*Anne Russel*
A fina garoa que caía sobre Londres tinha deixado escorregadios os degraus da escada lateral da minha antiga casa, dificultando minha subida. Eu estava cansada. Também pudera depois de percorrer meia Londres em busca de um objeto tão minúsculo e caro. Sem falar do medo que eu tinha de ser pega pela polícia, já que eu dirigia o carro que não era meu e ainda estava sem meus documentos e carteira de motorista. Imprudência nível mil.
Mas era por uma boa causa, e no final das contas deu tudo certo e não fui presa.
Difícil mesmo era ter que subir os intermináveis degraus molhados com três caixas de comida equilibradas nos braços. Não enxergava um palmo à minha frente, muito menos um degrau. Não é hora para cair, pensei. Se bem que já faz um bom tempo que não vejo o chão de perto...
Devo ter ficado uns quinze minutos no trajeto da escada até a porta, evitando as porcarias de espirros que o resfriado me trouxe de brinde. Cheguei lá em cima e chutei a porta para me certificar que estava aberta e ela rangeu, abrindo-se de uma vez só como nos filmes de terror. Dei passos à frente, adentrando na casa e percebi que estava tudo escuro. Mas que merda Harry estava fazendo no escuro?
Continuei a ir pelo caminho que imaginava ser o da cozinha tentando olhar por cima das caixas. Três passos depois meio que ‘chutei’ alguma coisa, e escutei um gemido; a seguir as caixas magicamente não estavam mais em minhas mãos e eu, bem... Eu caí, mas não foi um tombo como os que costumo levar, desta vez caí em algo macio, não tão macio.
- O que é isso que ta em cima de mim? – Era Harry, e eu estava em cima dele.
- Sou eu!
- Então sai! Ta me esmagando! Só não dobra o joelho ou vai acertar o meu...
Harry falou tarde demais. Flexionei o joelho, assim conseguindo rolar para o lado sem me machucar e sair de cima dele. Só não entendi o motivo de ele ter choramingado.
- Você deu uma joelhada no meu... No meu... Você sabe onde! – Ouvi ele falar com a voz chorosa. Quase senti a dor dele.
- Por que desligou as luzes? Acaso virou lobisomem e consegue enxergar no escuro?
- Eu não desliguei, elas simplesmente se apagaram – Respondeu ele.
Enquanto isso eu me arrastava pelo chão parecendo uma baleia encalhada, até que encontrei a parede para me apoiar e enfim levantei-me, encontrando rapidamente o interruptor e acendi a luz. Pude ver Harry se contorcendo no chão, com as mãos no... Como dizem as directioners, na Stylesconda.
Ri com meu pensamento e fui ajudá-lo a levantar, como se minha força fosse o suficiente para levantar aquele ogro magrelo, e como se eu pudesse fazer força... Mas enfim, ele estava de pé ainda se contorcendo de dor. A luz acima de nós começava a falhar, ascendia e apagava sozinha em questão de segundos, e em uma das vezes que apagou ela não ascendeu mais. Que ótimo, a chuva havia aumentado tanto que até as luzes queimaram.
- Luz, por favor! – Falei dramaticamente, procurando o celular para iluminar um pouco. E ainda tinha minha claustrofobia por lugares mal iluminados. A vida adora ferrar comigo.
- E agora? Essa porcaria de luz se apaga logo agora? Logo hoje só para estragar tudo?! – Harry ficou bravo.
- Calma, dá pra resolver isso – Falei tranquilizando-o – Primeiro me ajuda a encontrar as caixas de comida que caíram no chão.
Harry fez cara de nojo.
- E eu vou comer comida juntada do chão?
- Ninguém mandou me fazer cair. Agora junte, e agradeça a minha boa vontade de ter ido comprar. Aliás, paguei tudo com o cartão, e você vai me pagar depois. Custou muito caro.
Ele resmungou alguma coisa que fiz questão de não entender e também aluminou o chão com o celular. Achamos as caixas e as largamos na mesa da cozinha. Antes de começar a armar meu incrível plano eu precisava de luz. Devia ter velas na dispensa, e além de iluminar elas me serviriam para mais uma coisa. Velas se tornam muito úteis quando você quer juntar um casal.
- Harry, vai à despensa e procure velas – Falei apontando a direção da dispensa com a cabeça e levando as mãos aos cabelos para fazer um coque.
- Velas? Pra quê? – Ele questionou com cara de interrogação.
- Como você é lerdo e burro, garoto.
- Não tive chance nem de terminar o colegial e você quer que eu seja um gênio?
- Não me referi a esse tipo de burrice.
- Ah... – Ele disse apenas, e tratou de ir procurar as velas.
Enquanto isso eu retirei as comidas das caixas e as arrumei em cima da mesa. Tentei deixar a mesa bonita, digna de um jantar a dois, mas, como decoradora sou uma ótima fotógrafa... Até que Harry voltasse com as velas eu havia conseguido deixar tudo arrumadinho. Deixei apenas duas cadeiras ao redor da mesa, uma de frente para outra.
Eu em toda minha vida nunca tive um jantar a dois e romântico, e estava ali arrumando isso para Harry e Lara. Vê se pode... E o pior é que a ideia foi minha.
- O que vai fazer com as velas? – Harry tinha voltado e me entregava o pacote.
- Jantar a luz de velas, é romântico, e a única solução no momento. A não ser que queira comer no escuro, se é que alguém consegue comer no escuro sem furar o olho com o garfo.
Ri novamente. Tenho que parar de pensar nessas hipóteses diabólicas.
Deixando de lado minhas teses e discussões desnecessárias com Harry, consegui dar um jeito e deixar aquilo bem romântico. Pus velas na mesa e ao redor da cozinha para iluminar bem, e na sala também porque seria estranho se Lara chegasse e não visse nada.
Faltavam uns vinte minutos para que ela chegasse da faculdade, e eu ainda não tinha mostrado para Harry a outra coisa que havia comprado para ajudá-lo a se acertar de vez com ela. Retirei a caixinha preta de veludo de dentro do bolso e a abri, pondo bem na frente da cara dele.
- Acha que ela vai gostar?
- Sei lá, acho que sim – Falou ele, não muito interessado. – Precisa disso tudo mesmo? Jantar, valas, anel...
- Precisa, Harry – Disse eu. Indiquei a cadeira em frente a minha e ele sentou. – Já sabe o que vai falar para ela?
- Não, eu não consigo raciocinar. To meio nervoso.
- Deve ser normal. Niall tremia quando me pediu em namoro – Falei com cara de sonhadora, provavelmente. Harry riu.
- Vou tentar não fazer merda de novo.
- Certo – Falei, me levantando. – Sei que não vai querer viajar durante mais de três meses e ficar brigado com ela.
Harry ficou quieto, pensando. Enquanto ele ia ficar ali, eu precisava ir resolver a minha vida.
- Então eu vou indo – Anunciei, caminhando até a porta com ele logo atrás de mim. – Vou ver se a minha loira irlandesa ta em casa – Fiz Harry rir mais uma vez. – E que a sorte esteja sempre a seu favor.
- Alguém tem lido Jogos Vorazes...
- Ah, sacumé né?!
- Sei cumé...
Despedi-me dele com um abraço, desejando imensamente que tudo desse certo, afinal, eu não saí na chuva atrás de comida para nada. Só não sei se vai dar coisa que preste quando eu chegar em casa.
Peguei um táxi para ir até em casa, que é muito longe mesmo. É uma casa meio escondida e percebi que o taxista ficou receoso ao ir até lá, talvez nunca tivesse ido para aqueles lados.
Pelo menos, quando cheguei, tive certeza de que Niall estava sim em casa, pois a garagem do carro dele estava fechada. Geralmente, quando o carro não fica lá ele deixa a garagem aberta. Manias do Niall.
Fui logo notando que a televisão estava ligada devido ao volume alto, e no sofá grande Niall se encontrava deitado em um estado deplorável, rodeado por porcarias. Eu teria passado reto, direto ao quarto se não tivesse escutado um ruído atrás de mim.
- Não pense que não vi quando chegou – Niall falou sério.
Girei os calcanhares lentamente. Não queria ter que encará-lo agora, mas por incrível que pareça acabei rindo quando o vi.
- Onde você estava? – Perguntou coçando os olhos tão inocentemente que me fez sentir dó por tê-lo deixado sozinho.
- Não dá para te levar a sério com essa cara toda melada de nuttela – Falei o que eu via.
E ao tentar limpar o rosto ele espalhou mais a sujeira, ficando ainda mais engraçado.
- Vem, senta aqui. Vamos conversar – Ele chamou, indicando o sofá.
- Não to a fim de conversar agora.
Niall me olhava com cara de interrogação e eu não quis ficar ali para saber o que ele ia falar. Continuei o caminho da escada, ouvindo passos pesados dele vindo atrás.
- Eu te esperei durante dois dias e você não quer conversar? – Ouvi ele dizer, em tom de cobrança logo que pus a mão na maçaneta.
- Eu te esperei por muito mais tempo – Acabei soltando amargamente.
Ele me olhou confuso, provavelmente não entendo ao que eu me referi. Esse é o problema em ter um namorado lerdo, ele nunca sabe de nada.
- Eu não entendo! Não entendo porque você sumiu, não entendi o motivo daquele recado e não entendo porque você ta agindo assim. Custa me dizer o que eu fiz?
Suspirei, fechando os olhos fortemente.
- Olha, Niall, eu... – Não sabia muito bem como continuar. – Quando você me ignora eu invento um monte de motivos na minha cabeça pra você não ter me procurado ou se importado comigo, e todos eles fazem mais sentido do que o simples fato de você não querer estar comigo – Falei em um só fôlego.
Tive que reunir forças sabe-se lá de onde para conseguir falar o que estava entalado em minha garganta, e sem ser ríspida. Não era certo jogar na cara dele em forma de cobrança, por mais que eu quisesse.
Niall ficou petrificado em minha frente, com a boca entreaberta. Eu abri a porta do quarto e entrei rápido, deixando-o na parte de fora. Não demorou para que eu sentisse um peso repentino no peito. Não queria voltar a chorar, mas também não consegui evitar.
*Niall Horan*
Na boa, nunca vou entender as mulheres.
Qual é a dificuldade de sentar e conversar? Depois de dois dias quase enlouqueci esperando ela e twittando frases melodramáticas, e depois ela chega dizendo que não ta a fim de conversar e se tranca no quarto, pra quê? Só pode ser para eu me sentir mais culpado ainda, se é que é possível! E só em ver aquela lágrima rolando pela bochecha dela me deixou aos pedaços. Anne deve ter ficado muito chateada com algo que fiz, e, para melhorar minha situação, eu não faço ideia do que possa ser. Qual é, não sou nenhum ser com poderes de adivinhação!
Eu só queria... Não sei nem o que eu quero.
Voltei para a sala com a consciência pesada. Pesava tanto que não conseguia erguer a cabeça. Quando descia a escada, soube finalmente o que Anne sente quando rola pelos degraus, porque eu caí, por sorte, caí sentado e fiquei na mesma posição por minutos até recuperar as forças e me levantar.
De novo naquele sofá coberto por farelos de comida comecei a pensar e a tentar entender o que ela disse. Naquele primeiro momento em que Anne me olhou e despejou um monte de coisas eu não entendi porra nenhuma e depois de relembrar o que ela disse, aí sim que meu cérebro deu um nó.
Lembro de alguma coisa sobre eu ter a ignorado ou algo assim. Mas nunca fiz isso, não que eu me lembre pelo menos. De qualquer maneira eu descobriria depois, fazendo-a falar uma hora ou outra.
Em meio a meus pensamentos vi um vulto sair da cozinha e concluí que fosse ela, já que o tal vulto espirrava sem parar. Deve ter pegado uma gripe. Esperei mais uns vinte minutos e subi de volta ao quarto, que estava destrancado e a vi deitada na cama com metade do corpo coberto, virada de costas para a entrada do quarto. Procurei fazer o mínimo de barulho quando estava tomando banho e depois, quando deitei na cama, suavemente, do lado dela, sem encostar, claro.
Meu travesseiro estava com ela, sendo apertado entre seus braços. Não fala comigo, mas pega meu travesseiro... Posso garantir que sou tão abraçável quanto aquele travesseiro.
Virei de costas para ela e apoiei a cabeça no antebraço. Apenas deitei por deitar, porque dormir eu certamente não conseguiria
***
Meus sonos duravam no máximo uns quinze minutos e eu acordava, sempre dando uma olhada por cima do ombro para ver se ela estava bem.
Em uma das vezes acordei porque a claridade ultrapassava minhas pálpebras. A luz incomodativa irritou meus olhos quando os abri, esfregando-os para recuperar a visão nítida, e vi que Anne tinha acendido a luz. Completamente perdida e escabelada ela procurava algo pelos cantos do quarto.
- O que houve? – Perguntei sentando na cama.
- Você ta escutando?
– Escutando o que?
- Tem um grilo aqui dentro do quarto – Não sei por qual motivo ela sussurrava. – E é um grilo esperto, pois parou de cantar logo agora que eu ia pegar ele.
Não pude deixar de rir.
- Grilos só cantam no escuro. É melhor apagar a luz se quiser pegá-lo.
- Mas aí não vou enxergar nada.
- Uma lanterna resolve.
Ela pareceu entender. Antes de a luz ser apagada novamente, peguei uma lanterna na gaveta da cômoda e a liguei, iluminando o chão para pegar um chinelo.
O grilo começou a fazer aquele barulho chato e conseguiu me irritar, o que me fez querer caçá-lo também. Segui o barulho, concluindo que o bicho estava na estante de livros. Só Anne para ter uma estante de livros no quarto.
- AHÁ! Achei você – Falei ao ver o bicho na ponta de um livro. Na verdade era um gafanhoto enorme. Ergui o chinelo para acertá-lo. – Quais são suas ultimas palavras?
- Não! – Anne gritou atrás de mim, me fazendo lagar o chinelo de susto. – Não mata ele.
- Por que não?
- Não se mata gafanhotos verdes.
Observei ela pegar o bicho cuidadosamente e sair do quarto. Uma garota pegando um inseto na mão, que interessante...
- O que fez com o bicho? – Perguntei quando a vi voltar.
- Larguei no jardim.
- Você desceu lá embaixo só para largar o bicho no jardim?
- Foi o que eu disse – Falou simplesmente. - Não se pode matar gafanhotos verdes, eles significam esperança, assim como os trevos de quatro folhas significam sorte. É superstição.
- A única esperança que eu tenho é que você pare de me evitar – Falei sério. – Podemos conversar agora?
- É três horas da madrugada, Niall, por favor, né?
Novamente ela ficou emburrada e foi até a cama batendo os pés fortemente no chão. Deitou de barriga para cima, e como havia crescido desde a última vez que a vi. Só de lembrar que minha filha (ou filho) estava crescendo ali e fez sorrir feito um boboca e ir correndo para a cama.
Fiquei o mais perto possível e peguei uma mecha do cabelo dela. Ia chegando mais perto conforme me certificava que ela não recuaria. Beijei sua bochecha, e depois o canto da boca, e quando finalmente percebi que pelo menos um beijo eu conseguiria, puxei o edredom, cobrindo-nos por inteiro. Ouvi ela rir fracamente antes de pressionar os lábios nos dela novamente em um selinho longo. Ia tentando fazê-la ceder e fazer aquilo virar um beijo de verdade, ma ela não dava chance. Resmunguei alto.
- Para de bancar a difícil – Falei sussurrando na tentativa de soar um pouco sedutor, mas acho que não funcionou.
- Não. Eu to resfriada, pode passar pra você.
- Não me importo desde que me diga o que ta acontecendo.
Mais uma vez Anne se calou, mas ao menos virou de frente para mim, largando o travesseiro e me abraçou. O rosto foi parar na curva do meu pescoço, os braços me apertavam como nunca.
- Você me deixou sozinha – Sussurrou perto do meu ouvido.
- Eu estou aqui, não estou?
- Agora sim, mas antes não.
Eu não entendi. Fiquei ponderando várias coisas sem chegar a lugar nenhum.
- Tudo bem, eu admito ser um lerdo, babaca, bobão e tudo o que quiser me chamar, mas vai ter que me especificar isso aí.
Senti ela afastar-se um pouco de mim, pondo a mão em meu rosto, fazendo movimentos circulares com o polegar.
- Eu sabia exatamente quais eram os seus dias de folga porque os meninos vinham aqui sempre que podiam – Ela começou. – Todos eles vinham, menos você, que estava sabe-se lá aonde quando deveria estar aqui. Você prometeu ficar comigo sempre que pudesse, mas não fez – Falou em tom de cobrança. – Cheguei a pensar que você estava me traindo e...
- O que? Quem ta colocando essas coisas na sua cabeça? – Eu me exaltei.
- Nem no dia em que eu descobri o sexo do bebe você não estava em casa, sendo que deveria estar. Você costumava ficar tão animado com o assunto ‘Melanie’ e isso mudou, o que me fez pensar em muitas bobagens, afinal, você é o pai, e é meu namorado, mas não parecia. Liam parecia mais pai que você, ele ligava todo dia enquanto você continuava sumido. Eu fiquei chateada, deprimida, triste, paranoica, porque eu precisava e ainda preciso de apoio. Continua sendo difícil essa situação para mim, e sem você fica pior ainda.
Com todo o discurso ela conseguiu fazer eu me sentir mais culpado. Onde eu estava esse tempo todo? No mundo da lua, é claro. Quem ganha o troféu de lesado do ano? ~Rufem os tambores~ Niall Horan, o patetão.
- Apenas um pedido de desculpas não vai ser o suficiente?
- Não mesmo – Ela concluiu com firmeza na voz.
Eu a abracei o mais forte que podia. Nada que eu fizesse agora adiantaria ou melhoraria minha situação, porque ela não ia me escutar. Podíamos estar abraçados, mas tenho certeza que isso vai mudar logo de manhã, e ela vai me cobrar respostas. Afinal, onde eu realmente estive esse tempo todo? Só posso confirmar que não estava com outras mulheres. Na verdade, eu estive em vários lugares, menos aqui onde era minha obrigação estar.
- Em que buraco você tinha se escondido? – Perguntei.
- Estava em Estocolmo com Harry. Foi legalzinho.
Controlei-me para não demonstrar ciúme.
- O que fez por lá?
- Peguei um resfriado – Disse rindo. – E você, por acaso percebeu o quanto essa casa é grande?
- Percebi.
- Foi por isso que quis que você ficasse sozinho aqui, para sentir na pele o mesmo que eu sentia quando ficava sozinha – Tudo o que ela dizia me fazia sentir como um cara sem escrúpulos. – Foi ruim, não foi?
- Foi péssimo – Falei sinceramente. – Eu fiquei tão fora da casinha que me entupi de suco de uva achando que podia tomar um porre.
- E conseguiu?
- Óbvio que não. Só consegui ficar o dia todo fazendo xixi de cinco em cinco minutos. Não me surpreenderia se o xixi saísse roxo.
Anne riu com gosto, me fazendo rir junto. Era bom voltar a fazê-la sorrir.
- Da próxima vez tente com toddynho que é mais gostoso.
- Gostoso sou eu.
- Tenho que concordar – Ela sorriu maquiavelicamente, tocando a pele do meu pescoço com a boca e depois com a língua.
Eu me contorci por inteiro e ela voltou a rir. Na seca que eu ando chega até ser covardia fazer isso comigo.
- Vai ter troco!
Consegui prendê-la pelas mãos e colei a boca em seu pescoço, sugando a pele morena enquanto ela esperneava em protesto, gritando e rindo ao mesmo tempo.
- Pronto, me vinguei.
- Isso não vale! – Disse indignada. – Eu sinto vontade de te esganar e te beijar ao mesmo tempo, seu filho da mãe.
- A segunda opção é melhor.
Perdi a noção do tempo depois que finalmente consegui capturar os lábios dela para mim. Ficamos naquela guerra de provocações durante um bom tempo, até cansarmos, e apesar de saber que não duraria muito tempo eu estava me sentindo bem. Bem melhor do que ontem.
- O que acha de dormir agora? Sei que tem um voo marcado para logo cedo.
Soltei um murmúrio desaprovador, mesmo sabendo que era o certo a se fazer. Puxei-a parar perto, e sorri ao sentir ela enroscar as pernas nas minhas. Agora sim eu podia dormir tranquilamente.
- Que fique bem claro, ainda não te perdoei totalmente – Ela disse o que eu já esperava ouvir.
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