Eu matei as borboletas no estômago

Sinopse:
Nuvens pesadas e escuras anunciavam uma tempestade iminente, e logo os primeiros pingos de chuva começaram a cair, finos e úmidos. Laura sempre odiou a sensação de solidão; agora, até mesmo sua faculdade, que antes era seu refúgio, parecia distorcida e estranha. A nebulosidade transformava o ambiente, tornando-o cinzento e impessoal, refletindo o turbilhão que se formava dentro dela.

Caminhando pelo corredor do jardim que conectava os blocos, o som de seus passos era abafado pelo orvalho. Seus dedos tremiam, e seu nariz estava vermelho como um pimentão. Ela só queria encontrar sua amiga, tomar um café quente e conversar sobre qualquer bobagem habitual que aquecesse seu coração e sua mente. Depois, poderia ir para casa e dormir até o dia seguinte. Era tudo de que precisava para escapar daquele dia sombrio.

Mas então, algo interrompeu sua fuga silenciosa.

— Laura. — Uma mão firme agarrou seu braço, girando-a abruptamente para que o encarasse.

Olhos azuis penetrantes.

Uma voz masculina, baixa e rosnada, cheia de frustração e algo bem mais profundo que ela não conseguia identificar.

Quando seu rosto se aproximou do dele, sua respiração travou. Ele era tão lindo; na atmosfera invernal, seu ser parecia resplandecer, como se aquele ambiente gelado estivesse perfeitamente em sintonia com tudo que ele era, tudo o que poderia ser.

Oh, Deus... Não, não.