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História Eu tentei - Campo minado


Escrita por: Eric_Elgae

Notas do Autor


Ola pessoas!
Desculpem a demora em postar, sexta foi meu niver, sabado foi a festa, e domingo a ressaca!
Mas cá está o cap de hoje. Ainda light, no próximo a coisa fica...hum...
Boa leitura, nos vemos lá embaixo!

Capítulo 12 - Campo minado


Fanfic / Fanfiction Eu tentei - Campo minado

-E então?

Jango girava o botão entre os dedos. A sobrancelha franzida e a expressão concentrada me deixavam intrigado. Estávamos no andar dele, indo em direção a sua mesa.

-Isso é estranho... Preciso confirmar uma coisa antes de falar com certeza, mas... Como você descobriu isso Ikki?

-Longa história.

-E estranha pelo jeito. Cara, você é uma caixinha de surpresas. Vamos ver...

Pegando o celular, Jango bateu uma foto da parte de trás do botão, conectou o aparelho ao computador na sua mesa e digitou alguns comandos. Não demorou muito até que ele começasse a resmungar.

-O que é?

-Isso... Isso é uma escuta.

-Escuta?

-Isso. O estranho é que o prédio é equipado com tecnologia de ponta, temos bloqueadores de frequência e uma intensa atividade de segurança virtual, que trabalha vinte e quatro horas por dia. Não teria como você entrar com um microfone disfarçado aqui. Os celulares mesmo, assim que passam pela recepção são automaticamente monitorados.

-Espera... Isso é possível?

-Não é legal, mas é possível sim. Ninguém que entre aqui com um aparelho móvel, um notebook, tablet ou um simples mp3, se é que isso ainda existe, sai sem deixar todos os dados que possui na máquina registrados em uma nuvem de “precaução”. Caso alguma informação confidencial vaze, ou haja alguma tentativa de roubo, em questão de minutos podemos encontrar os culpados.

Me senti desconfortável com aquilo.

-Agora, isso daqui é uma escuta arcaica. Com frequência de rádio. Uma tecnologia ultrapassada, por que...

Os olhos de Jango se iluminaram.

-O que é? Por que o silêncio?

-A frequência de rádio é tão obsoleta que nós nem nos preocuparíamos em colocar uma defesa para ela. E como somos conectados via Wireless... Deuses, Ikki, quando descobriu isso?

-Hoje mesmo. Ao que parece, o responsável pela manutenção de alguma coisa daqui colocou isso em uma sala no andar de cima.

-Então... Se tivermos mais alguns desses espalhados pela empresa, nós praticamente estamos entregando toda a movimentação do edifício de bandeja a quem quer que seja que resolveu usar isso.

-Se o cara tem acesso ao prédio, então...

Jango parecia concentrado.

-Eu acho que consigo descobrir os outros... Mas pra quem vou contar isso?

-Consegue achar outros desses?

-Sim, se estão todos na mesma frequência, é só fazer uma emissão reversa e eles vão apitar, um aparelhinho antigo que tenho comigo localiza outras dessas em minutos.

-Não entendi nada, mas se consegue achar mais coisinhas dessas, comece a trabalhar nisso. Eu sei com quem falar. Precisa de quanto tempo?

-Meia hora no mínimo.

-Tem vinte minutos.

Me virei e comecei a caminhar em direção ao elevador. Agora eu sabia que tinha algo errado acontecendo, mas não sabia o que. E nem por que diabos eu estava me metendo nisso.

Voltei a recepção do prédio. Ao avistar a chatinha com que eu andara de flerte, pedi que me anunciasse a Kanon, o irmão de Saga. Ela arregalou os olhos.

-Mas... O que direi... Quem...

-Diga que sou conhecido do irmão dele, Saga. E que tenho algo urgente a tratar com ele.

-Isso será complicado... O neto do Sr Solo está na empresa hoje, ele provavelmente...

-Acredite em mim, eu não insistiria se não fosse urgente.

A moça mordeu a bochecha e fez uma ligação. Após alguns segundos, ela suspirou.

-A secretária pessoal do Sr Solo virá acompanhá-lo. Devo pedir que tome cuidado, essas pessoas são...

-Não se preocupe. Aliás, melhor que eu me afaste, não quero te causar problemas.

Dirigi-me ao elevador e aguardei. Não demorou muito uma moça linda, loira com os cabelos na altura da cintura apareceu.

Eu já vira inúmeras mulheres belas na vida. Mas aquela era, literalmente, uma sereia.

Os saltos altos cor de vinho faziam um som de batida a medida que ela pisava. Usava uma saia justa cor de coral, com uma camisa branca aberta até metade do colo, deixando um generoso decote a mostra.

Ela era extremamente sexy, mas ainda assim não vulgar. Havia um que de mistério ao redor dela. As unhas tinham a mesma cor da saia.

Ela passou por mim e dirigiu-se ao balcão. Logo voltou em minha direção.

-Sou Tétis, secretária do Sr Solo e assistente do Sr Kanon. Você é o rapaz que deseja falar com ele?

-Sou eu mesmo. Ikki.

-Prazer em conhecê-lo. Posso perguntar do que se trata?

-É um assunto particular. Sou conhecido do irmão de Kanon, e preciso falar com ele com urgência sobre um assunto incomum. Não tenho tempo para esperar.

-Sinto muito, mas hoje é um dia atípico. O Sr Solo virá a empresa, temos uma reunião com concorrentes, então terei que pedir...

Perdi a pouca paciência que tinha naquele momento. Agarrei a moça pelo braço.

-Acho que você não entendeu bem. Eu tenho um assunto urgente e particular a tratar com Kanon. Ou você me leva até a ele e facilita a situação, ou eu vou causar uma péssima impressão ao armar um barraco aqui na frente.

-Os seguranças...

-Não vão dar nem pro cheiro, acredite em mim.

Ela não pareceu ficar intimidada comigo. Simplesmente me deu um tapa no rosto.

Seco. Dolorido. Direto.

-Tire suas patas de mim seu maluco. Agora, se quiser fazer escândalo, fique a vontade. No que depender de mim...

Me virei sentindo o sangue correr mais rápido nas veias. Tétis me olhava como se me desafiasse.

-No que depender de você, vou te dizer o que vai acontecer... Acho que seu emprego e o sucesso da sua empresa correm o risco de irem por ralo em breve se eu não falar com Kanon nesse minuto. Lembra-se de Kassa, ao certo?

Ela arregalou os olhos. Imensos olhos azuis.

-O que tem o Kassa? Como sabe dele?

-Eu filmei as cenas que você e todos viram. Eu espalhei aquilo por aqui. Se eu consegui destruir um dos cabeças dessa merda, qualquer um consegue fazer coisa pior. Agora, vai me ajudar ou vou ter que bancar o maluco aqui? Acredite em mim, posso ser muito bom nisso.

Ela pareceu considerar bem minhas palavras. Não demorou muito a se decidir.

-Você não tem mais do que dois minutos. Siga-me.

Entramos no elevador e ela apertou o botão do último andar. Enquanto subíamos, percebi que ela não estava se aguentando de curiosidade.

-Preciso saber do que se trata ou o Sr Kanon não irá interromper seus afazeres para...

-Apenas o chame, ou me faça entrar. Deixe o resto comigo.

-Mas o que raios está havendo?

-Eu não sei ao certo... Mas sinto cheiro de problema. Isso não basta pra você?

Ela fungou irritada. Virou o rosto e cruzou os braços.

Quando chegamos ao andar, ela saiu pisando duro. Abriu uma porta e nada disse, apenas me encarou com um olhar gélido.

Passei pela porta e senti certo desconforto. Ao levantar os olhos pra mim, eu poderia jurar que era Saga ali.

A única diferença do irmão mais novo para o mais velho era o olhar.

Kanon tinha um olhar duro. Seco e frio, como se não se importasse com nada nem ninguém.

-Quem é você? O que faz na minha sala?

-Não tenho tempo para formalidades. Meu nome é Ikki. Sou paciente do seu irmão. Preciso te alertar sobre um problema de espionagem com um de seus funcionários.

Kanon ergueu uma sobrancelha. Posso jurar a vocês que eu já tinha visto Saga com as roupas que ele usava naquele momento, uma calça azul marinho e uma camisa social branca. Os cabelos eram loiros, um tom mais escuro que os de Saga.

-Mas que besteira é essa? Espionagem?

-Antes que diga que isso é impossível, me ouça. Eu vi um tal Espartan, que cuida dos sistemas de segurança e manutenção das câmeras de vigilância, espalhando alguns dispositivos em uma sala. Se ele fez o mesmo pelo prédio, vocês estão sendo grampeados. E se alguma informação vazar, pode significar problemas para vocês.

-Impossível. Nosso sistema...

-Eu acionei um dos seus especialistas. Ele deve estar terminando de pegar as provas do que eu falei. Parece que eles furaram toda a tecnologia de vocês com uma sistema de rádio antigo. De qualquer forma, eu acho que sei para quem Espartan está fazendo isso.

Kanon pareceu ter tomado um choque. Ele me encarava com os olhos arregalados e me analisava quase que de forma idêntica a Saga.

-Se isso for verdade...

-É verdade. Agora me ouça, a mandante de Espartan disse que encontraria com ele hoje, as onze da manhã, após sair do edifício. Não sei se você sabe de alguma reunião com uma mulher...

-Espere um pouco.

Kanon mexia no computador a sua frente e puxou um telefone da base. Resmungou alguma coisa ali enquanto digitava fervorosamente. Olhei no relógio e me surpreendi como o tempo voara: já eram dez e meia da manhã.

-Ikki, preciso que me aguarde aqui. Eu vou averiguar tudo que você disse, por mais estranho que pareça, mas tenho que resolver uma questão de vida ou morte. Aguarde apenas alguns minutos e retomo a conversa com você.

Mal disse isso, Kanon saiu me deixando sozinho. Me sentei a frente da sua mesa e respirei fundo.

Devo ter me distraído muito quando a porta se abriu.

-Kanon?

-Oh, não. Ele saiu por alguns minutos logo retorna.

-Certo. E você é?

-Eu sou um... Vim para lhe dar uma informação apenas.

O rapaz que me perguntara quem eu era entrou na sala, fechando a porta com cautela. Possuía cabelos loiros escuro, quase castanhos na altura dos ombros. Ledo engano, pois quando ele passou por mim, vi que seus cabelos chegavam até a cintura. Seus olhos eram de um tom estranho de azul. Ele não era tão novo quanto aparentava.

-É algo relacionado as escutas espalhadas pelo prédio?

Fui pego de surpresa.

-Como... Quem é você?

-Digamos que eu saiba de coisas que nem mesmo meus funcionários podem saber. A minha curiosidade é em relação a você.

-Eu?

-Por que um completo estranho tem interesse em ajudar a empresa? Por que denunciar essa ação é um gesto de ajuda. Até onde sei você não é um funcionário...

-Não sou mesmo. Tenho meu próprio negócio, estou muito bem estabilizado e minha sócia é uma das magnatas do país. Meu interesse é puramente manter essa empresa normal para evitar um problema... Relacionado a ela.

Era verdade. Se por algum infortúnio a empresa Solo quebrasse, independente da época, havia a chance de Kassa retornar. Fosse para tentar reerguer aquilo, ou fosse para me chantagear. E se isso acontecesse...

Eu estaria em péssimos lençóis.

-Creio que esse problema é de cunho particular?

-Sim.

-Muito bem. Você não me parece mal intencionado. Acredito no que diz. O que fez até agora?

-Bem, eu conheço o irmão de Kanon. Valendo-me disso, solicitei um momento com ele e relatei parte do que sei. Estou aguardando o retorno dele para ver o que acontecerá.

-Certo. Bem, agradeço sua ajuda, seja ela qual for no fim das contas. Caso algo dê errado, pode falar comigo diretamente.

-E você seria?

-Julian Solo. Boa tarde.

Estupefato vi o dono da empresa sair pela sala. Senti-me estranhamente minimizado perto dele. Foi tudo simples e rápido, mas admito que o rapaz sabia se impor sem precisar fazer o mínimo esforço.

A minha dúvida era como ele poderia saber do que estava acontecendo. Quis acreditar que era puramente por ter falado com Jango antes de chegar ali.

De qualquer forma, logo menos Kanon entrou na sala. Parecia irritado e nervoso.

-Não acredito nisso. Maldita chantagista.

-O que foi?

-O que foi? O que foi? Eu te digo agora mesmo o que foi.

Kanon foi logo sentando e digitando com raiva no teclado a frente do computador. Virou a tela em minha direção.

-Conhece essa mulher?

Estava realmente diferente na foto. Pandora tinha os cabelos negros soltos, passados do joelho. Trajava um vestido preto com fendas laterais e sorria de maneira discreta. Parecia estar em uma festa de alta sociedade. A notícia falava algo sobre os magnatas das empresas Heistein e como eles pretendiam expandir seus negócios para além das terras alemãs.

-Mas... Conheço, de vista. Ontem mesmo eu a vi conversando com Espartan em um bar. Eles estavam dizendo algo sobre hoje, um serviço completo. E que ela o pagaria na saída de uma reunião hoje, por volta das onze da manhã.

Kanon tinha os olhos injetados de vermelho.

-Bom... Espartan era um funcionário de confiança. Saber que ele se sujeitou a isso.

-Afinal, o que houve?

-Os Heistein marcaram uma reunião hoje com o Sr Solo. Essa mulher está aqui no prédio. Ela propôs uma aliança entre as empresas, de forma a derrubar uma de nossas concorrentes em comum que tem causado alguns contratempos por causa de sua defesa a sustentabilidade.

Aquilo me deixou mais curioso ainda.

-A questão é que ela deu a entender que caso o Sr Solo não quisesse fazer negócio com eles, ela poderia de alguma forma nos atrapalhar em negócios futuros. O Sr Solo detesta que o ameacem. Simplesmente a enxotou daqui como se ela fosse... Nem sei dizer.

-E como ela reagiu?

-Saiu de cabeça erguida, dizendo que lamentava ter perdido o tempo precioso dela com uma pessoa tão covarde. Disse que ele amargaria tal decisão, pois nada que acontecesse aqui poderia passar despercebido por ela. Virou-se e saiu caminhando como se nada de mais houvesse ocorrido.

 -Oras... Mas então...

-Então eu ao sair da sala de reunião dei de cara com um dos nossos técnicos, que me disse que havia algo estranho com alguns dispositivos intrusos no prédio. Jango era o nome dele. Enquanto ele me explicava sobre as escutas disfarçadas e como pegara algumas delas, não notei que estávamos sendo observados. Jango me garantiu que iria em busca de todas as outras e logo as traria a minha sala. De cara, disse que só um funcionário poderia ter implantado aquilo. Lembrei do que você disse sobre Espartan.

Kanon tinha uma expressão animalesca no rosto. Algo reptiliano, não como Saga que parecia ter o olhar de uma serpente, mas como um dragão de komodo em caça.

Amedrontador.

-E então...

-Ela fez a ameaça já crente que seu plano daria certo. O que não contava, decerto, seria com sua aparição. Devo dizer que estou em dívida com você rapaz.

-Não me deve nada. Tive meus motivos além da curiosidade para me intrometer dessa forma na história.

-Bem, eu me sinto em dívida. Saiba que quando precisar de algum tipo de favor, não sei, eu e a empresa Solo nos sentimos obrigados a retribuir.

-Contanto que se mantenham como estão, e mantendo seus funcionários em seus devidos lugares, fico satisfeito.

Kanon provavelmente achou que eu dizia aquilo por conta de alguma espécie de boa ação ou piedade com os outros funcionários. E eu estava apenas preocupado em manter Kassa longe de mim.

-Então estão resolvendo isso? Vão retirar as escutas?

-De imediato. Além de trocar o sistema de segurança, desligar a empresa de Espartan de negócios conosco, além de ter que denunciá-lo... Céus, serão dias de trabalho pesado. Sem contar o que teremos que fazer para vigiar os Heinstein a partir desse momento.

-Se há tanto a se fazer, não tomarei mais seu tempo. Acho que já fiz minha parte.

Levantei-me e Kanon repetiu meu gesto. Me acompanhou até a porta e me encarou com aquele olhar reptiliano e vazio.

-Estamos em débito. Sou grato a você.

Acenei com a cabeça e saí dali.

Minha parte estava feita nesse momento.

Mas a dor de cabeça começou assim que saí dali.

-- --

Quando entrei no meu carro, ainda olhei em volta a procura de Espartan ou Pandora. Mas não vi nada de incomum.

Me sentia estranho. Não sabia se era uma sensação de dever cumprido, ou se era ansiedade por achar algo a mais nessa história.

De qualquer forma, minha atenção foi atraída por um carro preto grande. Os vidros escuros que pararam para aguardar o sinal verde ao meu lado claramente ocultavam a silhueta feminina de uma mulher de cabelos longos. Que tinha um telefone a mão.

Não poderia ser outra. Durante mais de meia hora, com o máximo de discrição possível, segui o carro de longe. Acabamos chegando a um porto próximo da cidade. O cheiro de maresia no ar era de certa forma reconfortante. Me soava familiar.

Não demorou nada, Pandora saiu do carro e caminhou sozinha até um galpão.

Consegui divisar a silhueta de Espartan e sua roupa horrorosa de longe. Parecia inquieto andando de um lado a outro, e jogou as mãos para cima ao ver Pandora, que simplesmente seguiu em frente.

Quando os dois sumiram no galpão, atrás de alguns contêineres que estavam sendo descarregados, eu não me aguentei e desci do carro.

Fui tentar ver alguma coisa. E bem, acreditem quando digo que se eu soubesse no que estava me metendo, jamais teria olhado para o lado da Pandora.


Notas Finais


Caso apareça algum erro, por favor me avisem que corrijo assim que possível.
Agradeço imensamente os comentários que vocês deixam, e o carinho pela companhia constante.
Um beijo no coração e até sexta.


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