História Eu estou de volta, Sakura - CAPÍTULO XXI

Enquanto andava satisfeita ouviu um burburinho. Algumas pessoas se acumulavam e pareciam assustadas. Sakura decidiu se aproximar para entender a situação melhor. Não viu nada fora do comum no local além do povo agitado. Encostou-se a alguém e perguntou o porquê de tudo aquilo.

- não sei ao certo. Pelo que entendi algumas crianças foram feridas...

- meu deus! Como?

O homem com quem falava coçou a cabeça.

- o que tão falando aqui é que estavam voltando a Vila, não sei a que distancia daqui, mas parece que um grupo estranho tentou matá-los, não sei.

Haruno estava espantada com aquela afirmação. Quem poderia querer fazer mal a crianças? E mais, por qual motivo essas crianças estavam fora de Konoha. Foi de pessoa em pessoa pra tentar esclarecer. No fim quando bateu as informações conseguiu entender apenas que um sensei voltava de uma missão com seus alunos e foram pegos de surpresa no caminho sem motivo.

Sua vontade era sair e descobrir, mas não poderia tomar essa iniciativa sem autorização. Correu de volta ao hospital. Encontrou na emergência o sensei muito ferido. Havia um grupo de pronto-atendimento com ele. Já as crianças estavam bem, seus pais estavam com eles lá. Foi até uma delas. A que parecia mais calma. Uma garota de mais ou menos doze anos. Ela tinha um corte na testa, porém um curativo protegia o machucado. Delicadamente abaixou do lado da menina.

- oi, você parece bem corajosa. Aposto que foi você quem protegeu seus amigos ali – apontou para os outros que choravam no canto - pode me dizer o que houve lá fora?

Pondo a mão na testa, a criança a olhou determinada. Gostara do elogio.

- sim, fui eu quem protegeu até o sensei! Foi tudo muito rápido. Alguns homens nos atacaram. Eles não possuíam bandana, estavam todos de roupa escura. Gritaram pro meu sensei entregar um pergaminho. Não sei por que. O Iko-sensei não sabia de documento algum!

Sakura pousou a mão sobre o cabelo da menina – tudo bem, obrigada! Qual seu nome?

- Ame.

- Ame-chan, uma vez eu conheci uma menininha da sua idade que tinha esse mesmo olhar... Ela na época não sabia como era forte, mas enfrentando os medos que tinha ela os superou e hoje ela é uma mulher poderosa capaz de proteger todos que ama.

- acha que eu serei como ela? – a pequena perguntou com brilho nos olhos.

- Com certeza.

Deixou o hospital pensativa. Estava um pouco preocupada. Poderia ser uma situação isolada, ou não. Então decidiu tirar a dúvida com a única pessoa que poderia fazê-lo: o Hokage. Não se apressou. O tempo que levava caminhando servia para pensar no assunto. Por coincidência encontrou Kaito. Ele rumava na mesma direção que ela. Ela acelerou para alcançá-lo. Ele também parecia preocupado. Se perguntou se era o mesmo motivo dela. Tocou-lhe o ombro. Ao perceber a moça, ele diminuiu o ritmo.

- Sakura! Desculpa não poder te dar atenção agora, estou indo até o Hokage.

- eu também estou indo para lá.

Ele se admirou – ele a convocou também?

Ela acenou que não com a cabeça. Explicou o que ouvira das pessoas, que estava aflita e precisava de respostas. Takamoto apenas esperou a explicação dela e por fim apenas disse:

- talvez ele esteja me chamando por causa disso.

Sem perder mais tempo, ambos decidiram então seguir por cima das casas. Quando chegaram, Sakura esperou do lado de fora do gabinete Kaito e outras pessoas conversarem em reunião com Kakashi. Após a saída de todos, ela pediu licença para entrar. Ele autorizou. Estava sentado na cadeira atrás duma grande mesa com pilhas e pilhas de papeis para autenticar. Parecia cansado.

- Sakura, sente.

- Hokage eu soube por uma confusão na rua que um de nossos ninjas foi atacado com os alunos no caminho até aqui. Você pode me dizer o que foi de verdade?

Hatake limpou o suor debaixo da franja. Olhou pela janela o dia claro.

- não posso te dizer exatamente o porquê do ataque. Mas se for de consolo, eu mandei agora um grupo averiguar a área. Quem quer que fez isso não é experiente e não faz idéia de onde achar o que procura. Atacar um professor com crianças em plena luz do dia e ainda permitir que chegassem aqui e nos avisasse...

- a menina com quem conversei disse que ele procurava um documento.

- a partir disso eu não posso te informar. Caso eu abra uma missão envolvendo toda essa situação, o que eu espero não ter que fazer, se lhe agradar posso colocá-la na equipe. Eu sei que está de folga no hospital...

- tudo bem, as férias já estão acabando mesmo. Eu aceito caso precise de um integrante no time.

Ao fim da conversa Sakura saiu. Procurou Kaito no corredor então lembrou que ele havia ido para o local do acontecido. Dos ninjas que Kakashi mandara ele fazia parte. Enquanto descia a escadaria do prédio, em sua direção contrária vinha Sasuke. Esse a olhou como sempre, mas em seus lábios estampava-se um sorriso discreto. Ela sorriu de volta e o parou no meu da escada.

- Kakashi-sensei também o chamou?

Ele respondeu:

- sim. Ele requisitou sua presença aqui?

Sakura negou. Sasuke pareceu um pouco intrigado com a forma que a moça falou.

- então por que perguntou “também”?

- ah! É mesmo, você chegou agora. Eu vim falar com o Hokage e encontrei o Kaito no caminho. Ele havia sido convocado junto outros ninjas. Viemos ao prédio juntos.

Sasuke demonstrou certo desagrado ao ouvir a explicação. Ela não ligou os fatos, apenas viu-o emburrar a cara sem aparente motivo. Pensou consigo se dissera algo errado.

- o que foi? – a jovem queria concertar o que quer que tenha feito para ele ficar daquela forma. Mas sem saber como reagir ao sentimento indesejado e chato, o Uchiha apenas desconversou seco.

- nada. Tenho que ir. Depois nos falamos direito.

Ele subiu depressa sem olhar para trás. Haruno respondeu com um sorriso, mas por dentro estava um pouco triste com a forma que fora tratada sem mais nem menos.

- tudo bem! Até depois...

Ele não ouviu o fim da frase. Já havia sumido. Parou por um breve momento, mas pensou melhor e desceu o resto. Não ia esquentar a cabeça tentando entender o que acontecera ali. Saiu do prédio ainda sem rumo, todavia logo encontrou alguém. Hinata estava passando quando se viram. Essa levava algumas sacolas. Vinha da casa dos pais. Notando a aparente preocupação de Sakura, perguntou se alguma coisa havia acontecido.

- parece que há um grupo estranho rondando nossa Vila. Eles atacaram um grupo de crianças. Por sorte o sensei deles conseguiu trazê-los de volta a Konoha inteiros.

- eu ouvi algo a respeito. Que coisa terrível!

- sim. Eu falei com o Hokage pra saber se poderia ajudar em algo sobre isso. Kakashi-sensei disse que se precisasse me colocaria numa missão envolvendo esse caso. Apesar de querer dar uma surra em quem fez aquelas coisas com as crianças, será melhor se tudo for resolvido logo.

Hinata cobriu a boca, parecia aflita.

- como as crianças estão?

Então Haruno a acalmou vendo sua reação inesperada.

- eu passei no hospital antes de encontrar o Hokage. Eles estão bem. Só quem precisará de cuidados será o sensei. Depois vou saber com Ino como ele está.

Os olhos da Uzumaki encheram de lágrimas. Foi uma reação estranha e inesperada. Mas ela balançou a cabeça enquanto limpava os olhos com os dedos – não se preocupe. Depois da gravidez eu fiquei sensível a mais que o normal. Choro com tudo agora.

As jovens riram juntas. Sakura a acompanhava enquanto voltavam pra casa. Falaram sobre várias coisas até chegar o assunto “Uchiha”. Ansiosa, os olhos cinzentos pareciam maiores aguardando relatos de algum possível avanço entre ele e ela. Haruno ainda tentou desconversar tímida, mas não tinha jeito.

- noite passada ele me deixou em casa e...

- “e”?

- nos beijamos. Bom, mais que isso, mas essa é a parte importante. Ele se abriu comigo e disse que me amava!

O sorriso de Hinata parecia que não caberia no rosto. Deu alguns pulinhos enquanto falava animada:

- eu sabia que ele ia conseguir!

Rindo Sakura parou sem entender – como assim? – a outra apenas coçou a cabeça – nada, nada – e voltou a prestar atenção. Haruno imprensou os olhos de leve. Logo voltou a sorrir.

- eu estou tão feliz! Quem diria que o Sasuke-kun diria que me ama algum dia nessa vida?!

- Eu dizia! Cansei de falar isso. Sempre acreditei que ficariam juntos no fim. Igual nos livros de princesa!

Haruno gargalhou – livros de princesa? – a moça gentilmente respondeu que sim.

- aqueles contos em que a mocinha acredita no amor verdadeiro mesmo sem ter o dela ainda, ela sofre sem saber se é recíproco e o mundo parece conspirar contra os dois, mas no fim o príncipe encantado surge num cavalo branco com uma armadura reluzente e toma pra ele o amor da mocinha.

- eu não quero que o Sasuke-kun venha atrás de mim num cavalo... Bom, talvez. Só poderia julgar vendo.

A conversa fazia-se animada, porém chegaram ao ponto de separação. Sakura iria entrar numa rua diferente de Hinata. Despediram-se. Antes de caminhar definitivamente, Uzumaki alisou-lhe o ombro.

- eu fico muito feliz que esteja bem. Vou rezar pra que sejam abençoados.

- obrigada. Algo me diz que você de alguma forma está relacionada à minha noite ontem.

- eu não fiz nada, apenas convidei vocês pra minha festa. Quem fez tudo foi ele próprio.

Se abraçaram como sempre nas despedidas.

- se eu não ver o Naruto, pode contar a ele.

- acho que será melhor você ou o Sasuke contar ao meu marido. Ele ficará mais empolgado ouvindo a história vinda de vocês. – sorriram uma para a outra.

Partiu por fim. De volta à própria casa, a rosada pensava agora o que exatamente dissera pra Sasuke agir tão estranho mais cedo. Iria esperar vê-lo e perguntar.