Eu vejo demônios... É uma habilidade confusa e incerta, mas uma vez eu vi....
...Sallos.
Em uma tarde ensolarada, eu caminhava sozinha por um dos parques da minha cidade. O céu azul vibrante estava quase sem nuvens, com aquelas poucas tendo um tom de branco que nenhuma tinta no mundo poderia replicar. Apesar da tarde alegre, eu não conseguia compartilhar daquela alegria, pelo menos era o que eu acreditava.
Caminhei por alguns minutos até quase o final do parque, onde me deparei com um arbusto de margaridas. Sentando-me em um banco de madeira e ferro a poucos metros do canteiro, refleti sobre a amargura que já me assolava, junto à sensação de vazio que me consumia. Olhei para o céu, onde dois sábias passaram voando e brincando juntos, e no fundo eu os invejei, tanto pela liberdade quanto pelo companheirismo.
Fui surpreendida pelo som de algo metálico batendo na madeira quando um homem de cabelos e barba grisalhos, vestindo roupas claras, sentou-se ao meu lado. Eu sequer havia visto ele se aproximar. Ele apontou para os sábias e perguntou se eu sabia que eles formavam casais para a vida toda. Estranhei e respondi que não sabia. Ele sorriu serenamente e disse para eu não me preocupar, pois ainda encontraria felicidade como eles.
Questionei como ele poderia saber daquilo, e ele me respondeu que sabia quando duas pessoas estavam destinadas a ficarem juntas. Seu discurso era pacífico, quase poético, sobre o amor verdadeiro e sincero, que fluía e se transformava como as águas de um rio, sobre o compasso do coração e a busca por um porto seguro. Embora parecesse fantasia, meu coração, outrora pesado, se aliviou.
Estática e sem reação alguma, fiquei ouvindo aquele estranho apaixonado tagarelar, até ele se levantar e caminhar até o canteiro de margaridas. Delicadamente, retirou uma das flores e a colocou em minhas mãos como um presente, assegurando que só morreria quando eu encontrasse o que buscava. Agradeci confusa com tantas informações, e notei que o que causou o barulho de metal era uma sutil coroa de prata, adornada apenas com dois pequenos chifres na direção da testa, colocando-a sobre sua cabeça antes de partir.
Aquela coroa não era ornamentada com pedras preciosas ou feita de ouro iguais as demais que eu havia visto, era claramente prata pura e reluzia como um espelho. Minha garganta travou quando perguntei quem ele era. Ele me olhou por cima dos ombros com um sorriso e respondeu apenas "Sallos", antes de desaparecer diante dos meus olhos, enquanto eu ainda segurava aquela margarida.
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