1. Spirit Fanfics >
  2. Eu sinto você (fanfic Lady Dimitrescu) >
  3. Parte II

História Eu sinto você (fanfic Lady Dimitrescu) - Parte II


Escrita por: Arwen_Nyah

Notas do Autor


Então, estou de volta! Decidi deixar em 3 partes pra não atrasar mais ainda Belas Criaturas.

Hoje é aniversário da Carol, uma das pessoinhas mais importantes da minha vida (e pra quem Belas Criaturas é dedicada).
Feliz aniversário ♥️ não se esqueça que eu te amo.

Boa leitura

Capítulo 2 - Parte II


Conforme o previsto por Alcina, Ella cresceu e aos poucos se esqueceu da única noite que passou no castelo até que não restasse mais do que o que parecia ser lembranças de um sono extremamente lúcido. Não foi difícil ver Luiza como sua nova mãe, a mulher lhe dispensava cuidados e era sempre carinhosa logo não foi difícil enxergá-la como uma figura materna ainda que desconhecesse os reais motivos para sua adoção.

Ella tinha uma nova casa, uma mãe e um avô que lhe fazia todas as vontades, não demorou para que o velho rabugento ficasse mole como massa de modelar em seus dedinhos, e levou menos tempo ainda para que sua antiga vida fosse de vez esquecida.

Seus dias eram passados através de lições - fossem elas educacionais como aprender a ler e escrever, ou menos como caçar usando um arco feito por seu avô – e brincar com as crianças do seu vilarejo; sua família estava em melhores condições do as demais, o que garantia comida na mesa e mais tranquilidade durante o inverno, mas ainda assim viviam isolados naquele lugar que aos de Ella, como uma criança maravilhada, lhe parecia como o mundo todo.

A vida no vilarejo continuava como sempre foi, os Lordes governavam tudo e as pessoas levavam as coisas como podiam; Ella cresceu ouvindo de seu avô que houve épocas piores antes de Mãe Miranda, antes que ela os abençoasse com sua benevolência e criasse o Conselho para protegê-los do que havia lá fora.

O que exatamente havia lá fora, Ella não sabia e nenhum adulto parecia prestes a lhe contar. Apenas afirmavam que o mundo era ruim – muito ruim – e eles tinham muita sorte por ter Mãe Miranda.

Aprendeu também a não contestar a palavra dos mais velhos, seus amigos sempre levavam puxões de orelha dos pais quando o fazia, e, embora Ella nunca tenha apanhado em sua nova família, tinha sensação de que era algo muito ruim.

Sua casa era como um santuário para a maioria das pessoas, Ella aprendeu desde muito jovem que sua mãe, Luiza, servia como uma curandeira e parteira para aquelas pessoas, e sempre havia alguém esperando por uma de suas “consultas” e tratamentos alternativos, outras vezes precisavam de pontos e criativos; Ella perdeu a contas de quantos dedos decepados sua mãe havia cuidado, aparentemente era uma ocorrência normal quando se trabalhava no campo.

Apesar da insistência de sua mãe para que aprendesse a arte nobre do curandeirismo, Ella preferia correr por aí com os moleques no vilarejo enquanto empunhava espadas de madeira e outros brinquedos que seu avô fazia para ela.

Os pais de Nyla eram os donos da única e pequena loja de brinquedos do vilarejo, a maioria deles talhados em madeira e pintados com tinta colorida ou bichos de pelúcia macios, mas o avô de Ella lhe fazia alguns exclusivos que não dividia por nada; às vezes recebia pacotes grandes em seu aniversário, quase sempre vindos de fora do vilarejo, e sobre os quais sua mãe agia de forma misteriosa, apenas dizendo que eram presentes para comemorar sua vida. Uma grande casa de bonecas ocupava boa parte do seu quarto e foi alvo de desejo de pelo menos metade das meninas do vilarejo, Ella a achava bonita mas não exatamente o melhor presente que poderia ganhar, o melhor de todos, em sua humilde opinião, foi o arco feito por seu avô.

Foi através de Nyla que soube da existência de almas gêmeas, tinham a mesma idade e estavam brincando em sua nova casa de bonecas quando a amiga começou a chorar e reclamar que alguém havia batido em seu rosto; Ella chamou sua mãe mesmo com medo de ser punida, talvez achasse que havia batido em sua amiga, mas isso não aconteceu. Nyla foi levada para casa e sua mãe explicou apenas superficialmente que todos tinham uma alma gêmea, e que sua amiga estava sentindo a dela.

Foi Agatha, a amiga três anos mais velha, que explicou da melhor forma que pode sobre almas gêmeas. Ella se sentiu triste, nunca havia sentido o menor sinal sequer de que tinha uma alma gêmea, nenhum joelho ralado ou esbarrão, nenhum dedinho batido na quina de algum móvel e isso a deixou desolada durante algum tempo. Algumas pessoas não tinham almas gêmeas, e vagavam por aí tentando encontrar alguém com quem se conectar, Agatha lhe confidenciou que também não tinha uma e isso fez com que Ella se sentisse um pouquinho melhor; mesmo sem uma alma gêmea, poderia seguir em frente ao lado da sua melhor amiga.

Aos dez anos almas gêmeas não importavam tanto assim.

De toda forma, Ella ainda tinha os melhores brinquedos e vestidos mais cobiçados pelas meninas, um mais belo do que o outro com cores brilhantes e rendas delicadas, mas ainda preferia correr por aí como um moleque e brincar com as invenções de seu avô; a insistência de sua mãe em tentar transformá-la em uma dama foi infrutífera, e em algum momento até mesmo pareceu desistir apenas para empreender novos esforços. Por outro lado, Ella também não deu o braço a ceder, então as duas podiam ser consideradas teimosas.

Sua infância transcorreu sem maiores intercorrências, era protegida, amada e nada de ruim lhe aconteceu enquanto estava crescendo. Sua mãe era um pouco superprotetora, principalmente após um de seus encontros misteriosos com Lady Dimitrescu, e por isso Ella não se metia em tantos problemas. Infelizmente, isso não queria dizer que ficava fora de problemas, apenas que não era tão grandes como quando seu amigo Aaron se perdeu durante o inverno e quase morreu congelado; ele teve pneumonia e infecção nos ouvidos, e depois disso todos passaram a ter que gritar para que Aaron pudesse ouvi-los em uma conversa.

Tirando uma travessura ou outra, Ella se saiu muito bem enquanto estava crescendo, embora hoje e um evento digno de nota.

Os garotos do vilarejo inventavam todo tipo de coisa para matar o tempo quando não estavam trabalhando para ajudar os pais ou estudando alguma lição, a maioria das crianças parava após aprender a ler e ao ter uma criação diferente das outras, Ella continuou com as lições, seu trabalho se resumia a aprender coisas com o avô e mãe. Ter essa vantagem injusta lhe dava muito tempo para brincar do lado de fora e, é claro, cometer certos erros.

Em uma tarde quente de verão quando todos estavam entediados e sem grandes planos, Zachary deu a ideia de pegarem carona nas carruagens que porventura passassem por ali e assim deu-se início a uma nova onda de travessuras.

Todos os dias, depois de travarem batalhas épicas com as espadas de madeira e arcos improvisados, quando a maioria dos comerciantes já havia se cansado de expulsá-los dali, eles se revezavam para pegar carona nas carroças e carruagens dos moradores na vila; era bem simples, bastava esperar que diminuíssem um pouco a velocidade, então subiam na parte traseira e se seguravam como podiam, seguiam por alguns metros e então saltavam quando desacelerasse mais uma vez. A maioria dos fazendeiros não se importava, o velho Carrow resmungou mas ele passava a vida reclamando sobre tudo então não contava realmente. Eles até subiam em alguns caminhões decrépitos e tratores dos fazendeiros, apostando entre si quem ia mais longe.

Havia uma única carruagem em que nenhum deles se atrevia a pegar carona e pertencia a Lady Dimitrescu.

Desde que se lembrava, Ella sentia certo fascínio ao observar o castelo que se seguia de forma tão majestosa sobre o vilarejo, e todas as vezes que sua mãe ia até lá implorava para ser levada junto, e não importava quantas vezes pedisse a resposta era sempre não. Ella nunca entendeu a ligação de sua mãe com Lady Dimitrescu, sempre ouvia que era para o bem estar de todos e que isso permitia que pudessem ajudar os outros moradores do vilarejo e por isso parou de fazer tantas perguntas.

Aquela tarde em especial, e Ella jamais a esqueceu enquanto crescia, puderam ver a grande carruagem elegante de Lady Dimitrescu se aproximando pela estrada. Provavelmente haveria uma reunião com os outros lordes, somente isso a tiraria do castelo em uma hora como aquelas; às vezes a condessa saía do castelo e aparecia no vilarejo, sempre acompanhada por suas filhas de olhar feroz, e as pessoas agiam como medo ao seu redor; Ella não se aproximava, mas não conseguia tirar os olhos da figura alta e imponente.

A carruagem de aproximou e chamou a atenção das crianças.

- Ei, aposto que nenhum de vocês tem coragem! – Zachary zombou – Todos medrosos.

- Você não é muito melhor – Ella retrucou – Vai você se é tão corajoso.

- Eu não!

Klaus, dois anos mais velho e um grande amigo se Ella, levantou-se e olhou em sua direção.

- Eu te desafio – disse orgulhosamente – Se não for, é uma medrosa e vai ter que me dar um beijo.

- Eca, que nojo! – fez uma careta – Eu prefiro beijar o sapo mais nojento do reservatório do Lorde Moreau.

- Então acho melhor ir rápido – disse Zachary – Se conseguir é a mais corajosa do vilarejo e todos nós temos que te dar uma moeda.

- Cara, isso é muito – Klaus reclamou – Meu pai só me dá uma por semana pelo trabalho na semana.

- E vai ser minha – Ella se levantou e bateu as mãos na calça para espantar a poeira – Guarda meu dinheiro.

Agatha, que era mais esperta e responsável do que todos eles juntas, ou pelo menos mais sensata, se aproximou e ouviu o que diziam.

- Ella, não – disse ao tentar segurá-la pelo braço – Vai se meter em confusão.

- Mas se eu não for, vão rir de mim pra sempre. Escolhas.

Outro garoto tão magricela quanto os outros se levantou, Quentin era uma cabeça mais baixo do que Ella e sempre parecia com medo; a mãe dele era uma fanática religiosa e vivia pregando a palavra de Mãe Miranda aos berros no centro do vilarejo para quem quisesse (e não quisesse) ouvir, e Quentin era sempre visto a acompanhando independente do frio ou nevasca. Ella só precisava rezar para Mãe Miranda em casa, como sua própria mãe insistia, mas seu avô dizia que era bobagem e concordava mais com ele.

- Ela vai te pegar e te comer no jantar, e depois vai mandar seus ossos pra sua mãe!

- Bobagem – Ella desdenhou – Minha mãe vai sempre no castelo.

- Melhor se apressar – apontou Klaus – A carruagem tá chegando.

De fato, a carruagem de Lady Dimitrescu se aproximava rapidamente. Ella deixou os amigos para trás e correu até o fim do pequeno declive onde ao invés do solo nivelar ele se elevava em uma pequena subida, todos os cavalos diminuíam a velocidade e era onde eles “pegavam carona” com as carroças que passavam.

Ella aguardou e se preparou, assim que a carruagem passou saltou sobre ela e agarrou-se em um dos ornamentos dourados, os pés posicionados sobre os estribos traseiros.

A carruagem rodou macia apesar do caminho ligeiramente acidentado, as pessoas desviavam ao notar que a condessa se aproximava e por isso não havia paradas para sacolejar o veículo, e Ella fechou os olhos para apreciar o passeio. O vento bateu em seu rosto, bem como os raios de sol, e o cheiro do milho que era colhido nas redondezas a atingiu com força, doce e quente, e a envolveu como um cobertor.

Tão envolvida como estava, Ella não percebeu que haviam parado até que a dor se espalhou por sua orelha direita.

- Sua pestinha! Como se atreve?!

Ella gritou e tentou se livrar, mas a mulher que guiava a carruagem a puxou ainda pela orelha e arrastou pela terra. A dor queimou e seus olhos se encheram de lágrimas, mas recusou-se a chorar.

- Me solta!

- Como se atreve a desrespeitar Lady Dimitrescu?!

- Me solta!

- Solta ela!

A empregada não a obedeceu prontamente, apenas encarou bobamente a porta da carruagem e Ella pode ver uma das filhas de Lady Dimitrescu, aquela com os cabelos vermelhos e metade da cabeça raspada, de pé e segurando uma foice.

- Srta. Daniela...

- Solta ela – Daniela disse em tom ameaçador – Traga-a aqui.

Então Srta. Daniela a cortaria com aquela foice afiada.

Ella foi solta e sua orelha latejou conforme o sangue voltou a fluir, de forma mais delicada a empregada a guiou até a carruagem e a colocou lá dentro com a Srta. Daniela e, é claro, a própria Lady Dimitrescu. A porta foi fechada com um baque e de repente Ella se sentiu muito pequena entre aquelas mulheres altas que ocupavam quase todo o espaço.

Dizem que apenas uma criança pode ser honesta ou corajosa o bastante para agir de forma tola e imprudente, como se nada pudesse realmente lhes fazer mal, e apesar de ter uma ideia do perigo que Lady Dimitrescu representava Ella não pode deixar de olhar.

Era alta e ocupava o banco a sua frente. Bonita como as mulheres do vilarejo jamais seriam, o batom vermelho brilhante contrastava belamente com a pele pálida e os cabelos escuros estavam elegantemente arranjados em cachos que emolduravam seu rosto. Lady Dimitrescu passou a mão na orelha direita e suspirou, mas em momento algum vacilou.

Daniela fez um gesto através da janela e a carruagem voltou a andar.

- Qual o seu nome, criança?

Ella teve a sensação de que a condessa já sabia, mas respondeu mesmo assim:

- Ella. Elleanor. Sou filha da Luiza, minha senhora.

- Ah – Lady Dimitrescu estalou a língua – E o que a filha da Luiza estava fazendo em minha carruagem?

Dessa vez Ella suspirou, e mesmo em sua idade sabia que seu argumento não era lá muito bom.

- Pegando carona, minha senhora. Mas entenda, Zachary me desafiou e Klaus disse que se eu não fizesse seria medrosa e teria que beijar ele, ser medrosa tudo bem... Mas beijar um menino? Eca!

As mulheres riram da sua careta e a Srta. Daniela até mesmo bagunçou seu cabelo ao chama-la de adorável.

- Não podemos deixar que isso aconteça, não é mesmo? – Lady Dimitrescu perguntou – Provaremos que é corajosa.

Lady Dimitrescu se inclinou e tocou seu rosto com delicadeza, a mão poderia envolver sua cabeça com extrema facilidade mas ainda assim foi carinhosa. Os olhos dourados brilharam como se a avaliassem, principalmente suas roupas, e a condessa sorriu antes de se afastar.

Rodaram por alguns minutos em silêncio até que Ella não aguentou mais.

- A senhora vai me levar pro seu castelo e me comer no jantar? Olha – ergueu um braço para mostrar – Eu sou muito magra, não vai gostar de mim. Tem crianças mais gordinhas no vilarejo.

- Ela é tão adorável, mãe! – Daniela arrulhou e abraçou Ella com tanta força que chegou a perder o ar – Queria que ela pudesse ir logo para o castelo.

- Daniela – Lady Dimitrescu disse em tom de aviso e Ella foi liberta do aperto da ruiva – Eu não sou uma bruxa que come criancinhas, minha querida Elleanor. Vou garantir que vença a aposta, mas é claro que precisa me prometer que não fará mais isso.

Ella rapidamente riscou os dedos sobre o coração.

- Eu prometo!

- Boa menina.

Continuaram em silêncio por mais alguns minutos e estranhamente Ella não sentiu medo das mulheres que a rodeavam, como se não pudessem lhe faze mal algum, então recostou-se no banco macio de veludo vermelho e aproveitou o resto da curta viagem.

Quando atingiram os limites do vilarejo, Daniela fez com que a criada parasse a carruagem e abrisse a porta. Lembrando-se das boas maneiras ensinadas pela mãe, Ella fez uma pequena mesura em direção às mulheres e sorriu ao agradecer.

- Muito obrigada pela carona e por não me devorar no jantar.

- Você é a única que já tomou carona em minha carruagem, mas lembre-se bem, Elleanor – Lady Dimitrescu avisou – Não encoraje seus amigos a fazerem o mesmo, não serei boazinha com os outros.

Ella assentiu e fez uma nova mesura.

- Adeus, Srta. Daniela. Adeus, Lady Dimitrescu.

Saltou da carruagem e saiu correndo em direção a uma turma de crianças que gritaram em comemoração ao vê-la viva, não ouviu Daniela se despedir com um “até logo” e jamais ficou sabendo que a criada que ousou puxar sua orelha foi transformada em jantar como castigo. Tudo o que importava é que cada um dos seus amigos lhe devia uma moeda, e sempre seria a única menina a pegar carona com a condessa.

[...]

Os anos passaram-se com rapidez para a criança que cresceu feliz e amada. E além de não ter esquecido seu encontro com Lady Dimitrescu, Ella jamais se esqueceu da mulher e como a ajudou a ganhar uma simples aposta infantil. As viu novamente é claro, as mulheres Dimitrescu, mas não teve coragem de se aproximar e sequer foi encorajada isso; embora algumas vezes sentiu-se observada, quase vigiada, mas ao buscar seus olhares nunca encontrava.

 Agatha acabou sendo mandada para trabalhar no castelo para pagar os tributos atrasados do seu pai e também, assim disse a Ella, poderia enviar um pouco do salário para casa já que moraria no trabalho. Apesar de ainda não ser exatamente um mar de rosas, trabalhar no castelo não era tão ruim quanto antes, e Agatha tinha um salário e um dia de folga na semana; nos primeiros dois meses sua amiga a visitou a cada folga e contava o que podia sobre Lady Dimitrescu e suas duas filhas, Cassandra e Daniela, já que Srta. Bela havia se casado com Lady Beneviento anos antes e já não vivia no castelo.

Apesar de morrer de curiosidade, Ella jamais pisou no castelo ainda que sua mãe continuasse com as visitas periódicas. Jamais teria que trabalhar como criada para sustentar sua família e, depois dos meses iniciais, nem mesmo Agatha voltou e a única coisa que sua mãe pode fazer para tranquilizar Ella foi garantir que sua amiga estava bem (e viva).

Ella tinha vinte e dois anos completos quando aconteceu.

Estavam no meio de um verão avassalador, a temperatura subiu e todos queriam passar o maior tempo possível do lado de fora e de preferência sob a sombra das árvores, então não era raro que os mais jovens como ela escapassem após o trabalho e corressem até o lago mais próximo (definitivamente não o reservatório do Lorde Moreau) e pulassem na água de roupa e tudo. Em uma dessas tardes Ella se juntou aos amigos e correu até o lago, e embora alguns deles nadassem com as roupas íntimas (outros com até menos), a jovem não era uma dessas.

Mal conseguiu tirar os olhos de Catherine enquanto nadavam, uma garota mais velha e que segundo seus pais já passava da hora de casar. Catherine era curvilínea, bem mais do que a própria Ella, tinha seios fartos e cabelos escuros; muito bonita, atrevida e, o principal, parecia devolver os olhares de Ella.

Àquela noite, enquanto voltavam para casa, Catherine a puxou para um canto escuro próximo ao celeiro, a empurrou contra a madeira velha e a beijou com sofreguidão. Ella se perdeu em seus lábios, no corpo voluptuoso colado ao dela, nos seios macios que pressionavam os seus.

Perdeu completamente a noção da realidade até que um grito fez sua alma gelar.

- Elleanor, pra dentro agora!

Catherine parecia ainda mais pálida ao se afastar e Ella nada pode fazer além de obedecer à sua mãe que a agarrou pelo braço e fez com que entrasse rapidamente.

- Nenhuma palavra – Luiza mandou – Vá para o seu quarto, chamarei para jantar.

O jantar foi no mínimo tenso, mas sua mãe não disse uma palavra sobre isso e tampouco Ella tocou no assunto, mas no dia seguinte as coisas mudaram para sempre.

Sua mãe fez com que tomasse banho e lavasse os cabelos, meteu Ella dentro da grande banheira e a esfregou como se tentasse arrancar sua pele, a fez colocar o melhor vestido (azul, para destacar seus olhos) e penteou seus cabelos para que os fios louros formassem belas ondas.

- Não entendo, aonde vamos? – Ella reclamou.

- Ao castelo. Agora vá se despedir do seu avô.

Ella fez o que a mãe mandou, conhecia muito bem o tom que não admitia questionamentos e resignou-se a obedecer.

Havia uma carruagem esperando por elas, não a mesma em que acabou viajando de carona anos atrás, uma nova e igualmente confortável.

- Não entendo, mãe – repetiu – Por que decidiu me levar com você ao castelo? E por que dessa vez a carruagem veio te buscar?

- É para buscar você e não a mim, criança.

- Mãe – Ella insistiu – Ainda não entendo, então, por favor, seja clara. Me disse que eu jamais teria que ser uma criada no castelo, então o que vamos fazer lá?

- Você não será uma criada, e se eu estiver certa será exatamente o oposto.

Ella não entendeu e por mais que insistisse sua mãe não disse mais uma palavra até que chegassem ao castelo grandioso. Definitivamente nunca havia pisado em um lugar como aquele antes, do chão ao teto tudo era expansivamente decorado com ouro e obras de arte, havia vasos com flores e estátuas de figuras femininas, tapetes bordados e todo o tipo de coisa que apenas pessoas muito (muito) ricas poderiam ter.

- Ei, mãe – Ella chamou baixinho – Acha que podemos ver a Agatha.

- Em breve querida.

Uma criada as recebeu e disse que Lady Dimitrescu as encontraria na biblioteca. Ella nunca havia visto uma biblioteca antes e com certeza não ficou decepcionada, havia livros e mais livros, encadernados em couro e ouro, grandes e pequenos, e de todas as cores possíveis.

Ainda estava tentando assimilar tudo quando Lady Dimitrescu adentrou o cômodo, curvando-se para passar na porta e, Ella observou, deixando o decote generoso à vista.

Lady Dimitrescu lhe pareceu ainda maior. Da primeira vez que a viu tão de perto, Ella ainda era uma menina e a condessa estava sentada dentro de uma grande carruagem, agora em um ambiente mais amplo e de pé em toda a sua glória era ainda maior do que sua memória infantil fez o favor de registrar. Lady Dimitrescu usava um vestido vermelho bem ajustado a seu corpo e com um decote generoso, Ella foi capaz de observar de onde estava.

Sua mãe fez uma breve mesura e Ella a imitou após um segundo de atraso, tão embasbacada que estava pela figura da mulher alta. Lady Dimitrescu acenou para demonstrar que reconheceu presença das duas, mas seus olhos jamais deixaram Ella enquanto atravessava o espaço até sua poltrona (ou devia ser, já que era maior do que os outros móveis).

- Luiza.

- Serei direta, Lady Dimitrescu, se assim me permite. Anos atrás me pediu que cuidasse da criança e eu assim o fiz, Mãe Miranda sabe como amo minha filha... Ella é a minha menina e espero que saiba disso.

Lady Dimitrescu nada disse, sua expressão continuou impassível enquanto as encarava.

- Mas agora ela já é uma mulher. E mesmo não tendo certeza do motivo pelo qual me pediu que cuidasse dela, eu desconfio. Tive minhas próprias conclusões conforme o tempo passou, mas não vou contar a ela, esse trabalho cabe a você.

Sem entender o que estava acontecendo, Ella olhou entre a mãe Lady Dimitrescu em busca de respostas que não encontrou em nenhuma das mulheres.

- Mãe...

- Eu te amo querida, não se esqueça disso – Luísa segurou seu rosto com as duas mãos – Se quiser voltar para casa será sempre bem-vinda ouviu? Não hesite em voltar, estarei esperando por você.

- O que está acontecendo, mãe? É claro que eu quero voltar pra casa, não posso ficar aqui.

- Você vai entender – e então sua mãe se voltou para Lady Dimitrescu: - Seja honesta, ela merece isso.

- É claro que sim.

Sua mãe saiu sem lhe dignar uma última palavra ou olhar, como se não tivesse passado os últimos anos lhe prestando os cuidados e carinhos necessários para que crescesse em um lar saudável. De repente Ella se sentiu sozinha, desolada até, como se fosse pequena demais para aquele castelo tão grandioso.

- Acho que não há uma maneira fácil de começar.

As palavras de Lady Dimitrescu fizeram Ella se virar em sua direção, seu semblante continuava sério embora um pouco mais... Gentil?

- Sabe sobre almas gêmeas, não é? – perguntou ao acenar para que tomasse o assento no sofá, Ella acenou positivamente – É claro que sabe. Por muitos anos achei que não tivesse uma, nunca senti nada, nem mesmo uma mísera picada de abelha que pudesse indicar que havia alguém esperando por mim e por isso acreditei que estava destinada a ficar sozinha. Preciso que entenda como foi solitário, desesperador até, e quando se vive tanto tempo como eu, esse sentimento pode facilmente ser transformado em raiva. Você já sentiu sua alma gêmea? – Ella lhe acenou negativamente – Não, achei que não. Então deve entender.

- Em partes eu acho.

- Você ainda é jovem, admito isso. Ainda acredita em amor verdadeiro e que almas gêmeas não significam nada, que pode se apaixonar por qualquer pessoa e que o sentimento será o bastante, mas nunca é.

 Ella não soube como responder, Lady Dimitrescu estava certa em partes: nunca havia sentido a dor de uma alma gêmea, então entendia a solidão que isso trazia, mas isso também significava que nunca havia pensado muito em se apaixonar, sempre considerou que haveria outras pessoas como ela por aí e bastava procurar.

- Fiquei sozinha por muito tempo e vi uma série de paixões sair pela porta após encontrar suas almas gêmeas. Todos querem uma chance. E então, em uma noite, senti algo queimar no peito e... É difícil colocar em palavras, mas foi a sensação mais estranha da minha vida e meses depois senti os primeiros sinais. Sabe o que significa?

- Não, senhora.

- Senti minha alma gêmea nascer, algo que a maioria dos humanos jamais vai saber o que é e eu vivenciei em primeira mão. É claro que demorei algum tempo para perceber do que se tratava.

Ella desviou o olhar.

- Ainda não entendo porque estou aqui.

- Era você. Eu senti o seu nascimento.

Foi como levar um soco no estômago e ter todo o ar expulso violentamente, seu coração disparou e pareceu cavalgar no peito ao tentar se libertar de uma ameaça terrível.

Encararam-se por um segundo que pareceu longo demais, quase perverso de tão denso e incômodo; Ella não queria nada além de correr, mas algo a prendia ali, de uma forma queria (ao mesmo tempo que não queria) ouvir o que Lady Dimitrescu tinha a dizer e isso a estava matando.

- Você nunca sentiu uma dor da sua alma gêmea porque não sou como os humanos comuns – Lady Dimitrescu analisou as próprias mãos – Nada que pudesse indicar que estava viva e esperando por você.

- Por mim?

Lady Dimitrescu assentiu.

- Eu senti você. Eu sinto você. Seus primeiros passos, primeiras explorações, primeiros castigos... Eu senti seu sofrimento e só quis ajudar, jamais suportaria te deixar em uma situação ruim, e também não poderia ficar com você aqui e por isso pedi ajuda da Luísa.

Um pouco mais eloquente, Lady Dimitrescu lhe explicou sobre o pai violento, a falta de uma figura paterna e como a resgatou em uma noite de nevasca após sentir o tapa pesado em seu rosto; Ella não detinha mais as lembranças da garotinha que, aparentemente, havia sido, como se o trauma tivesse feito o favor de apagar tudo como um apagador faria em um quadro negro.

Em branco. Nada. Nenhuma lembrança.

- O homem foi levado por Heisenberg, não sei que fim levou mas deve ter morrido aquela noite.

- Ele mereceu morrer por bater em uma criança?

- Ele mereceu morrer por espancar minha alma gêmea quando ela mal tinha deixado de ser um bebê – Lady Dimitrescu explicou calmamente, mas algo brilhou em seu olhar – No dia seguinte Luiza te buscou. Ofereci um acordo para que ela a criasse do jeito certo, como uma boa mãe faria.

Toda sua infância foi uma mentira e Ella não sabia o que pensar, felizmente Lady Dimitrescu pareceu entender o que se passava em sua mente confusa.

- Sua mãe a amou, sempre que vinha até aqui e falava sobre você deixava isso bem claro – a mulher sorriu levemente – Não há dúvidas de que seja a filha dela, mais uma vez o destino agiu para que pudesse estar com a pessoa certa enquanto crescia.

Mesmo que suas palavras fossem reconfortantes, Ella ainda se sentia confusa e magoada.

- E para que? Para que chegasse a hora e ela tivesse que me abandonar aqui como fez?!

- Ela não te abandonou aqui, sequer pedi que a trouxesse. Nunca disse uma palavra sobre almas gêmeas a Luiza, mas creio que ela descobriu e decidiu por si só arrancar o curativo de uma vez, para que decida sozinha.

- Por que fez isso tudo? Por sua culpa minha vida é uma mentira.

- Porque, assim como todos os outros, eu também queria uma chance.

Foi tão brutalmente honesta que teria doído menos se tivesse esbofeteado seu rosto.

- Eu... Eu não posso. Não sei o que pensa, mas não sou um brinquedo para você decidir o que fazer – Ella se levantou rapidamente – Não vou deixar que controle minha vida. E tem razão, sei como é não ter uma alma gêmea e preferia continuar não tendo uma.

O olhar magoado e ferido de Lady Dimitrescu não lhe passou despercebido, mas estava tão confusa e assustada que sequer teve muito tempo para pensar nos sentimentos da mulher. Tudo dentro dela estava uma confusão só, como se toda a sua vida tivesse sido virada de cabeça para baixo em um piscar de olhos.

De repente, sentiu-se como Alice caindo pela toca do coelho e indo cada vez mais rápido, tão insanamente rápido que tudo parecia passar através dela como um borrão colorido. Só se deu conta de que estava correndo através dos corredores do castelo quando esbarrou em um vaso e quase o derrubou, então pode limpar as lágrimas dos olhos e voltar a correr ao tentar seguir um caminho que parecia lógico em um mundo que se tornou incerto e assustador.

Sabia muito bem quem era aquela manhã ao acordar em sua cama mas tal qual Alice, havia mudado tanto em tão pouco tempo que já não sabia quem era, ou o que era ou não verdade.

Algumas memórias voltaram como o passeio na carruagem, Srta. Daniela dizendo que queria levá-la para o castelo, Lady Dimitrescu sendo anormalmente gentil. No meio de sua corrida insana lembrou-se do gesto curioso, como a mulher esfregava a orelha... Teria sentido quando a criada puxou a orelha de Ella?

- Ella!

Alguém a segurou pelos braços e a abraçou imediatamente. Agatha, com seus cabelos de fogo e cheiro reconfortante, como a casa que Ella ainda conhecia, a apertou um pouco mais.

- Estou tão feliz que esteja aqui! Senti sua falta.

- Eu também – Ella suspirou – Achei que estivesse morta.

- Não, querida. Estou muito bem, principalmente porque é um dia importante para você e estou feliz em vê-la aqui.

Ella respirou fundo algumas vezes ainda nos braços da melhor amiga, Agatha sempre esteve lá enquanto estava crescendo e foi uma constante em sua vida, então reencontrá-la foi muito bom. Seu coração desacelerou e ficou contente ao notar que não estava chorando, só poderia torcer para que o rosto não estivesse inchado também.

- O que quer dizer com importante?

Se afastou lentamente e Agatha lhe deu um olhar sugestivo, o seu rosto fez Ella ofegar.

- Quer saber? Não importa, porque estou indo embora.

- Ella, você não pode ir embora – Agatha segurou seu braço de forma gentil – Tudo isso é sobre você.

- Não, não é!

Ella deu um passo atrás e olhou para Agatha, pela primeira vez verdadeiramente olhou para ela e se surpreendeu. Sua amiga usava um belo vestido verde escuro que parecia muito bom nela e contrastava lindamente com seus cabelos, o colar em seu pescoço parecia simples a primeira vista mas ostentava o brasão da casa Dimitrescu e algo lhe dizia que uma simples criada não poderia usar um; mas o pior foi o que fez Ella se afastar à princípio, a primeira coisa que lhe saltou aos olhos momentos atrás, a cicatriz que cruzava seu rosto do lado superior direito até o lado inferior esquerdo e ainda parecia sensível, uma linha fina, rosa e irregular que a marcava.

- O que aconteceu com você?

Sua cabeça girou com mil teorias. Teria sido Lady Dimitrescu? As filhas?

- Encontrei minha alma gêmea, Ella. Aqui de todos os lugares – Agatha acenou ao redor e Ella percebeu que estavam no salão da escadaria principal – Lady Cassandra é minha alma gêmea e por isso nunca a senti.

Isso estava acontecendo com muita frequência para o gosto de Ella.

- Então como...

Deixou a pergunta morrer no ar, mas felizmente Cassandra achou por bem responder.

- Foi logo depois da minha última visita. Outra criada ficou brava por ter que esfregar o chão enquanto meu trabalho era tirar e limpar a mesa do jantar, entramos em uma discussão e ela cortou meu rosto com o punhal que Lady Daniela por acaso esqueceu. Nenhuma de nós duas sabia, mas Cassandra estava assistindo tudo e o resto é história.

- E está com ela agora?

- É claro. É diferente de qualquer outra coisa e você saberia se desse uma chance – Agatha voltou a segurar seu braço – Não pode dar as costas à Lady Dimitrescu, ela é sua alma gêmea e a esperou por décadas assim como Cassandra me esperou.

 - Falando de mim?

A jovem mulher se aproximou tão silenciosamente quanto uma caçadora espreitando sua presa, só poderia ser Cassandra, a filha do meio. Usava calças justas na cor cinza, camisa branca com alguns botões desabotoados e as mangas enroladas até os cotovelos, além do colete no mesmo tom da calça; seus cabelos castanhos estavam presos no alto em um rabo de cavalo e, apesar de parecer mortal, estava sorrindo suavemente.

Cassandra ergueu Agatha pela cintura e a rodopiou no ar antes de colocá-la suavemente no chão, e por um breve momento foi como se o mundo todo tivesse parado apenas para assisti-las. Olharam-se de modo tão terno e intenso que Ella sentiu vontade de desviar o olhar, como se tivesse assistindo algo íntimo demais para ser invadido por outras pessoas; seus olhos se conectaram, verdes e dourados, como se pudessem se compreender daquele jeito, em completo silêncio sem que palavras mundanas fossem necessárias. Sem desviar o olhar, seus dedos se buscaram até que se entrelaçaram em um aperto que parecia forte e suave ao mesmo tempo.

Aquela - pensou Ella - seria a verdadeira ligação entre almas gêmeas? O que todos os escritores, compositores e artistas do mundo inteiro tentavam transcrever em suas obras? Se fosse, nenhum chegou tão perto do que significava aquela imensidão.

Assistiu Cassandra tomar o rosto de Agatha entre as mãos e distribuir beijos suaves por toda a extensão da cicatriz, e pode ouvi-la murmurar sobre sua beleza e graça.

- Cassie – Agatha disse em tom de aviso, ainda que não se afastasse da namorada – Essa é a Ella, minha amiga da qual falei.

Foi como se pela primeira vez Cassandra tivesse notado sua presença, e a examinou de cima abaixo.

- A famosa Ella? – Cassandra deu de ombros – Dani já gosta de você, mas comigo é bem diferente.

- Cassandra – disse Agatha com mais firmeza – Ella só está assustada com todas as novidades. Você ficou com medo e fugiu de mim por dois dias depois de me ajudar.

Cassandra revirou os olhos.

- E você vai usar isso contra mim para sempre.

Após ver como apesar da provocação Cassandra ainda sorria, e em um minuto insano de coragem, Ella tomou sua decisão.

- Preciso de ajuda para voltar à biblioteca.

- Eu levo você – Agatha se ofereceu e beijou o rosto da companheira – Volto logo, amor.

- Te espero em nosso quarto, vou pegar o unguento da Donna.

Assim que se afastaram, Ella soltou uma risadinha nervosa.

- Vou querer saber o que vão fazer com um unguento?

Agatha riu e entrelaçou seus braços.

- É para o meu machucado. Lady Beneviento cultiva muitas plantas medicinais, pode ser que até mesmo a cicatriz desapareça, mas Cassandra diz que me dá um charme a mais.

- Ela te ama – Ella comentou enquanto caminhavam lentamente – Dá pra ver no modo como se olham.

- É mais do que isso, vai entender quando estabelecer sua ligação de alma gêmea. Cassandra não fala muito, mas é muito intensa e todos os sentimentos dela são um desafio. Mas eu a amo mais do que tudo.

- É bom te ver feliz assim, você merece tudo isso.

Viver em um castelo ao lado da mulher que amava e ainda ser amada de volta, Agatha merecia uma vida melhor do que a que tinha no vilarejo.

- Você também, Ella.

Agatha parou de andar e indicou a porta adiante do corredor.

- Tome a decisão certa, nunca irá se perdoar se deixar a chance passar.

Ella assentiu e se despediu da amiga. Não bateu na porta, tampouco anunciou sua presença simplesmente por não saber como fazer.

Lady Dimitrescu estava sentada no mesmo lugar, a única coisa que denunciava ter mudado de posição era que observava a claraboia como se tencionasse ver além dela, mas uma olhada rápida fez Ella perceber que seu olhar parecia distante como se desvendasse os segredos do universo.

Pigarreou para chamar sua atenção e permaneceu parada enquanto o olhar de Lady Dimitrescu descia até ela.

- Você voltou. Posso saber o motivo?

Era facilmente a pessoa mais alta que Ella já tinha visto e estranhamente isso não lhe causou medo ou curiosidade, simplesmente fazia sentido que fosse assim.

Ella encarou as próprias mãos e suspirou para tomar coragem.

- Acho que percebi que vale a pena – levantou o olhar para encontrar o de Lady Dimitrescu – Também quero ter aquela chance.

Pela primeira vez em muitos anos viu Lady Dimitrescu realmente sorrir. Foi um sorriso feliz, mas também pareceu aliviado e, de alguma forma, dolorido.

- Bom saber, draga mea.


Notas Finais


Por favor, comentem e digam o que acharam!

É isso. Dêem um desconto pra Ella, é tudo muito novo ainda, mas vai dar certo.

Espero que tenham gostado, prometo que volto em breve com BC

Beijoooooos


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...