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História Eu correrei até você com os pés molhados - Rasgos e Costuras


Escrita por: yunnami

Notas do Autor


🖤 Chegamos no 50!


Tem que ser um capítulo especial, certo?

Capítulo 50 - Rasgos e Costuras


Fanfic / Fanfiction Eu correrei até você com os pés molhados - Rasgos e Costuras

A chuva continuou.

Quando Jungkook chegou no Hannam The Village, RM e dois dos managers do grupo, Sejin e Sanghyun  estavam reunidos na sala principal. Todos com uma expressão séria. O maknae tinha engolido o choro no caminho, seu rosto tinha mudado. Estava inexpressivo.

- Jungkookie, não queremos te fazer se sentir culpado, ok? O que passou, passou. Só precisamos fazer o que o protocolo manda. Sente-se. - Sejin disse num tom calmo, porém firme. O mais novo obedeceu mecanicamente, sentando-se ao lado de seu líder.

-  Deveria ter nos contado. Teria feito o teste já no dia seguinte e estaria tudo certo. - Namjoon massageava as têmporas. Em seguida, passou a mão nas costas do mais novo, o fazendo um carinho. Não queria que ele se sentisse mal e sabia o quanto aquilo poderia o abalar.

- A sorte é que a agenda de vocês não está sendo divulgada. Seus amigos das outras empresas estão mais encrencados por conta disso. Ainda assim, a Dispatch tem os nomes, horários e fotos de vocês em dois lugares públicos de Itaewon. - Sanghyun demonstrava preocupação em sua fala - Estão ameaçando a empresa dizendo que vão divulgar nas redes sociais, mas parece que os CEOs conseguiram os persuadir com dinheiro. Dessa vez nos safamos.

- Foi perigoso, Jungkookie. Deveria ter me chamado ou algum dos seguranças. Coisas ainda piores podiam ter acontecido. - Sejin notou que o olhar do maknae estava distante. Ele ouvia tudo com atenção, apenas balançava de leve a cabeça assentindo calado. 

- É tão complicado... A Dispatch também está sendo tão egoísta. O que não fazem por dinheiro e escândalos? Jungkook é apenas um ser humano... - Namjoon disse indignado. 

- O problema é que vocês não são seres humanos comuns. Jungkook, você não é uma pessoa normal. Você não pode ter uma vida normal. Mesmo que milhares de outros jovens não estejam nem aí para o distanciamento social e os demais cuidados diante da pandemia, você é diferente. Tudo o que você faz é avaliado, postado, compartilhado e repercutido. Você é um ídolo. Precisa ser um exemplo para o ARMY e para a juventude. 

Jungkook não sentiu nenhuma lágrima vindo. Sua garganta não doeu. Seu coração não acelerou. Estava quebrado, como um relógio que parou de funcionar. Sejin, ao notar que o mais novo não estava em seu estado normal, deduziu que haviam outras coisas incomodando seus pensamentos, além da ida a Itaewon. Encerrou, então, aquele assunto e antes de se retirarem, deu um abraço singelo nele.

- Hm... Tudo bem? Não precisa ficar triste. Eles já resolveram. Ninguém vai ficar sabendo. Você vai fazer mais um teste amanhã só por garantia, ok? - Namjoon deslizava sua mão nas costas do maknae.

- Ok. - Respondeu quase como um robô, juntou as sacolas com comida e foi até a cozinha arrastando os pés. 

"Você não é uma pessoa normal. Você não pode ter uma vida normal. Tudo o que você faz é avaliado, postado, compartilhado e repercutido. Você é um ídolo."

Guardou as caixinhas na geladeira, uma por uma, até restar somente o envelope com a letra da música que ele compôs. Seu estômago embrulhou no momento em que suas mãos pegaram aquele papel. Seu coração estava ali naquelas estrofes, mas do que adiantava? Avistou uma caneta em cima da bancada, a pegou receoso e, depois de pensar alguns instantes, resolveu escrever o título no topo da folha: No More With You. Em seguida, chorou. Chorou em silêncio, um choro cheio de dor. Era como se tudo aquilo fosse uma porta se fechando, um final. Amassou a letra da música, a jogou de forma desleixada na lata de lixo e foi para o seu quarto. O Golden Closet nunca pareceu tão escuro como naquela noite. 

Mariana ainda não sabia, mas no instante em que Jungkook deixou o seu apartamento, ele tinha tomado uma decisão.

Na manhã seguinte, acordou atrasado, porque dormira mal. Namjoon contou aos demais membros o ocorrido e ficou esperando que ele terminasse de se arrumar para irem juntos para o estúdio. Nesse tempo, encontrou jogado ao lado da lixeira da cozinha um papel amassado. Curioso, acabou o ajuntando e lendo toda a composição do maknae.

- Ei, JK! Isso é seu, certo? - O mais velho, que estava com o papel amassado nas mãos, perguntou quando Jungkook apareceu na cozinha. - Por que jogou no lixo?

-  É algo que eu escrevi, mas não importa mais, hyung. - Ele disse apático. - Pode jogar fora. 

- Por que? Suga me disse que você estava compondo e era uma letra muito boa, inspirada no que você sente pela Mariana. Realmente isso aqui está muito legal! A combinação de palavras têm força... 

- É inspirado no que sinto longe dela. - Interrompeu - Então eu meio que não quero mais cantar. Acho que eu e Mariana não vamos ficar juntos. 

- Que? Como assim? Não está sendo precipitado ao concluir isso? - Namjoon  disse tentando confortar o coração do maknae.

- Não, hyung. Acredite, ela fica muito melhor sem mim. - Dito isso rumou para a porta de saída. - Obrigado por me esperar. Vamos?

- Ah... certo... - RM olhou mais uma vez para o papel em suas mãos, então fez que ia o jogar na lixeira, mas pensou melhor e o guardou no bolso de sua calça. 

Quando chegaram no local das gravações, os managers do grupo e alguns seguranças vieram receber e encaminhar os meninos. Jungkook fez um sinal para que Sejin viesse até ele e assim que os demais foram se retirando, ele criou coragem para perguntar:

- Sejin-ssi, eu posso te pedir uma coisa? - Sua voz revelava um pouco do seu nervosismo. 

- Claro, Jungkookie. O que foi?

Depois que o mais novo terminou de contar seu plano, o manager o encarava com uma expressão séria e um tanto assustada no rosto. 

- Jungkook, isso é bastante dinheiro... é possível que seja quase metade de won que você tem na sua conta pessoal. 

- Faça o que for preciso para que seja a maior quantia possível, tá? Nem que esse depósito tenha que ser feito mensalmente por muito tempo. 

- Mas... hm... pelo pouco que eu conheço Mariana, acho que...

- Ela não vai aceitar. - Jungkook terminou a frase. - Eu sei. 

- Talvez ela tente transferir de volta. 

- Dê um jeito de bloquear as transferências vindas da conta dela. Quando ela tentar contato com você e, com certeza ela vai, diga que esse dinheiro pode ser usado para ajudar a senhora Choi, ela pode melhorar a vida da família dela, comprar uma casa aqui na Coréia, fazer uma doação para crianças carentes... a incentive a ficar com tudo. Com esses argumentos, ela vai aceitar.

- Eu não estou te entendendo, Jungkook... - antes que Sejin pudesse concluir sua pergunta, JK continuou:

- Ela não pode saber que esse dinheiro partiu de mim. Precisa fazer parecer que foi a Big Hit quem depositou. Vamos dizer que foi uma forma da empresa a indenizar e... bem...  a chantagear a não falar nada sobre nosso namoro.

- E por que a empresa faria isso?

- Porque vou terminar com ela.

 

 

_________________________

Naquela segunda-feira, os dois não se falaram. O coreano digitou e apagou mensagens diversas vezes. A brasileira também. Precisavam conversar pessoalmente, mas o Bangtan estava no meio das gravações do Dear Class of 2020, portanto, Jungkook precisava estar bem, feliz e saudável, pois estavam passando uma mensagem de esperança aos formandos. Já era tarde da noite quando JK pôde pegar seu celular. Com dor de estômago, abriu as mensagens. Havia uma que fez seu coração disparar.

Mariana: Precisamos conversar. Vou até a empresa amanhã, já avisei Sejin. Marquei um horário na sua agenda para nos encontrarmos. Ok?

Agora ele tinha certeza que ela também tinha tomado aquela decisão. Mas será que eles estavam escolhendo a mesma coisa? 

Jungkook: Ok.

_______________________________

No dia seguinte, Kwon Sob, que estava por dentro do que estava acontecendo entre o casal, levou Mariana até a sede da Big Hit.

- Vai dar tudo certo. - Disse com um sorriso gentil e passando uma das mãos na cabeça dela. - Você vai se sentir melhor depois dessa conversa, tenho certeza.

A jovem carregava apenas uma bolsa pequena presa ao corpo. Estava visivelmente mais magra, apesar das roupas largas e a máscara preta que cobria quase todo seu rosto. Depois de fazer o teste de temperatura e passar pelos procedimentos de higienização, ela foi encaminhada até um dos estúdios de dança dos meninos. Estava medicada, por isso não sentia dores. "Eu não deveria estar aqui, mas é o único jeito, depois de tudo". - Pensou séria.  Parecia mais fácil dizer as coisas que gostaria antes do idol entrar na mesma sala que ela. Frente a frente com ele, seu coração estava pulando batidas.

- Oi, Kookie. - Se esforçou para sorrir. 

- Oi, Mari. - Ele devolveu um sorriso triste. "Então... Chegou a hora?" - pensou. - Você deveria estar em casa descansando, né?

- Só vou descansar de verdade depois dessa conversa. - Respondeu rapidamente. Ouch! Para Jungkook, aquilo doeu. - Eu... hm... - ela continuou - Preciso saber como se sente. Como se sente de verdade.

Tendo concluído, desde a madrugada anterior, o rumo que aquela conversa tomaria, o coreano preferiu ir direto ao ponto:

- Acho que... - ele fez uma pausa. Tentava sorrir,  para não deixar aquela situação tão triste. - Acho que precisamos terminar! - Mariana piscou várias vezes confusa, mas continuou calada, então ele continuou: - É que... Eu não consigo cuidar de você como deveria. Eu bem que gostaria. De verdade, eu gostaria, mas não consigo. Acho que minha vida vai ser sempre assim. - Desviou o olhar constrangido e se esforçando ao máximo para não se perder em suas palavras. - Você merece ser feliz, Mariana e eu não consigo te fazer feliz. Eu fui ciumento, egoísta, não te apoiei em suas decisões, não admiti que você estava certa e eu errado e, ainda por cima, não pude te ajudar quando você mais precisou.

Um silêncio esquisito pairou no ar. Mariana tentava processar o que acabara de ouvir. “Ele... realmente... está terminando comigo?” - pensou confusa. Se assustou com as afirmações, mas também se admirou com a maturidade dele. Não era mais o Jungkook desesperado e egoísta que só pensava em seu próprio prazer, tampouco era o Jungkook que queria resolver tudo com sexo. Era um Jungkook sincero, respeitoso e gentil que estava ali diante dela. Um Jungkook que queria o seu melhor. A brasileira nada disse, mantinha um olhar quase inexpressivo no rosto, apenas assentia de leve com a cabeça, ao refletir sobre o que Jungkook estava dizendo. Diante disso e por não saber mais o que fazer ou falar, o maknae curvou seu tronco para ela em perfeitos 90 graus.

- Obrigado por tudo. De verdade. Vou ser grato para sempre por tudo o que fez por mim. Nenhum dia sequer vou esquecer de você e da sua personalidade. - Sentiu que sua voz quase falhou. Não acreditava que tinha dito tudo aquilo para a garota que ele amava. Não acreditava que estavam rompendo. - Eu preciso ir! - Sua garganta parecia rasgada e as lágrimas não resistiriam por muito tempo, por isso, virou-se depressa e disparou para fora da sala. Rumando para o primeira banheiro que encontrou. 

Sozinho ele sentou no piso gelado e começou a chorar, colocando a cabeça entre os joelhos. “Tudo bem” - pensou, tentando se consolar “eu estou triste, mas ela vai ficar melhor assim. Ela tem Kwon Sob. Ele é um cara legal”. Alguns minutos se passaram, não muitos. A porta do banheiro abriu e Jungkook concluiu que seria Sejin ou um dos membros que já estava ali para o consolar. Ele tinha os visto mais cedo conversando entre si, provavelmente tinham concluído que o término era eminente. Naquele momento, porém, não sabia se queria ser consolado. Sentiu a pessoa se sentando bem ao seu lado. Só por ter uma presença humana ali, teve mais vontade de chorar. Permitiu que as lágrimas caíssem, soluçando baixinho. Com a manga da blusa, limpou o nariz que já estava escorrendo, para tentar se recompor. Foi quando percebeu que a pessoa ao seu lado também chorava. Rapidamente ergueu o rosto e seus olhos inchados encontraram os de Mariana, também marejados. 

- O q-que está fazendo aqui? - Ele perguntou nervoso, tentando secar as lágrimas rapidamente.

- Eu vim chorar, porque meu namorado terminou comigo. - Ela apoiou o rosto de lado em suas mãos, que por sua vez, estavam apoiadas nos joelhos. Deu um sorriso triste, que se converteu em mais lágrimas silenciosas.

- É foda, né? - Jungkook falou, tentando manter sua voz clara, enquanto também chorava. O palavrão acabou  por fazer os dois rirem. Era uma risada melancólica, mas quase conformada.

Depois de um minuto silencioso, seus olhares se encontraram novamente. 

- Eu não entendo você, Jungkook.

- Hm? - Ele fungou.

- Você disse que correria até mim com os pés molhados... - tirou do bolso de sua calça jeans um papel todo dobrado e amassado. Era a letra da música que ele tinha escrito.

- Como? Como conseguiu isso? - Ele arregalou os olhos ao identificar sua caligrafia. 

- Namjoon entregou pro Sejin que entregou pro Kwon Sob que entregou para mim. - Disse sem tirar os olhos do papel.

- Kwon Sob? - Ele pareceu surpreso. “Não faz sentido. Faz?” - se perguntou.

- A letra me deixou esperançosa, mas também me mostrou que nós dois sofremos muito por estarmos juntos.

- É por isso que não podemos continuar, não é? - Ele suspirou encarando o chão. 

- Eu já pensei nisso várias vezes, não nego. - Olhou para ele, que magneticamente também olhou para ela. - Mas aí eu concluí que separados sofremos ainda mais. Por isso, acho que prefiro chorar no chão do banheiro com você do que chorar no chão do banheiro sozinha. 

Jungkook tentava organizar seus pensamentos, colocando as palavras de Mariana em seu coração e tentando perceber se faziam sentido com o que ele mesmo sentia. A brasileira então entrelaçou seu braço no dele, puxando um pouco a manga do moletom preto que ele estava usando, para revelar suas tatuagens. Deslizou o dedo por elas, chegando até o anelar onde estavam as iniciais "J" e "M". Encostou sua cabeça no ombro dele, se aninhando, enquanto continuava fazendo um carinho consolador. Mais lágrimas rolaram. 

- Você é um bobo, Jeon Jungkook. - Disse recomeçando um choro baixo e sofrido.

- Não, por favor. - Ele disse se afastando um pouco e levando as mãos em seu rosto fino, para limpar as gotas salgadas que escorriam por suas bochechas. - Não chore mais, tá? Eu sei que eu sou um bobo. Me perdoe por tudo! Nesses dias eu pude ver como você é infeliz comigo e com a minha vida. Você merece alguém muito melhor! - Ele disse rápido na tentativa de fazer ela parar de chorar. - Merece alguém como... Kwon Sob... - Ela parou de chorar e olhou espantada para ele. - Mariana, eu sei que ele gosta muito de você. Dá pra ver. No começo eu tive muito ciúmes e até ódio, mas depois percebi que ele só estava fazendo o que eu não estava. Eu vou ficar feliz por vocês dois, eu juro! - Disse engolindo seco.

- Que? Jungkook, o Kwon Sob é casado! - Ela disse séria, afastando as mãos do maior. - E eu até já conheci o marido dele. Ele é muito legal, os dois são lindos juntos. 

- Q-que? M-marido? - Jungkook gaguejou, arregalando os olhos.

- Sim. O Kwon Sob é gay! Pensei que soubesse, eu acho tão óbvio. Quero dizer, ele não conta nada sobre sua vida pessoal na empresa, porque infelizmente as pessoas aqui na Coréia ainda são muito preconceituosas. 

- Então... ele... ele não estava dando em cima de você e nem nada?

- Óbvio que não!

- E você também não estava se apaixonando por ele? 

- Não! - Ela riu como se aquilo fosse a coisa mais absurda do mundo. - Pensou isso?

- Bem... Pensei que ele seria um companheiro melhor que eu. - Disse um pouco sem graça. 

- Precisamos conversar mais, Jungkook. Você sofreu sozinho e em vão. Eu também. - Ela passou os braços ao redor do pescoço dele e o abraçou, encaixando o rosto em seu ombro e sentindo o cheiro da sua pele. O coreano se arrepiou com aquele toque e retribuiu, a envolvendo com seus braços longos e fortes. - É por isso que disse que você é um bobo! Os meninos me falaram o quanto você têm andado triste desde nossa briga, que pede pra dormir no quarto do Tae para não dormir sozinho. Também me contaram sobre as ameaças da Dispatch, aqueles filhos da mãe idiotas! Foi por isso que você saiu todo esquisito do meu apartamento aquela noite, não foi? - Ele assentiu. -  Eu sei que deu seu melhor comprando comidas que eu amo e indo até onde eu moro. Você finalmente tem tocado violão e também tem ouvido minha playlist favorita de Lo-Fi com jazz. Compôs uma música para mim, falando sobre como se sente quando estamos longe um do outro. - Ela se afastou para poder o encarar. - E tem mais... o  Sejin contou para o Kwon Sob seu plano de me dar dinheiro, fingindo ser uma indenização da Big Hit ou algo do tipo. Você está ficando maluco? Ainda bem que ninguém colaborou para que suas ideias sem noção dessem certo!

- Não acredito que eles... - Ele corou e tentou desviar o olhar, mas Mariana pegou seu rosto com as duas mãos o fazendo a encarar novamente.  

- Jungkook, eu também ando triste e choro muito pensando em você. Achei que você estivesse esfriando comigo e que não queria fazer nada para mudar e ah, Jungkook... eu fiquei brigando na minha cabeça tantas e tantas vezes sobre as coisas que eu queria que você mudasse, mas quando pensei que se você não puder mudar em nada. Absolutamente nada. Ainda assim eu vou querer você! - Ela fez uma pausa -  Ouvir da sua boca que precisamos terminar que você quer que eu seja feliz com outro cara... isso é... sei lá... novo? E realmente é uma atitude muito madura, mas eu não gostei! Não gostei nadinha! Eu prefiro que você seja como é de verdade: que bata o pé no chão, faça bico, chore, me chantageie com essa sua voz esganiçada e não deixe nunca eu me afastar de você! - Dito isso ela o puxou para um beijo.

Um beijo profundo, desesperado e apaixonado.

Jungkook não hesitou nem por um instante. Queria aquele toque mais do que tudo. Respirou com força, tentando extrair ao máximo o perfume dela, enquanto sugava sua boca. Ambos colocaram as mãos na nuca, puxando seus corpos um contra o outro, para que o contato fosse maior, seus lábios se pressionavam com força, como se quisessem ficar colados ali para sempre. Depois de alguns instantes, soltaram lentamente, Jungkook fez um carinho suave com a ponta do nariz na bochecha dela e ela retribuiu. 

- O que quis dizer com voz esganiçada, uh? Eu tenho voz esganiçada? - Ele se afastou, por fim, e fingiu estar bravo.

- Só quando não fica se pagando de galo. - Ela usou a expressão em português e riu da careta que ele fez.

- O que é pagando de galo, Mariana? - Perguntou com seu sotaque coreano.

- Quando você fica se achando, sabe? Forçando a voz tentando soar mais legal nas entrevistas e esses documentários que vocês gravam. - Ela riu ainda mais. - Quando você está bem à vontade, longe das câmeras, sua voz fica mais esganiçada. 

- Você está falando com o main vocal do BTS e dizendo que ele tem a voz esganiçada? É sério isso? - Ele levou a mãos na cintura da brasileira e ameaçou fazer cócegas. Os dois acabaram rindo. - Tá, mas pelo menos você gosta da minha voz esganiçada?

- Eu gosto muito. - Ela sorriu e tirou a franja que havia caído nos olhos dele. - Eu fico feliz quando você está empolgado e solta seu sotaque de Busan no meio das frases. 

Ele deu mais um selinho nela.

- Mariana, você acha mesmo que posso cuidar de você? - Perguntou preocupado.

- Hm... acho que não... 

- Aish! Então... o que eu faço? Vamos ficar adiando nosso término? 

- Jungkook - Ela o interrompeu. - No final das contas, ninguém consegue cuidar de ninguém e nem de si mesmo completamente. Veja só, eu estava tão bem, sou tão saudável e mesmo assim, sem mais e nem menos tive que ir pro hospital. 

- Tem razão... mas...

- Sem "mas" por enquanto, combinado? - Ele assentiu - Agora vamos falar sobre isso aqui! - Pegou novamente a letra da canção. 

- Você... gostou? - Perguntou sem jeito.

- Só tem uma coisa que eu odiei sobre essa música. - Apontou para o papel. - No More With You? Não! Vamos trocar por Still With You! Esse título é muito melhor. Que tal? - Ela sorriu de forma vibrante e decidida para ele.

- Sim. É perfeito. - Ele disse comovido, com um sorriso bobo. 

- Agora vamos sair desse banheiro fedido, certo? Aigoo... porque sempre acabamos filosofando sobre nosso relacionamento em banheiros? - Ela riu enquanto Jungkook se colocava em pé. - Hm, pode me ajudar? Não posso fazer força. - Fez um bico.

- Claro! - Ele imediatamente encaixou seus braços no corpo da brasileira e a levantou em seu colo, no estilo nupcial. - Queria ter feito isso aquele dia que você passou mal. Tive tanta raiva do Kwon Sob... coitado...

- Pois é, seria mais fácil ele se apaixonar por você do que por mim! - Ela debochou e ele corou. Então, Mariana começou a beijar o seu rosto e pescoço e, em meio as risadas, pediu: - Agora já pode me colocar no chão, tá? Eu posso andar sozinha!

- Não! Eu preciso te carregar por mais tempo para superar meu sentimento de inutilidade daquele dia! - E saiu do banheiro rindo com ela nos braços. 

"Still With You..." - Jungkook pensou sorrindo enquanto se divertiam juntos pelos corredores da Big Hit.  

 

_________________________

Jungkook's POV

Continuávamos sendo o casal de turistas que se conheceu em Oslo. Éramos os mesmos doidos que se amaram apesar de terem que conversar usando tradutor do celular. Ela era minha brasileira extravagante, eu era o seu coreano tímido. Nossa sintonia continuava ali. Sempre que fosse necessário, superaríamos nossas diferenças e dificuldades. 

Concluí, naquele dia que a vida é assim mesmo. Ela é feita de rasgos e costuras. 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Gente...
Pronto! Foi! Costuramos de novo! Ufa!
Eu gelei, vocês gelaram, mas não era pra ser término não...

Espero que ninguém tenha passado raiva do Kwon Sob em vão! Inclusive, escolhi esse nome, porque é o nome de um amigo meu da vida real! Ele é tão bonzinho quanto o diretor! 😊


_____________________________
Desculpem mais uma vez a demora e minhas melancolias, quase larguei o Spirit 😥 Quase.
Mas acho que passou...

Esse capítulo poderia bem ser o último. É claro que, se fosse o caso, teria escrito de uma forma diferente, né?
Mas acho que fui convencida a não parar, pelo menos não agora...
De momento, vamos acalmar um pouco as coisas e ir pro In the Soop? Bora?


E aí? O que acharam? 😁
Comentem! Eu amo e preciso!
🦕🦕🦕 Até quinta (?)


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