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História Eu te odeio - Capítulo 2


Escrita por: Icherie

Notas do Autor


Bom dia, pessoal. Tive que postar o capítulo hoje, pois não terei tempo nos dias seguintes. 😓
Não quero atrasar, pois já está toda escrita, e agora só tenho trabalhado em minha outra fic.
Fiquei feliz em saber que gostaram. Aguardo os comentários sobre o novo capítulo.
Espero que gostem.

😘

Capítulo 2 - Capítulo 2


Fanfic / Fanfiction Eu te odeio - Capítulo 2

Duas semanas depois...

 

Quando entrei no escritório me deparo com risadas. Parei de andar, pensando talvez ser alguma alucinação de minha mente ainda cansada da carga de trabalho. Afinal, àqueles eram sons novos, quase impossíveis de serem ouvidos nos arredores deste escritório. 

 

Olhando ao redor, vi a fonte da mudança. Ah.. claro. Lá estava Jon Snow tomando café rodeado por três estagiárias. Todas suspirando das brincadeiras do advogado de cabelos encaracolados. Então ele é o tipo conquistador de adolescentes? Bem... não são adolescentes, mas mesmo assim é óbvio que são garotas ainda na faculdade. 

 

— Bom dia, doutora Targaryen. Desculpa... eu não tinha notado sua chegada. — Gilly disse um pouco tímida. Talvez por não ter vindo ao meu encontro logo que cheguei.

— De fato. — Respondi, seguindo meu caminho até minha sala. 

— O seu café está na mesa. — A garota continuo. — E... também terminei os processos que me indicou. 

— Não era para ter terminado ontem? — Cortei a moça, vendo-a mudar o tom da pele do branco para o vermelho. 

 

Ela gaguejou sem conseguir responder. Eu já estava prestes a dizer que atrasos no mundo jurídico são falhas horríveis, quando a voz mais irritante do escritório atrapalhou meu pequeno discurso.

 

— Bom dia, Targaryen. — Jon disse esquecendo a plateia ao seu redor. 

 

Não respondi.

 

— Você é sempre amarga nas manhãs? — Ele perguntou segurando minha porta. 

 

Gilly estava ao meu lado, e meio que escondeu o rosto por baixo dos processos que tinha nas mãos. Era uma garota inteligente, ao menos, para fingir não ter ouvido o comentário ridículo do colega de escritório. 

 

— Espero nossa doce Gilly tenha colocado uma boa dose de açúcar em seu café. — Ele continuou dando risinhos maldosos para a estagiária. 

 

A pobre garota estava, se possível, ainda mais vermelha. Me olhou confusa, antes de responder ao advogado:

 

— A do-doutora não toma café adoçado.

 

Deus. A cara que ele fez era pura satisfação. É claro que ia aproveitar a resposta de minha estagiária para piorar meu dia. 

 

— Café amargo para uma alma amarga. — Ele disse tranquilo.

— Você tem algo a fazer aqui, doutor Snow? — Perguntei tentando controlar a vontade de dar-lhe um tapa na cara. 

— Claro. Quero saber se Margaery comentou sobre o encontro com Robb ontem. — Ele disse cada palavra com satisfação pura. — Robb parecia muito feliz quando me ligou. 

— Espero que ele sorria da mesma forma quando tiver que assinar o documento que passa 50% dos bens para minha cliente. — Falei encarando-o com ódio. 

 

Depois disso, não esperei que ele viesse com outra provocação. Entrei em minha sala, fechando a porta na cara de qualquer um daquele corredor. 

 

Urg! 

 

— Seria verdade o que esse infeliz me contou? — Falei sozinha.

 

Não consigo acreditar que Margaery cairá nas garras daquele safado novamente. Ela tinha me dito que jamais será burra como antes. Deseja trabalhar em sua área de formação. Tem planos para o futuro. Mas por que não me contou sobre uma conversa com Robb? 

 

— Isso não está certo. — Gemi lembrando do sorriso satisfeito na cara do Snow.

 

Calma, Daenerys. Provavelmente é só uma intriga daquele incompetente. Ele está querendo mexer com meu psicológico. Estratégia de um perdedor é fingir que navega em águas calmas, quando seu barco já está afundando.

 

— Merda. E se Robb conseguiu algo naqueles encontros no psicólogo? — Pensei alto.

 

Preciso ser sincera sobre o fato de não sentir Margaery 100% segura em sua decisão. Não entendo seus motivos, tão pouco. Racionalmente não haveria retorno a um relacionamento onde a confiança foi quebrada. 

 

— E se for amor mesmo? — Avaliei, olhando o copo de café em minha mesa. 

 

De fato, amor deixa as pessoas meio burras e fora do foco. Não que eu já tenha amado alguém além de meus pais e meu irmão. Talvez Drogo tenha gerado algum sentimento em meu peito, mas depois de tudo o que vivi com ele é óbvio não ter sido amor. 

 

O outro relacionamento mais duradouro que tive foi com Daario. Foram quase 9 meses com ele. Daario é piloto de avião. O conheci no aeroporto de Essos, enquanto aguardava meu voo para Winterfiell. Assim como eu, ele também mora em Winterfiell e estava de férias no outro continente. De cara tivemos uma boa conexão. Acho que nunca ri tanto como nas 8 horas de voo até Westeros. Depois desse dia, nos encontramos em restaurantes e cinema, até que eu estava na cama dele. Foi divertido enquanto durou. Nossos encontros não eram muito frequentes, no entanto. Tanto eu, como ele, trabalhamos muito. Basicamente nos víamos para transar e comer. Não havia sentimentos ali. A prova disso foi quando ele me procurou avisando que mudaria de cidade, eu simplesmente o parabenizei pelo novo trabalho e o deixei ir sem nenhum remorso ou saudade. 

 

Mas pensando como Margaery. Robb foi seu primeiro namorado. Ela nunca teve outras experiências sexuais além de seu marido. Provavelmente deve ter amado esse homem. Aí tem a questão da filha. Eu sei que isso influencia o coração de uma mãe. É quase uma regra as mulheres se verem obrigadas a continuar num casamento falido por causa dos filhos. Contudo, pelo pouco que conversei com a senhora Tyrell, ela parece te ruma mente diferente disso.

 

— Então, seria amor? — Novamente me veio a pergunta. 

 

Não. Não pode ser isso. Infelizmente, só me resta acreditar que a filha tem pesado em suas decisões. 

 

Aff... isso vai ser mais difícil que pensei.

 

————————————

 

 

— Estou me sentindo perdida. Essa é a verdade. — Margaery desabafou colocando as mãos na cabeça. 

 

Estávamos em minha sala. Não aguentei ficar presa as suposições, e solicitei uma visita de minha cliente ao escritório. 

 

— Então, você quer desistir dos seus planos para o futuro? — Perguntei, sentindo minha irritação lentamente aflorando.

— Não! Eu quero ter uma nova vida! — A mulher me falou determinada. 

— Isso é ótimo, pois você está bem perto disso. — Falei com um sorriso confiante. 

 

Ela balançou a cabeça, depois suspirou triste. Ah.. não venha falar de sentimentos... meu Deus... não sou psicóloga para aguentar isso!

 

— Ele disse que me ama. — A senhora Tyrell disse. 

 

Fiquei em silêncio. Afinal, nem mesmo sabia o que dizer neste momento. Principalmente quando em minha cabeça só vinha a imagem do maldito Jon Snow sendo aclamado como vitorioso.

 

— Disse que quer começar do zero. Vai ficar mais tempo em casa comigo e Lya. Quer tentar novamente. — Ela continuou com um tom melancólico. 

— E você? — Perguntei sentindo medo das próximas palavras. 

— Não sei. Ele me magoou demais. Acho que nosso casamento vinha passando por tantos problemas que transbordou. Não sei se temos condições de melhorar essa situação. Ao mesmo tempo, penso no melhor para Lya. Ela precisa dos pais unidos. — Margaery respondeu.

— Não. Sua filha precisa de uma mãe forte, que a ame e que seja feliz. Precisa também de um pai que a conforte e ame. Nada mais que isso. — Falei segurando suas mãos. 

— Não sei se consigo ser essa mãe forte. — Ela disse com uma lágrima correndo por seu belo rosto. 

— Você consegue. Quantas vezes já ouvi isso? É normal se sentir insegura com mudanças. Pense que tudo isso é para sua felicidade e da sua filha. O que adianta você criar Lyanna dentro de um lar sem amor? — Comentei, entregando-lhe um lenço.

— Obrigada, Daenerys. — Ela suspirou. 

 

Sorri um pouco. Talvez tenha conseguido virar o jogo. 

 

— Mas... e se tiver amor? — Margaery começou e, lá vinha o desconforto tocar-me novamente. 

— Isso não tenho como saber. — Fui franca. — Se você quiser interromper o processo, não tem problema. Não será a primeira que passa por esse tipo de situação. O juiz já é acostumado também, por isso acatou o pedido de terapia de casal. 

 

Ela balançou a cabeça e parecia grata por minha compreensão. 

 

— Porém não se esqueça que Robb te traiu e machucou. — Falei firme. Não posso perder essa.

 

Ela suspirou e assentiu. Depois disse:

 

— Não irei cancelar o processo. Pode confirmar minha presença na próxima reunião com o juiz. 

 

Ah... o alívio. 

 

— Certo. Falarei com Jon Snow sobre sua resposta. 

— Ah, sim. Jon... diga que mandei um abraço. Lyanna sente muita falta dele. — Margaery falou com um sorriso, o que faz meu estômago revirar, pois ninguém deveria sorrir ao falar de Jon Snow. — Jon pediu-me para pensar muito sobre essa decisão. Ainda tem fé em meu casamento com Robb. 

— Claro que sim, ele é o advogado de Robb. Não confie nas palavras do inimigo. — Soltei sem esconder minha raiva.

— Mas Jon não é meu inimigo. Ele jamais me faria mal. Jon é como um irmão, eu o conheço há tanto tempo, o vi passar por tantas coisas...

— Me desculpe. — A cortei. Não tinha interesse de ouvir sobre Jon Snow. — Eu sei que ele é padrinho de Lyanna. 

— Isso. Sou muito grata pela amizade e atenção dele com minha Lyanna. Consigo imaginar o bom pai que ele será, quando vierem seus próprios filhos. — Margaery disse com um sorriso que só podia refletir todo seu carinho pelo irritante Jon Snow.

 

Fingi achar aquilo tudo muito maravilhoso, e esconder o leve desconforto que tomou meu estômago. Tudo porquê pensar em Jon Snow propagando sua genética ao longo das gerações me deixou enjoada.  Felizmente, a senhora Tyrell deixou minha sala antes que eu vomitasse o chão quando viesse outra onda de elogios ao “adorável” padrinho de Lyanna. 

 

 

 ——————————————

 

Dia da audiência...

 

 

— Desculpa o atraso, Daenerys. Tive problemas com Lyanna. — Margaery falou tímida. 

 

Sorri, fazendo-a relaxar um pouco. Não havia qualquer atraso. Na verdade estávamos bem adiantadas, pois aguardaríamos ainda uns 40 minutos pelo início da audiência. 

 

— Pedi que viesse cedo para treinarmos o que você irá falar. Hoje o juiz deseja ouvir você e Robb, principalmente. Quer saber se as partes chegaram a um entendimento. — Expliquei.

 

Ela balançou a cabeça, e me seguiu até as cadeiras onde poderíamos esperar nossa hora. Para minha infelicidade, Jon Snow já estava lá. 

 

— Oi, Jon. — Margaery disse chamando atenção do advogado. 

 

Ele levantou os olhos para a mulher e depois me fitou por alguns segundos. Respondeu com um abraço, não perdendo a oportunidade de perguntar por Lyanna. Eles riam ao falar da garota e, neste instante, nunca me senti mais “fora de órbita”. Era quase como se estivessem em um churrasco de família, recordando momentos felizes juntos, e aquilo era tudo o que eu não queria na véspera de audiência tão importante. 

 

Olhei Jon Snow fuzilando-o. Ele até poderia ser padrinho da filha de minha cliente, mas nada me tira a certeza de que está usando isso para ganhar a causa. Ah... é um filho da puta...

 

— Margaery, então... — Falei, fazendo-a me olhar envergonhada. Talvez por perceber que, praticamente, esqueceu sua advogada plantada ao seu lado.

— Ah... Jon... depois conversamos. — Ela disse antes de se afastar do advogado. 

 

Ele me fitou sério, e não pude perder todas as ameaças que seus olhos cinzentos me lançavam. Balancei os cabelos, num claro gesto de “você não me assusta”. Ainda o encarei uma última vez, queria ver o exato momento que a frustração o tomava. E bem... lá estava... seu olhar passou da vitória para a preocupação... 

 

Ótimo, Jon Snow, é bom se preocupar pois não permitirei que ganhe essa. 

 

———————————————

 

— Margaery? — Falei trazendo-a para o assunto que estávamos tratando. 

 

Ela me olhou confusa. Só tinha uns 10 minutos que Robb havia chegado. O maldito a fitou com a maior expressão de tristeza que um homem poderia expressar. Se eu não soubesse toda a história, poderia ter pena do Stark. Bem... talvez outra pessoa teve pena.

 

— Sim? — Ela disse franzindo a testa. 

 

Suspirei. Isso já está ficando mais que difícil. 

 

— Você quer me falar algo? — Perguntei usando meu melhor tom profissional. 

 

Margaery me olhou em silêncio por alguns segundos, depois confirmou com a cabeça. 

 

— Não sei se estou agindo certo. — Desabafou. — Algo em meu peito pede que eu tenha paciência. 

 

Não respondi. Sabia que o melhor era deixá-la se abrir. Mesmo que eu não gostasse do rumo daquela conversa, não posso interferir nos desejos de meus clientes. A vida é deles; os erros são deles. O máximo que tento fazer é ajudá-los a sair de problemas e buscar que a justiça seja aplicada. 

 

— Ontem Robb me ligou. Ele me pediu um tempo para mostrar que ainda existe “nós”. Admitiu que ocorreu a traição. Contou-me quem era a mulher e quantas vezes a encontrou. Dessa vez, foi homem para assumir que a traição é sua culpa. Disse que sente saudade de casa e de Lyanna. Ele disse que com a terapia de casal percebeu que nosso casamento vinha em crise há mais tempo do que imaginávamos. Se sente mal por ter deixado chegar neste ponto. Me pediu desculpas por coisas que eu nem mais lembrava. Ele parecia ser o Robb que conheci em minha juventude. O Robb pelo qual me apaixonei. 

 

Não quebrei o silêncio. Voltei-me para o Stark e li em seus olhos um pedido de esperança. Depois, percebi quando Jon colocou uma mão em seu ombro, como se dando apoio, antes de Robb sair em direção ao banheiro.

 

No que diabos eu fui me meter? Isso era pra ser um divórcio simples! 

 

— Mas não sou burra em pensar que o Robb de hoje é o mesmo do passado. Assim como a Margaery de hoje não é a mesma da juventude. Eu também não fui a esposa perfeita. Tenho que admitir ter negligenciado meu marido, pois cuidava excessivamente de Lyanna. Eu tinha medo de perdê-la. Talvez porque minha gravidez não tenha sido tão fácil, não sei. Nunca enxerguei isso até fazer essa terapia. E Robb suportou meu afastamento e falta de carinho. Sempre amei nele esta capacidade de doar-se as pessoas, e acho que testei isso dele meio que inconscientemente. 

 

Ela fez uma pausa, observando o ex marido seguir pelo corredor. 

 

— Está tudo bem. — Falei segurando sua mão. 

— A psicologa me pediu para colocar num papel tudo o que odeio e amo em Robb. Levei 4 semanas para concluir. No início eu só conseguia pensar nas coisas ruins que ele me disse e fez comigo. Com o tempo, fui vendo que tudo aquilo era superficial demais. Tinha coisas mais detestáveis nele, como sua insegurança e dependência da família. Eu odeio o fato dele sempre pedir permissão ao pai para poder fazer algo.

 

Margaery fez uma pausa para respirar fundo. Como se tentasse criar coragem para o que vinha a seguir, 

 

 —Depois, veio o que eu amava nele. Escrever sobre isso só me fez pensar como são poucos os motivos para amá-lo. Ele é o melhor pai do mundo, sua atenção com nossa filha enche meu coração de alegria; ele é quem me passa segurança e paz.

 

A olhei com carinho. Estava mais que claro o final disso tudo. 

 

— Margaery, direi ao juiz que estamos tirando o processo. — Falei vendo todas as reações que tomaram seu rosto. 

— Mas... 

— Não se preocupe comigo. Você não será a primeira cliente que desistiu do divórcio. Além disso, meu trabalho é ser justa. Se eu insistir em algo que você depois se arrependa, qual o bem levei à sua vida? Minha maior vitória é saber que estou fazendo o certo, mesmo que à primeira vista me pareça errado. Não posso julgá-la. Não tenho uma filha; nem vivi um casamento de 8 anos. Eu sequer mantive um relacionamento como o de você e Robb na juventude. Se achas que deves dar uma chance ao casamento de vocês, eu apoio sua decisão. E estarei torcendo para que estejas correta. Só não me cobre acreditar no amor, isso eu não consigo. 

— Obrigada, Daenerys. — Ela disse com um sorriso.

— Só estou fazendo meu trabalho. — Falei retribuindo seu sorriso. 

— Espero que algum dia você comece a acreditar no amor. É um sentimento que nos bagunça, mas é uma bagunça boa. — Disse agora com os olhos brilhando.

— Temo dizer que odeio bagunças. Cronogramas e organização são a base de minha vida. — Brinquei.

— Falando assim você me lembra Jon Snow. — A mulher disse, fazendo meu estômago revirar. 

 

Ela deve ter percebido minha careta, pois continuou:

 

— Já percebi que vocês não gostam muito um do outro. Talvez por serem tão parecidos. 

 

Ah... não... eu aqui toda compreensiva, e ela veio me xingar?

 

— Não fique assim. Por favor. Desculpa, acho que me expressei mal. — Margaery falava em meio ao sorriso. 

— Eu te perdoo por esse comentário. — Suspirei, implorando em silêncio pelo fim desse dia.

 

 

——————————————

 

 

— Daenerys! Ei! Espere! 

 

Eu o ouvia em minhas costas. Olhei para trás e vi que ele sorria. 

 

— Ei! É sério. Preciso mesmo falar com você. 

 

Insistiu. Mesmo que eu só acabasse de estirar o meu dedo do meio. 

 

— Daenerys! — Ele disse me segurando pelo braço. 

— O que você quer? Está feliz? Conseguiu me derrotar nos tribunais! Veio festejar sua vitória? 

 

Ele estava sorrindo, e não parecia disposto a ter qualquer pena. Na verdade, quando comecei a falar sua satisfação parece ter triplicado. 

 

— Ahrg. Você é um verme. — Grunhi.

— Ei... sério. Você não quer sair? 

 

O fitei como se estivesse louco. Não... ele deve estar brincando comigo novamente. Deus... que merda eu fiz para merece isso? 

 

— Falo sério, Daenerys. Quero saber se você topa sairmos para um... café ou... cervejas. 

— Você deve ser muito doente para pensar que estou saindo em comemoração da minha derrota. — Falei sentindo-me cansada. 

— Não vou comemorar sua derrota. Apenas... o bem da minha família. — Ele disse como se fosse algo bem óbvio. 

— Exceto que talvez você não tenha notado um fato aqui: eu perdi o caso em questão. — Ironizei.

 

Ele sorriu. Não conseguia conter a felicidade.

 

— Você não vai perder dinheiro. Robb irá pagar seu trabalho. — Jon falou calmo.

— Ah claro... agradeça a ele pelo compromisso. — Falei irônica. 

 

Ele riu. Ah Deus... como odeio esse som!

 

— Mas vamos sair. Deixe essa história de Robb e Margaery para lá. O que você acha? Podemos beber algo forte. É sexta-feira e foi um dia bem pesado. — Insistiu.

— Você é sádico, não é? Conheço esse seu tipo, gosta de passar na cara do inimigo sua vitória folgada. — Respondi já exausta daquela insistência. 

 

Que diabos ele queria saindo comigo? Só pode está planejando alguma humilhação pública para mim. 

 

— Vamos lá. Não me diga que tem medo de sair comigo. — Ele disse sarcástico. — Ou talvez... (fez uma pausa para um sorriso de lado, depois se aproximou de mim...Ah... merda...)... talvez você não confie em seu autocontrole. Afinal, meses de seca devem estar te deixando louca. 

 

Aquilo foi como um tapa em minha cara. Eu o empurrei, e ele só fez gargalhar ainda mais. 

 

— Eu te odeio, Jon Snow! 

— Sim... eu já sei disso. Mas, você bem que poderia beber comigo. Proferir todo seu ódio nesta noite. O que acha? Recordar o tempo da faculdade... quem sabe tentar me matar no meio do restaurante. — Ele dizia como uma piada. 

 

Revirei os olhos, e o deixei sozinho. Mas lá estava ele me seguindo novamente. Meu Deus! O que era isso? 

 

— Vamos lá. Quero te pagar uma bebida. É sério. 

— Por que? 

— Ouvi você conversando com Margaery. Quero lhe agradecer. Você não imagina como suas palavras foram importantes para minha família. 

 

Ele parecia sincero. Não vi um sorriso sarcástico, ou ar de vitória em seu rosto. Apenas... algo como gratidão e surpresa.

 

— Margaery é uma pessoa maravilhosa. Merece ser feliz. — Falei um pouco mais calma. 

— E você merece beber um pouco. — Ele sorriu. 

 

O encarei por alguns segundos. E quando dei por mim estava avaliando como seria uma noite de bebidas com Jon Snow. Talvez a gente finalmente se matasse. Ou quem sabe, ele pode ser um pouco menos irritante. Isso iria ser bom, visto que ainda trabalhamos no mesmo escritório pelo menos até o fim do ano. 

 

— Só uma bebida, Daenerys. Não estou te chamando para assaltar um banco ou matar o papa. — Ele brincou.

— Tudo bem. Mas, eu vou no meu carro, e você não encosta um dedo em meu copo ou corpo. — Falei como uma ordem.

— Exceto se você pedir. — Ele completou, depois antes que eu pudesse argumentar estava dizendo: — Te encontro as 19h, naquele restaurante perto do campus universitário. As sextas-feiras tem música e parece ser divertido. 

 

Eu queria dizer que odeio bares com música, mas era tarde. Ele já estava indo em direção ao seu carro importado, não me dando tempo de criticar a péssima escolha de lugar. 

 

 

——————————————

 

E as 19:00 lá estava eu entrando no tal restaurante. Tinha um nome estranho “Muralha”, porém a decoração era bem agradável. Na verdade, o espaço era muito bom, com áreas mais reservadas ao fundo e uma música baixinha animando o ambiente. 

 

Sei que era cedo, mas estava feliz por não ter muito público. Não gosto de ambientes com muitas pessoas e barulhentos. Faz-me sentir uma adolescente saindo para balada, e isso eu me recuso a pensar, pois sou uma grande advogada, com nome e carreira a zelar. 

 

— Boa noite, posso ajudar? — Um homem ruivo e alto perguntou. Ele usava uma espécie de uniforme e, provavelmente, era um dos garçons.

— Ah. Claro. Estou esperando por uma pessoa. — Falei olhando ao redor. Aonde o infeliz estava? 

— Posso levá-la para uma mesa? — O garçom ofereceu. 

— É... acho que sim. — Suspirei, me sentindo estranha por chegar ao encontro primeiro. 

 

Quando sentei, o homem ofereceu a carta de bebidas e outra de petiscos. Disse que se chamava Tormund e se precisasse de algo, era só levantar a mão. Estava realmente agradecida por ter sido bem recepcionada, ao menos. Já não bastava ter que sair com Jon Snow, mas ainda vir ao encontro e ele não está aqui! 

 

Resolvi olhar o cardápio. Eles tinham uma variedade de drinques, cujos nomes eram bem exóticos. Meditei um pouco se deveria fazer o pedido, mas decidi esperar por mais alguns minutos. Afinal, se ele realmente não viesse, me poupava o fato de ter que concluir a bebida que comprei. 

 

Olhei para o relógio. Eram 19:07. Cadê você, Jon Snow? Já era a décima vez que eu o procurava pelo restaurante, mas nada daquele sorriso sarcástico aqui por perto. 

 

Percebi que estava sendo boba por esperar o advogado, e decidi fazer o pedido. Comecei com um copo de água com gás. Talvez não seria difícil concluir aquela bebida, até que eu decidisse deixar o restaurante. 

 

Tormund não demorou em trazer meu pedido. Deixando-me sozinha logo em seguida. Mais uma vez, eu estava olhando o relógio. 

 

19:15! 

 

Que absurdo! Não acredito que ele armou tudo isso. Mas é óbvio que queria me fazer de otaria. Me fez tomar um banho, vestir esse vestido e colocar saltos. Eu até coloquei uma merda de maquiagem! Como pude ter sido tão burra ao pensar que Jon Snow era confiável? 

 

Eu estava quase acabando meu copo de água. Quando olhei para a entrada do restaurante pelo o que prometi ser a última vez. E bem... para minha surpresa lá estava o meu acompanhante aos risos com o garçom simpático que me recebera. 

 

Deus, será que todos gostam de rir com Jon Snow? Não demorou muito para que ele me notasse e com um sorriso iluminado veio até mim. 

 

— Você veio. — Ele disse parecendo muito empolgado. 

— E você está atrasado. — Falei seca, bebendo o resto de minha água. 

— Fiquei preso na casa de meu tio. Queriam me parabenizar. — Comentou sem disfarçar o quanto parecia feliz em ter vencido o caso. 

 

Fiz uma careta. Ele ainda estava em pé, e me olhava meio desconfiado. 

 

— O que foi? — Perguntei. — Vai ficar em pé? 

— Eu... deixa pra lá. — Disse balançando a cabeça e me deixando confusa. 

 

Ele sentou na cadeira em frente a minha. Estava usando calças jeans escuras e uma camiseta preta básica que deixava seus músculos muito visíveis. Quem o visse nesses trajes provavelmente duvidaria ser o mesmo Jon Snow do escritório. Até seus cabelos pareciam livres do gel, deixando os cachos caírem em sua testa. 

 

— O que foi? — Agora era a vez dele perguntar. 

 

Fiquei confusa. O que fiz de errado? 

 

— Você estava me olhando estranha. — Ele disse com uma careta. 

— Deve ser porque estou cansada de esperar você. — Falei irônica. 

 

Ele deu de ombros e voltou sua atenção para o cardápio. Depois, com um leve gesto chamou atenção de Tormund, que foi rápido em acolher seu pedido. 

 

— Cerveja? — Perguntei. 

— Por que não? — Ele questionou levantando uma sobrancelha. 

— Pensei que fosse do tipo que só bebesse coisas caras. — Comentei. 

— Você não me conhece, Daenerys. — Foi uma resposta ampla. Como se ele quisesse me dizer que toda minha visão dele era falsa. 

 

Depois que ele deu o primeiro gole de sua bebida, me olhou com um sorriso. 

 

— Então? — Perguntou. — Vai ficar na água? 

— Não sou de beber antes de fazer minhas refeições. — Expliquei. 

— Ah, claro. — Entendeu, mostrando o cardápio dos petiscos. — Se me permite fazer uma sugestão, eles fazem uns bolinhos de peixes e queijo que são dos deuses. Servem com outros aperitivos e molhos. Você pode os escolher, aqui. 

— Isso serve para duas pessoas? — Perguntei tentando não parece preocupada com o tamanho da porção. A verdade é que não sou de comer muito, mas odeio desperdício. 

— Sim, perfeitamente. — Ele disse, fazendo sinal para Tormund. 

 

Fizemos o pedido, porém antes que Tormund saísse Jon o deteve, acrescentando um drinque chamado “Night King” deixando claro que era sem açúcar.

 

Eu o observei curiosa. Não imaginei que Jon fosse daqueles que misturasse bebidas. É... não o conheço mesmo.

 

— Estão... acho que é o momento que a gente conversa coisas aleatórias. — Jon disse com uma risada sarcástica. 

— Sim... — Falei balançando a cabeça. 

— Eu começou? — Ele falou parecendo desconfortável.

— E Ygritte? — Perguntei antes que ele pudesse elaborar qualquer pergunta. 

 

Jon quase se engasgou com sua cerveja, até me lançar uma expressão de puro choque.

 

— O que você quer saber sobre Ygritte? — Ele falou tenso. 

— Vocês eram namorados, não eram? Lembro que ela vivia te rodeando na faculdade. Pensei que casariam. Eram o casal mais “fofo” do campus. — Não escondi minha ironia. 

— Por que você quer saber sobre Ygritte? — Disse na defensiva. 

— Só estou tentando falar de forma amigável. Ok? — Tentei me explicar. Não havia necessidade de toda aquela desconfiança. 

—  Não é como se vou lançar um míssel em direção a ruiva magricela. — Continuei uma vez que ele não parecia confiar em minhas intenções. 

 

Ele me olhou em silêncio por algum tempo, depois gargalhou. Eu me sentia estupida, pois não compreendia os motivos da risada. Deus, será que é louco? Uma hora quer me matar e na outra morre de rir? 

 

— Não sei de Ygritte. Na a vejo desde a formatura. Segui meu rumo e ela o dela. Não era para ocorrer. — Respondeu sem qualquer emoção ou ressentimento. Ainda diz que sou eu que. Não tem coração. 

— O que aconteceu com aquele cavalo que você chamava de namorado? Como era mesmo o nome dele? — Disse impedindo-me de fazer outras perguntas. 

— Drogo. — Respondi sentindo meus nervos se alertarem.

— Isso. Ele era das engenharias, não era? — Disse com um sorriso. 

— Não quero falar sobre isso. — Foi minha resposta. Ele me pareceu insatisfeito, mas antes que insistisse Tormund surgiu com uma taça com um líquido azul com fumaça. 

 

Jon sorriu para a expressão que fiz ao ver aquele negócio. 

 

— Aqui está um “Night King” sem açúcar, senhorita. 

— Oh. Desculpa, mas é de Jon. — Falei tímida. 

— Não. Eu tenho minha cerveja. Esse é seu. — Ele disse simpático. 

— Mas foi você quem pediu. — Argumentei. 

— Pedi porque ninguém pode passar uma sexta-feira à noite tomando água com gás. — Respondeu tranquilo. 

— Estou muito satisfeita com minha água com gás. — Falei tensa. Depois, voltei-me para Tormund e disse: — Perdão pela confusão. Esse senhor fez o pedido errado. Não se preocupe, pois irei pagar. 

— Ah, Daenerys. Não seja chata. Tormund, deixe o drinque aqui. — Jon disse irritado. 

— Não não... eu não quero! — Falei sentindo que as pessoas começavam a nos olhar. 

— É só a merda de uma vodka azul, Daenerys. Não tem veneno aí. — Ele disse cansado, apontando a mesa para que Tormund mantivesse o copo lá. 

— Mesmo assim, não me sinto inclinada a beber ao seu lado. — Respondi afastando o copo para longe.

 

O ruivo nos olhou nervoso, mas com um pedido de licença deixou-nos. 

 

— Deus como você é chata. 

— E você? Será quem nunca te falaram que é feio pedir coisas para uma pessoa sem antes pedir uma opinião? Eu poderia ser alérgica.

— Ah... claro... alérgica a vodka.

— Não gosto que peçam minha comida ou bebida. Eu sou dona do meu querer. — Continuei.

— Não me importo. — Ele disse bufando.

— Saiba que não irei beber nada disso. — Falei determinada. 

— Que seja. — Ele disse dando um gole de sua cerveja. 

— Fico grata se você parar de ser tão estupido nesta mesa. —  Soltei sem esconder todo o meu sarcasmos. 

— Eu te odeio. Nem sei porquê decidi convida-la. — Sibilou. 

— Eu... — Sentia a raiva chegar a um nível insuportável já. Era um absurdo ouvir dele, seu arrependimento com esse encontro. — Eu te odeio mais! — Falei afiada.

— Não me interessa. — Respondeu revirando os olhos.

 

Urg! Que homem insuportável! 

 

E o que seria dessa noite? Ficaríamos aqui, sentados nos olhando com ódio até que a comida chegasse e, finalmente, eu pudesse ter um descanso?

Fitei o copo a minha frente. Era um drinque bonito, mas provavelmente tinha álcool demais naquele negócio e eu ainda não estava preparada para perder a consciência perto de Snow. 

 

— Você pode provar, ok? Isso não te fará evoluir de bruxa para fada madrinha. — Ele disse me observando pelo canto do olho. 

 

Suspirei. Olhei ao redor e percebi Tormund nos observando. Pobre homem, deve estar preocupado se vou jogar o copo na cara do meu acompanhante. 

 

Aos poucos fui tomando a bebida. Era bom. Acho que transpareci minha aceitação, pois percebi o exato momento que Jon sorriu satisfeito. De toda forma, ele não voltou a tocar no assunto drinque e muito menos em Drogo. Ótimo... talvez eu consiga sobreviver a esta noite. 

 

—————————————

 

— Não... Você não teria coragem. Mentiu descaradamente para nosso professor. — Falei empolgada com a história que ele acabara de me contar.

— Ele podia me expulsar. Como diz Maquiavel, os fins justificam os meios. — Respondeu antes de pedir uma outra rodada de bebidas. 

— Meu Deus, mas você é louco. Aquele velho era ranzinza demais. Missi chegou a chorar uma vez, quando ele a humilhou em frente a classe num seminário. — Falei lembrando de minha amiga.

— Você sabe que ele tinha um caso com a professora de ética né? — Jon começou, fazendo-me rir. 

 

Sim... todos sabiam que o velho Stannis e a senhora Melissandrei tinham um caso. Eu mesma fingi não notar quando os dois saíram desconfiados de uma das salas de aulas, com nossa professora visivelmente perturbada arrumando o sutiã. 

 

Quando Tormund trouxe as bebidas, Jon foi rápido em propor um brinde.

 

— Estamos brindando minha derrota, eu sei. — Falei muito enebriada pelo álcool. 

— Sim. Um brinde a minha vitória sobre Daenerys Targaryen. — Ele disse batendo sua caneca de cerveja contra meu novo drinque. 

— Eu deveria tascar esse negócio em sua cara, mas temo que é gostoso demais para desperdiçar. — Comentei antes de rir. 

— Sim, eu sei que sou gostoso demais pra desperdiçar. — Falou fazendo-me gargalhar alto. 

 

Aí Deus! Como alguém pode ser tão arrogante? 

 

— Vai dizer que não me acha gostoso? — Ele perguntou calmo.

— Você é bonitinho. Porém, baixo demais. — Respondi, não contendo minhas risadas. 

 

Senhor... estou bebada ou tudo ao redor de repente está bem feliz. 

 

— Pois eu te acho muito gostosa. — Jon falou com a voz grave. — Porém, é uma cobra cascavel para qualquer se aventurar em suas pernas. 

 

Eu ri. 

 

— Está com medo? — Falei acariciando sua mão lentamente. 

— E não é para estar? Es uma bruxa, imagino que maldição já me jogou por esta noite ao seu lado. – Ele disse segurando minha mão na dele. 

— Pedi aos deuses do mal que o deixasse impotente para sempre. — Respondi seguindo seu tom sensual.

— Não seja tão cruel conosco. Você não ia me querer impotente. Se bem que... eu posso usar a língua. — Jon falou sem desviar de meus olhos. E, sei lá o que me deu, senti como se um fogo escorresse por minhas pernas. 

 

Ele riu baixinho e deu um outro gole na cerveja. Como de propósito, passou a língua pelos dentes, provocando-me. 

 

— Acho que devo ir para casa. — Falei, sentindo o clima cada vez mais quente. 

— Mas já?   A banda mal começou a tocar e... — Ele voltou a segurar minha mão. — Seu drinque ainda está no início. 

— Não vai me convencer, Snow. — Respondi, mesmo que meu corpo não se movesse nem um pouco para deixar aquele lugar. 

— Ah... não... em nossa única noite de trégua não posso deixá-la sair sem antes dançarmos qualquer coisa. – Jon disse ficando de pé. 

 

Eu ri quando ele quase tropeçou tentando chegar até mim. Estávamos bem afetados pelo álcool. Qualquer um que nos visse, perceberia que este não pode ser nosso natural. E não me admira estarmos ambos agindo de forma vergonhosa, pois já era mais de 10 horas... Uau! Estamos nesta mesa há 3 horas?!

 

— Vamos lá, Daenerys. — Ele me puxou, e antes que fizéssemos uma cena, aceitei seu pedido. 

 

Felizmente, outros casais tão bêbados quanto a gente também balançava, no ritmo da música. Não era como se eu gostasse de dançar, mas aquele restaurante parecia ter uma certa tradição em seus ocupantes levantarem e curtirem a música. 

 

— Se você pisar meus sapatos, te processo por agressão. — Falei quando o senti me segurar com força.

 

Como se não tivesse me ouvido, senti o meu pé esquerdo ser esmagado pela bota do Snow. 

 

— Eita. — Disse segurando o riso.

— Seu filho da puta. — Resmunguei trincando os dentes. — Isso doeu

— Ainda vai me processar? — Ele falou olhando se tinha feito algum estrago em meus dedos. 

— Por que não iria? É óbvio que isso foi um atentado aos meus sapatos caros. Talvez eu desista do processo se me pagar um outro par de scarpin. 

— Outro Scarpin? — Jon disse com um sorriso estranho. Parecia que havia muito mais naquela frase do que suas palavras conseguiram expressar. 

— E se eu lhe desse algo que realmente precisa? — Senti seus lábios em meu ouvido. 

 

Senti uma de suas mãos em minha cintura, enquanto a outra acariciava levemente meu rosto. 

 

— O que você está fazendo? — Perguntei, sentindo meu corpo arrepiar com o toque de sua mão no espaço nu de minhas costas.

 

Ele me lançou um olhar que dizia: “você sabe o que estou fazendo.”

 

— Ainda quer sair? — Ele disse aproximando-me ainda mais de seu corpo. 

— Acho... que... — Suspirei, sentindo meu corpo arrepiar quando Jon mordeu minha orelha. 

— Podemos ir a um lugar menos movimentado... — Insistiu.

— Co-como? — Minha voz saiu quase inaudível. Porém, parecia o suficiente para ele ouvir.

— Vamos comigo. — Sussurrou ao meu ouvido. 

— Sim. — Saiu de minha boca o que jamais imaginei. 

 

 

Então, tudo foi muito rápido. Jon estava pagando a conta e me puxando para um táxi. Ambos estávamos muito embriagados para usar nossos automóveis. Quando sentamos juntos no banco dos passageiros, não resisti. Fiz o primeiro movimento. Puxei aquele maldito advogado para um beijo, e ele retribuiu com igual desespero. Acho que poderíamos transar ali mesmo, se não fosse uma tosse vindo do motorista despertando-nos daquele torpor.

 

— Temos a noite toda, Targaryen. — Ele disse acariciando minha cocha. 

— Não faça propaganda. — Resmunguei.

 

Jon gargalhou alto, e, por mais que odiasse aquela risada, naquele momento, tudo o que minha mente conseguia processar era o fogo em meu interior e a vontade de retornar os toques daquele imbecil.

 

 

————————————

 

— Ah!

 

No motel mais próximo do restaurante, Jon orientou nossa parada. Nem sequer consigo lembrar como chegamos no quarto. Acho que começamos antes mesmo de entrar, pois antes de deitar na cama ambos estávamos completamente nus e ofegantes.

 

O que era aquilo? 

 

— Oh! 

 

Ele me fez gritar por sua boca, dedo, pênis... 

 

Me enlouqueceu na cama... na porta, banheira, chuveiro...

 

E merda... ele podia ser um filho da puta no direito, mas estava sendo muito maravilhoso comigo esta noite . Seus movimentos eram duros, porém sempre havia um beijo ou toque para aliviar a tensão. Era quase algo romântico, mesmo que eu tivesse consciência que ali não havia sentimentos além de pura luxúria.

 

————————————

 

— Preciso sair dessa banheira. — Falei quase num sussurro. 

 

Eu estava entre suas pernas, relaxando com o toque leve de seus dedos em meu abdômen, depois de talvez o quinto orgasmo da noite.  

 

— Está tarde. — Falei virando-me para encarar seu rosto. 

 

Ele balançou a cabeça em confirmação. Depois sorriu aquele sorriso convencido.

 

— Que foi? — Perguntei sem tentar conter minha raiva com àquele sorrisinho.

— Se quiser, podemos pagar o pernoite. — Ele falou apertando minhas cochas.

 

Gargalhei. Só podia ser uma piada ele achar que dormiríamos juntos. 

 

— Já está cansada? — Jon disse quando comecei a sair da varanda. 

— Vá a merda. — Respondi fazendo-o rir alto. 

 

Fiz caminho até o chuveiro. Não posso negar que acabei rindo da forma como o imbecil do Snow me olhava da banheira, enquanto eu esfregava o sabão por meu corpo. Ele parecia num misto de diversão e luxúria, que se eu não o odiasse tanto acabaria cedendo uma nova rodada de sexo.

 

Por fim, Jon também resolveu preparar-se para sair. Nem eu, nem ele tínhamos mais energia para continuar aquela loucura. Embora não trabalhássemos não manhã seguinte, ambos precisávamos dormir depois deste longo dia. 

 

Contudo, ao contrário de mim, o merdinha praticamente morou no banheiro. Embora eu fizesse o possível para não olhar seu corpo enquanto se ensaboa, era missão impossível diante de tantos vidros e espelhos. E bem... o que eu perco em observá-lo? Ele também não estava fazendo isso há alguns minutos? 

 

Além disso, quem resiste em olhar uma bunda daquela? Gente, deveria ser pecado um homem ter glúteos tão lindos. E o que era aquele abdômen? A visão não era propaganda enganosa ao quanto seus músculos são rígidos e bons ao toque. A verdade é que, mesmo que eu jamais admita isso em voz alta, Jon Snow sempre fora bonito. Mesmo na faculdade, quando ele era bem menos musculoso, eu ainda o achava agradável aos olhos. Hoje porém... ele é quase perfeito... quase... não posso dizer que gosto da sua estatura. 

 

E... sobre sua competência na cama... posso ter errado quando supus ter o pênis pequeno. Ele certamente sabia fazer uma mulher explodir em orgasmos. E, pelo o que conheço do universo masculino, isso deve ter vindo com prática... muita prática. Me pergunto quantas mulheres ele já teve na cama. Urg... qual o motivo deste pensamento, Daenerys? 

 

— Gostando da visão? — Disse fazendo-me fitar seus olhos. 

 

Ele sorria, e lentamente bombeava seu membro quase rígido. 

 

— Termine essa merda de banho! — Gritei, quando percebi meu corpo arrepiando com a visão de sua rigidez. 

 

Ah... Deus... 

 

— Você me olha com fome. — Continuou ainda se tocando. 

— Estou saindo, ok? — Falei deixando a cama e indo até minha bolsa a procura de minha carteira. 

 

Ele gargalhava no banheiro. Depois disse:

 

— Você não parecia tímida quando me chupou até o topo.

 

Resmunguei baixinho, lembrando tal momento. Eu não devia ter feito isso! Ele já é convencido, imagina agora?

 

— Qual sua conta bancária? — Perguntei tentando disfarçar meu desconforto com algum tema pratico e superficial.

— Vai pagar meus serviços, madame? — Ele disse imitando o sutache do sul. 

— Claro que não! Até parece que pagaria para transar com você. Quero pagar esse quarto. — Respondi não me contendo de ir encara-lo no banheiro. 

 

Ótimo... ele não estava mais tão animado como antes. E por que me preocupo com isso? Eu não ia querer mais nada com ele, mesmo se explodisse de animação. 

 

— A próxima vez você paga. — Respondeu antes de desligar o chuveiro. 

— Que próxima vez?! — Falei indignada com a mera ideia de uma próxima transa com Jon Snow. 

 

Ele riu, seguindo em enxugar-se.

 

— De onde tirou que eu poderia querer transar com você outra vez? — Exigi uma resposta. 

 

Jon, em toda sua exuberância nua, puxou-me contra seu corpo, fazendo-me gritar. Ele segurou minha nuca de forma que eu não desviasse de seu rosto, e eu tive que assisti-lo saborear meus suspiros por sentir seu membro duro em minha barriga. 

 

— Você realmente não quer outra noite dessa? — Perguntou antes de morder levemente meu lábio inferior. 

 

— Sim... — Gemi. 

 

E quase como se eu fosse uma boneca de pano, senti meu corpo amolecer em seu beijo. Porém, antes que algo mais ocorresse, Jon me largou. Deu alguns passos para longe e voltou a enxugar seu corpo. 

 

Eu o olhava ainda sem fôlego, enquanto o via sorrir satisfeito. Que está havendo comigo?!

 

Depois disso, não tive forças de formular qualquer argumentos. Apenas o esperei vestir-se em silêncio. Sim... não tínhamos o que falar, e acho até que nem queríamos. O silêncio era o mais agradável dos sons depois de tudo o que ocorreu conosco. 

 

Quando voltamos ao restaurante, estava fechado. Os únicos carros estacionados por perto eram os nossos. Ficamos nos olhando por alguns segundos, até que decidi começar a andar. Era isso: cada um voltaria a sua vida. 

 

— Targaryen... isso...— Jon disse quando me viu procurando as chaves do carro. Eu o olhei e percebi seu desconforto. 

— Eu sei que foi só sexo. Porém, não te cobro nada além de sigilo. Se eu descobrir que você está falando dessa noite por aí, eu juro que acabo com sua carreira. — Falei usando o meu tom de ameaça. 

 

Ele parecia aliviado. Depois, voltando ao seu “Eu convencido”, disse:

 

— Eu disse que você estava precisando, e não se arrependeria. 

 

Revirei os olhos, e segui caminho até o carro.

 

— Ei... — Ele gritou, chamando minha atenção. Quando o olhei confusa, vi o exato momento que seus olhos brilharam em satisfação enquanto dizia: 

— Te odeio. 

— Vá se fuder, Jon Snow. — Xinguei fechando a porta de meu carro com força, antes de ouvir aquela risada irritante. 

 

———————————

 

 

— Bom dia, doutora Targaryen. 

 

De volta ao escritório, como sempre, Gilly me recebia. Além disso, era comum as risadas das outras moças rodeando Jon Snow, enquanto este saboreava seu café. 

 

Sem deixar qualquer lembrança da sexta-feira tomar meu rosto, segui meu caminho em silêncio. Jon também não fez qualquer esforço de me receber, o que era seu padrão. 

 

Bem... o dia seguiu tranquilo. Recebi meus clientes. Almocei com Missandei e Grey. Nada fora da rotina. Nem mesmo o desprazer de cruzar com o Snow eu tive. Ah... maravilha. Vez ou outra eu me via lembrando o que fizemos, mas logo tratava de esquecer aquela loucura embriagada. 

 

E foi assim durante algumas semanas. Acho que foram três semanas. A vida estava tranquila. O único problema que tive foi Jon não deixar o escritório. Parece que não havia qualquer outro disponível. E me admira se isso não tem o dedo de Tyrion, pois eu bem sei que o Lannister estava muito resistente em deixar “um bom advogado” cair fora. 

 

Enfim... assim fui me mantendo. Todos os dias era recebida pela estagiária, tomava meu café e partia para os processos. Nada como uma boa rotina para manter a sanidade. Bem... era o que imaginei.

 

Pois depois de um mês daquela sexta-feira assombrosa, Jon Snow resolveu invadir meu escritório com propostas indecentes. Era sempre assim, eu estava sozinha lendo meus processos, e a porta abria sem aviso. Depois disso, só recordo da boca dele em meu pescoço, cobrando uma noite juntos. 

 

No início eu até consegui expulsa-lo. Mas, com o tempo, a tensão sexual só crescia. O que posso fazer se o canalha sabe transar? Era muito irresistível.

 

— Você deve parar de invadir minha sala dessa forma. — Falei sem olhá-lo. 

— Não tenho o número de seu telefone. — Disse arrastando as mãos por minhas pernas. — E esta sua saia despertou-me.

— Sempre trabalhei de saia. — Falei revirando os olhos. 

— Hoje, as 17h. No lugar de sempre. — Respondeu tocando minha calcinha. 

Confirmei com um movimento rápido na cabeça, sentindo-me arrepiar. Antes que aquilo se prolongasse, o tirei de minhas pernas. Não podíamos transar aqui! Isso já passava da racionalidade! 

 

— Dê o fora de minha sala! — Falei em tom de ordem.

 

Ele riu arrogante. Mas antes de sair, me puxou para seu peito. 

— Guarde os gritos para mais tarde, baby. 

 

——————————————

 

— Deveríamos deixar marcado um dia para esses encontros. — Falei, enquanto o via vestir a calça. 

 

Ele me olhou por cima dos ombros e deu um sorriso. 

 

— Assim não tenho o desprazer de vê-lo entrando em minha sala. — Expliquei-me antes que ele pensasse que queria alguma espécie de compromisso. 

— Sextas-feiras? — Ele falou de forma profissional.

— Acho que as sextas são os mais tranquilos, porém podemos ser vistos neste lugar por pessoas que conhecemos. Talvez terça-feira? — Avaliei. 

— Pode ser. Toda semana? — Ele me perguntou coçando a barba. 

— Você aguenta? — O desafiei. 

 

Ele gargalhou. Depois me empurrou contra a cama, abrindo minhas pernas.

 

— Eu poderia fuder a senhora todos os dias, se eu não fosse obrigado a controlar a vontade de te matar logo depois. Você é muito odiável para alguém está comendo diariamente. — Falou deslizando as mãos por minha calcinha. 

— Também não aguentarei sentir seu cheiro todos os dias.— Respondi empurrando-o para longe. 

— Meu perfume é muito bom. — Respondeu indignado. 

— É cítrico demais. — Fiz uma careta. 

— E o seu? Mais doce que seu café. Uma ilusão ao seu humor sempre azedo. — Disse abotoando sua camiseta. Era mais que hora de sairmos. 

— Acho que devemos compartilharmos nossos números. Pode ocorrer imprevistos e não quero ser a única a vir para o motel.  — Falei o que vinha pensando há alguns dias.

 

Ele confirmou. Tirou o aparelho de seu bolso e me ofereceu para digitar o número. 

 

Colocou como nome do contato “Bruxa má”.

 

— Você é ridículo. — Falei quando vi o nome. 

— Poderia ser “cobra cascavel”. — Ele disse fazendo como se fosse puxar o aparelho de minhas mãos. 

 

Seguindo seu exemplo, entreguei meu telefone. Coloquei a descrição “Night King”.

 

Jon riu, enquanto digitava os números, depois disse: 

 

— Não gosto de quem envia mensagens muito tarde da noite. Em geral, não uso o celular depois das 20h. 

 

Revirei os olhos. Até parece que eu iria enviar mensagens de madrugada.

 

— E é bom que o assunto seja apenas o nosso trato. Você entende? — Falou buscando resposta em meu rosto. 

— Sim. — Exalei. — Não se preocupe, doutor Snow. 

 

Ele sorriu, indo ao banheiro terminar de se arrumar.

 

Era isso... tínhamos um trato. Transaríamos as terças-feiras. 


Notas Finais


O que acharam?


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