POV HELENA
Acordei com a minha cabeça sendo gentilmente colocada em um travesseiro.
Com a visão ainda um pouco turva, eu pude ver Fernando se levantar da cama, e ir na direção do banheiro.
Quando ouvi o som da porta sendo fechada, me levantei, coloquei meu vestido, e quando estava colocando meu sapato, a porta do quarto foi aberta.
Era a princesa Cecília.
Ela estava com um vestido roxo de tecido fino, e uma manta cobrindo os ombros.
Assim que me viu, seus olhos ficaram cheios de ódio.
Ela entrou no quarto, e fechou a porta.
Se aproximou de mim, me olhou dos pés a cabeça, e disse:
- Eu te quero longe de Fernando. Ele é meu, e não precisa de você. - Nunca fui de discutir, mas me recusava a ser afrontada por uma princesinha mimada.
- Se não precisasse, eu não estaria aqui. - Ela segurou fortemente meu punho, e disse:
- Você é só uma concubina para ele, não significa nada. Eu sou a princesa, eu serei a esposa, e quando isso acontecer, te garanto que não ficará aqui por muito tempo.
- Veremos quanto vai demorar. - Eu disse. Nesse momento eu acho que Cecília se enfureceu de verdade.
Ela levantou a mão direita para me dar um tapa, mas antes que pudesse sequer encostar em mim, Fernando a segurou.
Nem tinha notado sua presença até aquele momento.
Seus olhos ferviam de raiva, e ele segurava o pulso dela.
- Eu quero que você saia do meu quarto, AGORA !- Gritou Fernando.
Cecília estremeceu a minha frente. Soltou meu pulso, e se direcionou até a porta.
Mas antes de ir, se virou para mim, e disse:
- Não pense que acabou aqui, vadia. - E fechou a porta.
Fernando se virou para mim, e se aproximou.
- Você está bem ? - Ele perguntou.
- Estou, ela não me assusta. - Eu respondi, massageando meu pulso, que graças a minha pele extremamente branca, estava com as marcas dos dedos de Cecília.
Fernando segurou gentilmente minha mão, e analisou meu pulso.
- Tisc, ela não deveria ter feito isso. - Ele disse. Eu segurei sua mão, e disse:
- Não se incomode, está tudo bem. Daqui a pouco some. - Fernando não pareceu muito convencido, mas não disse mas nada sobre o assunto.
Agora que eu percebi que ele estava só com uma calça de couro preta, e seu peitoral estava com algumas gotículas de água.
Fernando tinha uma marca de nascença no ombro esquerdo, a qual ele já me disse ser igual a de Henrique.
Pode parecer bobeira da minha parte, mas senti meu rosto esquentar, e eu sabia que estava corando.
Tentando disfarçar, mudei de assunto.
- Você ira marchar com seu irmão hoje ? - A expressão dele ficou sombria.
- Isso não é importante. - Fernando respondeu, de uma forma grossa.
Soltei nossas mãos, franzi o cenho, e disse:
- Eu não entendo você, sabia ? Por favor, decida se é gentil, ou se é rude comigo. Não gosto de meio termos. - Tentei falar da forma mais firme que conseguia.
Ele pareceu se surpreender, e quando pensei que fosse dizer alguma coisa, ele pegou um casaco que estava no canto do quarto, e saiu.
Isso mesmo, ele saiu.
No meio de uma conversa.
Inacreditável.
POV HENRIQUE
Eu não queria ir, não queria deixá-la ali a mercê de minha mãe.
Mas era preciso.
Tinha uma obrigação.
No momento estou abraçado com Catarina, sentindo seu aroma natural.
Ela era tão cheirosa.
- Não que eu não esteja gostando, mas você tem que ir. - Meu rosto estava na curva de seu pescoço.
Eu ri, e me afastei dela.
Catarina estava com aquela expressão engraçada no rosto, mas convivi com ela o bastante, para saber que estava apenas disfarçando o que realmente sentia.
Segurei sua mão, e fitei o anel que havia lhe dado.
Eu já tinha mandado fazê-lo a algum tempo, mas esperei a hora certa para dar para ela.
Dei um beijo na mesma, e antes que perdesse a coragem, sai do quarto, sem olhar para trás.
POV CATARINA
Vê-lo sair por aquela porta foi difícil, mas era preciso.
Sai do cômodo, e me dirigi até meu novo quarto.
Eram menos de três passos para chegar.
Adentrei o quarto.
Ele era parecido com o de Henrique, só um pouco menor.
Tinha uma escrivaninha, um armário, uma cama de tecidos verdes, e brancos, e um local para se sentar perto da janela.
Ao canto havia um aporta que deduzi ser do banheiro.
Abri o armário,e peguei um casaco felpudo preto.
Observei pela janela, e vi que apesar de ter parado de nevar, um tapete extremamente branco se estendia por todo o extenso campo do Castelo.
Pude ver Henrique indo na direção dos estábulos, com guardas atrás dele.
Sai do meu quarto, e me dirigi até a sala de jantar.
Estava morrendo de fome, precisava de um café da manhã.
Adentrei a sala, e logo visualizei Helena.
Ela usava um vestido azul claro, que a deixava ainda mais bonita.
Sentei-me ao seu lado, mas ela pareceu não me notar.
Estava entretida com a barra do vestido.
- Olha, se não olhar para mim, vou pensar que fiz algo errado, irmãzinha. - Helena me olhou, e sorriu.
- Desculpe, estava com a cabeça em outro lugar. - Ela disse.
- Percebi. E esse lugar teria nome ? - Eu perguntei, enquanto colocava café em uma xícara. Sabia que ela estava me olhando pasma.
- Você sabe quem é. - Ela respondeu, dando um longo suspiro.
- O que o traste fez agora ? - Perguntei, olhando-a nos olhos.
- Nada, esse é o problema. Ele saiu no meio de uma conversa que era importante para mim.
- Não mostre que se incomodou, mostre indiferença, tenho certeza de que ele irá se manifestar. - Eu disse, bebendo um gole do meu café. Estava muito bom.
Peguei uma fatia de pão, e a comi.
- Você acha ? - Ela perguntou.
- Tenho certeza. - Eu respondi, olhando para ela com ternura.
Depois que tomei café, decidi que não seria uma simples neve que me prenderia naquele castelo.
- Lena, vou caminhar um pouco lá fora. Quer ir comigo ? - Eu perguntei.
- Não, sabe que nunca gostei muito de frio. - Respondeu Helena, cruzando os braços, e sorrindo.
- Então está bem, vou indo. Até mais tarde. - Eu me levantei, deu um beijo em sua testa, e sai da sala de jantar.
Rapidamente eu já estava do lado de fora, sentindo o vento frio em meu rosto.
Ainda bem que meu casaco dava conta.
Enquanto caminhava, ouvi relinchos, e barulhos de madeira vindo do estábulo.
Magnus.
Andei rapidamente na direção do som, e abri a porta.
Leo está segurando Magnus por uma corda, tentando conte-lo.
Meu cavalo estava agitado demais.
Me aproximei, e fui para o lado dele.
- Calma, rapaz. Está tudo bem. - Eu disse, enquanto fazia carinho nele.
Aos poucos, Magnus foi se acalmando.
Eu estava agora de frente para ele, acariciando seu pescoço.
Leo me encarava pasmo.
- Como ? - Ele perguntou.
- Instinto. - Respondi, colocando Magnus de volta em seu lugar, ao lado de um espaço vazio, que deduzi ser ocupado por Leandro, o cavalo de Henrique.
Então ele já foi.
Enquanto Magnus se ajeitava, vi meu arco em um canto, com as flechas.
Os peguei.
Fechei a porta do cubículo do cavalo, e me virei para Leo.
- Você sabe atirar ? - Ele perguntou, apontando para arco.
- Ainda estou aprendendo. - Respondi.
- Posso te ajudar, se quiser. - Leo disse, até que uma ajuda não seria nada mal.
Agora prestando mais atenção, pude perceber que seus olhos eram cinzas como os de Henrique.
Porém o que os diferenciava, era o tom.
Os olhos de Leo eram puxados para o verde.
Já os de Henrique tinham um fundo azulado.
- Eu adoraria, mas acho que não fomos apresentados do jeito certo. Prazer, me chamo Catarina. Mas pode me chamar de Cat. - Eu disse, estendendo minha mão.
Leo a pegou, e eu senti uma corrente elétrica percorrer meu corpo.
Era como se tivéssemos uma conexão.
Ignorei esse fato, deve ter sido por causa do frio.
- O prazer é meu, Catarina. Eu me chamo Leonardo, mas pode me chamar de Leo. - Sorrimos um para o outro, e saímos do estábulo.
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