1. Spirit Fanfics >
  2. Eu sou indestrutível! >
  3. Acho que essa não é a sua praia!

História Eu sou indestrutível! - Acho que essa não é a sua praia!


Escrita por: RobertaDragneel

Notas do Autor


Estamos já na metade da fanfic.
Mesmo assim, muita coisa vai acontecer :3

Capítulo 5 - Acho que essa não é a sua praia!


Fanfic / Fanfiction Eu sou indestrutível! - Acho que essa não é a sua praia!

 

Flash Back ON

A garotinha de cabelos rosas foi escolhida pela família, devido ao seu lado fofo e meigo. Tudo que o casal sempre quis, porém eles tinham que adotar a amiga dela por um pedido da responsável pelo orfanato. Como as duas crianças só andavam juntas, o casal se encontrou em uma situação delicada e, no final, optaram pela adoção de ambas.

A empresária, uma das mais ricas do país e futura mãe das meninas, se abaixa apoiando as mãos nos joelhos.

— Olá, qual o nome de vocês? — pergunta com um sorriso gentil.

— Sou Shiro!

— A-Akemi...

O casal era o mais rico do país, donos de uma famosa empresa de alimentos: Nagoya´s food. As garotinhas cresceram em um ambiente de riqueza, tiveram tudo que queriam – pelo menos a rosada. Shiro era imensamente amada pelo seus pais e sempre teve carinho, já Akemi era ignorada boa parte do tempo.

— Hein? Você sabe cozinhar? — Yuna, a mãe das garotas, pergunta surpresa.

— Sim, aprendi quando vivia na rua. — responde Akemi sem jeito.

Após um ano da sua adoção, a mulher encontrou a criança cozinhando em uma das tardes em que ela havia saído para resolver questões da empresária.

— Quero ver suas habilidades. — Ichijou, o pai dela, pede ao se aproximar.

Akemi olhava ao redor na cozinha, não sabia exatamente o que cozinhar para provar as suas habilidades. Ela abre a geladeira com dificuldade pois não tinha muita força encara o primeiro alimento à sua frente: um peixe.

— Já sei!

Flash Back OFF

— Eu não acredito que você fez isso! — gritava Shiro andando pelo quarto, claramente nervosa.

— Não é nada demais.

— Nada demais? Você decidiu que o tema do shokugeki com o Ryo fosse frutos do mar! A especialidade dele! — exclama mas logo respira fundo, caminhando até sua mochila e tirando um envelope amarelo do seu interior. —Consegui algumas informações sobre ele. Pode te ajudar.

— Obrigada, Shiro. O que descobriu?

— Ele é assistente da Alice. — diz segurando a risada.

— Ah, dessa eu não sabia.

— Agora falando sério... — ela adota um semblante sério. — Eles o chamam de Kyoken, o cachorro louco. Sabe aquela bandana vermelha no bolso dele?

— Sei.

— Então, quando ele a coloca sofre uma drástica mudança de personalidade, tornando-se agressivo e violento. Os seus movimentos na cozinha ficam mais brutos. Eu considero isso uma vantagem, ele precisa de técnicas assim para lidar com frutos do mar.

— Sim, sim...

Terei que tomar cuidado com a sua personalidade, ele vai tentar me intimidar, pensava.

— Para o Ryo Kurokiba, cozinhas são campos de batalha onde os oponentes mostram o seu poder. — sussurra Shiro.

— Ou seja, ele é adepto à forma de ensino da Tootsuki, ama competições e odeia perder.

— Isso mesmo. Descobri sobre a infância dele também... — Shiro passava a folha onde havia fotos de barcos e um cais. — Ele é dinamarquês e sempre viveu perto do litoral, por isso esse apego pelos frutos do mar. Ryo foi forçado a se tornar forte na cozinha desde cedo se queria sobreviver, amadureceu antes da idade. Ele já foi chefe de um bar...

— Isso explica sua personalidade autoritária e agressiva, como diz aqui. –

— E sua técnica ficou famosa, foi assim que a Alice descobriu ele.

— E o tornou seu assistente... — Akemi se levanta respirando fundo. — Eu entendo um pouco o que ele passou.

— Não se deixe levar pelo seu coração mole, Ryo vai tentar te destruir daqui há dois dias. — Shiro fala receosa, tinha medo de ver sua amiga ser humilhada novamente e, desta vez, na sua frente.

— Não se preocupe, não serei intimidada facilmente.

— Já sabe o que vai cozinhar?

— Não

Shiro massageia as têmporas, claramente nervosa.

Flash Back ON

Akemi, mesmo sendo apenas uma garotinha, já tinha habilidade com facas. Ela cortava com cuidado o peixe, atenta para não misturar a espinha dele com a carne. Ichijou e Yuna observavam atentos.

— Oh... Incrível! – diz Shiro apoiada na mesa.

— No nosso restaurante, teremos esse prato... — sussurra a garota para a sua amiga.

— E como ele se chama?

— Ele se chama...

Flash Back OFF

O dia do shokugeki chegou, causando movimentação na academia. Os alunos faziam apostas entre si para saber qual deles iriam vencer. A maioria ainda confiava no Ryo por causa do tema do shokugeki: frutos do mar.

Yukihira e os seus amigos chegaram cedo, sentando-se logo na primeira fileira. Shiro olhava ao redor procurando um bom lugar para sentar, avistando o grupo e decide se aproximar.

— Olá!

Ela se senta entre Megumi e Ikumi, sorrindo timidamente.

Yukihira e Megumi a cumprimentam, os demais se apresentam por ainda não a conhecerem pessoalmente. A rosada correspondia as apresentações com uma breve reverência, voltando-se a ficar sentada quando ouvia um comentário de Megumi sobre uma noite de doces entre as meninas, convidando Shiro e Akemi.

— Maldito Ryo, fez o shokugeki primeiro. — resmunga Yukihira.

— Você fará depois.

— A Akemi tem treinado muito? — pergunta Megumi, curiosa.

— Não sei ao certo, passei o final de semana todo tentando fazer um bolo de morango perfeito. Acabei esquecendo totalmente da Akemi-chan mas creio que ela treinou o suficiente.

— Sua amiga está sendo a nova fofoca da Tootsuki — comenta Marui ajeitando os óculos.

— O objetivo inicial dela não era chamar tanta atenção.

— E qual era?

— Era...

Antes que Shiro terminasse a frase, Urara chega acenando e todos os homens gritam.

— Então pessoal, preparados para mais um shokugeki? — ela grita animada e todos falam alto um “sim!” com a mesma animação. A apresentadora começa a falar e gesticular com a mão apontando para a entrada da arena.

Enquanto isso, Takumi Aldini chegava com o seu irmão procurando um lugar para se sentarem. A expressão do loiro era de total curiosidade, desejando saber quem era garota que os boatos falavam. Ao vê-la entrar na arena, sendo o alvo dos holofotes, ele se sentiu preso à figura caminhando lentamente até a mesa. O longo cabelo de Akemi obviamente chamava a atenção, mas o italiano ficou impressionado com seu olhar determinado.

Ela não veio para perder, pensava.

Um pouco afastado dali, estava um rapaz de aparência jovem, longos cabelos pretos que batiam em sua cintura, olhos azuis e corpo bem definido. Ele usava um terno, tirando-o para ficar apenas com a roupa social.

Os jurados já haviam chegado, estavam em seus lugares com a expectativa estampada em seus olhares. Urara os apresentava com um largo sorriso: Taki Tsunozaki, Sonoka Kikuchi e Shigenoshin Koda.

A entrada dos competidores havia causado um estranho silêncio por toda a arena.

Flash Back ON

Akemi prendia o cabelo enquanto caminhava até a arena. Ryo fazia o mesmo andando ao seu lado com o mesmo semblante lerdo de sempre.

— Então é isso... — sussurra Akemi para si mesma, segurando firme uma maleta.

— Vai aprender a lidar com derrotas à partir de hoje... — Ryo dizia com desdém, bocejando em seguida.

A morena fecha os punhos com força, tentando não cair em suas provocações e focando unicamente em chegar ao centro da arena.

Flash Back OFF

A entrada de Ryo causa euforia para todos presentes naquela arena. Urara apresentava o rapaz com um sorriso simpático, acenando para alguns de seus fãs antes de se virar para a silhueta que, lentamente, se aproximava no local.

— E agora, Akemi Nagoya! –

O que você pretende fazer, Akemi? Sei que você é muito talentosa mas não acha perigoso essa sua atitude?, pensa Shiro, apreensiva, sabendo que sua amiga iria enfrentar Ryo em sua especialidade.

A garota segurava uma maleta prata enquanto o seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo. Ela ficava na frente da sua mesa, encarando Ryo de canto e tendo em mente de que uma troca de olhares seria uma péssima ideia, devido à maneira intimidadora dele.

— Que comece o shokugeki! — diz a apresentadora.

Ryo rapidamente colocava a bandana vermelha em sua cabeça, mudando completamente a sua personalidade. Os seus olhos ficam cheios de raiva e ele puxava o peixe de forma brusca.

— Que comece o massacre!

Akemi ficava paralisada olhando para cima, encarando os holofotes com um olhar distante. A sua respiração permanecia calma e ignorava até mesmo os murmúrios confusos da plateia diante da sua atitude.

— Ela não devia começar a cozinhar? — sussurra Ikumi.

— Akemi já começou a cozinhar, apenas não usou os ingredientes. — comenta Shiro ao entender o objetivo da amiga.

— Como assim?

— O estilo do Ryo é intimidar o oponente, ele mostra todo o seu poder desde que começa a cozinhar. Se Akemi não se manter calma, não vai cozinhar bem.

— Entendo, ela tem que ficar calma senão a sua concentração estará afetada. — diz Megumi.

— É uma boa estratégia... — comenta Marui erguendo os óculos com o dedo indicador.

Akemi escutava cada som ao seu redor, principalmente a faca de Ryo bater na mesa de forma bruta. Depois, os movimentos voltavam a ficar suaves. As variações a faziam entender melhor o humor do seu oponente.

Eu posso ouvir ao meu redor a lâmina da faca, os sentimentos deles. Agora que estou mais calma, eu domino este espaço!, pensa Akemi abrindo rapidamente os olhos.

Então, ela abria a sua maleta expondo a variedade de facas, cada uma de diversos tamanhos e formatos. As lâminas refletiam o rosto de determinação da cozinheira que não tarde em escolher uma em especial. Ela optava por uma faca do chef de aproximadamente 25 cm, sua lâmina era tão afiada ao ponto de todos notarem como sua ponta brilhava fortemente. O seu cabo era preto, sem conter nenhum detalhe especial.

Akemi girava a faca entre os dedos com uma expressão calma.

— Uau, que afiada! — comenta Yukihira.

— Essa faca é utilizada para cortar qualquer tipo de carne por causa da sua lâmina e resistência. Eu costumo usá-la na maioria dos meus pratos. — diz Ikumi, surpresa.

Akemi puxava uma anchova para perto e passava a faca pelo peixe. Todos ficam surpreso com a leveza em seus movimentos, pois logo o animal estava sem cabeça. Ela deixava a cabeça de lado e passava a ponta da faca pelas escamas, parecia uma dança perfeita e antes mesmo da lâmina tocar por completo o peixe, ele já estava sem as escamas.

Após partir o peixe em dois e jogar a espinha fora, ela enfiava a faca na mesa deixando-a presa. Em seguida, a jovem dava um forte soco no peixe o que causa um espanto em toda a plateia.

— Ela está com raiva do peixe? — Yukihira questiona, confuso.

— Não, está amaciando a carne. — responde Ikumi.

— Amaciando?

— Sim, Megumi. É uma técnica rústica e pouco usada para amaciar a carne, mas ainda é eficiente.

Akemi continuava a sequência de socos e os sons dos golpes ecoavam pelo ambiente. Ryo ousou erguer a cabeça para fitá-la e rosnava baixinho, irritado pela jovem concentrada toda a atenção do público entorno de si. Então, ele decidia fazer parte do “show”, girando agilmente a faca entre os dedos. Em contrapartida, ela puxava outra faca da maleta e começava a cortar o peixe em movimentos rápidos e precisos, fatiando a carne.

— Uma santoku... — murmura Ikumi.

— Boa escolha de faca. — comenta Yukihira.

— Sim, ela é uma das mais úteis na cozinha. — diz Shiro sorrindo.

Os dois competidores pareciam estar em um ringue de luta, nenhum deixava o outro se destacar. Ryo erguia o peixe na panela, os pedaços flutuavam no ar mas tornavam a cair com rapidez. Ele estava concentrado em cada detalhe que fazia, contudo não deixava de ver o que o progresso de sua oponente. Ela, por sinal, preparava um caldo com a anchova cortada anteriormente.

— Ela é boa com facas... — comenta Takumi distraído, seu irmão nada responde pois acabou dormindo no começo do shokugeki.

Akira observava tudo afastado das pessoas conhecidas. Desde que Akemi o intimidou, ele sentiu uma forte necessidade de observá-la de perto para entender melhor o seu estilo de culinária. Porém, ele suspirava em decepção ao não perceber um padrão. A cada movimento ela executava uma nova técnica, como definir com clareza o seu estilo?

O tempo passava conforme ambos cozinhavam. Shiro parecia preocupada com o decorrer dos minutos pois sabia que Akemi ainda estava focada no caldo, apesar de já ter começado os outros detalhes do seu prato.

Ryo cozinhava com toda a força de vontade de havia, encarava a oponente com um olhar ameaçador, mostrando os dentes. Akemi fazia o mesmo, seu olhar estava frio e determinado. A briga de ambos fazia todos que presenciavam ficarem boquiabertos. Os movimentos deles eram tão rápidos que quase ninguém sabia exatamente o que estavam cozinhando, apenas sabiam que o gosto era bom pois um forte aroma dos pratos espalhava-se pelo local.

— Vamos lá, Akemi-chan. O tempo está passando. — sussurra Shiro.

Akemi olhava de canto para a sua amiga como se ambas conversassem por telepatia. Então, um leve sorriso surgia em seus lábios antes de “sacar” os temperos e os lançando na comida.

A explosão de aromas tomava conta do local, todos sentiam suas bocas salivarem desejando o prato da garota apenas percebendo o seu cheiro agradável. O aroma do prato de Ryo foi completamente apagado. Akira estava boquiaberto, nunca tinha sentido algo tão intenso.

— Que cheiro bom! — dizia Yukihira acariciando a barriga. — Eu até fiquei com fome.

— O que ela colocou no caldo? Ele parece estar mais forte. — questiona Ikumi.

— Infelizmente só a Akemi e o Akira sabem. Eu não domino muito bem essa área de aromas. — comenta Shiro fazendo bico.

Akemi sorria confiante pois seu desempenho na elaboração do prato evoluiu muito desde o início do shokugeki. O tempo ainda passava, faltava poucos minutos, e ainda tinha vários detalhes a serem feitos. Ryo, com calma e precisão, adicionava gotas de algo no prato dele fazendo com que o aroma do seu prato chamasse a atenção de todos. Naquele momento, o jogo havia virado e a plateia podia sentir que havia uma superioridade de pratos, o que não os surpreendeu porque a habilidade de Ryo era comtemplada por muitos.

Pelo visto você tem um bom oponente, pensava o rapaz de longos cabelos negros enquanto observava Akemi com um sorriso.

— Isso Ryo, agora acabe com ela. — murmura Alice.

Ele já havia terminado o seu prato e caminhava até os jurados.

— Hum... Tempura. — comenta Shigenoshin Koda acariciando o bigode.

A tempura estava em um largo prato de porcelana, havendo três recipientes ao redor e, em cada um, continha um molho diferente.

— Comam logo! — ordena.

Taki Tsunozaki mergulhava um pedaço de tempura no molho, colocando-a na boca. De forma instantânea, ela sentia o gosto intenso do molho descer a sua garganta, junto com o gosto da maionese e do molho shoyu. Na outra mordida percebia o gosto da mostarda e ketchup do molho, suspirando de prazer. Além do molho, o peixe estava com um sabor impecável, sentindo-se nas nuvens com aquela combinação impecável.

Sonoka Kikuchi, curiosa ao ver sua colega naquele estado, mergulha a tempura no outro molho. Ela exclamava surpresa ao sentir o molho teriaki junto com o peixe, o gengibre combinado com um pouco de saquê e molho shoyu.

— Você usou a dosagem perfeita de molho teriaki... — diz Sonoka surpresa.

— E de molho tradicional também. — completa Taki.

— Vamos ver esse aqui... — Koda mergulha a tempura no outro molho. Ele fica paralisado, sentindo o gosto das ervas dançarem em sua boca. —Tomilho e manjericão, uma sábia escolha. É um gosto suave que acentua o sabor do peixe.

— Falando do peixe... — sussurra Taki.

— Ele está perfeito! — completa Sonoka experimentando novamente a tempura, sentindo o sabor ficar mais intenso a cada mordida.

— Se a tempura é um prato rápido a ser feito, por que demorou tanto? — Megumi se questiona observando a arena.

— Porque ele gastou maior parte do tempo preparando a carne. — responde Ikumi.

— O molho serviu como entrada para o prato principal dele. — diz Yukihira.

— Ele conseguiu transformar um prato simples em uma obra de arte. — comenta Marui.

Como a Akemi, esse garoto é um perigo, pensa Shiro olhando para Akemi que ainda terminava o seu prato.

— Eu usei temperos diferentes para brincar com o paladar de vocês! Agora saboreiem corretamente o peixe! — gritava Ryo em sua personalidade agressiva. — Percebam como ele é perfeito e macio na boca de vocês! Depois de temperar o peixe, eu deixei ele descansando por 15 minutos, só assim conseguiu adquirir essa consistência!

— Posso sentir o gosto do limão e, junto com esse molho, só me faz querer comer mais. — comenta Sonoka.

— A camada de polme que você colocou foi fina, creio que tinha sido com o objetivo de destacar o sabor do peixe. — diz Koda antes de voltar a comer.

— E mesmo assim você deixou a textura do polme perfeita. — complementa Taki.

— Polme... Uma massa de farinha, ovo e água... – murmura Akira, pensativo.

— Eu alterei a receita, usei leite no lugar de água! Não pensem que sou idiota para não fazer a escolha certa!

— E o leite mudou totalmente a consistência da massa. — diz Koda.

O prato de Ryo fazia todos delirarem com o jogo de sabores que alternava do peixe para o molho. Em pouco tempo, os jurados haviam terminado de comer tudo. Eles limpavam a boca desviando o olhar para Akemi que estava apoiada na mesa com os braços cruzados.

— Que venha o prato da Akemi Nagoya! — Urara fala animada.

— Desista! — resmungava Ryo para Akemi quando ela passa em sua frente segurando uma bandeja.

A bandeja continha três pratos cobertos por uma cúpula de alumínio que brilhava com a luz dos refletores. A garota andava calmamente, o seu cabelo preso balançava para os lados conforme o ritmo dos seus quadris. Por um momento, permitia-se lembrar do seu passado.

Flash Back ON

A garotinha terminava o prato, deixando a tigela ao lado do casal. Eles dois se olham por um tempo e resolvem experimentar o prato.

— Uau! — exclama a mulher surpresa. — O que é isso?

— Apenas ensopado de peixe.

— Não, é mais do que isso! É o melhor ensopado que eu já comi. — diz o homem. — Com esse talento podemos ir longe! Irei te pagar os melhores cursos de culinária.

— S-Sério?

— E a Shiro irá também, percebi que também tem talento.

— Eba!

A rosada pulava em sua amiga, abraçando-a forte com um largo sorriso.

Flash Back OFF

O silêncio na plateia era absoluta, somente os passos de Akemi podiam ser ouvidos.

Eu..., pensa Akemi.

Ela para na frente dos jurados, olhando-os fixamente e ainda mantinha a expressão neutra em seu rosto.

... domino este espaço!

A garota retira bruscamente as cúpulas, expondo os três pratos. Instantaneamente, um forte aroma atingia os jurados. Eles ficavam boquiabertos em como sentiam o prato e até o seu sabor sem nem mesmo colocar na boca. Ryo estava um pouco surpreso mas tentava disfarçar.

— Não adianta disfarçar a sua comida horrível com temperos! – ele gritava do outro lado.

— Mas admita que você ficou surpreso com o aroma. Eu apenas coloquei um tablete de tempero caseiro na comida. — Akemi dava uma piscada.

Faz sentido. O tablete só teria efeito ao entrar em contato com a comida quente. Por isso, não sentimos seu forte aroma durante o preparo, pensa Yukihira.

Todos na arquibancada inclinavam o corpo para frente, desejando sentir cada vez mais o aroma do peixe. O prato era um ensopado de peixes e frutos do mar com algumas ervas no caldo. O caldo era fino e liberava um forte aroma. A tigela estava dentro de um prato e ao redor desse prato havia uma “pasta” verde, uma salada de peixes com gengibre e pepino.

— Que combinação estranha... — comenta Taki fazendo uma careta.

— Apenas prove.

Taki cutucava a salada com o talher e, então, colocava um pouco da salada na boca. Ela ficava surpresa com o sabor incrível da comida, sentindo profundamente o gosto do peixe. A mulher sentia o gengibre adentrar em seu corpo lentamente, fazendo uma explosão de sabores junto com o pepino e um toque de limão.

— O que... É...

— Aconselho misturar com o ensopado. — Akemi diz abrindo um breve sorriso.

Todos os três jurados colocam um pouco do ensopado na boca, ficando sem reação por um bom tempo. Era um show de sabores e aromas de forma simultânea. Nesse momento, eles se sentiam na praia correndo pela areia, apreciando a brisa marinha em seus rostos e a água gelada misturada com calor do Sol em seus corpos.  

— O caldo do peixe! Ele está me aquecendo toda! — fala Sonoka surpresa. – Tem camarão também...

— Sim, eu refoguei o camarão com óleo de coco para deixá-lo bem macio. Eu também usei uma erva diferente do tradicional.

— Deveria ter manjericão mas não sinto o seu sabor, o que você colocou? — pergunta Sonoka, confusa.

— Coentro e louro. Um peixe deve ser consumido na quantidade certa, quis deixá-los satisfeitos usando essas duas ervas.

— Satisfeitos... Satisfeitos... — sussurra Koda tentando entender o que ela quis dizer.

— O louro estimula o apetite mas o coentro nos faz comer moderadamente. — comenta Shiro para Yukihira e seus amigos. — Ela fez o prato na quantidade certa calculando o quanto os jurados iriam precisar comer para se sentir satisfeitos.

Yukihira e os demais se entreolham, totalmente surpresos com essa estratégia inusitada.

Do outro lado da arquibancada, o homem sentia o aroma do coentro junto com o louro, suspirando satisfeito por aquela combinação. Ele cruza os braços sobre o peito e sussurra para si mesmo sem tirar os olhos de Akemi:

— E ainda assim você pede a minha ajuda. Você deveria entender que não sou necessário.

Akira observava tudo surpreso, porque sabia muito bem das intenções de Akemi desde que ela colocou as duas ervas na panela. Ele sentia vontade de experimentar aquele molho, pois sentia que havia mais algo nele.

— Como você preparou esse ensopado? — pergunta Taki.

— Foi até que simples fazer. Eu usei um tomate de melhor qualidade, tinha que ser fresco para manter o seu sabor. Depois, eu utilizei a santoku para amassar os alhos, ela ajudou a conservar o sabor dele e a cortar a carne do peixe em cubos. É necessário usar uma carne muito fresca e então me arrisquei passando a manhã pescando, consegui um “produto” de qualidade. — fala ironicamente dando uma breve risada, logo voltava a expressão séria de antes. — Também usei o melhor vinho branco: o Sauvignon Blanc. Todos sabemos que um bom vinho branco tem que ser feito com uvas de diferentes tipos.

— Espere! — protesta Koda. — O melhor vinho branco é o Bâtard Montrachet Grand Cru.

— Pode ser o melhor mas não é adequado para o preparo de ensopados. O sabor deste vinho é “sedutor” e “misterioso”. Precisamos de algo mais leve como o Sauvignon Blanc que contém a concentração perfeita de álcool para o preparo deste prato

— Uau... — Yukihira apoia a mão no queixo pensativo. — Ela até pensou na quantidade de álcool, boa observação. Uma comida com frutos do mar deve ser preparada cuidadosamente senão o seu sabor muda por completo.

— Não só isso, o tipo de vinho foi crucial para determinar o sabor do prato. — diz Megumi — Ela quis retratar a imagem de um ambiente calmo, como uma praia, usando um vinho suave.

— Ela consegue realmente retratar a culinária de forma mais extensa. — comenta Ikumi surpresa.

Os jurados comentavam entre si os ingredientes do ensopado enquanto Sonoka mastigava lentamente o peixe. No fundo, sabia que havia um sabor conhecido mas não identificável na carne. Logo, ela ficava surpresa ao descobrir do que se tratava.

— Iogurte! — exclama e todos olham para ela. — Você preparou o peixe em molho de iogurte antes de adicionar ao caldo. O camarão também, pelo visto.

— É mesmo! Como eu não percebi?

— Ela usou o molho para deixar o equilíbrio do limão usado no peixe, amenizando o seu aroma forte, com o iogurte. Incrível! — dizia Koda.

— Sim, o molho usado nos peixes envolve muito limão. Isso pode atrapalhar o sabor e o aroma da carne dele no caldo. O iogurte é uma boa forma de eliminar esse problema. — diz Akemi.

Já entendi o seu estilo, Akemi Você procura analisar quais os defeitos, as brechas e as imperfeições na receita. Depois corrigi tudo isso. Não tem como um prato sair ruim se não houver falhas. Interessante, agora estou mais animado para ter um shokugeki contigo, pensava Yukihira com um largo sorriso.

— Isso não é o suficiente, é só um ensopado! — grita Ryo.

— Não. Eu pensei em cada detalhe. — Akemi se aproxima colocando um pedaço do peixe na boca de Ryo.

— Mas o que...?!

Ele ia reclamar mais até que fica preso ao sabor da carne. Ela era tão macia que dissolvia em sua boca, facilitando a explosão de sabores causada pelo tempo. Sem querer, acaba murmurando:

— Que macia.

— Os socos... — sussurra Koda.

— Correto. — afirma Akemi se afastando de Ryo e virando-se para os jurados. — Eles amaciaram a carne de forma natural. Contudo, devo agradecer também a qualidade das facas utilizadas, as lâminas delas me ajudaram muito.

Preciso fazer um shokugeki com essa menina! Ela soube executar perfeitamente a técnica de corte em cubos, brunoise, pensa Ikumi.

— Então, jurados. Quem irá vencer esse shokugeki? — Urara pergunta.

— Hum... Os dois foram muito bem. — comenta Koda.

— Eles usaram perfeitamente os frutos do mar. — diz Taki seriamente.

— Amei participar desse shokugeki, foi muito produtivo. São cozinheiros muito habilidosos! — Sonoka fala sorrindo de forma gentil para os dois competidores.

Esse ensopado me lembra aquele dia, pensava Akemi com um olhar distante.

Flash Back ON

Aos seus nove anos, Akemi já fazia um dos melhores ensopados de peixe da região. De certa forma, criou afeição por esse prato por tê-la ajudado no mundo da culinária. Ela agora fazia vários cursos todos os dias, apenas descansava de madrugada, quando não ficava ansiosa para as competições.

Shiro estava evoluindo também, venceu vários confeiteiros mesmo sendo uma criança. Ela elaborava bolos com sabores complexos e se especializou, desde pequena, em descobrir melhor o mundo dos chocolates.

As duas estavam fazendo o melhor que podiam, indo além de seus limites físicos e mentais. Elas treinavam arduamente para serem pessoas importantes no futuros. Ichijou, pai das crianças, observava as filhas cozinhando e abraçava por cima dos ombros a sua esposa, Yuna.

— Elas chegarão longe...

— Sim, serão as melhores de todo o mundo. — diz Yuna com um sorriso bobo.

Flash Back OFF

Akemi olhava para baixo, respirando pesadamente pensando em tudo que passou para chegar na Tootsuki. Se perdesse, seu esforço seria em vão. Ela aperta os punhos com força, mordendo levemente o lábio.

Não desejava perder. Não podia perder.

Só peço para que entendam os meus sentimentos através desse prato! Por favor!

— E quem venceu esse shokugeki foi... — Urara apontava para os jurados, eles seguravam uma plaquinha. Então, Akemi criou coragem para olhar para a cena.

Nas três placas estava escrito o mesmo nome: “Akemi Nagoya”. A garota abria um largo sorriso, se virava para o público soltando seus longos cabelos, eles dançavam no ar.

A multidão gritava agitada diante de uma vitória digna para um prato perfeitamente elaborado. Yukihira e os outros estavam surpresos, Ryo havia perdido em sua especialidade. Uma derrota importante. Alice, com uma expressão indignada, reclamava para si mesma, achando algo totalmente injusto a vitória da garota. Takumi Aldini aplaudia Akemi com um sorriso, desejando desafiá-la na primeira oportunidade. Por outro lado, Akira saía da arena com um olhar confiante.

Chegou minha vez de mostrar o verdadeiro poder dos temperos, ele pensava.

O homem desconhecido aplaudia junto aos demais com um semblante calmo, como se já soubesse do resultado do shokugaki. Em seguida, ele se levanta seguindo para fora da arena e a sua presença não passava despercebida por Shiro. Ao vê-lo, a rosada abria um sorriso de pura animação.

— Então ele realmente veio...

Ryo dava um soco forte na mesa, irritado com sua derrota. Akemi acenava para todos até sentir uma forte energia negativa se aproximando, rapidamente se vira para trás dando de cara com Ryo furioso.

— Isso não é possível! Você não tinha como me derrotar! Você apenas...!

Akemi tirava a bandana vermelha da cabeça dele, fazendo o garoto se acalmar e voltar ao semblante neutro de sempre.

— Eu te contarei detalhadamente o que eu fiz, mas agora preciso ir.

Ela acenava e saía correndo para fora da arena, mal dando tempo de resposta para o seu oponente.

Erina estava assistindo tudo do topo com Hisako ao seu lado. A loira fazia uma cara de nojo mas, no fundo, queria muito ter experimentado o prato da Akemi.

— Precisamos parar com isso, já está saindo do controle.

— Descobri que o Akira desafiou a Akemi. — comenta Hisako.

— Ótimo, então não há mais com o que se preocupar.

(...)

Na entrada do quarto das duas novatas encontrava-se uma mala e a porta estava aberta. Em cima da cama, um homem estava deitado encarando o teto enquanto tinha um semblante reflexivo em sua face. Os seus longos cabelos se espalhavam pelo colchão e algumas mechas tocavam o chão.

— Que demo-...

— Não. Eu cheguei cedo se formos analisar o compromisso que acabei de cumprir. — diz Akemi apoiada na porta, ofegante e com o cabelo bagunçado.

— Finalmente, Akemi. — ele comenta sentando-se na cama. — Pronta para conhecer o mundo dos temperos?

— Claro!



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...