História Estudos, Amor ou Curtição? - Anos depois...

5 anos depois...

No final do curso de medicina recebi um convite para cursar residência em Seattle, explicaram que eu teria que fazer uma prova mas acreditavam que eu seria facilmete aprovada, uma vez que eu sou muito inteligente e dedicada. Me interessei pela proposta e fiz a prova, sendo aprovada em seguida. Faz quase três anos que eu estou morando em Seattle e estou quase no fim da residência. Em uma das conversas com o diretor do hospital, ele me disse que irá me efetivar ao final da residência e me promoverá como chefe da emergência, uma vez que faço residência em trauma e o atual chefe da ala se alistou para o exército e sairá do hospital no final no ano. Fazer residência em trauma nunca foi minha primeira opção, na verdade minha primeira opção era ser neurologista, mas com o decorrer da faculdade eu percebi que eu queria mais ação, queria estar ali na emergência, um lugar onde tudo pode acontecer e você tem que estar pronta para tudo, um lugar em que a calma e a autoconfiança tranquilizam, um pouco, a agitação do momento.

 Voltei a Boston poucas vezes depois que me formei, às vezes que fui foi para visitar Emilly, ela está noiva de Pedro e promete que o casamento será logo.

Meu irmão recebeu uma proposta de emprego em Pittsburgh e agora está morando lá com Kathe, que também arrumou um emprego por lá, eles alugaram um apartamento mais no centro da cidade e quase todo final de semana almoçam na casa dos nossos pais. A grande pergunta é: Eles se casaram? Não, apenas se juntaram. 

E eu e o Gustavo? Bom... É complicado... Depois que ele foi para Nova Iorque continuamos namorando por mais alguns meses, mas a distância desgastou o relacionamento. A pesar de nos gostarmos muito, conversamos e resolvemos que seria melhor darmos um tempo. Continuamos bons amigos até a minha formatura praticamente, eu convidei ele para ir na mesma e ele foi. Tivemos uma recaída e ficamos juntos durante os três dias que ele passou em Boston. Resolvemos tentar manter o relacionamento de novo mas não deu certo, não por falta de amor mas sim por não conseguirmos lidar com a situação. Ambos sentiam falta de, no final de um dia cansativo, poder abraçar e beijar seu amado. Aos poucos nossa amizade também foi diminuindo, não entendi bem o porquê mas Gustavo começou a se distanciar depois de um tempo, o que me deixou bastante chateada no início. De vez em quando eu chamava ele para conversar mas depois de um certo período eu parei, foi aí que nos distanciamos de vez. Gustavo nunca foi de ter redes sociais e as que tem não usa, então não sei nada sobre ele hoje em dia, na verdade, a única coisa que sei é que ele continua em Niva Iorque.

Nesses anos de residência conheci Mark. Mark também é residente, porém em cirurgia cardíaca, nos conhecemos no início da residência já que entramos juntos na mesma remessa de alunos, sendo distribuídos para nossas respectivas áreas de atuação logo depois. Mesmo não estando na mesma área, formamos uma amizade muito boa. No início achei que estava tentando substituir Gustavo por ele e por isso tinha aceitado sua aproximação tão rápida, mas depois vi que não era nada disso, Mark era diferente de Gustavo, um diferente bom. Eu me aproximei tanto dele que ele sabe quase tudo da minha vida, inclusive de Gustavo, e eu sei da sua também, principalmente dos seus casos com as enfermeiras e as outras residentes, posso dizer que Mark era o típico cara gostoso que todo mundo quer pegar e ele se aproveita disso, fazer o quê se todas o querem e ele também as quer?! 

Assim que cheguei em Seattle eu morava sozinha em uma kitnet e Mark num apartamento maior que dividia com um amigo. Depois que pegamos mais intimidade um com o outro, ele perguntou se eu não gostaria de morar com ele já que o garoto com quem ele dividia o apartamento se mudou e ficou muito pesado para ele pagar sozinho. No início eu não gostei muito da ideia, mas acabei cedendo, além de o apartamento ser maravilhoso e enorme, o aluguel dividido em dois não é muito caro. Desde então estamos morando juntos. O nosso único trato é: não levar nenhum(a) garoto(a) para o nosso apartamento para não ser desconfortável para ninguém. Tenho que admitir que Mark é bem bonito e gostoso, mas além de eu não sentir absolutamente nada por ele, o vejo como um irmão. Já perdemos as contas de quantas vezes eu já vi ele de cueca ou só de toalha e ele já me viu de calcinha e sutiã, ambos sem nutrir nenhum desejo pelo outro.

Ontem ao final do plantão me despedi de Mark, eu estava saindo de um e ele entrando em um. Conversamos um pouco mas logo me despedi porque estava muito cansada, tinha sido uma noite longa e o sol já estava raiando, a única coisa que eu queria era deitar na minha cama e descansar. Quando eu estava quase indo embora, Mark me parou e perguntou se eu toparia ir em um encontro duplo porque ele estava gostando de uma residente mas ela tinha combinado de sair com um amigo que não trabalhava no hospital, ele disse que perguntou para a menina se ela e o garoto eram só amigos ou eram algo a mais e, ao ouvir a resposta da menina, propôs que saíssemos todos juntos aí  e ele levaria amiga (no caso eu) para fazer companhia ao amigo dela, ou seja, eu seria usada como apoio para vela.

"Por favor Anne! Faz isso por mim?!"- Mark continua insistindo

"Hoje a noite?"

"Sim..."

"Não sei não..."

"Vai Anne, só uma noite..."

"Essa garota vale a pena?"

"Vale... Acho que estou gostando mesmo dela..."

"Tá, disso eu duvido um pouco..."- Rio e ele revira os olhos.- "Tá bom... Você venceu... Só vê se esse amigo dela é no mínimo bonitinho, por favor?!"

"Eu te amo, Anne!"- Ele beija minha bochecha.- "Prometo que lavo a louça por um mês"

"Combinado"- Rio

 Depois de mais alguns minutos de conversa, Mark foi chamado para analisar um prontuário e eu fui para casa.

Fui para o apartamento pensando na bobagem que acabara de fazer, onde eu estava com a cabeça para concordar com isso? Enfim, não tinha mais volta, o que não fazemos pelos amigos, não é mesmo? 

Tomei um banho relaxante e deitei na cama para dormir um sono tranquilo depois de um plantão de 24hrs tumultuado.

[...]

 Acordei eram quase 14hrs, pra quem tinha ficado a noite em claro e foi dormir às 8:30hrs tá bom. Improvisei um almoço e fui para a sala assistir um filme torcendo para que ninguém me bipasse da emergência. E é nessas horas que o velho ditado, "Tudo que é bom dura pouco", se aplica. Estava quase na metade do filme quando George me bipa da emergência, levanto rápido, pego minha bolsa e vou de carro até o hospital. Ao chegar no hospital, troco rapidamente de roupa e vou encontrar com George.

"Oi Dr. Müller, me chamou?"

"Chamei sim. Laparoscopia de emergência."- Ele diz apontando para o prontuário.- "Ela é toda sua"

"Sério?"

"Claro, eu sei que você sabe fazer isso até de olhos fechados. Vou te acompanhar na cirurgia mas acho que nem vai precisar de mim."

"Obrigada!"- Sorrio abertamente

"Bom... Como sempre, você vai ter que passar no quarto do paciente, dar os últimos detalhes da cirurgia pra ele e, se estiver tudo certo, as enfermeiras irão prepará-lo para cirurgia"- Ele diz. Assinto e pego o prontuário do paciente indo até seu quarto.

[...]

Depois de três horas no centro cirúrgico, eu terminei a cirurgia. Eu realmente estava cansada para ir num barzinho mas tinha combinado com Mark e não ia deixar de ir, nem que eu fosse embora mais cedo.

"Ótimo trabalho, Dra. Burdett"- Diz o Dr. Müller

"Obrigada, Dr. Müller"- Sorrio

"Fico feliz que tenham escolhido você para me substituir. Será uma ótima chefe é uma cirurgiã melhor ainda"-

"Muito obrigada, mas se eu precisar de alguma ajuda eu vou até o exército te achar pra me ajudar"- Rio

"Sempre que eu puder eu vou ajudar, mas acho que não será necessário"- Ele ri e me abraça de lado

"Agora eu preciso ir que combinei de sair com uns amigos... Até outra hora!"- Digo

"Já sabe neh, se estiver chato me avisa que eu te bipo"- Ele ri

"Pode deixar que eu bipo sim"- Rio

George era uns 10 anos mais velho que eu, ficamos bem amigos na residência já que ele é meu professor e o atual chefe da área que eu vou atuar. E pela nossa amizade ele já me salvou algumas vezes no meio de algum encontro chato ou reunião. Começou no início do ano passo quando eu resolvi escutar os conselhos da Emilly e sair com alguém, digamos que Mark mal conhecia Emilly mas se juntou com ela para me converncer a isso. Eu sai com um cara que também era residente de medicina mas em outro hospital da cidade, no início tava legal, mas a pesar de eu amar medicina às vezes eu queria sair para conversar sobre outras coisas e ele só sabia falar dos procedimentos que ele já tinha feito e ficava se achando por isso. Foi aí que eu tive a ideia de mandar uma mensagem pro George para ele me salvar e assim ele fez, pouco tempo depois que eu pedi, ele me bipou e eu tive que sair 'correndo' do barzinho para, teoricamente, ir para o hospital.

[...]

A primeira coisa que fiz ao chegar no apartamento foi tomar um longo banho relaxante e botar um confortável pijama comprido, já que fazia um pouco de frio e de frio. Deitei na cama para descansar e pedi que Mark só me chamasse quando faltasse 30 minutos para a gente sair de casa. E assim ele fez. Eram em torno de 18:30hrs quando ele entrou no meu quarto e me acordou. Mark perguntou se eu não queria ficar em casa porque estava cansada assim ele desmarcaria o encontro, mas eu neguei e disse que queria sair.

Botei um vestido preto de manga comprida, ele batia um pouco acima do joelho e realçava minhas curvas por ser justinho. De maquiagem, apenas preparei a pele, passei rímel e um batom rosado. Nós pés, calcei um salto, não muito alto, preto também.

"Nossa Anne, você tá linda"- Diz Mark assim que entro na sala de estar

"Muito obrigada"- Faço uma reverência e rio

"Você também está maravilhoso"- Mark vestia uma calça jeans, uma camisa de botão azul com os primeiros botões abertos e um sapatênis.

"Obrigado, você me acompanha?"- Ele diz estendendo o braço.

"Claro"- Rio e entrelaço meu braço no seu

Saímos do apartamento e descemos o elevador até a garagem. Fomos no carro de Mark até o barzinho que marcamos de encontrar com eles.

Chegamos no barzinho e Mark logo avistou Amélia, a garota que ele queria ficar, e seu amigo. Olhei rapidamente para Mark e caminhamos até a mesa onde eles estavam sentados.

"Oi, tudo bem?"- Mark cumprimentou Amélia com um beijo no rosto

"Anne você já conhece a Amélia neh?!"- Ele pergunta

"Conheço sim, mas nunca tivemos a oportunidade de conversar direito"- Rio fraco e a comprimento

"Josh, esses são Mark e Anne... Pessoal, esse é meu amigo Josh"- Diz Amélia

"Prazer Josh"- O cumprimento com um beijo no rosto

"O prazer é meu... E ainda bem que vocês chegaram, não aguentava mais ouvir a Amélia falando do Mark"- Ele ri e ganha um beliscão de Amélia

"Aii"- Josh reclama

"Acho melhor a gente sentar "-Rio fraco e nos sentamos na mesa que eles estavam sentados antes

[...]

A noite foi muito divertida, conversamos e rimos muito. Josh era muito engraçado e estava sempre fazendo piadas. Gostei bastante de Amélia também, nunca conversamos nada além de coisas relacionadas à residência e ao hospital.

No final da noite, Josh se ofereceu para me levar para casa, a fim de deixar Amélia e Mark um pouco sozinhos.

Assim que chegamos em frente o apartamento que morava, me despedi de Josh e desci do carro. Ele deu um último 'tchauzinho' e se afastou. Fiquei observando o carro dele sumir na esquina e entrei no hall prédio. Subi até o apartamento e me joguei na cama após tomar banho.

Botei meu celular para carregar e vi que tinha algumas ligações perdidas de Emilly. Nos falamos todo sábado por facetime e alguns dias durante a semana por mensagem, não nos falamos desde sábado passado mas hoje é quinta e não é comum alguma das duas ligar durante a semana. Fiquei um pouco preocupada e mandei diversas mensagens para ela mas sem esperar respostas por causa do horário.

Amanhã eu só vou para o hospital a tarde, então boto o celular para despertar no final da manhã e pego no sono poucos minutos depois.