História Eu Prometo - Capítulo 24

Violetta Castillo

O percurso até o tal lugar que León me trouxe foi rápido, tentei ficar calma durante todo o caminho, mas minhas pernas que se mexiam freneticamente demonstravam o contrário. 

Acredito que ele percebeu minha inquietação, mas não comentou nada sobre. 

-Eu pensei em levar você em um local sotisficado, delicado e realmente caro. - Ele comenta, ao estacionar e desligar o carro na vaga do estacionamento. -Eu não ligaria para valor, realmente não me importo com isso, mas só queria dar tudo a você. 

Ele se relaxa no banco e vira para mim. 

-Mas aí eu cheguei a conclusão que, apesar de você merecer todo o luxo que alguém pode dar, você não liga para riqueza, mas para o valor sentimental que tem na intenção de cada um. 

Sorrio abertamente concordando com tudo isso. 

-Você me conhece então - Sorrio, percebendo que ele realmente percebeu algo a fundo em mim. 

-Esse local tem um valor especial para mim, quero que seja especial para você também. 

Tenho vontade de sorrir e gritar para todo o mundo todas as sensações que estão batalhando entre si dentro de mim. 

Merda León, você só me faz gostar mais de você. 

-Já virou especial para mim. - Respondo sem esconder o sorriso. 

Descemos do carro e caminhamos até a entrada, ele parece conhecer bem o local, pois me guia pelas cadeiras afirmando que sabe o lugar exato para jantarmos. 

Subimos para o primeiro andar, estou encantado com a decoração desse lugar. Se esse não é o restaurante luxuoso que León disse que não iria me levar, não quero nem imaginar como é o outro. 

-O que você quer de entrada? - Percorro o olhar pelo cardápio assim que nos sentamos à mesa e um garçom que nos acompanhou nos entrega-o. 

Há tantas coisas que não tenho noção do que pedir. 

-Você conhece esse local melhor do que eu, pode pedir por mim. 

-Certeza? - Ele arqueia as sobrancelhas, deixando-o ainda mais bonito. Droga! 

Assinto e desvio o olhar para o painel e vidro do nosso lado, nos proporcionando a vista do jardim muito bem cuidado e das crianças brincando no playground. 

-Bom, espero que você goste. - Ele diz, assim que o garçom se afasta, deixando nós dois sozinhos. 

-Você já veio muito aqui? - Volto a encará-lo. 

Ele assente. 

-Vinha aqui com minha ex-esposa - Meu sorriso morre no mesmo instante. Não quero deixá-lo mal, não foi minha intenção. 

-Me desculpe! - Peço sem jeito. - Eu não queria, eu… - Estou com vergonha e frustrada. 

Abaixo o olhar e respiro fundo.

Parabéns, Violetta. 

-Desculpar? Mas pelo o quê? - Ele segura minha mão por cima da mesa. 

-Não queria tocar em um assunto tão doloroso para você. Acredite, não foi minha intenção, sério! 

Ainda com receio, levanto o olhar e o encaro. 

-Eu sei que você não falou por querer - Ele se ajeita, apoiando-se na mesa, ainda segurando minha mão. - Além do mais, é bom falar coisas assim com alguém às vezes, é libertador. 

Não sei se ele está falando a verdade ou se apenas quer me ajudar a não me sentir culpada. 

-É a primeira vez que você bem aqui, desde da…? - Mordo os lábios receosa. 

-Desde que ela morreu? É, sim. - Pausa. - Ela gostava muito daqui, principalmente dessa vista - Olhou para o jardim e respirou fundo. - Mas enfim, e você? Conseguiu descansar bem depois da viagem? 

Somos interrompidos pelo garçom que se aproxima colocando as taças e o vinho que Léon pediu. Observamos-o em silêncio. 

Primeiro provo um pouco do líquido e degusto. É uma delícia. 

-Consegui sim - Fito seus olhos esverdeados que estão fixos em mim. Preciso criar coragem para falar sério com ele sobre o que aconteceu entre nós, mas não sei se irei conseguir. 

Parece bobeira, eu sei, mas estou realmente com um pouco de medo de sua reação, e além disso, eu não quero que ele se afaste de mim. Ter essa relação/esse contato com Léon me faz bem, é quem eu tenho aqui na Argentina, e apesar de estar acostumada a ficar sozinha, não quero ficar sem ele. Mas apesar de tudo isso, há uma coisa que eu não posso mudar diretamente: meu contrato está para vencer nas próximas semanas. 

Maldita hora que me apeguei a ele. Era só para ser um trabalho. 

-O que aconteceu? - Desperto, com Léon apertando minha mão com delicadeza. - Está tudo bem? 

Assinto, corada. 

-E você? E Sophie? - Pergunto, bebericando mais um pouco de vinho suave. 

Ele sorrir ao ouvir o nome da filha e isso aquece meu coração. León é um cara mais leve desde que eles se aproximaram. 

-Estamos bem, estávamos precisando mesmo dessa viagem e eu reconheço isso, titia Vilu. - Ele imita a filha nas últimas palavras me fazendo rir. 

-Não sei de onde ela tirou isso. - Comento envergonhada. Estou nervosa, o assunto "crianças" não me deixa bem. 

-Ela gosta de você. - Ele sorrir, me fazendo sorrir também. 

[...]

Leonard Vargas

O jantar flui de forma descontraída. Estou quase me contorcendo de tanto rir com Violetta e suas histórias da época do ensino médio. 

Ela aparenta estar mais relaxada, seu sorriso quase não sai de seus lábios e seus olhos brilham de empolgação ao contar o desfecho de mais uma história. 

-Você era maluca! - Nego rindo e respiro fundo. 

-Talvez só um pouco - Pausa e observa a vista. - Hm, está chovendo. 

Olho lá para fora e só então percebo que está realmente chovendo, e forte. Ficamos tão entretidos na nossa conversa que nem percebemos o mundo quase desabar do lado de fora. 

-Peço mais uma garrafa para nos acompanhar até a chuva passar? - Torço para que sim. 

Não quero ir para casa agora, quero realmente ficar aqui com Violetta. 

-Já estou passando do meu limite, se eu começar a falar mais do que deveria, por favor, dê um basta! - Ela brinca, bebendo ir estou do líquido da sua taça de uma vez. 

-Fique tranquila quanto a isso. - Pisco e aceno para o garçom, pedindo mais uma rodada. 

Volto a olhar para Violetta e desta vez ela está olhando para baixo, fitando o celular nas mãos. 

Enquanto ela digita algo, observo como sua roupa caiu perfeitamente em seu corpo, e em como seu cabelo está divino. Uau. 

Um sorriso pequeno escapa de seus lábios e isso é o ponto alto do meu dia. Céus! Gosto do sorriso e da risada dela. 

-Desculpa, era o Fê - Diz, após colocar o celular na bolsa. 

-Seu irmão? - Pergunto com cuidado, não quero que ela se feche novamente. 

-Sim, meu irmão caçula - Suspira e desvia o olhar para o garçom que deposita mais um pouco de vinho em sua taça que estava vazia. 

-Vocês estão bem? 

Ela morde os lábios receosa. 

-Não precisa falar se quiser, mas saiba que pode contar comigo - Pego sua mão e olho no fundo de seus olhos para demonstrar confiança. - Não precisa desconfiar, eu gosto de você e quero ver você bem. 

Seus olhos arregalam um pouco, suas bochechas coram levemente e um sorriso médio, mas bonito, se abre em seu rosto. 

Acaricio sua mão com carinho, sinto seus dedos percorrerem a palma da minha mão também. Nossa… 

Ao olhar para Violetta, sinto a necessidade de cuidar, de ser seu porto seguro, pois acredito que aconteceu algo em seu passado que o deixou um pouco pertubardo. Violetta precisa de alguém em Buenos Aires que lute por ela, e eu irei lutar. 

Quero que ela saiba disso, e sinta isso. 

É por ela.