando uma visão direta da camisa dela. Ela não tinha muito peito. Não sabia ao certo o que estava me mostrando. Se nos casássemos, ia pagar para ela botar silicone.
– Muito trabalho sem diversão... – ela arrulhou, caindo de joelhos e esfregando indiferente a mão sobre o meu pau. – Eu posso dar um jeito nisso.
Ela prometeu e começou a abrir a minha calça. Eu havia me sentido mal da última vez que a deixara ir tão longe. Afinal de contas, eu a estava usando. Claro que ela também me usava, mas isso não queria dizer que eu precisava baixar tanto o nível. Era errado. Não queria ficar com ela. Se me casasse com ela, seria por obrigação. Não havia motivo para manter essa piada. Eu precisava de algum tempo para pensar.
– Para, Clara. Eu preciso trabalhar. Agora não. – Resisti ao impulso de empurrá-la. Isso seria frio demais.
– Você pode trabalhar e eu posso fazer com que seja bom. Mostrar o que você pode ter pelo resto da vida.
Nós dois sabíamos que no instante em que eu dissesse “sim”, o sexo entre nós se tornaria uma obrigação. Ela inventaria motivos para não transar e boquetes no escritório seriam apenas uma lembrança do passado.
– Não me trate como se eu fosse um idiota, Clara. Eu sei o que você está fazendo e por quê. No instante em que nos casarmos, essa sua máscara vai cair.
Os olhos dela se encheram de ressentimento. Eu só estava sendo sincero. Era a vez de ela ser também.
– Só porque o meu pai quer que eu me case com você não quer dizer que seja o único motivo pelo qual eu queira fazer isso. Sinto atração por você. Que mulher não sente? A diferença entre mim e as outras mulheres é que eu sou boa o bastante para você. Nós nos completamos. Você pode lutar contra isso e fazer um esforço tremendo para continuar tendo a sua vidinha de playboy, mas eu não vou a lugar nenhum. Eu quero no meu dedo o anel que sei que o seu pai comprou. Quero o seu sobrenome. O sexo pode ser incrível para nós dois, se você deixar. Eu não vou ser sempre a puta com quem você fantasia. Você poderia aproveitar essa parte enquanto pode.
Ela se levantou e ajeitou a camisa.
– Você sabe onde me encontrar quando estiver pronto para admitir que você e eu somos perfeitos juntos
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