O que aprendeu naquele dia, foi confirmado nos seguintes: Naruto e Karin nunca estão errados, ou são castigados. De um jeito ou outro Sasuke era culpado por tudo.
Sakura reclamou com a sua mãe sobre a injustiça da professora, mas ela apenas falou preocupada:
- Não discuta com a professora, obedeça as ordens, seja uma boa menina. Ela age assim por que o Sr. Uzumaki a manda. - Avisou Mebuki.
Sakura não entendeu o que as palavras da mãe significavam, mas só de ouvir o nome de Minato Uzumaki era suficiente para ficar quieta. Sakura o achava assustador. Era quieto e calmo, não mostrava raiva, mas os olhos aterrorizavam qualquer um. Até mesmo Naruto se comportava na presença do pai.
Sasuke era a única pessoa que encarava o tio, com as costas retas e cabeça erguida, mesmo quando sabia que aquela "afronta" o levaria a um castigo no escritório do Sr. Minato Uzumaki.
Sakura não entendia onde Sasuke tirava coragem. Mesmo brigando com Naruto, e contradizer a professora, sua coragem acabava na presença de Minato. Mesmo chamando a Sra. Uzumaki de "Tia Kushina", como Sasuke fazia, não conseguia chamar o Sr. Uzumaki de outra forma a não ser "Senhor". Ele visitava de cortesia o chalé de tempos em tempos. A mãe a chamava para cumprimenta-lo e ela obedecia, fazia uma educada reverencia. Sakura dificilmente conseguia olhá-lo nos olhos, e parecia que ele achava engraçado. E no momento que a dispensava, Sakura saia correndo e ficava trancada no quarto enquanto ele ficava no chalé.
Quando Sakura reclamava de ter que ser educada com ele, sua mãe sempre a xingava.
- Não fale algo assim. Os Uzumaki são muito bondosos com nós. Se nos mandarem embora não teremos lugar para ir. Não ofenda o Sr. Uzumaki. E, por favor, não fale nada daquele garoto malcriado.
- Sasuke não é! Naruto sim é malvado e malcriado.
Sempre que via a palidez no rosto da mãe, parava. Esforçava-se para ser educada e aguentar as horas que passava com Naruto e Karin.
Naquele tempo, Sakura não pensava sobre o porquê dos Uzumaki serem tão bondosos com elas. Só aceitou o fato como parte da vida. Mas, quando ia crescendo começou a questionar a generosidade. Afinal, não eram bons. Uma vez perguntou para a sua mãe o que achava, mas ela ficou muito assustada e disse que não deveria questionar a sorte que tiveram.
Quando se lembrava daqueles tempos, Sakura acreditava que Minato e Kushina as ajudaram por que talvez ficasse mal para a sociedade deixar uma viúva e sua filha abandonadas sem dinheiro.
Durante os primeiros anos na casa Uzumaki, somente a amizade que com Sasuke tornava a vida suportável.
Mesmo sendo quatro anos mais velho, deixava que o acompanhasse e a protegia contra Naruto. Mesmo sabendo que Sasuke seria castigado pelas ações de seu primo, Naruto morria de medo dele. Sendo amiga de Sasuke, a Srta. Shizune e os filhos dos Uzumaki podiam ser ignorados. Mesmo o fato de sua mãe nunca ser mais alegre podia ser suportado.
Sakura ficou arrasada quando Sasuke foi embora. Ela entendia a atitude dele. Ali levava uma vida miserável. Mas, sua ausência a deixou sozinha e triste.
Depois de todos aqueles anos, Sasuke voltou. Não poderia deixar de imaginar o que causaria na vida dela. Sakura, sentada na beira da cama com o rosto pensativo, escovava os cabelos enquanto viajava longe.
Era obvio que a Sra. Mitsashi e TenTen queriam tirar vantagem da amizade dela com o Conde para caçarem o melhor partido do ano. Sakura esperava que ele não tivesse se tornado um idiota para cair pela beleza de TenTen. Mas, também não era idiota a ponto de viver os romances de infância que a tanto custo guardara.
Nem sabia o que esperar de Sasuke. Só tinha certeza do quão agradável tinha sido a sensação de rodopiar no salão entre os braços dele. Como seu coração batia forte quando ele sorria. E pela primeira vez em muito tempo estava ansiosa pelo o amanhã.
Sakura estava sentada na sala de estar na tarde do dia seguinte, bordando um lenço, quando a empregada avisou da chegada de um visitante. Largou o bordado e levantou-se, seu coração bateu forte quando a criada informou que era o Conde.
- Sasuke! - Sakura não conseguiu afastar o prazer escachado no rosto.
- Sakura! - Ele atravessou o salão e tomou as mãos dela nas dele. - Parece surpresa, achou que não viria?
- Claro que não. Só... - Deu de ombros. Não conseguia explicar a surpresa e o prazer com a visita dele depois de tê-lo visto ontem. - Por favor, sente-se.
Sakura sentou no sofá e Sasuke em uma cadeira na frente. A presença da figura imponente dele a fez sentir-se muito menor. Era consciente dos nervos apertando-lhe o estômago. Olhou subitamente insegura do que dizer.
Ele tirou as luvas e Sakura percebeu o anel na mão direita, um simples sinete de ouro. Tinha notado ontem. Mas, agora o encarava, reconhecendo o H gravado nele.
- O anel do papai! - falou, espantada.
- Hã? - Sasuke seguiu o olhar. - Ah, sim, é o anel que me deu quando fui embora.
- E o guardou esse tempo todo? - Sentiu um aperto na garganta e os olhos ficaram cheios de lágrimas.
- Claro - ele sorriu. - É um amuleto da sorte.
Sakura engoliu em seco. Ficando estranhamente feliz de saber que ele guardava uma lembrança sua, mas também ficou um tento desconfortável.
- Né... Já se passou tanto tempo. Nem sei por onde começar. - falou com um sorriso. - Para onde foi? O que tem feito? A cidade verve de especulações sobre você.
Ele fez um estalo.
- E o que falam de mim?
- Ah, que já foi de tudo, desde contrabandista até pirata e espião. Acho que a verdade é algo mais comum... Mercador marítimo, talvez.
Os olhos negros de Sasuke brilharam divertidos.
- Tudo talvez tenha um fundo de verdade. Apesar de nunca atacar navios e roubar baús de tesouros.
- Oh, que decepção. - Comentou Sakura. - Não vou comentar que disse a nenhuma das moças casadouras. Vou estragar a imagem que construíram de você.
- Por favor - Disse ele, levantando a mão ao peito um tanto dramático. -, gostaria que destruísse essa imagem que fazem de mim. Seria ótimo ir às festas sem que uma das cabeças de vento e as odiosas mães determinadas a atirar as filhas em cima de mim.
- Isso será difícil de acontecer. - Retrucou Sakura. - Sua reputação é de um homem muito rico e com título. Seu caminho estará cheios dessas garotas até que decida se casar com uma delas.
- Nunca! - Falou com uma careta.
- Então o aviso para não ficar caminhando por aqui. - continuou Sakura.
Sasuke franziu o rosto e só então entendeu o significado do que ela acabou de falar.
- Ah! A moça de cabelo escuro?
Sakura assentiu com a cabeça.
- TenTen.
Como se a conversa a atraísse, ouviram passos do lado de fora e a Sra. Mitsashi entrou na sala.
- Lorde Uchiha! Que visita agradável! Peço desculpas por não estar aqui para cumprimentá-lo quando chegou.
Com um olhar significativo a Sakura, Sasuke levantou-se e fez uma reverencia.
- Sra. Mitsashi. Estávamos falando da senhora.
A mãe abriu um sorriso radiante, lançando um olhar pretensioso.
- Encantador! Sei quem espera, e posso garantir que não sou eu. Não se preocupe, TenTen irá descer em um momento. - Ela virou-se para Sakura. - Querida, pode trazer um chá para nós? Vamos tomá-lo na biblioteca. - virou-se novamente para Sasuke com um sorriso. - Tem mais espaço, Milorde. Não posso imaginar que Sakura estava pensando em recebê-lo aqui.
Sasuke olhou indiferente para a sala.
- Estava mais interessado em conversar com Sakura do que com a sala.
Não tinha muito o que fazer, a não ser seguir a Sra. Mitsashi enquanto ela o arrastava para fora da sala e indo até a biblioteca. Sakura pediu o chá e sentou-se suportando ter a conversa com o amigo interrompida.
TenTen chegou alguns minutos mais tarde, quase sem ar e com as faces vermelhas. Sakura notou que tinha trocado de vestido e amarrado uma nova fita nos cabelos castanhos.
- Lorde Uchiha. - Ela adiantou-se e fez uma graciosa reverencia, estendendo a mão sorrindo. - Fiquei surpresa quando mamãe falou que veio me visitar!
- Na verdade, vim visitar a Srta. Haruno.
TenTen arregalou os olhos diante daquela resposta, mas a mãe cobriu o momento de silêncio da filha.
- Ficamos tão surpresas ao saber que nossa amada Sakura lhe conhecia. - Disse a Sra. Mitsashi. Ela levantou um dedo, brincalhona para a Sakura. - Você, danadinha, guardando um segredo assim!
Sakura ficou tentada a responder que as pessoas que conhecia não eram da conta de ninguém. Mas Sasuke a cortou.
- Com certeza a Srta. Haruno não pensou que um renegado como eu merecesse sua atenção, Senhora.
A Sra. Mitsashi riu.
- Ah, que isso... - Ela abriu o leque e cobriu a parte de baixo do rosto, deixando a mostras apenas o olhar medonho.
TenTen, chateada por não ser o centro das atenções, voltou a falar.
- Sua vida deve ter sido tão interessante. - Disse ela a Sasuke, com os olhos brilhantes. - Já esteve em vários lugares. Mal posso imaginar o que fez.
- Ah, sim. - Concordou a Sra. Mitsashi. - Deve nos contar sobre suas viagens, Lorde Uchiha.
Sakura podia imaginar a Sra. Mitsashi copiando os trechos da conversa para jogar na cara das suas amigas "Como Lorde Uchiha me contou..." ou "Ah, sim, Lorde Uchiha falou que esteve na..."
Ela olhou o amigo, que já indicava que tinha pouca vontade de falar sobre suas aventuras com as Mitsashi. Ele olhou em sua direção e voltou-se para a mãe.
- Desculpe-me senhora, mas infelizmente não tenho tempo para manter nossa conversa. Somente passei para convidar a Srta. Haruno para um passeio no meu coche amanhã.
- Seria esplêndido. - Respondeu Sakura rápido, sem nem ao menos olhar a patroa para pedir permissão. Não estava à vontade de deixar a mulher arrumar outra visita, jogando TenTen em cima dele.
- Perfeito! - Sasuke se levantou. - Agora, se me derem licença, devo ir embora. Sra. Mitsashi, Srta. Mitsashi. - Fez uma pequena reverencia na direção delas. - Srta. Haruno.
- Milorde.
TenTen ficou olhando a porta depois da saída de Sasuke, perplexa demais para dizer alguma coisa. Depois se virou para Sakura, com o rosto torcido de raiva. Sakura teve um desejo que seus pretendentes a visse daquele jeito.
- Não! - Gritou TenTen. - Você não pode ir. Não deixarei.
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