História Eu estou de volta, Sakura - CAPÍTULO XXXVIII

Sasuke não insistiu que ela dormisse com ele aquela noite. Nem saberia como fazer. Quem acabou por fim ficando lá foi Karin. Sakura foi acompanhada até em casa pelo casal de amigos que a paparicavam e questionavam sem parar. Queriam saber tudo! Ela obviamente não lhes deu detalhes sórdidos. O sorriso de seu rosto não desmanchava e isso deixava a jovem amiga de olhos perolado mais feliz. Hinata a abraçava pelo cotovelo enquanto Naruto caminhava um pouco afastado do lado ouvindo-as rirem.

- foi ele, não foi? Como ele pediu?

- ele não pediu exatamente. Ele só afirmou no meio da conversa que éramos namorados.

- ai! Como amo ouvir você dizer que são namorados! Finalmente depois de todas as minhas preces!

Haruno ria envergonhada e animada.

- não era pra tanto.

- é... Acho que no fim vocês ficariam juntos com ou sem pedido aos deuses, né?

Hinata a agarrou pelo pescoço se pendurando no ombro da rosada. As duas quase caíram. Naruto ouvia tudo muito atento. Elas eram as mulheres mais importantes em sua vida, e vê-las felizes de verdade lhe proporcionava uma paz imensa e uma sensação de dever cumprido.

Quando Sakura entrou finalmente no apartamento suspirou fundo sentindo o cheiro das coisas espalhadas pela sala. Alisou o sofá enquanto passava por ele e foi direto para o quarto. Não conseguiria dormir provavelmente. Talvez devido à tarde que descansou ou por culpa da ansiedade. Só pensava em chegar o dia seguinte para revê-lo. Jogou o corpo sobre o colchão macio e ficou deitada de braços abertos. Sentia os músculos do zigomático doer, todavia eles não relaxavam. Se morresse com aquele sorriso não se importaria.

- INO!

Falou quase gritando para si mesma. Tinha de contar a ela. Claro que àquela hora não daria mais certo. Planejou rapidamente algo para o dia seguinte. A galega precisava saber da melhor forma e com direito a todos os detalhes que pedisse. Já que fora a mesma quem a acalmou e a ajudou desde... Sempre.

Pela manhã ligou para a amiga. Convidando a jovem para um lanche depois do trabalho – tenho várias coisas pra te contar sobre minha viagem. – obviamente Ino ficou louca. O dia passou se arrastando como uma minhoca, o horário de almoço pareceu um turno inteiro, e no fim da tarde quando finalmente pôde ver a amiga um imprevisto surgiu e teve de se atrasar. Chegou à casa de Sakura quase junto da hora em que Sasuke saiu de lá. Pôde ver o rapaz dobrar a rua oposta a que estava. Ino usava um salto fino, uma saia justa longa e uma blusa social. Sua bolsa levava seus pertences e outra a parte apenas para seu jaleco. Porém isso não a impediu de correr quase desesperadamente ansiosa pelas novidades. Subiu a escadaria veloz como um gato e já estava na porta antes mesmo da Haruno fechá-la.

- meu Deus! Você veio correndo?

Disfarçando que estava ofegante respondeu – claro... Que não... Não seja... Boba!

Entrou e sentou no sofá sem modos. Sakura fechou a porta rindo. Ino tirou os sapatos dos pés e os apalpou. As unhas vermelhas se destacavam na pele branca. A rosada trouxe da cozinha chá e algo para comerem. Correu os olhos azuis despretensiosamente pela casa. Pigarreou e encarou Haruno que servia o liquido em um dos copos.

- então: quais são as tais novidades?

Sakura sentou ao lado lhe estendendo o chá. Ela agradeceu e pegou delicadamente.

- primeiro não existe mais “Kaito” na minha vida.

- aaah! Que pena! Sabe que eu tava shippando vocês dois? – ela riu. – mas e aí?

- eu vi nessa viagem que não sentia nada por ele afinal de contas. Ele ficou triste, claro. Mas entendeu.

- o Takamoto é um cara bem compreensivo mesmo. Que pena! Os carinhas legais sempre ficam sem as meninas por serem bonzinhos, né?

Haruno deu uma tapa no braço da amiga que balançou leve o líquido que ela bebia.

- depois que eu voltei de lá, fui falar com o Sasuke-kun. Meio que me justificar eu acho.

- ué? Por quê?

-bem, ele aparentemente descobriu que eu estava confusa e tal... Ele falou sério comigo. Parecia chateado, magoado. Sei lá. Depois que deixei o Kaito fui me desculpar com o Sasuke-kun. Acho que no lugar dele eu teria ficado muito magoada também. Não iria gostar de saber que o Sasuke-kun se sentia "atraído" por outra mulher ao mesmo tempo que se declarava pra mim.

A loira pensou um pouco e falou – é você tem razão. Eu também ficaria  assim no lugar dele. Mas você não tem como evitar ser tão gostosa! – ela pulou na amiga deixando o copo na mesinha. As duas caíram rindo sobre o sofá abraçadas. Depois de se ajeitarem novamente Sakura continuou.

- eu fui falar com ele assim que cheguei... Foi como você disse.

- eu disse? Eu nem Sab... Oooooow! É o que eu to pensando?! Você foi “falar” com ele. To entendendo! – Ino espichou o corpo na poltrona com os olhos arregalados e um grande sorriso.

- AI MEU DEUS! Eu não quero saber. Minha Sakurinha foi desvirtuada... Não, pera! Quero saber SIM! Quero que me conte tudo!

Haruno cobriu o rosto com as mãos enquanto ria.

- não me deixe mais ansiosa!

- sim, tenha calma. Eu vou contar! Quando parei na porta ainda estava muito nervosa. Não sabia se faria isso ou não. Então recuei aí ele abriu a porta. Entrei e ele seguiu andando pra cozinha como se nada tivesse acontecendo. Só que eu parei meio agoniada e ele se virou – com isso Sakura tocou a própria testa com uma expressão meiga. Ino não entendeu por que, mas não interrompeu. – ele me beijou... Foi quando aconteceu.

- que atrevida! Vocês transaram na sala assim?!

-NÃO! – as bochechas de Sakura queimaram vermelhas. Yamanaka não se conteve e ficou um bom tempo rindo daquela reação espontânea. Adorava fazer esse tipo de coisa com a amiga.

- foi aí que eu senti dentro de mim que estava pronta. Não tinha dúvidas do que eu queria, e nem medo. Foi como você disse... No fim fui eu quem decidiu quando aconteceria. Ino foi incrível! E eu estou tão feliz que tenha sido com ele! Ele me levou pro quarto, foi tão delicado comigo. Ele falava comigo dizendo que me amava e que não me machucaria... Foi muito além de qualquer coisa que imaginei dele. Ele foi tão doce e ao mesmo tempo tão sexy! Queria que você visse. Não, na verdade não quero que veja – ela apertou os olhos verdes para a amiga.

- pelo visto o Sasuke é um macho alfa! – ela gargalhou – mas e aí, doeu?

- pra ser sincera não senti dor como achei que seria.

- sério?! Sorte sua porque quando eu fiz a primeira vez doeu tanto que quase desisti de ser hétero! Sangrou?

- não que eu lembre.

- hm, talvez sua dor não tenha sido grande por isso. Você sabe aquele lance de alguns...

- sim eu sei. Provavelmente foi isso.

- e camisinha?

- acabamos não usando.

- QUE?! Mal deixou de ser virgem já quer ser mãe?!

- calma! Eu tomei uma pílula.

- aff Sakura! Não me assuste assim!

- eu sou médica. Claro que sei como essas coisas todas funcionam. Antes na teoria...

- agora na prática também, né safada?

Ino riu e parou um pouco. Fitou a amiga. Ela parecia realmente mais mulher naquele dia que em qualquer outro de sua vida. O coração da galega se encheu de felicidade e orgulho de ver aquela Sakurinha crescer e desabrochar. Suspirou fundo para que o ar corresse seu coração e ventilasse todos os espaços. Cresceram juntas, estudaram juntas, passaram por lutas e uma grande guerra até. Formaram-se e agora mais uma vez sua melhor amiga havia dado um passo a mais na vida e ela estava lá para vê-lo acontecer e ver tão de perto o desenrolar daquela felicidade em tempo real.

- por que ta me encarando assim?

Foi quando Yamanaka deu-se conta do momento. Ela balançou a cabeça.

- estou feliz por você ter tido essa experiência e ter sido melhor do que você esperava. Você dormiu lá ontem?

- ah não. Não acho que devemos fazer isso tão rápido. Meus pais ainda nem sabem de nada.

- meu Deus, seus pais vão pirar! Bom, seu pai em especial.

- vai mesmo! Dona Mebuki quem vai soltar fogos de artifício. Pra quem achava que a filha morreria solteira, saber que ela tem um namorado vai ser motivo de convidar a família para um banquete. Ino... Meu Deus, Ino! Ela vai mesmo querer fazer um banquete pra isso! Ela vai querer juntar a família e apresentar meu namorado pra todo mundo! Agora não sei mais se quero dizer a ela.

Yamanaka passou a mão sobre o cabelo rosado da amiga a consolando – tem que fazer. É o certo. Mas cê sabe que vai ficar tudo okay no final das contas – ela riu novamente tentando segurar – ainda estou pensando no pobre Kizashi-san.

- papai vai ter um ataque de ver a menininha dele de mãos dadas com um homem que não é ele.

A loira levantou e levou a louça suja para cozinha. Depois voltou com um sorriso malicioso. Sentou do lado da amiga com a boca igual uma raposa. Dava até para ver as orelhas diabólicas pontudas sobre a cabeça dela.

- Sakura... Eu tenho uma curiosidade. É grande?

- que pergunta é essa?!

Ino gargalhou vendo Sakura ficar sem jeito como sempre.

- então?

- não sei!

- é claro que sabe. Você já viu um milhão de pintos enquanto estudava medicina. Não vá me dizer que não tem como comparar. E eu tenho certeza que você já pegou pacientes que mostraram os deles pra você.

- nunca aconteceu comigo. Espera isso já aconteceu com você?

Yamanaka olhou para os lados tentando despistar a pergunta e sorriu – talvez. Talvez. Esse não é o caso. Responda a pergunta, mulher!

Sakura riu – sei lá, eu acho que é.

- ou É ou Não é.

- vai ficar sem saber sua curiosa.

- pela sua cara aposto que é.

As duas gargalharam. Pareciam duas crianças com conversas de adultos. Ino olhou para o travesseiro ao qual estava agarrada e fez uma cara de nojinho soltando ele do lado.

- o que foi? – Sakura perguntou sem entender.

- aposto que vocês transaram nesse sofá antes de deu chegar.

- mas que fixação é essa sua com sexo no sofá? Opa! Meu Deus Ino, você e o Sai fazem isso direto no seu sofá né?! Eu deito naquele sofá quando vou pra sua casa. Você podia ao menos me dizer o lado onde posso colocar a minha cabeça.

- a essa altura, a única coisa que você pode fazer é ficar de pé ali.

Haruno fez uma cara horrorizada e as duas riram juntas por fim.

Yamanaka ainda arrancou outros detalhes da amiga. Tiraram o resto do tempo até a noite conversando. A loira enfim decidiu ir. Sai passaria em sua casa provavelmente dentro de quarenta minutos e deveria está pronta pra saírem quando ele chegasse. Na porta já de saída se abraçaram. Antes de ir definitivamente Ino aproveitou para atazaná-la uma última vez aquela noite.

- quando a Mebuki-san fizer esse tal banquete, vou sugerir a ela que mande imprimir algumas camisas com o rosto do casalzinho!

- nem faça isso brincando que é possível ela gostar da idéia e ainda colocar nossos nomes.

- já imagino: na frente suas cabecinhas; atrás seus nomes colados “SASUSAKU”. Vai ficar lindo!